Seis meses depois...
Gabi On :
A vida às vezes é c***l com a gente, perdi a minha mãe quando eu nasci e já faz seis meses que eu perdi meu pai, fiquei um mês afastada do serviço, não queria sair de dentro de casa pra nada, a minha sorte foi que os meninos sempre estavam aqui comigo, o Cadu foi um anjo que Deus me enviou, ele correu com tudo do velório do meu pai, até cancelou a baile que ia ter no final daquela semana, o Arcanjo então nem se fala, sempre passa aqui pra ver como eu estou e sempre manda os meninos me entregar algo pra comer, aquela amizade de infância que não me arrependo, as coisas mudaram, a gente sempre foi amigos, mais como eu tinha que cuidar do meu pai e os meninos do morro a gente conversa mais pelo celular, eu nunca frequentei um baile se quer aqui, e olha que sou cria do Morro dos Prazeres ein, nunca tive curiosidade de ir, adorava passar o tempo com meu pai, e sei que isso de certa forma me afetou demais, era do serviço pra casa, de casa pro serviço, mas eu não me arrependo, ele se foi e eu estou com meu coração em paz, fiz tudo o que pude por ele.
Voltei a trabalhar, é claro que eu preciso me sustentar, afinal agora sou eu por eu, meu pai quando descobriu que tinha o problema do coração ele correu atrás de passar a aposentadoria dele pra mim, o medo dele era ele morrer e eu ficar aqui passando dificuldade, meu pai toda vida pensou em mim, e sempre fez muito mais do que estava ao alcance dele pra me fazer feliz, porém como eu recebi esse mês a primeira vez, eu paguei algumas coisas que tinha ficado pra trás na vendinha que ele tinha conta, e graças a Deus agora não tem mais nada de dívidas, é óbvio que eu não ia deixar de pagar, meu pai sempre foi honesto, e eu não deixar ele partir e ficar com nome sujo por causa de pouca coisa, assim que caiu o dinheiro da aposentadoria eu corri lá e peguei, esse dinheiro da aposentadoria vai me ajudar bastante.
Eu nunca fui uma menina tão vaidosa, é claro que eu sempre gostei de andar cheirosa, sempre me virava em casa, com unha e algumas outras coisas, mas eu sempre usei roupas mais largas, nada que marcasse meu corpo, afinal era eu e meu pai em casa apenas, eu sempre o respeitei, os meninos até me zoava e me chamava de "Parceiro", dois idiotas, mais tem umas meninas aqui no morro que pelo amor de Deus, que era mais fácil andar pelada.
Voltar a trabalhar foi muito bom pra mim, eu saio vejo pessoas diferentes, converso com o pessoal no trabalho, e assim vou seguindo, o luto não passa, muito menos a saudade, são coisas que apenas amenizam, porém fico feliz em saber que meu pai descansou, ele vinha reclamando de dor direto e era triste, já que eu não podia fazer nada, além de dar os remédios e colocar ele pra descansar.
Cheguei no serviço e a Lara já veio me atormentando, que vai ter um baile no final de semana e ela quer porque quer eu vá com ela, já disse um monte de vezes que eu não curto esses tipos de coisas, depois que meu pai morreu a Lara se tornou uma amiga e tanto, não que ela não fosse, já que fazia dois anos que a gente trabalhava juntas, mas é que agora como eu estou sozinha e folgamos no mesmo dia, ela sempre está indo em casa para fazer algo pra comermos juntas, e já dormiu em casa comigo algumas vezes, como ela diz, noite das meninas.
Lara : Como você não curte Gabi, você nunca foi no baile.
Gabi : Aí amiga não sei, mas não é algo que eu tenho vontade.
Lara : Eu já te disse muitas vezes e vou falar de novo, você tem que sair desse casulo que você vive, a vida e pra ser vivida menina, pelo menos pensa amiga.
Gabi : Tá bom, vou pensar Lara.
Falei que ia pensar pra ela sair do meu pé, ela deu uns pulinhos e foi para o caixa dela, se o seu Mário pega ela aqui conversando, eu tenho certeza que ele iria chamar atenção.