Cap10

1480 Words
Raphael Eu havia chegado no acampamento e logo tirei minha capa que escondia minhas armas e minha roupa de luta, estava na hora do meu treinamento, eu admito, durante todo o trajeto até a entrada da floresta em Celeste enquanto eu distraia a menina para que ela não percebesse o caminho que eu tinha tomado para sair do lugar que ela tinha caído, aqueles olhos, ela me olhava com tanta atenção, talvez ela tivesse sido treinada para prestar atenção em cada palavra, assim como eu tentava lhe tirar informações ela também tentava extrair algo de mim, mas enquanto ela estava nos meus braços eu senti algo de sua parte, como se ela nunca tivesse sido cuidada daquele jeito, eu vi dor em seus olhos, e fiquei curioso em saber mais sobre ela. Bizarro, até aquele exato momento antes de conhece-la eu odiava os celestinos, não que eu deixei de odiar, mas acredito que tenha mais misericórdia depois dela. Ela se mostrou complacente, nem deve ter percebido a cor dos meus olhos que revela automaticamente a minha linhagem, ela me tratou como se eu fosse normal, normal, faz tanto tempo que eu não me refiro a mim como normal, não como filho do Líder Marcos, não como o próximo líder de Cecília, mas como um cara normal. Quando cheguei aonde minha turma deveria estar percebi que estava totalmente sozinho, aonde estavam todos? -Raphael...- escutei Adrien vindo por trás -Adrien, cadê todos?- ele passou a mão em seus cabelos e me deu um sorriso torto -Estão te esperando na tenta de reuniões...- franzi as sobrancelhas -O que aconteceu? -Nossa equipe que foi para a floresta ontem...de 20 voltaram 6 e dois morreram no acampamento.- olhei incrédulo e me segurei para não dar um sorriso ao lembrar da menina de Celeste, mas logo voltei a mim -4/20 voltaram? - metade deles era da minha turma, eu os treinei com métodos que nenhum professor arriscaria ensinar os seus -Melhor irmos..- ele me deu um tapinha no ombro e corremos para a tenda de reunião. Meu pai me esperava para começar, ele estava com expressão de pânico, andava de um lado para o outro nervoso. -Raphael que bom que chegou, ficou sabendo de ontem a noite? - consenti -Adrien acabou de me falar, tinha acabado de chegar do bosque.- Rayna me olhou de cima a baixo, procurando alguma coisa, eu a ignorei. -Perdemos 16 dos nossos ontem, fomos massacrados por Celeste, fazem décadas, DÉCADAS, que uma tropa nível dois nos vence, na verdade é raro que qualquer nível de treinamento de Celeste superem as nossas. - ele se afastou um pouco- Mikael se aproxime - um soldado da minha turma veio andando, estava com um tapa olho e com uma tipoia no braço esquerdo- Nos conte tudo. -eu não sei o que aconteceu senhor, estávamos escondidos no manto inferior da floresta, invisíveis, prontos para atacar, quando nos deram um sinal começamos a avançar, eles não enxergavam, mas tinha uma soldada entre eles que via na escuridão e sabia nossa localização, ela indicava aonde eles tinham que jogar as lanças e facas, ela era sensitiva, acredito que essa falha em sua visão tenha sido passageira porque depois escutei ela falando que não conseguia ver mais - Eu estava prestando atenção em cada palavra dela -será que essa soldada era a menina que eu salvei?- Mas mesmo assim....- os olhos do soldado marejaram - Eu vi Durkan quase matando um deles, ia ser letal até que ela apareceu para salvar o colega e arrancou suas pernas com a lâmina, eu nunca tinha visto uma soldada tão feroz, eu nunca tinha visto um grupo de soldados celestinos tão....Mortais.- ele olhou para meu pai- Quando eu vi que perderíamos gritei para recuarmos, Judied .....- ele parou - ela não queria fugir então quando as tropas deles estavam se afastando ela correu até eles e puxou a soldada para o breu da floresta e foi a luta mano a mano, eu implorei para que ela voltasse, eu estava ferido e estava tentando arrastar Andrés que estava jorrando sangue, meu irmão- ele colocou a mão no peito- Faleceu hoje... -E Judied?- Rayna falou com total insensibilidade para a tristeza do soldado, a menina foi treinada por ela, na verdade se não me engano era a melhor de sua turma. -Morta.