Charlote sempre pensava que ela seria daquelas pessoas que iriam morar na cidade. Sempre perto de tudo e de todos que ela conhecia. Mas agora isso era diferente, ela estava em Londres, ela não sabia o que falar e nem fazer ao descer do helicóptero ao lado de Dominick.
Agora ela era uma Barette.
Ela estava casada.
Ele não pediu para ela ficar na festa do casamento e nem falou nada sobre.
Dominik sabia que ela iria surtar logo se tivesse ficado lá, a desculpa era a lua de mel longa e longe. Na verdade eram apenas quatro horas de viagem.
Dominik ajudou ela a segurar a barra do vestido.
Charlote encarava o campo onde tinha parado, vendo as árvores ao redor dela. Parecia um plano de bosques planejados de revista. Ergueu o olhar e viu a casa enorme, uma grande e residencial mansão, onde ela ficaria a partir daquele momento.
Ela via cada janela de longe e a entrada. Com uma varanda grande e as cores da casa em tons claros, havia um jardim, onde ela precisou parar para olhar em volta. Ela não sabia se além do escuro da noite teria mais coisa, mas apenas olhando para Dominik, vendo ele rir, ele poderia responder a pergunta mental dela.
O lugar era uma mansão. Uma casa com sete quartos, sendo duas suítes, quatro banheiros sociais, dois escritórios, sendo um uma biblioteca, uma sala de visita, jantar, cozinha com mais uma parte de jantar, lavanderia, sala de lazer e até um salão social. Na parte externa havia uma picina, área de lazer, jardim e um campo verde que mais parecia um bosque. Ao fundo havia um alojamento para seguranças e funcionários da casa. Toda casa era rodeada de árvores e um muro alto, com duas entradas, uma pela lateral e outra pela frente, ambas por um portão de ferro com o logo da família dele.
Barette.
A casa era uma caixinha de surpresa, feita e especialmente para ele, ele poderia dizer com clareza que sabia sobre cada parte da casa
Dos pontos fortes e pontos passados, tudo pra caso haja algum problema.
Toda aquela casa estava mobilizada há menos de três semanas. Feita especialmente para Dominik depois do casamento, era uma nova casa para ele, cada parte pensada em segurança e conforto.
Sem plano adiante.
Não sabia o que Charlote iria falar do lugar ou se iria gostar, mas estava aberto a sugestões dela quanto a casa e todo o resto. Fazer ela se sentir em casa era importante, ele agora só se preocupava em apresentar o lugar onde ambos viveriam.
Ele observou ela caminhar até a entrada, segurando o vestido e olhando cada canto.
Ela parou na porta e olhou por cima dos ombros, vendo Dominik parado, agora sem terno e sem a obrigação toda da roupa, assim como ela, que tirou as partes do vestido que tirou ela com calor.
"Quantas pessoas moram aqui?"
Dominik tinha recebido essa pergunta. Foi a mesma pergunta que a arquiteta e a decoradora perguntou, o que ele respondeu?
"Bem, com você agora são duas."
"Está brincando, não é?" Ele se aproximou e abriu a porta.
"Não, não estou, aqui é a nossa casa, ainda não temos funcionários de casa no total das funções. Mas você pode cuidar da contratação junto com a governanta, ela pode te ajudar e ser seu braço direito para o que precisar."
Dominik ligou as luzes, iluminando o ambiente e vendo os olhos de Charlote brilharem.
Charlote não sabia se ele era esse tipo de pessoa que tinha sempre algo grande em mente. Sua mãe era do tipo que arrumava um lugar daquele, mas ele não parecia ser, bem, isso até ela encarar aquilo tudo, bem diante dela. Ela nem sabia o que falar ou fazer, imaginando como seria a vida dela numa casa tão grande, a vida dela sempre foi em casa grande, sempre gostou de conhecer cada parte, cada canto, cada lugar que poderia ajudar.
Agora ela via uma pronta pra fazer isso, seja por dentro ou por fora.
"Ela é grande."
"Não gostou?" Ela olhou para Dominik, vendo ele analisá-la, como se quisesse mesmo saber se ela havia gostado.
