Sebastian
Nem acredito que eu sobrevivi à emboscada que me fizeram e ainda por cima, a polícia chegou bem no horário exato, levando-me a tomar um sarrafo do Comissário de segurança da cidade. Realmente eu não consigo entender o que na verdade está acontecendo, é como se alguém estivesse planejando toda essa confusão comigo e sinto uma nuvem n***a pairando sobre a minha cabeça. Ah, merda, será que tudo isso e castigo? Parte de algo que eu deva ter feito no passado e agora estou pagando por esse erro? Por que será que, mesmo tentando fazer tudo certo, alguma coisa sempre tende a dar errado na minha vida e nem gostar de alguém, eu consigo? Ora... se for mesmo isso. Então do que adianta lutar tanto e fazer o bem? Sabe, é melhor eu arar, pois já estou começando a falar besteiras. Desde quando alguém como eu faz o bem a alguém? A prova está no que aconteceu ao Julio, que por me roubar, teve um destino trágico. Isso é ser um Baroni, isso é ser eu. Mas uma coisa é certa, eu não sei bem quem foi o maluco de ter mandado me raptar, mas, as suspeitas recaem sempre sobre algum amigo do Julio. Eu quero e vou investigar melhor a respeito disso, pois se tiver mais alguém além dele que esteja tentando me roubar, vai pagar muito caro por ter se metido comigo. Eu sou um Baroni e não vou me deixar abater or qualquer um.
— Você está melhor? – meu médico me pergunta.
— É, eu levei uns tiros, mas estou bem. – respondo, de modo meio zombeteiro.
— Você como sempre, subestimando os seus ferimentos. – ele diz. — Por que eu fui escolhido para consertar Baronis quebrados? Eu nunca consegui entender isso! Esse Tulio, o meu médico particular, ele também foi o médico do meu pai e do restante da minha família.
O velho Baroni confiava muito nele e em uma de suas muitas cartas para mim, ele recomendou que eu fizesse o mesmo, que confiasse a minha vida ao Tulio, pois era ele o responsável por nos costurar quando as coisas saiam errado, como agora.
— Se essa bala tivesse acertado um pouco mais para a esquerda...
— Já sei, – eu o interrompo. — Eu estaria a sete palmos debaixo do chão. — respondo, enquanto o velhinho me costura.
— Você não muda, é mais parecido com o seu pai, do que possa imaginar! – ele fala. Deve mesmo conhecer o a família mais do que ninguém, aliás, Tulio me conhece mais do que ninguém. Tudo porque, assim que o conheci, eu soube de algo que me deixou intrigado. O Tulio foi exatamente o cara que me levou para aquele orfanato e mais do que isso, ele foi quem fez o parto da minha mãe e evitou que a bruxa me matasse. É assim mesmo, aos poucos eu me lembro, mesmo sem querer, das piores coisas pelas quais eu já passei nessa vida.
— Veja se não deixa uma cicatriz muito feia, tá bom? — o recomendo. — Se bem que as mulheres adoram uma cicatriz de combate.
— Você não tem jeito – ele diz. — Mas não se preocupe, o ferimento não tão profundo assim. É o seguinte, eu fiz questão de mandar construir um pequeno hospital aqui mesmo na mansão, para sempre que meus homens e eu ficamos muito ferrados, podermos ser tratados e a polícia não dá no nosso pé. Eu até mandei equipar o local com uma UTI bem moderna e uma sala operatória. Isso mudou muito a nossa situação e os homens gostaram da ideia. Foi como eu disse, quero ser bem mais do que o meu pai foi.
— Bom, você está liberado, so não faça movimentos bruscos para que o ferimento não abra. – ele recomenda.
— Pode deixar, doutor, eu vou me cuidar direitinho!
— Agora eu preciso ir, tenho uma cirurgia para supervisionar.
— Tulio, você sabe que não precisa mais ficar trabalhando desse jeito. Que basta treinar um médico que possa substitui-lo, não precisa mais ficar se matando de trabalhar assim. – digo a ele. — E é sério quando digo que gosto muito do Tulio. E se o problema for dinheiro, eu cubro o que você quiser.
— Não se trata apenas de dinheiro, menino Sebastian... cof, cof! Mas o que será que ele tem? Logo Tulio começa a tossir, me deixando meio reocupado.
— Que tosse é essa, irmão? – me levanto da maca e vou até ele.
— Não foi nada, só coisa de velho mesmo! – ele diz. Não sei porque, mas acho que ele está mentindo pra mim.
