Entre Sombras e Presentes

1883 Words
Eu estava correndo por uma floresta, não me lembrava como tinha chegado lá. Meus olhos buscavam refúgio de algo conhecido, qualquer coisa que indicasse que eu conhecia o local. Estava frio e escuro, conseguia escutar ao longe a mata se mover. Ergui meus olhos em direção ao topo de uma árvore e vi uma silhueta, alguém estava lá. — Olá? Corri em direção à árvore, mas parei no meio do caminho ao ver quem era: Viktor. Ele ria e olhava para mim, mas assim que me virei para correr, ele estava lá, atrás de mim, me encarando. — Está com medo, ratinha? Ele avançou em cima de mim para me morder e assim, acordei respirando ofegante. Minha garganta estava seca, minha pele suada pelo pesadelo. _________________________________________ O sol invadia a janela com raios alegres da manhã, mas minha bochecha estava dolorida pelo tapa de Viktor da noite passada, me levantei com dificuldade e olhei no espelho vendo que havia ficado arroxeado. Eram muitas coisas para analisar e minha cabeça mostrava que eu não tinha muito tempo para isso, caminhei em direção à maçaneta do quarto e antes de tocar a mesma a porta se abriu, era Viktor, mas ao perceber a claridade do meu quarto ele saiu da reta da porta. Saí de meu quarto e encostei a porta olhando pra ele. —O que você quer Viktor ? - Perguntei cruzando os braços. Ele pareceu surpreso ao olhar para meu rosto, o desconforto me atingiu, logo eu repeti a mesma pergunta novamente, mas agora com um pouco mais de medo. —Viktor, o que veio fazer em meu quarto ? Viktor se aproximou e tocou minha bochecha com a mão, ele deu um sorriso ladino. —Te acertei em cheio, ratinha. Nesse momento me arrepiei, "ratinha", ele havia me chamado assim no sonho, mas porque eu sonhei com esse apelido? —Não fique assustada - Ele acariciou minha bochecha, a qual só estava ferida porque ele feriu. —Não é muita coisa, mas aqui... Ele enfiou algo na minha boca, era doce e fácil de mastigar. —O que é isso? — Isso se chama ambrosia, é um alimento curativo, receita grega, as bruxas usavam isso antigamente. - ele sorriu. —É bem melhor do que te dar meu sangue. —Entendi, bem, já terminou? Se sim, acho que posso entrar. Eu me virei para abrir a porta mas Viktor segurou meu braço e me puxou para perto, por alguns segundos senti sua respiração bem próxima à minha. —Viktor, me solta... Ele não esperou eu repetir, me soltou e deu um leve sorriso. —bem, sua bochecha já está bem melhor. —O que ocasionou essa mudança? - Perguntei ainda com a guarda fechada. —Você só vai saber mais tarde. - Ele riu indo para o quarto. Se colocar na ponta do lápis que ali é o Viktor, eu realmente estava com medo. Voltei para dentro do quarto e fechei as cortinas, afinal fui dormir com o sol nascendo e não estava a fim de ficar sozinha andando pela casa que poderia estar trancada. Me deitei na cama e fechei meus olhos, aos poucos fui adormecendo, quando menos percebi meus olhos pesaram e o véu do sono caiu sobre mim. [...] Acordei sentindo frio, havia fechado as cortinas mas as janelas continuavam abertas, abri a porta e caminhei até o banheiro, tomei um banho mas eu não tinha toalha, não tinha roupas limpas, não tinha sapatos nem nada do tipo, esperei meu corpo secar naturalmente e me vesti novamente. Após isso procurei uma escova no banheiro e encontrei um pente de cabelo, penteei o cabelo e o deixei solto. Peguei pasta de dente e coloquei na língua, enchi a boca de água e fiz um gargarejo para eliminar m*l hálito. Saí do banheiro e desci as escadas, no hall de entrada vi quando alguém adentrou com algumas sacolas, era o tal de Nikolai, o que havia revidado contra Viktor na noite passada. Ele trazia consigo algumas sacolas, ao me ver ele sorriu. —Boa noite jovem! Eu estava mesmo indo chamá-la. —Eu? - Disse olhando em volta para ter certeza. —Sim, eles não trouxeram malas, imaginei que estivesse precisando de algumas coisas. —Ah, sim! Eu realmente estou, só tenho a roupa do corpo! —Me acompanhe, senhorita. Disse ele caminhando para o pequeno salão, fui logo atrás dele, mas ele passou direto indo ao grande salão. O segui e me sentei no sofá, ele se sentou ao meu lado me entregando as sacolas. A primeira sacola tinha três vestidos lindos, um era azul, com estampa florida em renda fina, ele tinha comprimento até o joelho, era rodado e tinha uma redinha transparente a frente da saia. —Que lindo! - disse analisando o vestido. Após isso peguei o segundo vestido para olhar, ele era preto, longo, aberto na lateral e costas nuas de forma que apenas algumas pequenas fitas passassem pelas costas, definiria muito a cintura, algo que seria bonito para uma festa. O terceiro vestido era mais simples, era vermelho, de alça com o comprimento até o meio da cocha. Quando terminei olhei para a outra sacola, haviam dois shorts jeans, uma calça preta de laica e uma calça jeans. Em uma outra sacola tinha três blusas, uma rosa com decote em formato em V, outra já era mais comum, sendo lisa em gola U de cor azul. Uma terceira era a coisa mais fofa do mundo, era comum como a azul mas sua cor era cinza e tinha um gato estampado esse gato abraçava o planeta. Na antepenúltima sacola haviam uma rasteirinha, uma havaiana e um tênis, fora da caixa. Já na penúltima haviam dois casacos jeans, e