Cap11

1638 Words
No dia seguinte acordei cansado e com dor nas costas, havia adormecido na Marrom, estou fugindo dos meus deveres com a Rayna, toca-la era terrível pra mim, até o dia do terremoto eu fechava os olhos e tentava esquecer, mas depois que a terra gritou comigo, algo dentro de mim não permitiu mais tanta aproximação. Fazia muito tempo desde que eu não usava meus poderes, eu amava fazer chover, me lembrava da minha mãe, minha amada mãe, ela foi levada a um exílio em algum lugar em Celine ninguém sabia ao certo a onde, havia segredos demais em sua vida para que eu pudesse entender o porque meu pai nunca fez nenhum esforço para traze-la de volta, já fazia 15 anos, eu tinha apenas 10 quando ela me foi tirada, meu pai tentou ser um pai bom mas desistiu dois anos depois, foi quando ele me mandou para o acampamento para treinar ao norte durante 3 anos, me afastando dos meus amigos e me deixando só. Eu desci da árvore e me sentei perto de uma fogueira, era grande e por algum motivo todos estavam em suas tendas, nenhum treinamento, olhei para o céu e vi a cor das nuvens, pareciam grandes bolsas de água acinzentadas, eu queria tomar banho de chuva, mas também queria apreciar a fogueira com aquele calor, aquelas chamas dançando. Os pingos começaram a cair e rapidamente a chuva engrossou e eu não me movi, observei as chamas diminuírem, se eu podia traze-la, podia para-la- pensei -Me concentrei na fogueira e ordenei a chuva -Caia em tudo, menos ali...- olhava para a fogueira que ia diminuindo, mas depois de alguns segundos voltou a crescer -E o mestre da chuva ataca novamente...- Adrien chega me entregando uma garrafa de cerveja -Pensei que só chegaria daqui 2 dias...- dei um gole -Sabe que eu sou muito ágil, e não gosto de deixar o senhor esquentadinho ai- ele apontou para mim com o queixo - sozinho, depois dos ocorridos.- ele bebeu o resto da sua cerveja - Novo truque?- ele olha para a fogueira e eu não respondi - Qual foi Rael ...- eu o olhei sem qualquer tipo de sentimento- Não me olhe dessa forma, não sou qualquer um, sou seu irmão.- revirei os olhos e desejei que a chuva ficasse mais intensa em cima dele- Ah se jura?- não aguentei e dei um sorriso -O que você quer?- disse ainda olhando para a fogueira -Algumas fadas me disseram....- ergui uma sobrancelha- que existe uma guerreira sanguinária com bastante fogo por ai.- ele gargalhou e fiz a chuva ficar tão intensa em cima dele que pareceu que ele tinha tomado um banho de balde e eu ri -Ai uma boa solução pra esse "fogo".- eu falei rindo e ele se levantou e espremeu a camisa -Obrigada pelo banho, amigo. -Disponha, quando quiser. - fazendo a chuva enfim apagar o fogo - O que há contigo? Eu sei que você nunca foi muito com a cara da Rayna depois...daquilo- eu o olhei e prestei atenção no que dizia- Mas...você sempre cumpriu as regras, independente , até achava que gostava de estar com ela.- balancei a cabeça -Eu aceitava era diferente, não foi e nunca será reciproco ....-respirei fundo- Malditas leis...- murmurei e meus pensamentos foram automaticamente para a flor rosa, a menina de Celeste. "-Malditas leis não é?"- me lembro perfeitamente dela latejando de dor e fazendo piadas sobre nosso fatídico sistema político. Sorri ao lembrar dela sorrindo. -Que sorriso é esse?- eu olhei para Adrien e ele sorria como um gato- Rael, que sorriso é esse? -Está alucinando por causa da cerveja- me levantei e fiz a chuva engrossar - Não fui eu, é ela que quer ...- apontei para o céu e ri para ele -Não fuja de mim, Rael, Ra- Raphael....-Escutei Adrien se debatendo e ri internamente. Estava indo para minha tenda quando escutei na tenda de reuniões meu pai falando com meu tio Karter. -Karter isso pode ser um problema para nós, Celine já tem coisas nossas demais e não podemos nos arriscar, nosso ápice era Celeste que parece estar se levantando, se Celeste for mais poderosa que nós...Podemos perder e ter que nos render. -Rendição não irmão. Uma invasão surpresa. Podemos avisar o povo do risco e invadir Celeste durante os preparativos do casamento que unirá Celeste e Celine para sempre, nosso tempo está acabando. -o ataque surpresa é a nossa única arma. Vamos realizar daqui algumas semanas então.- me afastei e corri para o bosque ao escutar passos, eu queria ter escutado a conversa toda, precisava entender todo o contexto, mas só aquela breve conversa que tive acesso me fez estremecer Se ocorresse tal coisa, a carnificina seria grande, muitas vidas, civis que não tem culpa, se tentarem tomar Celeste, o resto de Kiar pode ir por água a baixo. Eu não podia deixar que isso acontecesse, mesmo que favorecesse eles. Meu pai iria me matar se soubesse o que eu estava prestes a fazer. Depois do terremoto, nosso povo foi proibido de treinar em chuva intensa e ninguém repararia na minha ausência então fiz até trovoar para os deixar ainda mais enclausurados. Fui até o bosque e subi o mato que dividia o subterrâneo do térreo e entrei na floresta outonal. Fui no máximo que podia e entrei na floresta celestial. -Espero que funcione...