Castigo Divino: A chama da redenção

1330 Words
No dia seguinte era meu aniversário, acordei animada, mas assim que abri meus olhos tive a primeira das surpresas ruins, à minha volta estavam as freiras em um círculo, eu dei um sorriso mas algo me dizia que meu aniversário não era o motivo delas estarem ali. — Fiz algo errado? - Perguntei inocentemente. — Lúcifer tomou ela durante a noite, o livro do satanás que ela está lendo! - Afirmou Marina se aproveitando da situação. Neste momento me dei conta, havia dormido com o livro e esqueci de guardar antes de dormir. — Gente, calma, é só um livro de história! - Eu falei ainda calma. As freiras seguraram o livro de cima da minha cama à força e uma delas me pegou pelo antebraço me levando a força para fora do quarto. descemos as escadas rumo ao porão e lá apenas duas freiras desceram, "As freiras do castigo", apelidadas assim pois somente elas desciam ali, junto à pessoa que vai ser castigada. Nesse caso a pessoa castigada seria eu, meu coração estava acelerado, minha respiração falha, desci todos os trinta e sete degraus implorando para não ir, eu nem sabia o que tinha feito de errado. Assim que descemos elas usaram o zíper de meu vestido para me despir, deixando de calcinha e soutien, logo, com um chicote, começaram a chicotear minhas costas, a única coisa que eu conseguia me lembrar eram suas alturas, pois elas eram brancas e seus véus escondiam completamente seus cabelos. — Em nome de Deus, pecadora imunda, se arrependa. - Chicoteou minhas costas, a freira mais alta estava me batendo. Quando o chicote tocou minha pele, um grito rompeu pelos meus lábios, minhas costas arderam por conta do contato do coro do chicote com minha pele. — Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome! - Rezava a mais baixa. — Em nome de Deus, pecadora imunda, se arrependa. - A freira mais alta chicoteou minhas costas mais uma vez. após cerca de meia hora acabei caindo de joelhos sem força apoiando minhas mãos ao chão, minhas costas sangravam. — Meu Deus me perdoa...- Gritei sem forças sentindo a última chicotada. — Ela aprendeu a lição. - Aformou a mais alta. Alguns minutos depois elas vieram com uma bacia, nessa bacia o cheiro forte de vinagre fez com que minha cabeça doesse, elas molharam uma esponja velha no vinagre. — Isso aqui é para não infeccionar. - Disse a mais baixa passando a esponja em minhas costas. Neste momento, senti como se tivesse passado brasa quente em minhas costas, ardeu, ardeu muito, minhas lágrimas se misturaram a água com vinagre e sangue no chão, o cheiro do vinagre escondeu o cheiro de ferro de meu próprio sangue. Mais uma vez deixei um grito escapar de meus lábios, meus olhos estavam vermelhos pelo choro e meu nariz entupido, agora eu estava tentando respirar pela boca, mas o ar do vinagre estava deixando minha garganta irritada. As duas freiras seguraram meus braços e me colocaram de pé, me vestiram e me levaram de volta para o quarto, assim que rompemos pela porta do quarto as meninas olharam para nós, as freiras me largaram ali e saíram do quarto, caminhei de vagar até a minha cama e me sentei. — Elena! - Disse uma das meninas vindo em minha direção, ela se chamava Alice. Alice tinha cabelos ruivos, olhos verdes e um sorriso preocupado no rosto. Sempre agia como se fosse nossa irmã mais velha, Alice passou a mão em minha testa para enxugar meu suor e suspirou. — Elas te castigaram não foi? - Perguntou Alice. As outras meninas se aproximaram com exceção a ela, Marina, que tinha um sorriso ladino nos lábios. — Você, foi você que as chamou, não foi? Por que? Por que você fez isso? Infernizar minha vida não é o bastante para você? - Gritei enquanto fechava minhas mãos, minha voz estava rouca mas cheia