AINDA 4 ANOS ANTES
Ricardo era conhecido como chacal ou coiote pelo submundo.
Caminhava pelo deserto sem vacilar, mas ele precisou derrubar alguns para chegar onde chegou.
Fez conexões perigosas, com a máfia, com alguns cartéis menos problemáticos, com o FBI e também agências secretas não governamentais.
Ele caminhava entre eles, porque era só um homem grosso, com uma cicatriz no rosto e que no fundo não temia nada, nem mesmo a morte.
Por isso era capaz de encontrar Teo, o filho do governador.
Ricardo fez algumas ligações, não era fácil informações daquele tipo, por isso a polícia não conseguia encontrar alguém raptado por um cartel, existe um código , a pergunta certa a fazer e a quem fazer.
Um dia depois, ele recebeu algumas informações importantes.
Não gostou das informações, seria pesado, e daquela vez precisava realmente se infiltrar, salvar o garoto e deixar os m£mbros do cartel para trás sem ser seguido.
O filho do governador, Téo, estava no Deserto de Chihuahua,por isso o FBI teve dificuldade em rastrear o menino.
Chihuahua estava localizado no norte do México e também se estendia pelos EUA.
Com as informações, ele preparou a viagem e seguiu caminho para o deserto.
Apesar de traiçoeiro, o deserto era um lugar bonito, mas quente e cheio de perigos de todos os lados.
A paisagem era marcada por vastas extensões de areia, cactos espinhosos e montanhas escarpadas, criando um cenário de beleza árida e selvagem.
Exatamente uma selva, onde feras selvagens se escondiam.
Ricardo xingou, odiava o calor daquele lugar.
O clima do Deserto de Chihuahua era quente e seco durante a maior parte do ano, com verões escaldantes e invernos suaves, ao menos lá nesse momento era inverno, não tão quente, mas ainda não era o clima que ele gostava.
As chuvas eram escassas e imprevisíveis.
Mesmo assim, algumas comunidades se instalavam e aprendiam a sobreviver ali.
Até mesmo pequenas vilas existiam ao longo do deserto.
E os cartéis mexicanos aproveitavam e se escondiam ali também.
Para encontrar alguém no deserto era preciso ser rápido, ter resistência física e conexões.
O chacal tinha tudo isso.
Ricardo rastreou a localização do c@tiveiro, infiltrando-se nas fileiras do cartel mexicano, para os m£mbros dos carteis, ele era só um bandido sem lei, que aparecia e desaparecia quando conveniente.
Sem muita dificuldade, Ricardo se sentou na mesa do líder do cartel de Sinaloa.
Tinham se conhecido anos atrás quando Ricardo se infiltrou para obter informações sobre uma juíza sequestrada.
Naquela época, ele se infiltrou por três meses.
Encontrou a juíza sequestrada, mas junto com a juíza, também em c@tiveiro estava uma garota de 16 anos, tão machucada e magra, que Ricardo deu o golpe de misericórdia.
Até hoje o líder acreditava que Ricardo m@tou a menina, porque ela não lhe satisfez sexu@lmente.
Mas esse limite, Ricardo não ultrapassava.
Nesse tempo, Ricardo entregou a localização do cartel.
A juíza foi salva, Dough, o chefe do cartel preso,mas fugiu da cadeia do Texas, depois de um atentado à bomba no presídio e agora Ricardo estava sentado com ele, mais um vez, tudo, porque a "policia" o deixou fugir.
Naquele mundo se fazia o necessário, sempre.
__ Vai aceitar o resgate pelo garoto? — Ricardo perguntou
___ Não. Eu não quero dinheiro.
Dough desejava a libertação do filho que estava em um presídio de segurança máxima, o rapaz estava preso por tráfic0 e aliciamento de menores para prosttituição.
___ O filho do governador é bonitinho, todo lisinho, mas me cansei dele. – Dough afirmou.
__ O pai dele está perto, Dough. Tem gente dele nas cidades próximas, se chegarem até aqui, muita gente vai cair junto.
__ Vou me livrar do garoto, ou melhor você vai. Brinque com ele se quiser. Na verdade, chacal, eu nem sei se você gosta de mulher, de homem ou dos dois. Nem mesmo sei o seu nome real.
__ Meu nome não importa, Dough, nem o uso mais. Eu cumpro o que prometo, trouxe as armas que precisava, a alimentação e as bebidas.