— Eu sei que você é médico e por tanto, não faço a menor ideia de como funcionam essas coisas, mas é bom você procurar um colega seu de profissão e dar uma cuidada nessa tosse aí. Eu não quero perder você, Tulio, pelo menos não pelos próximo vinte anos! Tulio sorri e diz que vai procurar um médico e volta a afirmar que sua tosse não passa de uma simples gripe. Assinto e o vejo sair, colocando o lenço usado, no bolso do jaleco.
***
Já fazem três dias que eu sofri aquela emboscada, mas algo não me sai da cabeça. Por que aqueles malditos disseram que haviam sequestrado a Nicole e ela nem ao menos disse saber de nada? Bem, ela pode ter sido usada, o nome dela pode ter sido usado para uma emboscada contra mim, mas como eu desconfio até da minha sombra, melhor eu mandar investigar logo isso. Mas olha só, quando eu digo que as vezes eu sou meio azarado, não que elas parecem melhorar para o meu lado? Foi exatamente o que aconteceu, eu estou jogando tênis na minha quadra particular, quando vejo a Sarah passando para ir até o outro lado da propriedade. Não posso perder a oportunidade de falar com ela, então caminho rapidamente a fim de abordá-la.
— Não vai mais jogar, senhor Baroni? – meu funcionário pergunta.
— Não agora, Giacomo. Pode ir descansar, tá bom! — respondo. Tomara que ela goste desse estilo, bermuda e camisa polo, branca e tênis da mesma cor. Só não posso forçar para os pontos das minhas costas não abrirem. Mas, vamos lá.
— Senhorita Milani! E a chamo, ela olha para trás, um tanto desconfiada.
— Posso ajuda-lo em algo, senhor Sebastian? — ela pergunta, de cabeça baixa. Porcaria! Essa timidez dela é que me deixa maluco!
— Pode sim. Será que você poderia me trazer uma água fresca? — o que? A água está bem do meu lado.
— Claro, senhor! Sarah não faz objeção, nem ao menos menciona que a jarra com água geladinha está bem do meu lado. Mas eu sou o patrão, por tanto, ela não vai dizer qualquer coisa, está aqui para me servir. E quem me dera que ela me servisse mesmo!
— Aqui está sua água! – ela me serve um copo.
— Algo mais?
— Sim! – digo, antes que se vá.
— Você gosta de tênis, Sarah? Ela me olha, meio que questionando.
— Eu sei que isso deve estar sendo estranho pra a você, mas eu gosto muito de interagir com meus funcionários! – digo a ela. Ela então sorri de forma singela.
— Que bom que pensa assim, senhor Baroni, mas eu não sou sua funcionária e sim, de sua noiva! – ui, que patada. Essa doeu mais do que a bala que levei no ombro.
— Eu sei, mas assim que eu me casar com a sua patroa, eu serei o seu patrão, não se esqueça disso. – falei, meio que como um ultimato.
— Não vou me esquecer, senhor!
— Olha, não me leve a m*l, mas você chamou a minha atenção! – ela arregalou os olhos ao me olhar. — Sério. Você parece ser uma pessoa bastante diferente das outras que eu conheço, Sarah. Gostaria muito de poder conhecer você melhor! Agora eu começo a agir como eu mesmo!
— Sinceramente, senhor, eu não sei o que pensar, mas agradeço que pense assim de mim! – ela responde. — Mas isso vai depender de como seria esse conhecimento.
— O que? Do que me tomas, Sarah? – pergunto-a. — Acaso está pensando que eu...
— Oh, não, senhor. Por favor, me desculpe. Eu creio que dei margens para que interpretasse de forma errada o que eu quis dizer. Franzi o cenho, quanto mais ela tenta explicar, mais enrolada fica.
— Está bem, Sarah, eu entendi o que você quis dizer. Mas o meu convite fica de pé, ok. Vou marcar uma hora dessas para que a gente possa almoçar juntos e você me falar mais a seu respeito! Ela assentiu e sai da minha presença. Eu bem que poderia já chegar chegando, mas acredito que a Sarah é mesmo diferente e no máximo o que eu iria conseguir era afugentá-la. E essa não é a minha intenção.
***
Nicole
Mesmo que não pareça, eu fiquei meio preocupada com o meu noivo pelo que aconteceu com ele ontem. Inclusive eu vou entrar em contato com o eu pai para saber se alguma coisa aconteceu, se ele tem alguma coisa a ver com essa história, pois se tiver, eu não irei perdoá-lo.