Era difícil dizer, o dia não havia nascido. Estava com sentimentos aflorados demais para dizer que gostou ou não, estava querendo apenas ficar na dela. Sem dizer ou analisar nada naquele momento, sem se preocupar com nada, apenas acalmar o coração dela e a cabeça que ainda estava controlado pelo casamento.
"Essa casa é bonita." Falou, sendo a única coisa que estava olhando para o lugar e procurando um norte.
Dominik se aproximou dela.
"Vem comigo, eu guardei uma coisa pra você e para mim, vai te fazer bem antes de conhecer seu quarto, por enquanto fico em outro."
Ela ficou parada, olhando para ele, vendo se era aquilo mesmo que ela havia escutado.
"Você vai fazer isso mesmo?"
"Eu quero seu conforto, sua liberdade e até opções, eu sei que você não está bem e que vai precisar do seu espaço." Ele ergueu a mão, encostando as pontas dos dedos na consideração dela e sentindo a pele macia.
"Amanhã em diante poderemos ir criando algo da gente. Nossos acordos e propostas, o que me diz?"
"Podemos ver isso amanhã." Ela se mantém para longe do toque dele, vendo ele caminhar ao lado dela, os dois diretos para a cozinha.
Ela gostou dali.
Ela gostou da porta grande de vidro que levava para a parte externa da casa. Dava pra ver todo um jardim e até a piscina.
Charlote gostava de fazer sua comida, não que ela era um mestre cuca ou algo do tipo
Ela era bem modesta e sabia disso, sabia que ela gostava de fazer receitas, passo a passo, mas não gostava de não ter o manual do lado quando estava na cozinha.
Ela se imaginou ali, fazendo algo doce ou salgado.
Dominik estava satisfeito em ter certeza de estar ali com ela, sem aquela festa depois do casamento ou nada do tipo. Era uma sensação boa ver ela menos tensa e nervosa, mesmo ele sabendo que ela precisava de tempo pra assimilar tudo e não ter tanta raiva dele.
Na hora certa ela entenderia.
Charlote colocaria a cabeça em um travesseiro e pensaria cuidadosamente, em onde estava e com quem estava. Quanto mais ele poderia fazer ela ver os pontos positivos, melhor.
Ele seguiria um manual. Esperava que nesse tempo ela fosse boa. Que fosse tranquilo e calmo, sem stress e nem aquela coisa toda de fazer ele infeliz com atitudes ruínas.
Dominik não queria ser r**m, mesmo ele tendo uma personalidade forte e que não gostava muito de quando batiam de frente com ele. Sendo que ela já mostrou que fazia isso sem nenhum problema.
Não era do tipo que tinha medo de falar o que pensava.
Tinha planos claros com a garota e ela estava no lugar certo.
Dominik se aproximou da geladeira e dali foi tirando algumas coisas e colocando na mesa. Como um bolo quase cozido, três bandejas médias cheias de aperitivos, petiscos, doces e salgados, também havia um que Charlote se aproximou e pegou. Um embrulho branco e bonito.
"Nunca pensei que estaria comendo meus bens casados assim. Do meu casamento." Falou baixo, puxando uma cadeira e se sentando, olhando o que ele tirava da geladeira e colocava bem diante dela. Ele levou até dois pratos embrulhados em um papel filme.
"Aqui tem tudo que teria na festa, você pode escolher por onde quer começar."
Dominik havia feito isso na noite passada, pedido para o bufê cozinhar coisas a mais para mandar pra casa.
Ele conhecia aquela garota.
Desde que a conheceu ela sabia que ela não teria estômago para enfrentar uma festa. Nem ficar sem os doces.
Eram bons.
Ele se sentiu a fazer aquilo e tantas outras coisas apenas para amortizar a onda do casamento arranjado.
Parecia dar certo, ela já estava mais calma e parecia que não iria chorar ou gritar com ele, colocar toda a culpa dele.
Tudo o que ele estava fazendo poderia ser pela culpa.
Mas não importava.
