BARAC NARRANDO
O que faz o bandido? Para muitos a vida fácil, a necessidade ou o status, o ditado popular diz: ‘a ocasião faz o ladrão’. já eu digo que a decepção e a traição forma um monstro, muda o ser humano, viver no inferno que é o sistema prisional, faz uma pessoa que entrou aqui sem maldade se transforma no próprio lúcifer.
Sei que devem estar se perguntando quem eu sou não é mesmo? Vou te fala então. Sou aquele que andava no certo, procurou por mais para poder da mais a quem amava e respeitava acima de tudo, sou aquele que sonhava em fazer faculdade e ser um homem digno, com uma família e longe da criminalidade, mas no fim, me tornei mais um no sistema prisional, mas um detento com um número nas costas, eu sou aquele que conheciam como Miguel, que hoje o sistema conhece como detende 572 e, que em breve o mundo irá conhecer como barac o sanguinário.
Fui forjado na dor e no sangue, aprendi a não confiar sendo traído pelos que eu chamava de amigo e até família. Acusado por algo que não fiz, condenado por estar em um lugar que fui forçado a estar e vou ser liberto pela resiliência que aprendi a ter para em um inferno sobreviver e talvez porque o sistema pode tardar, mas pode funcionar as vezes.
Hoje estou com vinte nove anos, meu corpo que era malhado e sem tatuagem, hoje esta o dobro do tamanho em massa musculas e com noventa e sete por cento dele coberto por tatuagens. Tatuagens que marcam a minha caminha até aqui, tatuagens que me faz lembrar o que passei, o que vou passar e aonde eu quero chegar.
Em cada dor de cada risco de tatuagem eu fui apagando um tipo de sentimento bom dentro de mim, na decima tatuagem dentro de mim só existiam sentimento de escuridão, tudo que de pior poderia ter em uma pessoa em mim foi nascendo, foi implantado dentro de mim, quando me mandaram para esse lugar que chamam de presidido, mas eu só posso chamar de inferno.
Estou dez anos preso, aqui dentro eu aprendi a não confiar de vez nas pessoas, aprendi que dormir é algo valioso e quem consegue é privilegiado. Aprendi que se não puxar a faca primeiro tu é o primeiro a ser golpeado e, o primeiro a morrer. Aprendi que os olhos e os ouvidos são as suas melhores armas e o silencio a sua maior força.
Sempre fui fácil para aprender as coisas, talvez se eu não fosse tão coração não estaria aqui hoje passando por esse inferno, mas como dizem é nos erros que aprendemos e nos levantamos e, eu me levantei, mas não como eu queria e sim como fui forçado a se levantar. Aqui dentro conheci pessoas de poder, que mesmo que você não abra a boca para dizer o que te aconteceu, já sabem e tem tudo planejado para você aqui dentro.
Rel. primário, acusado de matar o coronel do Bope em meio a um assalta ao banco central do rio de janeiro, o que poderiam ter para mim em um lugar como o presidio cheio de verdadeiros traficantes, assassinos e líderes de facções?
Na minha primeira noite, eu sem saber o que me esperava fui dormir e acabei sendo atacado dentro da minha cela, por dois homens que eram maiores que eu, mais não mais forte, nem inteligentes. Um tentou me enforcar o outro pelo que me parecia, estava tentando me quebrar ao meio, com um pouco mais de força consegui chutar o que me segurava pelas pernas, o outro afrouxou meu pescoço e foi ai que eu consegui inverter as posições e dar um mata leão fazendo ele apagar, o outro veio na minha direção mais com duas de direita eu apaguei ele e, ai os detentos começaram a fazer barulhos.
Na cela a minha frente eu vi duas celas e, em uma delas eu vi um vapor do tucano, ele me olhava com raiva e na outra eu vi dois homens que sorriam satisfeito para mim. Hoje em dia esses dois homens são o que considero mais próximo como amigos, seus nomes não sei, seus vulgos dino e tigre, ambos trabalham para o comando vermelho e, assim como quando eu entrei aqui eu já tinha um posição, eles também tinham. Dino era a visão do chefe da facção aqui dentro, procurava sempre os melhores e os forjavam no fogo e na dor para que aqui dentro fossem capazes de tudo. Tigre era o contador e, ai eu cheguei para fechar o trio e cobrar os que não pagavam, ou que caiam aqui por não seguir a leia da fação.