— Passe para o meu pai, agora! – nem sei quem atendeu, mas não importa. — Pai, a gente precisa conversar.
— “Meu bebê. Como você está, minha princesa?”
— Eu? Estou bem, para o seu governo, mas acontece foi que armaram uma emboscada para o meu Sebastian!
— “E ele está bem?”
— Mas é claro que ele está bem, so que por pouco não foi morto! – falo, sem dar margens para erros. — Escuta, papai, eu exijo que o senhor investigue, tá legal?
— “O que quer que eu investigue, Nicole?”
— Papai, o senhos sabe perfeitamente que se alguma coisa acontecer ao Sebastian, antes do nosso casamento, eu não vou herdar nada. Já parou pra pensar nessa hipótese?
— “Apesar de eu não saber muito bem do que você está falando, ainda assim eu vou mandar investigar o que aconteceu. Tá bom assim pra você?”
— Bem melhor, papai! Desliguei o telefone assim que ele disse o que eu queria ouvir. Jamais permitirei que alguém se meta entre mim e os meus planos, nem mesmo o meu pai. Pego a minha xícara de chá e vou até a sacada para observar o jardim e ver o meu noivo jogando tênis. Não sou mulher de me apegar a ninguém, mas sinceramente, Sebastian fica muito gostoso quando veste aquela roupa de jogador de tênis profissional. Eu já fico logo toda assanhada, só que o meu assanhamento acaba de ir pelo ralo, quando avisto meu lindíssimo noivo a conversar feito bons amigos, com aquela nojetinha da Sarah. Ah, mas ela vai me pagar! Desço imediatamente, pois a vi saindo de perto dele. Eu disse que não aceito ninguém atrapalhar os meus planos. Até que se fosse uma dessas putinhas com as quais o Sebastian adora se divertir, eu nem me incomodaria, mas eu conheço a Sarah, sei muito bem reconhecer uma ameaça quando vejo uma essa daí, Hahaha, não me engana nenhum pouco. É quando eu me deparo com ela, cara a cara.
— Oi Sarah. Posso saber de onde a senhorita está vindo? Assim que faço a pergunta, ela me olha de cima abaixo. Sonsa, eu sei muito bem o tipinho dela. — Te fiz uma pergunta, garota. Não vai me responder não, é?
— Eu venho da casa dos empregados, senhorita.
— Ah, que bom que falou. Pesei que o gato tinha comido sua língua. Se é que já não comeu. Comeu? – pergunto-lhe, a coisinha ficou pálida.
— Eu não entendo, dona Nicole...
— Que não entende o que? Pensa que eu não a vi de conversinha com o Sebastian, sua lerda? – agora, ela arregala os olhos.
— Não, dona Nicole, eu estava apenas servindo...
— Que servindo, que nada! – a interrompo mais uma vez. — Pensa que eu já não notei a forma como você olha para o meu noivo, Sarah? Ou você acha que eu sou burra?
— Jamais eu pensaria isso, Dona Nicole... — Pois bem, ouça o aviso que eu vou te dar, Sarinha do meu coração! – encosto o meu rosto ao dela. — Eu sei muito bem que as santinhas feito você, costumam seduzir os homens para prendê-los depois, só que comigo você dança, minha queridinha. Se eu a vir perto do meu homem de novo, se você nunca inaugurou esse brinquedinho que tem aí no meio das suas pernas, é aí que não vai inaugurar mesmo, pois eu te envio para morar com os anjinhos na mesma hora! Vejo a garota tremular feio uma britadeira, mas é preciso que eu faça isso. Se bem que eu poderia acabar com isso agora mesmo, mas como eu a vi aos beijos com o Rafaele, darei mais uma chance, a final de contas, eu não sou tão bruxa assim.
— Agora vaza da minha frente, antes que eu mude de ideia e acabe com a tua raça de uma vez!
***
Sarah
Eu não vou esperar até que ela mude de ideia. Aliás eu nem sei porque eu fui me deixar levar pela beleza do Sebastian. Vou pedir para a Margot que me coloque num local onde eu não possa me encontrar com o patrão, eu não quero ter de encarar a minha mãe chorando sobre o meu caixão. Saio pelo corredor, meio desnorteada, preciso dar um jeito de voltar para a França, para a casa dos meus pais, só que tenho um contrato e devo cumpri-lo. Droga, o que eu faço agora? Corro pelo jardim Sul, onde sei que o patrão não está nesse momento e me deparo com o Rafaele.
