Capitulo 2

2287 Words
"As vezes é bom se desligar do mundo. Das pessoas e até mesmo dos sentimentos. Não por que somos anti-sociais ou coisas do gênero,mas é que precisamos de um tempo sozinhos. Só com os pensamentos e dúvidas. Isso é uma maneira de " Recarregar as Energias" rever o que está errado, o que está acontecendo. Para somente assim, possamos voltar para Vida".- Nah Ferreira Acordei bem cedo. Hoje vou fazer a entrevista de emprego para a rádio. Tomo um café da manhã bem reforçado e Rael me leva até lá. Ele insiste em me acompanhar, mas que impressão vou dar ao meu talvez futuro chefe, se eu aparecer com uma babá na minha entrevista de emprego? Mandei meu currículo por e-mail a ele e agora estou aqui, em frente a estação de rádio, apertando a alça da minha bolsa como se fosse parar meu nervosismo. Quer dizer, não estou nervosa pela entrevista, sou ótima para lidar com pessoas, estou nervosa, se eu conseguir o emprego. É isso mesmo que eu quero? Passar meus dias servindo cafés das oito as onze e das duas as seis? Não tenho outra opção, o dono da gravadora é o único cliente do meu irmão, ele não está indo bem com essa coisa de advogado. Ele já deveria ter aberto um escritório só seu, mas o dinheiro que estava juntando, gastou com o enterro dos nossos pais. Então, é isso. Entro na estação e vou até a recepcionista. É uma mulher que não deve ter mais de 30 anos. Tem o cabelo liso e preto. Maquiagem exagerada e uma cara de quem não acordou bem. Paro em frente a ela e espero ela desviar o olhar do computador a mim, mas ela não faz, então limpo a garganta discretamente. A recepcionista levanta os olhos pra mim. -O que deseja?-Ela pergunta entediada. -Sou Maya Rezende, tenho uma entrevista de emprego com o senhor Theodoro Goulart.-Digo. Ela pega o telefone e disca um número. Fala meu nome, o que vim fazer e desliga. -Ele está te aguardando na sala dele, terceiro andar, última sala, porta Vermelha. -Obrigada. Sigo até o elevador e aperto o número 3. Em segundos a porta se abre e eu saio. De cara, vejo ao longe a porta vermelha. Me dirijo até la. É isso, você consegue, é so fazer o que sempre faz. Bato na porta e entro. Theodoro é um homem alto de cabelos e olhos pretos. Tem a barba rale e usa um terno. Embora está seja uma cidade pequena e ninguém aqui parece ser muito rico, o homem se veste como um ator que vai receber o Oscar. - Maya Rezende, não é? Sente-se por favor.-Ele diz. Sua voz e grossa como daquele cantor, Mc Catra, eu acho. Sento em uma cadeira em frente a sua mesa exageradamente organizada. -Olá senhor Theodoro, me chame de Maya, não gosto muito do sobrenome.-Digo. Ele gira na cadeira, que me faz questionar se ele não é um pouco excêntrico. -Maya. Fiquei surpreso com o pedido do seu irmão, mas ele disse que você tinha experiência e é um amigo, então decidi dar essa chance a você. -Confesso que também fiquei surpresa. Não estava nos meus planos me mudar pra cá. Eu amava meu trabalho em São Paulo, mas infelizmente a vida é assim não é mesmo? E eu vou ser honesta, não tenho bem experiência, na verdade, eu fazia remixes num computador velho, quando criança. Ele me estuda. Percebo que está franzindo o cenho. -Honestidade é sempre um bom passo. Imagino como deve ter sido mudar da cidade grande, para essa cidade pequena, mas eu gostei de você, então vamos começar a entrevista. Essa vai ser fácil, já o ganhei. Sempre me perguntavam como eu tenho