Ele se aproximou do refrigerador e puxou uma garrafa, uma bem guardada, que ele havia recebido do seu pai, anos atrás. Ele ainda estava na faculdade, bem, ele havia guardado até aquele dia, onde ele poderia abrir e beber com alguém completamente diferente e inesperado, alguém que ele faria questão de beber e comemorar.
Vejam, depois da família, aquela garota era a primeira pessoa em uma vida inteira que fazia alguém fazer questão de algo.
Logo Charlote teria noção disso e poderia argumentar ou se admirar, pegar até raiva ou detestar aquela coisa toda.
Agora depende de dia após dia.
"Isso é um vinho, eu não sei e nunca pedi o que você gosta de beber."
"Mamãe dizia que não era certo e eu esperava bebia, mas eu gosto, não de vinho, não conhecia e não sou tão próxima, talvez uma cerveja." Dominik riu, olhou para a garrafa e para ela, sorriu ternamente. Ele se aproximou da geladeira e puxou duas garrafas, deslizando uma pela mesa, que ela pegou e olhou.
" Bem, essa é uma cerveja artesanal de Londres, tem uma família mais do interior. Eles plantam a própria cevada, se você pegar essa cerveja e comparar com qualquer outra, você vai poder apressar que essa ganha sempre. Pelo sabor, leveza e até a fermentação." Ela pegou uma garrafa, bebeu um pouco e ficou sentindo o gosto gelado e até confortável no seu paladar. "Então?"
"Gostosa, não sei se isso e sede ou apenas recuperando o que perdi." Falou, em tom triste ainda. Não deixando o que passou para trás, trazendo lado a lado.
"Você só está consternada, logo isso passa. Espero que se sinta em casa, mesmo que ainda não seja o que você quer e nunca quis." Veja, você ainda me tirou do resto do circo, não sei o que faria se tivesse ficado lá."
" Iria se chatear ainda mais."
Ela ficou em silêncio, observando o começo daquilo.
Primeiro o casamento e agora uma vida nova, ao lado de um quase estranho.
Pelos céus, ela nem fez ideia de onde começar e nem o que iria enfrentar aquele momento em diante.
Sabia que Dominik estava ali com ela. Ele era a segunda pessoa que morava naquela casa.
Bem, ela precisava de um tempo pra sair daquela coisa de sentir demais. Estava sensível para pensar em qualquer coisa.
Poderia falar de desejos e até expectativas, mas não estava pronto para isso. Ela queria ficar assim, sem preocupação.
Pra quem estava sentindo as coisas que ela sentiu, passado pelo que ela passou. fez sentido ela ficar quieta e na dela.
Quanto a Dominick?
Bem.
Ele estaria ali no dia seguinte e depois também.
Não esperava algo específico dele, apenas o que ele mesmo havia dito.
Respirou devagar, dando um sorriso, não de felicidade. Quase um sentimento de visão mais para frente, visualizando que as coisas poderiam melhorar.
"Eu preciso dizer algo."
Dominik se controlava para trás, observando ela e onde ela queria chegar. Com uma sensação que ela poderia falar a mesma coisa que sentia. Uma consternação.
"Acho que sei o que vai dizer." Ele fez uma pausa, bebendo a cerveja e esperando que ela concluísse o que começou, qua do não fez, ficou na esperança. "Você disse que eu serei infeliz."
Ela balançou a cabeça.
Sim, era exatamente isso, era sobre isso que ela pensava naquele momento da sua vida.
"Eu não quero que você seja infeliz." Ela bebeu um pouco da cerveja. "Tenho a sensação de que isso faria eu infeliz na mesma proporção."
"Isso é bom."
"Mas eu ainda não quero que me encoste suas mãos e nada disso, me deixe quieta na minha. Eu nunca aceitei isso e eu vou estar aqui mesmo assim, sem perturbar ou incomodar ninguém, você não está com uma bonequinha de porcelana."
Ela se segura, segurando um bem casado e uma garrafa de cerveja.
"Charlote?"
"Bem-vindo a vida de casado, querido."
Ela nem imaginava o que esperava ela.