Segredos e consciências

957 Words
Acordei há algum tempo, estava em minha cama, com minha coberta depositada por cima de mim, minha cabeça doía de uma maneira que eu não sabia explicar; aos poucos, minha mente tentava raciocinar o que havia acontecido. Passei a mão em meu pescoço, sentindo o mesmo dolorido; ao colocar a mão sobre a pele, senti o sangue seco que não tinha sido limpo. Levantei-me rapidamente e me segurei na parede, sentindo um pouco de vertigem. Caminhei em direção à penteadeira, me olhando no espelho. Meus olhos estavam com olheiras, meu rosto estava pálido e em meu pescoço haviam marcas profundas que lembravam mordidas. Afastei-me do espelho, assustada com meu reflexo; aquela não poderia ser eu, parecia uma cópia anêmica de mim. Meu olhar se direcionou à porta quando, repentinamente, ouvi batidas. Era Nikolai. Nikolai caminhou até mim e me segurou com calma. — Vamos descer um pouco, irei preparar algo para você se alimentar. Nikolai não esperou minha resposta e me levou a sair do quarto, descendo vagarosamente as escadas. Logo nos encontramos com Diego no pé da escada; ele me lançou um olhar preocupado. — Elena? - disse ele, caminhando até mim e segurando meu queixo para que ele olhasse meu pescoço. — Beberam demais... Foi eu, aliás, que o sangue dela é muito bom, mas relaxem: eu sabia que ela não iria morrer. Tomei o suficiente para desmaiar ela, mas não matar. Diego o olhou atravessado, mas não se moveu; pelo contrário, ao invés de tal coisa, ele me segurou nos braços e me levou para a cozinha. Desculpe, às vezes quando vampiros como ele provam sangue humano acabam exagerando. — Como assim, "vampiros como ele"? - perguntei, fazendo aspas com as mãos. —Existem diversos tipos de vampiros, mas os humanos só se lembram de um. Diego começou a picar o alho, logo depois lavou uma caneca de arroz e começou em uma panela, dourando o alho. Depois de uns dois minutos, colocou o arroz e começou a dourar o arroz. —Espera, está cozinhando para mim? — Estou sim - disse ele, de forma mais natural possível. — Então, existem os Vampiros clássicos, Vampiros psíquicos, Vampiros energéticos, Vampiros de sangue puro, Vampiros de energia solar, Vampiros vegetais, Vampiros de sonhos e Vampiros de água. — Poxa... são muitos tipos. Observei ele colocar salsinha no arroz, depois fazer uma farofa e tirar um pote da geladeira com carne já no molho pronta para fritar. — Espero que goste de bife de fígado, isso vai ajudar na sua anemia. — Está bem... Pode me falar mais um pouco sobre esses vampiros? Tem tipos diferentes aqui na mansão? Diego riu de leve enquanto fritava o bife de fígado. — Bem, eu explico: eu sou um vampiro energético, me alimento de energia vital, podendo me alimentar de sentimentos. — Então ontem enquanto tocávamos piano, você...? — Se eu me alimentei dos sentimentos? Sim, desculpe não avisar. — Tudo bem! Eu, eu não me importei, para ser sincera não me feriu, igual... - passei a mão no pescoço. — Ele é um vampiro híbrido de dois tipos de vampiros, tanto vampiro de sonho quanto vampiro clássico. — Entendi... Naquela hora minha mente deu um estalo, ratinha duas vezes no mesmo dia sendo a primeira vez no sonho e depois antes de me morder, significava que ele tinha tentado se alimentar pelos sonhos, mas por que ele veio se alimentar pessoalmente depois? — Nikolai é um dos vampiros raros que se alimentam de sol. — Um vampiro que faz fotossíntese... Acabamos rindo enquanto Diego colocava o prato de comida a minha frente. Dei um sorriso leve enquanto pegava o garfo e a faca, cortando o primeiro pedaço de bife de fígado e pondo na boca. — E então? Gostou? Mastiguei um pouco, não conseguindo falar de início, mas depois dei um sorriso animado. — Melhor bife de fígado da minha vida! Diego acabou rindo. Passamos boa parte da noite conversando na cozinha, mas depois me levantei e beijei a bochecha dele. — Obrigada pelo jantar Diego... Eu dei um leve sorriso enquanto me levantava e lavava os pratos do jantar. Quando terminei, dei um beijo na bochecha de Diego e caminhei em direção à biblioteca; tinham tantos livros que ficar longe seria um pecado. Entre todos, um livro me chamou a atenção; ele tinha capa de couro com presas desenhadas. Ao pegá-lo, pude ler um registro do que pareciam ser batalhas. Peguei o livro e o levei comigo para meu quarto. Em meu quarto, comecei a ler o mesmo sem parar, até que algo me chamou a atenção: falava sobre um grupo de vampiros que fazia chacina em uma ilha. Tinha um mapa da ilha; era... a minha ilha, a ilha da convivência! Caminhei até a porta e a tranquei, enquanto lia um verdadeiro guinolência. Até que as folhas acabaram em branco e eu tive descoberto algumas coisas que eles obviamente não me contaram. Mantive a porta trancada enquanto caminhava de um lado a outro; eu estava em frente a assassinos de sangue frio, ou melhor, presas frias, demônios que fizeram chacina em minha vila... Se eu estiver certa naquela biblioteca, tem muito mais do que histórias fantasiosas, tem histórias reais, lutas, assassinatos e mistérios que só os livros antigos poderiam me revelar. No entanto, também significaria que eu deveria tomar muito cuidado com o que eu lesse naquela biblioteca. Após alguns segundos pensando em tudo isso deitei em minha cama, com certeza eu iria tentar acordar durante o dia para pesquisar mais, até porque é o único momento que eles estariam dormindo e a passagem para a biblioteca totalmente liberada; com o passar das horas adormeço. Os vampiros que se mordam, pois esta noite eu ganho minha liberdade.
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