essa facilidade para lidar com pessoas, a verdade é que é simples. As pessoas gostam de pessoas que dizem o que elas querem ouvir, então é fácil manipular isso ao próprio favor. E assim, como ser humano tem um cérebro, ele controla toda as partes do nosso corpo, então a partir daí, está tudo ligado com as emoções, o que facilita ler os gestos e expressões das pessoas, e assim, conhece-las bem. -A vontade, você que faz o tempo aqui. -Por que quer trabalhar aqui? No seu currículo consta que seu último emprego foi em uma livraria. -Eu preciso de um emprego e prefiro trabalhar com coisas que gosto e assim como amo ler, eu amo música.-Digo. Ele franze o cenho novamente. -Você tem 18 anos, faz faculdade? -Não. Eu até quero, mas estou juntando dinheiro pra isso.-Digo. -Posso ser um pouco desagradável com essa pergunta, mas são normas e é importante conhecer meus empregados. -Como eu já disse, o tempo é seu. Ele parece gostar do que ouve. -Ótimo. Você tem namorado? São proibidas qualquer tipo de relação amorosa com colegas de trabalho. Com isso ele não deve se preocupar. To pulando fora de relacionamentos. -Não, senhor. Ele cruza as pernas e franze o cenho. Já saquei a dele. Ele franze o cenho quando examina algo. Ele parece ser do tipo que adora ser bajulado. -Sei que está precisando do emprego, e eu gostei da sua entrevista, mas quero ter certeza que você não vai nos deixar logo após o primeiro mês. -Não vou. Gostei desse lugar, e desculpe perguntar, mas onde você comprou esse terno? Parece ser importado. Ele sorri orgulhoso. -É sim. Veio dos Estados Unidos, tenho mais 11 importados de la. Finíssimos! Dou um sorriso a ele. -Quer saber? Chega de conversa, você está contratada. Começa amanhã as oito. Me levanto e apertamos as mãos. -Muito obrigado. Até amanhã então.-Digo. Ele limpa o terno, que está absolutamente perfeito e nada sujo. -Até la, Maya. Saio do seu escritório e vou até o elevador. Consegui o emprego. Agora não tem mais volta. A porta está se fechando quando ouço uma voz. Tenho a impressão que já a ouvi antes. -Segura a porta!-Alguém grita. Coloco a mão pra fora do elevador e a porta se abre novamente. No instante que isso acontece, me arrependo. A pessoa é ninguém mais do que meu vizinho t****o.          Ele me vê e me reconhece. -Ei, você é a irmã esquentadinha do Rael! Preciso te dizer, você é muito gostosa! Devia deixar a toalha cair mais vezes.-Ele diz entrando no elevador. Eu o empurro. -Só meu faltava essa, vou de escada.-Falo tentando sair, mas ele me segura e as portas se fecham.-ME SOLTA SEU MANÍACO s****l! -Calma! Só estou brincando, eu não vi nada, eu estava sem os óculos. Olho pra ele e então percebo os óculos. Agora vendo ele de perto, até que ele é bonitinho. Tem o cabelo preto que parece nunca ficar no lugar e esses olhos verdes jade, quase quartzo. -Você é louco.-Digo. Ele ri. Sua risada é calma e sexy. -Fiquei louco ontem procurando meus óculos quando te vi, agora não os tiro nunca mais, aprendi a lição. Eu não queria, mas ri. -Qual o seu nome?-Ele pergunta. -Maya. -Luís Eduardo, mas todos me chamam de Luís ou Edu. -Muito prazer, Luis.-Digo apertando a mão dele. Ficamos um tempo nos encarando. É incrível a intensidade do seu olhar. -Percebeu que o elevador não está se mexendo, ne? -Ele pergunta contraindo levemente o lado esquerdo da boca. Me dou conta que não havia apertado nenhum botão. Aperto o "T" de térreo e o elevador se mexe. -Então...Maya, conseguiu o emprego? -Como você sabia que vim a uma entrevista de emprego?