- eu finalmente falei, eu tinha visto o campo de batalha, eu tinha essa obrigação, limpa-lo e elevar os soldados mortos ao vento - Pescoço quebrado.- meu pai passou a mão na testa -E a soldada?- Pensei em delata-la, mas como eles reagiriam se soubesse que eu havia a salvado, e o pior não me arrependia disso? -Nada, senhor. área limpa. -Nenhum corpo dos deles? -Nada majestade, foi como se eles não tivessem sido abatidos.- disse por fim - Perdemos. -EU NÃO ACEITO TAL COISA EM MINHA BASE. Adrien.- ele apontou para ele - Vá na base ao norte e avise o General Karter que precisamos aumentar os treinos, quero mais sangue, ou qualquer tipo de misericórdia seja dissipado.- eu ri por dentro, o que será que ele faria comigo se soubesse o que eu havia feito?- Porque está rindo Raphael?- ele me olhou e em seguida todos me olharam, nem percebi que havia formado um pequeno sorriso em meu rosto -Nossos treinos já são considerados mortais, senhor. Nossos soldados são expostos desde os 12 anos, lutas que muitas vezes acabam em hemorragias, e o senhor quer mais? Isso poderia destruir as crianças. - ele se aproximou e vi ódio pela minha afronta -NÓS PERDEMOS, SE PERDEMOS QUER DIZER QUE ESTAMOS EM PÉSSIMO ESTADO. -Se perdemos não quer dizer que somos ruins, mas talvez que eles deixaram de ser.- eu falei calmo, meu pai odiava meu sarcasmo - Subestimamos os Celestinos, senhor. Talvez o poder adormecido de Kiar tenha finalmente acordado. -DEIXE DE SE ENCANTAR POR LENDAS E VIVA NA VIDA REAL, AUMENTE OS TREINAMENTOS . E AI DE VOCÊ SE NÃO SEGUIR MINHAS REGRAS. SAIAM.- Todos saíram em sincronia -Precisamos nos infiltrar na corte de Celeste...- Rayna fala perto de mim e me puxa para si - Podemos conversar? -O que quer Rayna?- ela me olhou -Faz um mês que não toca em mim. -Eu não estou animado.- me afastei dela com um sorriso irônico -Não pode me rejeitar. -Eu não to nem ai -SÃO AS LEIS DO TRIBUTO.- Tributo, a maldita lei do tributo -Se está cansada isso não é problema meu, Rayna. - Essa lei foi criada para que o casamento seja adiantado, já fazem 5 anos. -EU NÃO VOU ME CASAR COM VOCÊ EM 2 MESES, RAYNA?- eu gritei e todos ao nosso redor correram para não presenciar - ENTÃO PORQUE NÃO ME DEIXA EM PAZ. -Você não sabe o que diz.- ela balançou o colar que meu pai lhe deu quando venceu o tributo e sorriu e eu sabia o que aquilo significava, ela se aproximou e cravou as unhas no meu rosto - EU SOU SUA MULHER, CASADA OU NÃO, E ME DEVE RESPEITO.- Soltei suas mãos do meu rosto -E eu sou seu soberano, sendo seu marido ou não. Se eu quiser eu posso simplesmente mata-la e casar com outra que ninguém vai me martirizar por isso. Estou seguindo a lei, vou me casar com você. Mas me deixe em paz. Sim já houve um tempo na qual eu amava Rayna, sua intensidade era alegria aos meus olhos, éramos amigos, inseparáveis, éramos jovens, criados juntos, nossas mães eram amigas, apesar da mãe dela ter sido de Celine, quer dizer ela nasceu em Celine mas seus avós foram de Clarice antes da queda. Fomos assim até a chegada de Adrien quando tínhamos 13, viramos o trio mais terrível do acampamento, Adrien também tinha raízes em Cecília, então ele e Rayna se deram bem, infelizmente ao 15 tive que me alistar e acompanhar o treinamento do acampamento ao leste e me afastei deles durante um tempo, foi quando eu conheci Aurora , fiquei quase 3 anos naquele acampamento e viramos amigos, acho que pelo fato dela não querer treinar me fez ter um senso de proteção maior com ela, e depois quando atingimos a maioridade eu confessei meus sentimentos por ela, então quando fui convocado de volta eu a trouxe comigo, quando cheguei fiquei sabendo do envolvimento de Adrien e Rayna mas nunca disse para eles que eu sabia, então descartei qualquer sentimento de Rayna por mim, que era meu medo devido ao jeito que éramos quando mais novos...Só que não foi bem assim....- balancei a cabeça tentando não pensar Fui até a Marrom e subi por seus galhos. -Marrom eu fiz uma coisa que não sei se foi o certo....- vi uma pequena flor cor de rosa brotar em minha frente- Isso significa que eu fiz o certo? - eu sorri ao pegar a flor, era como ela. - Será que eu vou vê-la de novo?
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