de ressentimento, dor e amargura. — Não é minha culpa se você trouxe esse livro de satanás para o convento. - Debochou ela saindo do quarto. — Ignora ela, Elena, sabe que Marina não tem nada na cabeça, o futuro dela será solitário... - Disse Alice pondo a mão em minhas costas. — Ai, ai, ai... está doendo! - Resmunguei enquanto fechava meus olhos com força. Alice se levantou e segurou minha mão me ajudando a me manter de pé, após isso me deixou apoiada na cama, pegou um vestido limpo, roupas íntimas e uma toalha, logo me levou para o banheiro com calma. O banheiro era bem grande, haviam seis cabines de banho, três pias e um grande espelho, um crucifixo estava pendurado em cima do espelho para que o demônio não passasse por ele, (isso tudo era muito exagero). No banheiro Alice me ajudou a remover minhas roupas me deixando vestida com roupas íntimas e me levou até a cabine de banho, ao chegar na cabine de banho ela encostou a porta com nós duas lá dentro e ligou o chuveiro. A água caindo sobre os cortes causou uma mistura de dor aguda e ardência intensa. Inicialmente, a água trouxe um alívio momentâneo ao tocar a pele machucada, mas logo essa sensação foi substituída por uma intensa queimação. Os cortes abertos pelo chicote estavam sensíveis, e a água causou uma sensação de choque, como se pequenas agulhas estivessem perfurando a pele já ferida. A dor era horrível, meus olhos mais uma vez encheram-se de água, segurei firmemente a mão de Alice e deixei com que minhas lágrimas escorressem pelo meu rosto. — Vai ficar tudo bem, eu estou aqui com você minha irmã! - ela respirou fundo e me olhou com compaixão. minhas costas ainda estavam sangrando, a água do ralo se misturava ao meu sangue, o que me deixava desconfortável. Ela não passou sabão em minhas costas, até porque pelo cheiro do vinagre ela sabia que não estava infeccionado, logo Alice desligou o chuveiro e secou as minhas costas com a toalha devagar ela dava leves batidinhas com a toalha para que não machucasse mais. — Suas costas estão em carne viva, elas te bateram com o quê para deixar assim? — Chicote. - Eu disse em tom baixo, dando um leve suspiro. Ela não falou mais nada, mas eu pude sentir o seu olhar de pena sobre mim. esse olhar ao qual eu com certeza odiava. Após isso caminhamos em direção ao quarto, me deitei na cama de barriga para o colchão, mas ao olhar para o relógio na cômoda ao lado da cama pude contatar que estava na hora de descer. Me levantei com calma, Alice me ajudou a descer e juntas fomos ao refeitório. Pegamos uma bandeja e fomos pegar o café da manhã: Um copo de suco de laranja, pão de forma e uma maçã. nos sentamos e comemos em silêncio até que irmã Izabel trouxe até nós um pequeno bolo de cenoura com cobertura de chocolate, em cima do bolo tinham vinte velinhas, olhei para o bolo e suspirei, meu coração agora estava batendo forte. Eu prendi a respiração, eu não sabia e nem sei explicar o que eu senti no momento. O sentimento de gratidão pela cozinheira e minha amiga-irmã. Enquanto eu estava sentada, senti uma mão tampar meu rosto, passei a mão por cima da que estava sobre meu rosto. — Se não adivinhar quem é, eu vou ficar chateada! Era a inconfundível voz de Marta! — Marta! você está aqui também! Marta me abraça por trás, mas neste momento fecho meus olhos para reprimir o resmungo pela dor de minhas costas. Ela se juntou a nós, sentando-se à mesa, fechei meus olhos. — Faça um pedido! - Disse Alice — É! faça um pedido de aniversário e sopre a velinha. - Confirmou Marta. Eu pensei por alguns segundos mas logo tive sua resposta, assim pensando comigo mesma "Eu quero viver uma aventura fora desse convento", e soprei a vela de aniversário.
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