__ Ta´certo, mas se livre do mauricinho.
__ Jogo ele em uma das dunas quando me for.
Na verdade, estava louco para sair dali, estava no acampamento há uma semana.
Não era só pegar o garoto e sair.
Os homens estavam acampados, eram vinte e cinco, ficariam com 24, porque o carro de Dough que estava na cidade de El Paso, explodiria assim que ele acionasse a embreagem.
A bomba, era um favor do chefe da máfia americana.
El paso ficava na divisa entre México e Estados Unidos, por isso era possível esses acordos com a máfia americana.
Dough partiu em um jipe, mas trocaria de carro em El Paso e tudo explodiria.
Chacal só sentia muito por não poder ver o líder se explodir em mil pedaços.
Ricardo também se preparou para partir.
Um dos homens abriu o quartinho em que o garoto estava.
Téo nem abriu o olho, quando Ricardo se aproximou.
Foi pego por Ricardo e jogado dentro do carro, Ricardo partiu.
Um quilômetro mais tarde, Ricardo estacionou o jipe, se certificou que não estava sendo seguido.
Abriu a perna calça do menino com a faca e cortou a perna, Téo gritou.
__ Vou levá-lo de volta para casa.
O menino abriu o olho.
__ MEntira.
Foi isso que Teo respondeu.
O sangue do menino manchou a calça e sapatos de Ricardo, e ele sujou a faca.
Depois fez uma bandana na perna do menino.
O amarrou e deixou embaixo de uma árvore, coberto por galhos.
Tapou a boca dele com um pano.
Voltou para o acampamento.
Os homens viram ele lavar a faca e trocar de calça antes de partir.
Não conversava muito e os homens não o importunava, porque ali todos os problemas eram resolvidos com sangue.
Ricardo partiu.
Em um mês, alguém apareceria no acampamento e acabaria com os homens que estivessem ali, mas não seria o fim, porque o cartel de Sinaloa era extenso e muitos dos m£mbros estavam presos por crimes pequenos,logo se reuniram novamente.
O resgate foi uma operação arriscada.
Ricardo puxou o garoto das folhagens.
Na noite anterior caiu uma chuva forte formando poças ao longo das dunas.
Então em um ponto escondido, ele arrastou o garoto para fora, cortou as roupas dele.
Os cabelos de Téo estavam marcados por sangue.
Foi jogado dentro da água, que estava morna pela alta temperatura do lugar.
__ Não tenho todo o tempo do mundo garoto, quer voltar para lá?
__ Não. Quero a minha mãe.
__ Se lave, temos algumas horas de estrada e depois um avião para pegar.
Teo gemeu de dor na água.
Ricardo pegou um Kit médico, esperou o garoto se secar e ofereceu um remédio para dor.
Tinham cortado um t£sticulos dele, Téo ganhou alguns esparadrapos como alívio.
Nunca mais seria o mesmo.
Era Dough que gostava de garotos e os barbarizava, mas agora não faria mais. Estava morto.
E o cartel mexicano acreditava que o garoto estava morto também, e permaneceria assim.
O governador se mudaria para um local recluso para que acreditassem que Téo realmente não voltaria.
O disfarce de Ricardo precisava ser mantido.
Assim, ao comando do chacal, o governador deu mais uma entrevista alegando está entregando o cargo para viver o luto por um filho que não voltaria, porque o carro do líder do cartel tinha explodido. Não havia mais esperança.
Sem o líder, o cartel ficaria fraco, mas só até alguém tão doente assumir o cargo, isso em dois ou três anos.
A viagem de volta foi silenciosa. O garoto não chorou e não falou mais nada.
Em Tavener, Ricardo abriu a porta do carro.
A mulher do governador ficou horrorizada com o estado do filho, tinha emagrecido quase dez quilos e tinha um olhar perdido, foi com custo que o garoto se deixou ser abraçado.
__ Obrigada..
__ Não lhe fiz um favor, senhora. Eu dei o meu preço e a senhora pagou, mas se não cumprirem o acordo dele não voltar a sociedade, eu mesmo vou atrás dele e lhe quebro pescoço. Eu coloquei o meu disfarce em risco,porque ele é um garoto mimado e não ficou em casa quando o mandaram ficar. Saiam.
O governador entregou o documento de propriedade do local.
Partiu agradecido, mesmo quebrado o filho voltou para casa, mas Téo, não era mais Téo.
E agora Ricardo tinha um lugar para se esconder da sociedade e até mesmo da irmã.