Capítulo
Cadu On :
Cadu : — Bora vamos meter bala nesses filhos da put@. – eu falo colocando a bandoleira e atravessando o fuzil nas costas.
Arcanjo : — Bora deitar os alemão no aço. – Arcanjo chega do meu lado com fuzil na mão.
Aqui não é filme não, muita gente perde a vida nessas escadarias, já perdi muito homens meus e já matei muito inimigo por aqui, tem gente que ainda sobe o morro achando que está na Disney que aqui e mil e uma maravilha, mais tá bem longe de ser.
Subo em cima da laje para ter melhor visão, mas tenho que ficar ligeiro pra não tomar tiro desses p@u no c*, o Digão tá doido pra tomar o meu morro, mas se ele está achando que vai ser mamão com açúcar ele tá muito enganado.
Conforme vamos descendo por cima dos telhados os barulhos dos tiros vão aumentando, vejo os inimigos subindo e vou sentando aço sem dó, antes eles do que eu.
Depois de quase duas horas de confronto os fogos anunciam que a invasão acabou, to cansadão pra c*****o e quase levei um tiro no braço, foi por pouco.
Arcanjo : — Ai Cadu o Digão tá doido pra tomar o morro e não vai sossegar enquanto não conseguir.
Cadu : — Se liga na parada Arcanjo, eu mato ele antes, ninguém vai tomar o meu morro não, agora vamos pra boca, já passei o rádio que quero todos lá, tenho que saber quantos vapores eu perdi nessa palhaçada toda.
Da um trabalho, toda vez que tem invasão eu tenho que fazer o recolhe dos corpos, os que são daqui tenho que correr atrás do velório, os inimigos eu mando jogar na frente do morro rival e já era.
(...)
Eu cheguei em casa o dia já estava clareando, pra minha sorte eu tive cinco vapores feridos e não perdi ninguém, já fui direto pro banheiro tomar uma ducha, deixei a água cair sobre o meu corpo, eliminando todo suor junto com a tensão, fui relaxando aos poucos, terminei o banho enrolei a toalha na cintura, peguei um baseado e fui fumar na varanda do meu quarto, o sol está nascendo e daqui da pra ver como a minha favela é maravilhosa, termino de fumar o meu beck, fecho a porta da varanda, puxo a cortina blecaute para que o quarto fique todo escuro, ligo o ar condicionado e me deito, meu corpo está pedindo descanso.
Acordei e olhei no relógio que marcava quase quatro da tarde, tomei outro banho e resolvi ir na casa da Gabi pra vê se tá tudo bem por lá, troquei de roupa peguei a minha moto e fui direto pra goma lá, sempre depois das invasões as casa ficam fechadas, por segurança até os meninos fazerem a varredura, chamei no portão e logo ela saiu.
Gabi : – Que bom te ver bem Cadu.
Cadu : – O vaso aqui é r**m de quebrar.
Gabi : – Nem brinca menino vem, vamos lá pra dentro estou terminando de colocar o café da tarde na mesa.
Cadu : – Cheguei em uma boa hora.
Gabi : – Morto de fome, vem logo.
Gabi é uma menina bem diferente das meninas aqui do morro, considero ela como irmã é a minha melhor amiga, desde de pequena quando nos trombamos na escadaria da rua doze, e desde lá nunca mais nos desgrudamos, o pai dela não queria muito a nossa amizade depois que eu assumi o morro, mas eu não desisti dela, isso jamais vai afetar a nossa amizade, eu sei que o seu José é bem conservador e criou a baixinha do mesmo jeito, mas c*****o ele me conhece desde menor sabe que eu jamais faria m*l pra ela ou deixaria alguém fazer, ela é minha protegida e enquanto eu respirar irei cuidar dela.
Eu me sentei na mesa com ela e com seu José:
Seu José : – O que aconteceu pra ter invasão aqui Cadu ?
Cadu – Inimigo tentando tomar a p***a do morro novamente.
Gabi : – Eu fico preocupada com você Cadu, se em uma dessas você perder a vida, como que fica ?
Cadu : Pequena coloca uma coisa na sua cabeça, cada um tem a sua hora, ninguém vai se não for a sua vez não, e se acontecer algo é porque a minha hora chegou. – Vejo o seu olhar triste mas ela fica quieta, sei que ela só quer o meu bem.
Passei umas duas horas batendo um papo com a Gabi, seu José tomou café e foi se deitar, ele está com problema no coração então toma remédios controlados, creio que toda essa medição deixa ele com sono, de um tempo pra cá Gabi anda bem preocupada com ele, eu até comprei uns remédios que não tinha no postinho, porque são caros e ele não pode ficar sem, Gabi é bem orgulhosa e não gosta muito de aceitar as coisas, mas ela sabe que não tinha jeito e ele não poderia ficar sem.
Dou um beijo em sua testa e saio da casa dela direto pra boca, vou ver com os meninos se eles já fizeram a ronda, pra eu liberar o morro para os moradores, e deixar todos mais tranquilos, sou frio pra c*****o, mas a segurança do meu morro é dos moradores é sempre em primeiro lugar.