-Pergunto. Ok. Ele pode ser um assassino ou um maníaco. Sem pânico! -Falei com seu irmão hoje mais cedo. A propósito, você vai na noite dos garotos hoje, ne? Tinha que ser o Rael. -Se o nome é noite dos garotos, acho que não fui convidada.-Digo. Luís ri. -Nem sei porque chamamos assim, mas sempre fazemos isso quando estou na cidade, o Lucas sempre leva a irmã. -Se Rael me levar, vou sim. As portas se abrem. E nós dois saímos. -Está indo pra casa?-Ele pergunta. Murmuro um aham.-Eu vim andando, posso te acompanhar. Luís não é o maníaco s****l que eu pensei. Ele até parece legal. -Então...o que fazia na rádio?-Pegunto. -Eu meio que trabalho lá. -Como é meio que trabalhar? -Pergunto. Luís ri. É legal fazer ele sorrir. Seu sorriso é lindo. -Meu pai é o dono, e você o conheceu, ele é um pouco...você sabe. Eu solto um gargalhada que a dias não soltava. Então, meu vizinho é o filho do chefe. Que mundo pequeno. Ou melhor. Que cidade pequena. Da de eu atravessar ela inteira, andando em menos de meia hora. Tá, exagerei, mas ela é so um pontinho minúsculo no mapa. -Eu sei. E sua mãe?-Pergunto. -Ela se casou novamente e está morando em São Paulo, eu morava com ela, mas um acontecimento me fez vir para cá com meu pai. Ele me ofereceu um emprego na rádio e como não tenho nada demais para fazer, aceitei. -E quando se mudou para cá? Também sou de São Paulo.-Digo. Ele me olha curioso. -Eu cheguei cinco dias antes de você, eu não sabia que Rael tinha uma irmã, e olha que o conheço há alguns anos, éramos grandes amigos quando eu vinha visitar meu pai mas ferias, ele é meu m*l exemplo, como é mais velho, me arrastava para as melhores festas e eu tinha apenas 14 anos. Sorrio. É bem a cara de Rael. Gosto de ouvir coisas do meu irmão, sempre fomos próximos, apesar do laço de sangue que nos une, somos mais que isso, porém, nesses últimos anos, Rael foi eliminado completamente da minha vida, e agora, é a única família que tenho. -Rael sempre gostou dessas coisas.-Comento. -Verdade. Ele e Arthur sempre aprontavam uma com os pais de Arthur, nas férias, quando eu vinha para ca, saíamos nós quatro, eu, Rael, Arthur e Lucas. Fugiamos de madrugada e íamos pulando de festa em festa. Mas toda essa farra acabava quando um dos nossos pais descobriam, e depois que Rael se fomou, minhas visitas a cidade ficaram menos frequente. -Quem é esse Lucas?-Pergunto-Como todos se conheceram? -Eu ja conhecia Arthur, seus pais são amigos do meu pai. Quando Rael veio morar com eles, eu meio que me espelhei nele, aí numa noite, Rael tentou beijar uma garota e ela não quis, ele tava bêbado e quando vimos, a garota era a Ava, irmã do Lucas. Lucas e Rael começaram a brigar, mas depois se entenderam e ele começou a andar conosco. Yan, meu ex namorado, ficou amigo do seu melhor amigo desse mesmo jeito. Gostaria de dizer que não penso nele, mas penso. Apesar de tudo, Yan me proporcionou momentos otimos. -E essa Ava... -Você vai conhece-la. Ela é legal.-Ele diz indiferente. Continuamos caminhando em silêncio. Não quero invadir o espaço de Luís, ele está sendo legal comigo e pode ser um amigo. Não vou me abrir a experiências amorosas, mas nada me impede em ter uma boa amizade masculina. -E você?-Luís pergunta.-Estamos falando so de mim. -Eu? Você ja sabe minha história, meus pais morreram e eu vim parar aqui.-Digo chutando uma pedra no meu caminho. -Essa é a Maya que todos conhecem, quero saber da verdadeira Maya, a que sorriu quando eu fiz uma brincadeira que muitas garotas ficariam de "mimimi ".-Ele diz. -Vou te decepcionar com isso. Essa Maya está completamente destruída por seu ex namorado traidor.-Digo. -Ele te traiu?-Ele pergunta. -Com minha melhor amiga.-Falo. -Ai! -Ele diz me fazendo rir. -Na noite que meus pais morreram.-Completo. Luís finge estar sentindo uma dor enorme no peito. -Como você ainda tem esse sorriso no rosto? -Ele pergunto. Dou de ombros. -Apenas escolhi me desligar. -Ninguém pode se desligar assim, ainda mais pelo que você passou.-Ele diz. -Talvez possa. Seja como for, estou tentando.-Falo. Vejo os muros altos da casa do meu irmão e do lado, a enorme casa do Luís. -Chegamos.-Ele diz. -Até mais.-Digo. -Até. -Ele diz. Fico observando Luís ir até sua casa e aceno quando ele olha para trás. -Luís!-Grito e ele para.-Dessa vez é  definitivo? Você vai ficar aqui? Ele balança a cabeça fazendo que sim. Sorrio e entro em casa. Assim que fecho a porta, lembro da conversa com Luís. A amizade dele vai me fazer bem. Por 20 minutos, o tempo que fiquei com ele, consegui sorrir verdadeiramente. -Perdeu alguma coisa aí?-Arthur pergunta atrás de mim. Me viro e logo desvio o olhar quando encontro Arthur sem camisa jogado no sofá com um controle de video-game na mão. -Você não faz nada alem de jogar?-Pergunto. Ele da de ombros e pega um pacote de salgadinho lacrado com a boca sem tirar os olhos da televisão. Subo até meu quarto e tomo um banho. Dessa vez, me certifico que fechei a persiana. Após meu relaxante banho, aproveitei meu tempo para organizar meus livros e CDs no meu pequeno armário. Me distrai com algumas coleções antigas que comecei a ler e assim que os raios de sol deixam de refletir na persiana, Rael entra no meu quarto. -Ei, mana.-Ele cumprimenta. Desvio minha atenção do livro para ele. -Conseguiu o emprego?-Ele pergunta franzindo o cenho como se tivesse alguma chance de eu não conseguir algo que quero. -Consegui.-Digo. Ele sorri. -Que bom. Escuta, daqui a pouco vou sair com uns amigos, é uma coisa que sempre fazemos quando nosso amigo vem para a cidade, esta afim de ir? A famosa noite dos garotos. Não vou ficar mofando nessa cama.  -Claro.-Digo. Ele assente e sai. Jogo meu livro na cama e vou até meu armário e procuro algo para eu vestir. Antigamente, Giovanna era quem me ajudava com essas coisas. Encontro um vestido preto solto a básico que usei no meu primeiro encontro com Yan. Vai ter que servir. Acho um cinto bege e sapatilhas pretas. Visto a roupa e me olho no espelho. Meus olhos são claros. Meus pais diziam que puxei a parte alemã da nossa família, pois minha mãe tinha olhos castanhos e meu pai, olhos cinzas da sua família. Rael nasceu com olhos castanhos escuros e eu fui a privilegiada. Passo apena rímel e lápis de olho para realçar e um batom vermelho. Deixo meus cabelos soltos e vou ao encontro do meu irmão. Arthur, está agora com camisa e Rael está falando no telefone. Ele olha pra mim e pisca de volta sua atenção para a pessoa no outro lado da linha. -Está bonita, vai ver alguém de especial?-Arthur pergunta. -Sabe, no momento que pisei nessa casa, eu realmente achei que você seria menos irritante. Ele dá de ombros e pega as chaves do carro. -Vamos, Lucas e Ava já estão lá. -Arthur diz  
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