na última quando abri haviam roupas íntimas. Meu rosto corou e eu me levantei na mesma hora. —Desculpe, só comprei porquê você iria precisar. - Disse ele olhando para a lareira. —O-Obriga-da. - Gagejei enquanto olhava para ele tentando perder a vergonha. Ele estendeu uma última sacola pra mim, quando a abri eram shampoo, condicionador, Prestobarba, escova de dente, pente de cabelo, creme skala com aroma de côco, perfume e desodorante. —Você comprou tudo! - Falei perplexa. —Sim, tem algo na última sacola ali, creio que você vai precisar. - Ele respondeu se levantando e saindo do local. Sem entender o porquê dele sair daquela maneira, peguei a última sacola, nela haviam 4 pacotes de absorventes, sendo dois diários e dois noturnos, também havia uma cartela de remédio para dor. —Que atencioso... - Disse segurando a cartela de remédio. Naquela noite eu percebi que nem todos os vampiros são maus, para ser sincera alguns até que pareciam se preocupar bastante. Caminhei até a cozinha procurando comida, achei ingredientes para um sanduíche, aparentemente haviam comprado recentemente, me alimentei e caminhei até o jardim, me sentei no banco olhando as estrelas. —Não deveria vir sozinha esta hora. - Diego disse enquanto estava cuidando de algumas plantas. —É, talvez não... Mas sempre serei uma prisioneira, mesmo que ganhe roupas, remédios e produtos de higiene. —Ainda dói pensar que nunca vou ver minha irmã de consideração e minha amiga. —Nunca se sabe, talvez sim, talvez não, deixe isso para o futuro decidir. —É... - Disse enquanto olhava as estrelas. —O futuro. —Aliás, uma coisa caiu de você quando fomos te buscar. - Disse ele tirando do bolso um envelope prateado. —Você o encontrou! - Na realidade não me lembrava de tê-lo perdido. Diego me entregou o envelope, eu o abri revelando a pedra rosa quase transparente e o colar prateado, observei quando Diego deu um leve sorriso ladino. —Esta pedra, quem te deu? —Uma amiga minha, ela me presenteou no meu aniversário, para ser sincera eu não lembrava de tê-la perdido, mas fico feliz de estar com ela novamente. Ele estendeu a mão, eu não queria entregar o colar, por isso não o estendi. —Não se preocupe, irei colocá-lo em você. Após ele me dizer isso, o entreguei o colar, ele colocou meu cabelo no ombro e passou o colar por baixo prendendo o mesmo em meu pescoço. —Você sabia que essa pedra se chama Quartzo Rosa? —Para ser sincera, não sabia. —Esta é a pedra do amor e da paz, ela possibilita a cura interior e a purificação do corpo emocional através da ativação do Chakra do coração. —Entendi. - disse pondo a mão na pedra do colar. —Ele repele as energias negativas e potencializa as vibrações do amor, possibilita harmonia e paz em relacionamentos estabelecidos. Eu dei um sorriso enquanto me levantava. —Bem, obrigada pelas informações. —Ah, não senhorita, não precisa levantar! Para ser sincero, eu gostaria de aproveitar sua companhia um pouco. Eu corei de leve enquanto voltava a me sentar, não tinha muito o que fazer no jardim a não ser conversar. —Na verdade, vi que vocês tem um piano. —Sabe tocar? - Perguntou ele. —Não, mas eu queria dar uma olhada. Diego estendeu a mão para que eu a segurasse, após isso caminhamos em direção ao pequeno salão onde o piano se encontrava. Logo ele se sentou ao meu lado, deu um leve sorriso e retirou as luvas sujas de terra. Me sentei ao seu lado e ele começou a dedilhar as teclas do teclado melodia por melodia, logo a música nos envolvia, fechei meus olhos aproveitando cada nota e assim as horas passaram vagarosamente, até que os primeiros raios solares começaram a surgir por uma das janelas, infelizmente interrompendo nossa pequena conexão musical, o porém é que quanto mais o tempo passava, mais cansada eu ficava. —Preciso ir dormir. - Disse Diego. —Claro, eu também, para ser sincera. Nos levantamos do piano, antes que eu pudesse pensar, Diego segurou minha mão e depositou um beijo. Logo saiu do pequeno salão indo para o próprio quarto. Fiquei parada por alguns segundos tentando entender o que acabara de me acontecer, levantei e lembrei das pequenas sacolas ali no grande salão. Corri até lá e com dificuldade peguei as sacolas com tudo o que havia ganho, com um leve sorriso arrumei tudo em meu quarto e peguei um short, uma blusa, roupas íntimas, toalha e sabonete para tomar um banho. Caminhei até o banheiro e me despi, tomei um banho demorado para que eu pudesse relaxar antes de dormir. Logo, ao terminar meu banho, me enxuguei e me vesti para sair do banheiro, enrolei a toalha no cabelo e saí do banheiro. Assim que saí pude ver Viktor em frente ao meu quarto, caminhei até ele e o observei com calma. —Ainda acordado? —Você estava com Diego a noite toda, não deu tempo de fazer o que eu queria. —Que era? —Me alimentar. Ele me puxou pelo antebraço e mordeu meu pescoço, seus dentes ultrapassaram minha pele, me causando dor. Eram como agulhas que te furam sem aviso prévio, soltei um grito assustada, fechei fortemente meus olhos enquanto me debatia. Alguns minutos depois ele me soltou, sua boca estava suja de sangue, do meu sangue, logo minha mente me traiu e meu nervosismo foi contra mim, me fazendo tontear e desmaiar, infelizmente caindo em seus braços.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD