Caterina Martinelli
Antes de ir à empresa, vou ao quarto do meu irmão como de costume, me aproximo e lhe deixo um beijo em seu rosto, esse tempo todo que está neste estado, seu semblante continua o mesmo, até parece que está mais bonito.
Nunca imaginei que ele terminaria os seus dias assim, Rodolfo Martinelli, o tirano sem coração, está a quatro anos em estado vegetativo, os médicos já não tem mais esperança que ele possar volta, para eles é apenas uma questão de tempo, até o meu irmão morrer.
Não suporto ver o meu irmão desse jeito, sem ter formado uma família, mesmo que ele tenha se fechado para o amor, sei que o antigo Rodolfo queria uma família.
Desde que esse maldito acidente aconteceu, que estou a frente da sua empresa, confesso que estou exausta, é muito difícil comandar um negócio bilionário, não sou como o meu irmão, mesmo sabendo como ele lidava com tudo, não consigo fazer do mesmo jeito.
— Como sinto sua falta maninho, até dos seus gritos e suas ordens, mas o que sinto mais falta é daquele sorriso lindo, volta por favor.
Tudo mudou, virou de cabeça para baixo, depois que ela se foi, não foi sua culpa, Rodolfo, foi uma triste fatalidade. Me despeço e saio, não posso me atrasar, tenho uma reunião muito séria.
(***)
— Senhora Martinelli, aqui estão os nomes dos empresários que devem ao seu irmão.
— Obrigada, Célia.
— Precisa de algo mais, senhora?
— Por enquanto não, pode se retirar.
— Com licença.
Olho todos os nomes, todos devem uma quantia bem significativa ao Rodolfo, noto que alguns já passaram do prazo estipulado para quitar o seu empréstimo. Não é porque o meu irmão não está a frente, que vou perdoar suas dívidas.
Vou começar a cobrar por quem nos devem mais, os outros mandarei um e-mail informando que o prazo expirou ou que já está próximo.
Marcelo Watson, esse será o primeiro que vou cobrar, sua dívida é de dez milhões de reais, mas como já passou um ano do prazo dado, ela terá um juro de dez por cento, esse valor não significa nada para o bolso do meu irmão, mas se ele estivesse aqui já teria mandado dar um surra no infeliz por não cumprir com sua palavra.
Pego o telefone, ligo para Célia, a mando liga para o senhor Watson e depois me passar a ligação.
(***)
Falo com o senhor Watson, mas ele não tem como nos pagar, a sua empresa ainda está quebrada, então não me restará outa escolha a não ser tomar todos os seus bens.
Ele me pede mais um tempo, mas eu não aceito, já se passou um ano da data estipulada no contrato, mas antes dele deligar, me passa uma ideia absurda na mente, que pode dá certo.
Falo que vou a sua casa conversar melhor, que tenho uma proposta irrecusável para ele, marco de encontrá-lo logo após a minha reunião com os chineses.
Desligo a ligação e penso se essa ideia será uma boa, mas é por pouco tempo, só até o meu irmão partir.