Sarah
A minha noite ontem, eu posso dizer que foi para lá de maravilhosa. Acompanhada do doce Rafaele Gotardo, eu fui jantar em um pequeno restaurante que fica a leste da cidade de Catânia, estrada que dá para a praia e ali a gente pôde desfrutar da companhia um do outro, além de saborear a comida deliciosa que servem no local. O lugar às margens da estrada e próximo a um sinaleiro e não sei se foi impressão minha, mas eu pensei ter visto o Sebastian Baroni, de dentro de um carro de luxo, a nos observar. Quer saber, acredito que eu já estou a pensar demais nesse cara e é melhor eu parar por aí, não quero confusão para o meu lado, pois até a dona Nicole já mostrou ter focado desconfiada quando me viu junto dele naquela noite. Imagina se essa mulher desconfia que eu acho o noivo dela, um primor? Aí eu devo me preparar para ser encontrada às margens de uma estrada qualquer, melhor, o que sobrar de mim e se sobrar. Mas, como o dia amanheceu e está uma bela manhã em Catânia, eu vou fazer o que toda boa funcionária faz e procurar o que fazer, pois eu preciso de grana para me manter, já que não sou filha de milionários.
Quando estou a seguir para a casa principal, me encontro com o Rafa. Ah, como ele está bonito. Aliás... quando que ele esteve feio?
— Oi gata. Bom dia! Já de pé logo cedo! – ele diz, dando-me um beijo no rosto.
— Oi Rafa. E você, todo muito disposto. Vai sair para algum lugar agora? – pergunto, ele está tão cheiroso.
— Fui chamado para levar a senhora Nicole ao shopping. A senhorita Margot também vai junto! – ele responde. — Você não vai? Já que trabalha para ela. Boa pergunta. Ela não me chamou dessa vez.
— Não, eu vou ficar por aqui e ajudar a Marta. Espero que se divirta! – o desejo, ele me olha, parecendo querer dizer alguma coisa.
— Algum problema, Rafa?
— Não. Por que?
— Por que parece que você... Nesse momento, Rafaele me segura pelos ombros, puxando-me para si e me beija. Uau, o beijo dele é tão intenso, que sinto minhas pernas tremerem.
— Nossa, me desculpe! – ele diz. Depois que me dá um baita beijo desses, ele vem se desculpar. Ah, mas não vai mesmo. Antes que o Rafa tenta dizer mais alguma coisa, sou eu a puxá-lo de volta para mim e o sigo beijando. Mas então a senhorita Nicole aparece, cortando o nosso barato.
***
Nicole
Uma coisa eu sempre tive em toda a minha vida e essa coisa se chama, instinto. E o mesmo não costuma falhar, principalmente no tocante a algo que é meu, sendo ameaçado a ser tomado de mim, coisa que eu percebi há pouco tempo quando flagrei o meu noivo aos risinhos com uma das minhas empregadas. Mas o que será que ele está pensando? Ainda ontem eu não nadinha, da atitude dele, tendo um ataque de ciúme, chamando alguém de maldita. Mas quem seria essa “maldita”? Bom, se formos ligar os fatos, noutro dia, logo depois de termos feito amor, Sebastian me chamou de Sarah. Poxa vida! Sarah? Sarah é o nome justamente da minha empregada e pelo modo como os dois estavam conversando naquela madrugada, só pode ser ela. Ah, mas aquela zinha não me escapa, ela não sabe do que eu sou capaz de fazer para defender o que é meu. Sebastian ainda dorme, mas eu já estou muito acordada. Vou ao banheiro, faço a minha higiene pessoal, mas não desço para tomar café no jardim, como eu gosto tanto de fazer. Ontem o meu noivo chegou tarde em casa, tomou uma garrafa de vodca e agora dorme feito uma pedra, mesmo agora, dez e tanto da manhã. Só que eu ele eu não me esqueço da crise de ciúme que ele teve ontem e vou passar a saber dessa história direito.
— Rafaele. Prepare o carro para me levar ao shopping! – falo ao motorista. Ele é bonito e eu gosto de andar com gente bonita ao meu lado. Depois dou o aviso de que vou sair, para Margot. — Margot, se prepare, pois você vai me acompanhar até o Shopping! – digo a ela. — Não, a Sarah não vai dessa vez, mas eu tenho um assunto sério a tratar com ela, depois. Mas fique pronta! Não tolero traidoras perto de mim.
— O que houve? Já acordada a essa hora? – Sebastian desperta, finalmente.
— A essa hora? Que horas você pensa que são, Sebastian? – digo, levantando-me da cama. — Já passam das dez da manhã. Você foi quem dormiu demais!
— Nossa, você tem razão, Ahhh...
