Sebastian
É um dia para se estar ansioso. Mas quem não estaria na minha situação? A cerimônia do meu casamento foi adiada por conta de um compromisso que eu tive, mas daqui há dois dias... ah, dessa data eu sei que não escapo. Como todo bom mafioso, eu sei que preciso preservar a imagem de bom moço perante à sociedade, que para o meu ver, é mais hipócrita do que nossa mente limitada possa imaginar. O que eu tenho percebido desde que saí daquele orfanato para assumir os “negócios” da minha família foi: não importa de onde vem o dinheiro, o que importa mesmo é o que a pessoa que o tem, está disposta a dar àqueles que preza pelo “bem” dos necessitados.” Eu faço a minha parte, ajudo o Orfanato Santa Lucia, que é onde eu fui criado e, também contribuo com outras instituições de caridade, procurando sempre saber se não existe algum bilionário safado por trás dela, pois esses caras são uns parasitas desgraçados. Vivem no luxo e na riqueza, gozando de uma vida livre, enquanto se aproveitam de gente como eu para sustentarem suas instituições com nossas gordas doações. Bando de abutres, eu os odeio! Mas não é bem como isso que eu estou preocupado, nem mesmo com o meu casamento. O que me preocupa mesmo é a questão da Sarah, ela vai permanecer aqui em Catânia, entretanto, ao lado do zé ruela do Rafaele. Me pergunto como é que eu vou lidar com isso, não posso deixar a mulher que me prendeu em uma teia de desejo e curiosidades, ser tirada de mim por outro. Isso só ocorreria se eu não me chamasse Sebastian Baroni.
— Não há problema em interrompê-lo, senhor Baroni? — é o Pepe. Geralmente ele se me interrompe quando a coisa é muito ´seria, ou, do meu profundo interesse.
— Claro que não, Pepe. Um amigo nunca interrompe outro. — respondo, com um amigável sorriso. — O que tem para mim hoje. Faço a pergunta e o Pepe fica me olhando com aquela sobrancelha esquerda arqueada, marca registrada dele. — Mas antes que me responda essa pergunta, eu quero que me responda outra.
— Pode perguntar, jovem patrão! Nossa, a formalidade do Pepe é tanta, que as vezes eu me pergunto se ele não é britânico, pois parece mais com uma versão do Alfred do Batman, só que na vida real.
— Você tem notícias do Giacomo? A última vez que falei com ele, o safado estava em Berlim. — Giacomo foi em uma missão secreta para mim, na Alemanha. — Será que ele conseguiu? Estou um pouco preocupado, temo que tenha sido capturado.
— Bom, o Giacomo sabe se virar e se ainda não mandou notícias, é porque o momento não é propício! — respondeu o meu “mordomo”!
— Se você tem tanta certeza, vou confiar no seu julgamento. E qual o assunto que você queria me falar?
— Tem a ver com aquela jovem, a Sarah Milani! Levanto-me de uma vez e caminho até a porta. Pepe fica sem entender o porquê de eu ter ficado tão cuidadoso, então vou até a porta e a fecho.
— Não fale esse nome aqui, Pepe, por favor!
— Por que, senhor?
— Lembra que o carro da tia dela foi retirado da cena do crime antes mesmo da perícia chegar ao local do acidente?
— Sim, fui eu mesmo quem lhe deu essa informação.
— Então, — prossigo, — eu tenho quase certeza de que o carro da Sarah foi sabotado e a lambança foi feita aqui mesmo.
— Como ode ser? Eu teria notado qualquer movimento estranho. — disse Pepe, achando tudo muito esquisito. — Não, se você estivesse ausente. E creio que foi exatamente isso o que aconteceu. E já posso até ter uma ideia de quem foi o mandante. Melhor, a mandante!
— E quem poderia querer matar a senhorita Sarah?
— Nicole! O olhar de Pepe não foi o que eu esperava. Imaginava que ele fosse ficar mais admirado, no entanto, ele parecia já ter certeza de que a minha noiva seria capaz de qualquer coisa para proteger ao que ela julga ser seu. Foi essa a resposta que recebi dele e ainda acrescentou que seria prudente tentar esconder a Sarah, pelo menos, não deixar que Nicole soubesse que ela permanecia aqui.
— Mas não foi sobre isso que eu vim falar com o senhor, senhor Baroni.
— Exato. O que queria me dizer. Pepe contou que tivera uma longa conversa com seu pupilo e também subordinado, Rafaele e o que eu ouvi não me agradou nenhum pouco. Fiquei sabendo que o malandro está pretendendo avançar em seu relacionamento com a Sarah e que a mesma parece estar muito entusiasmada com isso. O garoto parece estar muito apaixonado e a minha distância dela poderá favorece-lo.
— Eu preciso arranjar uma maneira de tirar esse i*****l do meu caminho! — digo, esmurrando a mesa.
— Eu sei que não osso impedi-lo de fazer qualquer coisa para ter aquela moça, senhor Baroni, mas só peço uma coisa a você. — ele me olha, mas dessa vez, vejo medo em seu olhar.
— O que? — Existem muitos métodos para se livrar de uma pessoa, sem precisar feri-la.
— E por que esse cuidado com o Rafaele?
— Eu tenho as minhas razões. E posso descobrir algo a respeito do rapaz que possa ser usado em seu favor! Faço silêncio por alguns segundos. O Pepe não quis se aprofundar no assunto comigo e, eu não vou bancar o patrão opressor, mas sei que ele deve ter uma razão muito forte para ter me pedido que eu poupasse a vida do garoto, sim, pois manda-lo para o além, estava nos meus planos. — Perfeito, faça isso e não demore. — lhe dou o ultimato. — Não posso e nem quero permitir que ela se case com outro.
Pepe assentiu, mas depois olhou para mim e eu entendi que eu deveria confiar no homem que me ajudou quando eu não tinha a menor ideia de como governar o império que o meu pai deixou para mim. Mas, já que agora tenho a ajuda do Pepe para cuidar no problema da Sarah, se é que pode chamar isso de problema, agora posso voltar a pensar na minha cerimônia de casamento.
***
Sarah
Estou confiante na minha recuperação e depois que eu falei com os meus pais, fiquei mais tranquila por saber que eles aceitaram a minha decisão e vão ficar bem. Então gora eu posso me dedicar a cuidar da minha saúde e depois que eu estiver completamente recuperada, cuidar da minha tia Cornélia, que é uma pessoa que eu tanto amo.
— Que bom que está com um semblante mais alegre, minha querida. Falou com os seus pais? — ela perguntou-me.
— Sim. E eles concordaram em eu ficar aqui com a senhora. Eu também contei do Rafaele e o meu pai falou que vem aqui em Catânia para conhece-lo.
— Ah, isso é muito bom filha. Eu gostei do Rafaele, do modo como ele cuidou tão bem de você enquanto você estava internada. — ela contou com tanto louvor. — Eu sempre serei grata àquele rapaz por isso.
— Verdade, tia. O Rafaele é um homem bom e eu retendo sim, tentar construir uma vida ao lado dele. Comento, mas sem que eu me atente, Sebastian veio à minha mente, seguido por um forte pressentimento. O que será que isso significa?