— Opa! – ele diz, segurando-me pela cintura. Estou completamente apavorada. — O que foi, minha rainha? Por que está assustada desse jeito?
— Me beija, Rafa! – digo, sem pensar duas vezes. — Me beija, por favor. Laço-me em seus braços e nos beijamos calorosamente. Rafaele não entende, mas se entrega e eu sinto seu coração batendo junto ao meu. Eu preciso me desapegar de qualquer sentimento, por mais bobo que seja, pelo senhor Baroni e para isso eu vou fazer como diz uma velha amiga minha. “Nada melhor do que um amor, para curar outro amor!” Não que eu ache algum sentido nessa frase, mas acredito que nesse exato momento, o Rafa é tudo o que eu precise.
— Eu já tomei uma decisão, Rafa e eu não vou voltar atrás! – digo, ele me encara.
— Que decisão, Sarah? — Eu quero namorar com você, eu aceito ser a sua namorada, Rafa! Sem dizer uma única palavra, Rafaele me agarra pela cintura e me beija com carinho, mas ao mesmo temo, com desejo.
— Então seja minha, Sarah! – ele diz. — Seja minha. Eu a quero em meus braços essa noite. Mas já? Nossa, apressadinho esse garoto, não?
— Sabe o que é, Rafaele... é que...
— É, o que?
— Eu sou virgem...
***
Sebastian
Já fazem exatos três dias que eu não cruzo com a Sarah, pela casa. Eu perguntei à Margot se ela sabia do paradeiro da acompanhante da minha noiva e ela simplesmente respondeu que não fazia a menor ideia. Só que essas mulheres pensam que me enganam e a Sarah que se cuide. Ela pensa que porque eu me interessei por ela, vou deixar que me faça de i****a? Não mesmo. Mas eu tenho assuntos mais importantes do que uma periquita para me preocupar agora, preciso fazer uma viagem de emergência para Roma, pois o meu gerente lá, parece ter descoberto algo a respeito do incidente que meu uma bela cicatriz nas costas. Entro no meu carro, em direção ao aeroporto onde o meu jatinho já está com os motores ligados só me aguardando. É quando eu olho através da janela e a vejo, com aquele corpo esbelto e seus cabelos Chanel. Essa mulher um dia ainda acaba comigo, mas outra coisa chama a minha atenção. O Rafaele se aproxima e a beija. E para a minha irritação, ela pareceu gostar do beijo dele, preciso dar um jeito de tirar esse cara do meu caminho, mas como eu disse, devo resolver o caso mais importante e depois retorno para ela.
— Vamos depressa, Pepe. Eu não quero demorar muito em Roma. Sabe que detesto aquela cidade maldita! – dou a ordem. Logo o carro começa a se mover.
— Certo, patrão. Já estamos indo. Passo mais de uma hora dentro do avião e para acabar de completar, ainda tivemos de ficar parados no aeroporto por mais duas horas. Isso porque algum vagabundo expediu uma ameaça de bomba no local. Com tudo liberado, finalmente eu pude ir de encontro com meu gerente, Pietro Conti. Mas eu não pude deixar e aproveitar os prazeres que sempre tenho quando chego à casa dele e, me deleito com uma bela morena. Eu escolhi uma morena de cabelos cortados em Chanel, assim eu pude imaginar a Sarah nos meus braços, enquanto urrava de prazer. Depois de satisfeito, eu pude então conversar melhor com o meu fiel assistente.
— Fiorella o serviu bem, Senhor Baroni? – ele pergunta, referindo-se à moça com quem fiquei.
— Melhor impossível. Mas o que me trouxe aqui não foi uma mera busca por prazer, Pietro. O que tem pra mim?
— Acredito que o senhor não achar muito empolgante o que vou lhe mostrar, senhor.
— Por que não experimenta? Pietro jogou algumas fotos por sobre a mesa, mas o que chamou a minha atenção foi o fato de ver em uma das imagens, o homem que tentou me emboscar, o traidor do Julio e, que merda, o pai da minha futura esposa. Pego aquela foto na mão, nenhuma outra mais me importa, apenas essa, pois me servirá de inspiração para o plano que irei bolar. Além de estar com duas pessoas que quiseram me ferrar literalmente, ele ainda parecia conversar amigavelmente com o chefe do Cã de Roma, o meu maior rival.
— O que você pretende fazer quanto a isso? – perguntou-me Pietro.
— Por enquanto, nada ainda, mas garanto que você será o primeiro a saber...