- me ajoelhei e enfiei a minha mão na terra como ela mandou "-Te devo uma, se precisar de mim, só toque na terra de celeste e me chame, e eu vou retribuir o favor." -Soldada...sou eu. Eu preciso de ajuda. Me responda. Algo percorreu os meus dedos como uma descarga elétrica e uma voz familiar veio na minha mente -Nossa tão rápido? Deixe-me adivinhar....Saudades?- era ela, ela riu - Como posso te ajudar caro guerreiro? -Primeiramente eu queria saber como isso acontece?- ela riu -Eu também não sei, digamos que esse telefone é uma árvore, e essa árvore conversa comigo.- igual a marrom? Pensei -Quem é Marrom?- ela falou -Como você....- dai que eu percebi que estávamos nos conectando por pensamento - Marrom é minha árvore amiga, eu converso com ela e ela curiosamente me responde... -Será que é da mesma espécie da Primavera? -Primavera? Você tem bastante criatividade em ...- zombo -Falou o cara que chama a árvore de marrom, em alguns lugares isso seria uma ofensa.- ela riu- Mas acredito que não tenha me chamado por mera curiosidade ou para zombar do nome da minha árvore. O que aconteceu? -Não, é algo mais grave. -Diga então. - Você aparentemente é uma boa guerreira, e disse que tem família que trabalha do palácio. Tem algum contato com a família real?- ela respirou fundo -Se puder se apressar, digamos que não estou muito confortável próximo ao seu lado da barreira- ela riu -Creio que sim. Porque? -Eu vou lhe fornecer uma informação, mas tem que me prometer que vai fazer de tudo para não causar mais danos. -Vou precisar de mais detalhes. - Eu descobri algo sobre meu povo, e isso pode resultar em mortes, muitas mortes de ambos os lados, tantas mortes que poderia causar a queda de celeste. -Estou ouvindo. -Me prometa que vai tentar impedir, mas sem causar morte em ambas as partes. -Farei o melhor que puder, agora diga. -Meu pai quer orquestrar uma invasão ás vésperas do casamento da princesa Antonella, todos despreparados e tomar o poder, matando a família real e impedindo a aliança de Celeste e Celine, já que era uma aliança que meu pai queria fazer. -Por Kiar...- ela murmurou -Temos que impedir isso, muitos civis e servos serão mortos.... -Tenho algumas ideias, talvez consiga dar conta dessa invasão. Tem mais alguma informação? - Meu pai falou sobre mentiras, mentiras para o povo. - ela ficou em silêncio -Me diga soldado, como mentiras podem ser desmascaradas?- fiquei em silêncio - Fatos, fatos, não podem mentir sobre Celeste se Celeste mostrar mudança. -O povo não vai querer lutar se tiver testemunhas.- falei -Acredito que tenha alguma ideia.... -Sim, eu tenho. Celine tem prisioneiras Cecilianas, faz anos...- fiquei em silêncio para não revelar a verdade sobre quem me referia -Se enviarmos alguma prisioneira que foi resgatada sem a permissão de Celine, quebrando algum acordo , ou faze-los acreditar na mudança, fazer a testemunha falar em nosso favor...- ela falou animada -Eles não vão aceitar lutar, afinal...não somos uma monarquia, a resposta final vem do povo. -Por isso as mentiras...- imaginei ela sorrindo - Tem um nome? Eu preciso de um nome. Não poderei resgatar mais de uma. -Você vai roubar uma prisioneira? -A princesa Analya a poia nossa causa, contei a ela o que fez por mim. -E ela é confiável?- ela riu -Confie em mim, e já bastará. O nome...- respirei fundo -Mical... -Certo quem é ela?- respirei fundo -A esposa do líder de Cecília, presa faz 15 anos. -Perfeito, talvez isso mude as coisas....O que?- ela parecia estar falando com outra pessoa- Tenho que ir, e você também, tropas se aproximam dai para a ronda, Primavera me disse que quando quiser falar comigo me chame pela Marrom, aparentemente as raízes delas são ligadas, não entendi muito bem, só faça. -Como quiser, flor rosa. -Flor rosa?- ela riu -Vi uma faz uns dias e me lembrava você, já que não pode revelar seu nome- ela riu de novo -como quiser soldado.- eu quem dessa vez sorri -Qualquer atividade eu lhe aviso. Cuide-se. -Idem. E só para avisar esse não é o favor que me deve, estamos trabalhando juntos, então ainda me deve uma- ela riu -Está abusando da sorte, já pensou no que vai querer?- senti certa malícia em sua voz e sorri -Não sei ainda, mas pode ter certeza que irei te contar assim que souber. -Estarei esperando.- tirei minha mão da terra e sorri para o subterrâneo.
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