Sempre soube atirar bem, lutar bem, mas como disse anos atras, nunca matei e, nem precisei matar ninguém, mas como dizem também por ai, ‘pra tudo se tem a sua primeira vez’. Dino me passou a visão, ‘ não sou chefe de morro, não sou chefe de facção, só olho, escolho e cumpro ordens, antes mesmo de entrar aqui brutal já tinha um destino para tu, cabe a você aceita e ter a proteção dele, ou recusar e seguir sozinho’. Quando ouvi as suas palavras o extinto sobrevivência foi acionado e melhor eu matar do que morrer, já tinham acabado com a minha vida por me colocarem aqui, então o jeito era aprender a sobreviver e se para isso eu tivesse que matar eu mataria.
Desde então eu segui as ordens do CV e foi assim que eu ganhei meu vulgo, a primeira morte foi difícil superar e carregar nas cotas, esconder tudo era ainda mais difícil, fingir que não foi você, mas ai veio a segunda a terceira e hoje eu já perdi as contas de quantos eu já matei, na sombra do dia ou na calada da noite, como eu disse eu aprendo rápido. Não precisa comprar carcereiro, eu saia e entrava da minha cela como uma rato, atava como um vulto e depois sentava na cama de concreto para olhar o dia nascer no pequeno buraco que chamam de janela. não sou traficantes como muitos são aqui dentro, mas eu sou o maior e mais conceituado assassino entre eles e, como sei disso? O medo de que me olham aqui dentro, o pedido de desculpa a cada esbarrada aqui dentro demonstra que mesmo no escuro eles sabem quem eu sou e, ao que eu fui eleito a fazer aqui.
O advogado que me deram foi um merda certeza que ele estava aliado com o filho da p**a do tucano, com o merdinha do Bope que ficou no lugar do coronel e com o jornalista arrombado que conseguiu me afundar de vez nesse inferno que eu vivo a dez anos. Em dez anos esse merda nunca se quer conseguiu uma saidinha para mim, mas barac como foi preso se não fez nada? Kkk, chega ser engraçado.
Em mim foi encontrado pólvora da arma que usaram para matar o policial, nos corredores do banco tinha imagens minhas correndo e, andando por ele, claramente adulteram os vídeos de segurança da escola, com os vídeos do banco, eu faria isso se quisesse incriminar alguém e, eu poderia provar que eram adulterados se eu tivesse tido meios para isso. Eles tinham os meus aparelhos, os meus códigos de hacker eles não tem e, nunca vão ter, nos computadores só encontraram alguns programas que eu hackee, mas isso não leva uma pessoa a dez anos de prisão. Mas a chave de ouro, foi a reportagem do jornalista investigativo Emerson Cavalcanti, uma reportagem que tomou proporção mundial, que mostrava eu em meio aos traficantes da maré, em bailes com armas e drogas o que ele colocou como ostentação, as fotos que eu tirei n frente dos carros do tucano e das motos, as fotos na praia regada a bebidas, meus treinos no galpão atirando e treinando com os crias e, mas o monte de merda que ele disse, junto com as provas florense, foi o que me trouxeram a esse inferno.
Mas na real o que me colocou nesse inferno foi eu acreditar que existem pessoas verdadeiras, o que me trouxe aqui foi a traição de quem eu achei que podia confiar, de quem eu acreditei ser amigos e tenho quase certeza que das únicas mulheres que eu amei na vida e que me abandonaram desde aquele dia, pois nunca mais se quer ouvir falar o nome da minha mãe ou da Samila.
Agora eu estou aqui a dez anos e um advogado novo me deu a leve esperança de sair desse inferno, mas eu não vou sair como Miguel, vou sair como barac o sanguinário, em busca de vingar o que me tiraram e o que me forçaram a viver. Vou sair daqui em busca do meu poder, vou sair daqui como um assassino c***l e, vou junto com esse título ter o de traficante mais f**a desse rio de janeiro e, para isso eu só preciso de uma ligação e eu estou esperando ela para os próximos minutos.
VOLTEI ESSE É O ULTIMO DE HOJE AMANHÃ EU VOLTO COM MAIS TRES CAPITULOS, COMENTEM E DEIXEM O SEU VOTO.