— O que foi? – pergunto.
— Minha cabeça, está explodindo! – ele reclama.
— Tem razão, você virou de uma vez só, uma garrafa de vodca na cara. Queria o que?
— É, acho que exagerei um pouco.
— Mas, o que aconteceu ontem à noite para você ter ficado tão nervoso? – pergunto, disfarçadamente.
— Eu matei o Julio...
— O que? O seu gerente na boate da praia? Por que?
— Descobri que estava vendendo a minha mercadoria sem a minha autorização. Vendendo por fora, se é que você me entende! – ele explicou. Eu até acreditaria, não fosse a parte da “maldita”. Mas vou fingir que acredito.
— Bom, mas já que agora o problema foi resolvido, você descansa que eu vou curtir um pouco da cidade.
— Vai sair?
— Sim. Já pedi ao Rafaele para me levar.
— E por que o Rafaele? – não entendi a pergunta dele. — E por que não, o Pepe?
— O que foi, amor? Tá com ciúme do motorista bonitinho agora, é?
— Você que se atreva e ele também. Não resisto e o beijo novamente, mas aviso que não posso demorar e que farei o que ele quiser, assim que eu voltar. Na verdade, eu quero mesmo é deixar a Marta de olho nele e naquela sirigaita da Sarah, caso eles tenham algo, certamente ela vai me avisar. Então troco de roupas, mas não aviso ao safado do meu noivo, que a bonitinha vai ficar para trás, uma isca para pegar p*****a, pode-se chamar assim.
Desço as escadas e vou até o jardim, pois o dia está indo, só para a minha surpresa, eu vejo a Sarah aos beijos justamente com o Rafaele. Ou essa mulher é uma p*****a e das mais escrotas, ou, eu me equivoquei feio. Apenas olho para os dois, que me encaram com os olhos esbugalhados.
— Está tudo pronto, Rafaele? – pergunto, sem ao menos desejar bom dia.
— Sim, senhorita Nicole! – ele responde. — O carro já está limpo e preparado.
— Está bem. – digo a ele e me volto para ela.
— Você, vê se faça o que a Marta te pedir, ok?
— Sim, senhora. Pode deixar! – a cínica responde. Vou adorar receber as informações que quero, da Marta.
— Em dez minutos eu saio e você, esteja me esperando. - Dou o ultimato a Rafaele, que para o bem da Sarah, espero que ele a esteja conquistando.
***
Sarah
Não sei se é impressão minha, mas a forma como a dona Nicole olhou para mim, parecia mais que ela queria me fuzilar com o olhar. Eu não sei o que aconteceu, mas acredito que ela não está muito contente comigo não, mas o que me chamou a atenção mesmo, foi o que o Rafaele me disse, logo que a patroa nos deixou.
— Sabe, Sarah. Eu sei que ode até parecer meio precipitado o que vou te falar agora. — ele diz. Quanto enigma desse rapaz.
— O que foi, Rafa? Aconteceu alguma coisa?
— Não, é que... na verdade, aconteceu sim.
— E o que foi?
— Sarah! – ele toma as minhas mãos, em um gesto para lá de delicado — é que eu não quero parecer precipitado com você.
— Fala logo, Rafa. Já está me deixando curiosa!
— Tá bom, então. Sarah, você quer namorar comigo? Aceita ser a minha namorada? Fiquei catatônica agora. Minha nossa, será que eu devo aceitar? E se eu aceitar apenas para desviar a atenção do senhor Baroni e da Nicole? Eu não quero usar o Rafaele para os meus próprios fins, ele é um cara muito legal e não merece isso. E agora, Sarah? O que você deve dizer para esse príncipe, já que demonstrou ter boas intenções com você?
— Olha Rafa, eu fico lisonjeada com o seu pedido, mas...
— Tá bom, então. Eu já sabia que fui muito precipitado. – ele me interrompe.
— Não, nada disso. – digo a ele. — Eu só queria dizer que preciso pensar um pouco, antes de dizer que sim. Minha nossa. Eu estou ficando doida?
— O que? Então você aceita?
— Olha, Rafa. Eu estou adorando ficar com você e... você é um cara muito legal, lindo. – o acaricio no rosto.
— Só que namoro sério, acho que é meio cedo, você não acha?
— É, você tem razão. – ele concorda.
— Mas então, você concorda que a gente siga saindo juntos?
— Mas é claro! – afirmo e o beijo mais uma vez.
Para dizer a verdade, Rafaele é um homem muito bonito e interessante. Eu já deveria saber que aquele meu ímpeto em morrer de admiração pelo Sebastian não iria dar certo. Agora eu estou na mira da Nicole e por isso vou fazer o que a Margot me aconselhou, vou procurar ficar fora da visão do senhor Baroni o máximo que eu puder, não quero chamar atenção para mim. Se bem que eu acredito que ele não está nem aí para a minha pessoa.
***
Sebastian
Nicole saiu e agra eu vou poder ficar um pouco mais a vontade, quem sabe mandar trazer uma boa garota pra passar o tempo, quem sabe. Visto uma calça de pijamas e vou até a varanda para observar o jardim, mas a visão que eu tenho não é das que eu mais queria ver. A Sarah e o Rafaele estão lá embaixo se beijando. Era o que eu já imaginava, ela está mesmo namorando aquele palerma. Mas o que eu estou pensando? É claro que a Sarah deve pensar que eu não estou nem aí para ela e por isso, se engraçou pro lado do Rafaele. Droga! Como eu posso ser tão i****a de não me expressar para a mulher que me interessa? Justo eu, que só de sacudir a mão, elas vêm de quatro para mim. Parece até que estou sendo vítima de algum tipo de praga, pois não é possível. Permaneço ali observando s dois, que pareceu se despedirem, Sarah entra para dentro, enquanto o Rafaele entra no carro e segue para quem sabe, pegar a Nicole e leva-la para onde ela ordenar que ele a leve.
Bem que ela poderia ficar, assim eu poderia me abrir. Mas que diabos estou a dizer? Visto um terno e desço, vou para o jardim tomar o meu café, como estou acostumado a fazer durante todo o inverno e, peço a Pepe que se junte a mim.
— E como estão as coisas no orfanato, Pepe? Já repassou a quantia que eu determinei ara esse mês? – pergunto. Desde que eu assumi os negócios do meu pai, eu ajudo o orfanato onde fui criado, todos os meses.
— Tudo conforme o senhor ordenou, patrão. Inclusive a nova cadeira de rodas da Madre Francesca, foi comprada e entregue ontem mesmo. – respondeu Pepe, para a minha satisfação.
— Perfeito. E depois avise a Madre, que eu irei visita-la, assim que possível. Agora... Antes que eu terminasse de falar, avisto Sarah saindo de dentro da casa. Ela não foi com a Nicole, isso é maravilhoso. Acho que o plano de chamar uma garota, acaba de cair por terra.
— Agora o que, patrão? – Pepe, chama a minha atenção.
— Nada, só diga para que a senhorita Milani venha até mim, sim?
— Tudo bem, senhor Baroni! Antes que Pepe saísse, o telefone celular dele tocou e pareceu ser algo sério.
— O que houve, Pepe?
— A senhorita Nicole foi sequestrada, senhor Baroni! É, acho que meu outro programa, também caiu por terra. Vou até o outro lado da mansão e digo a Roberto, um de meus mais fiéis homens, que prepare um grupo armado, pois não pretendo deixar Nicole nas mãos de nenhum bandido. Mas enquanto eu os instruía, recebo uma ligação misteriosa.
— “Se quer ver sua namorada de novo, venha até a estrada sul, com cem mil dólares!” — O desgraçado desligou! – aviso a Roberto.
— O que o senhor vai fazer, patrão? – ele pergunta.
— Vamos até lá e acabar com todos. Seja quem for, vai se arrepender de ter me desafiado! Entramos nos carros e rumamos para a saída sul da cidade. Será que é algum tipo de vingança por causa do Julio? Se for, eu não sei, mas seja como for, eu não terei piedade. Só que no quilômetro que dava acesso à saída, algo que não estava no meu roteiro, acontece. Droga! Não vejo mais nada depois de ouvir inúmeros disparos de armas. Depois de algum tempo, ouço tudo voltando, meu braço foi atingido, mas eu ainda posso lutar. Vejo alguns dos meus homens caídos e sem vida no chão.
— Foi uma emboscada, senhor! – grita Roberto.
— Continuem atirando! Eu dou a ordem. Depois de muita troca de tiros e uma porrada de feridos e mortos, finalmente o meu grupo conseguiu se sobressair e a gente, com muito custo, conseguiu vencer. Também, porque tivemos um apoio muito bem-vindo.
— Mas que merda foi essa aqui, Sebastian Baroni? – me perguntou o Comissário de segurança.
— Eu não sei. Estava apenas andando de carro, quando esses caras tentaram me sequestrar. – respondo. Mas ele não me pareceu muito convencido.
— Estou de olho em você, Baroni. – disse ele. — Não pense que deixei de observá-lo! Bom, depois dessa é melhor eu voltar para casa. A Nicole me ligou, para alívio meu, mas não deixo de ficar cabreiro com esse falso sequestro e como eu pude cair direitinho nisso. É melhor eu tomar mais cuidado da próxima vez e não me deixar levar mais pelas emoções!