Dominik havia indo a empresa pela primeira vez com oito anos de idade. Quando o pai ainda era vivo e queria a todo custo que o filho primogênito cuidasse do negócio da família. Ele se lembra tão bem daquele dia, ele ficou olhando pra tudo como Charlote fazia naquele momento.
Horrorizado.
Perdido.
Traumatizado por não está brincando.
Dominik um dia até chegou que aquilo não resolvia nada.
Mas ele sabia a realidade.
Resolvia.
Ajuda.
Mas dependia de quem usava cada uma.
Uma arma existia pra alguém apertar o gatilho.
Ela não é automática e não tem função. Ela também não tem amor e nem ódio.
"Não gosto de armas, Dominik."
Charlote falou em um tom sério. Não apelativo, mas sério.
Ela tinha medo.
Seu avô sempre falou que não gostava de armas. Dava poder de fogo pra matar inocente. Talvez ela tivesse uma opinião pré formada sobre algo.
"A coisa fica mais irônica quando você fala que seu marido produz e vende elas, não é?"
"Bem, eu não escolho sempre tudo, não é?"
Ela se mexeu, dessa vez ignorando o lado r**m dos Barettes e aquele negócio de família.
Esperava não se envolver além daquele escritório.
Tava bom assim.
Observou a arte e cada livro ali. Dessa parte ela gostou.
Adorou na verdade.
" Pode ler o que quiser daqui, se precisar de mais algum, pode pedir ou você mesma pode achar e comprar."
"Meu poder de compra existe?"
"Você não disse que não queria ser como uma boneca?"
Charlote encarou ele de lado. Gostando do que havia escutado.
"Posso comprar o que eu quiser?"
"Bem..." Dominik se aproximou de onde ela estava. Ele tirou o livro que estava embaixo do dedo dela e sorriu. "Acho que não preciso responder." Ele deslizou o livro pela capa. "Você vai gostar desse."
"Alasca?" Falou ela, se referindo ao nome do livro.
"Esse livro fala da viagem de um homem, onde ele atravessa o mundo em busca da mulher da vida dele, ele atravessa muitos caminhos até o Alasca, onde ele encontra a mulher casada e com filhos."
Charlote abre e fecha a boca, pela forma que ele fala um resumo completo. Não era um espoiler, não, era apenas um fato que era explicado na primeira folha do livro.
" Céus, isso é horrível."
" Bem, mas é um bom livro, tem um sentindo, poderia dizer qual é, mas acho que você é capaz de descobrir sozinha."
Bem, aquilo era quase um desafio, ainda mais quando ele ainda não conhecia o espírito curioso na nova companheira.
" Vou levar esse."
" Sua casa." Ela se vira e o encara." Mas vê se não se esconde. As vezes é bom ver um rostinho por aqui."
" Você não fica tanto em casa."
"Eu trabalho Charlote, mas eu fico em casa. Só não fico brincando muito de pique-esconde com você."
Por um segundo o rosto dela ficou quente
Teve uma vergonha eminente, céus, ele foi bem direito.
Então ele sabia que era intencional.
Mas não mudava o fato que ela iria tentar evitá-lo, ela não tinha confiança nele.
" Bem, certo."
" Ainda vai confiar em mim e não vai se preocupar em se esconder, sabia?"
Ela sentiu um arrepio fundo, como se ele estivesse lendo sua mente.
"Até lá vou ficar bem longe, acho que ainda se lembra do que eu falei sobre se casar comigo, não é?"
"Acho que vai acontecer ao contrário. Você vai começar se escondendo, vou me aproximar. Vou faze você confiar em mim. Ganhar sua amizade e depois eu vou conquistar você. Vai querer me conhecer e então vai se apaixonar, quando menos esperar, vamos estar sendo um casal de verdade, não por mim apenas, mas por você. Vai entender o motivo disso tudo."
Veja, o cara havia falado tudo com tanta autonomia, claro que ele não falou isso antes
Esperou aquele momento. Num lugar calmo e tranquilo, dias depois do casamento arranjado.
Era um ambicioso visando ela.
Charlote até se surpreendeu. Parecia enredo de filme romântico de final feliz.
" Fez esse roteiro quando?" Ele abriu um sorriso, um que deixou ela irritada.
"Quando vi você pela primeira vez. Sabia que você era diferente dos outros. Quis te salvar."
"Me salvar?!" - Ela riu, sem entender. Não seria ele explicar naquele momento também. Não sei estava na hora. "Que vim então." Ela desconversou. "Para você, claro."
"No fim de semana vamos receber um casal aqui em casa. Preciso fazer uma social e fechar negócio. Sei que você pode não entender muito, mas gostaria que ajudasse.
" Como?"
"Apenas explique no dia e ajude a organizar com as meninas. Estão ao seu dispor."
Ela decidiu concordar em ajudar no jantar. Seria bom. Passaria tempo.
"Você pode se decidir depois. Quero que você faça isso."
Charlote se mexeu, com um único livro.
"Preciso ir."
"Gostaria de você para o jantar."
Ela olhou para ele. Com uma expressão sem graça enorme pelo duplo sentido da frase.
"Eu não estou no cardápio."
"Pelo menos o jantar eu quero ter com a minha mulher. Seria um prazer se você quisesse o mesmo."
Ela encarou ele nos olhos. A forma que ele olhava para ela era tão intenso. Se Charlote não tivesse passado por tudo aquilo ou até estar ainda com receio e medo, se sentindo enganada e como uma moeda de troca. Talvez teria achado ele um cara legal, tirando o fato dos negócios da família dele.
"Vou pensar."
"Amanhã de manhã chega alguns novos funcionários. Entre eles tem um motorista que vai estar ao seu dispor."
"Eu posso sair daqui?" A voz dela foi alta e empolgada. A jovem gostava de liberdade. Até pensou que isso era uma coisa pra se falar. Aquele era o momento.
O r**m era isso. A sensação de depender da decisão dos outros pra sua vida.
" Pode, mas volte sempre pra casa. Não queremos ter que buscá-la ou que aconteça algum acidente. Aqui sempre vai ser mais seguro."
O rosto dela ficou quente, a ideia de fugir daquilo era boa. Poderia planejar, não precisava ser naquele momento.
Ela tinha tempo de sobra.
"Bem, eu não posso garantir nada!" Ela deu as costas, mas antes de chegar na porta, a mão de Domink alcançou o braço dela e fez que ela olhasse novamente para ele."
" Estou falando sério, você agora é uma Barette, Charlote. Você não pode se colocar em perigo ou nada do tipo, entendeu?"
" Aposto que devem ter muita gente que não gosta de vocês, veja. Produzem armas que matam pessoas."
" Pode parecer difícil falar.? Mas sim, elas fazem isso, mas elas também protegem.O problema não é produzir armas, são as formas que as pessoas manuseiam elas .
Ele tinha razão naquilo.
Ela concordava nisso.
"Bem, não precisaria manusear se elas não existissem."
"Devia entender que se não fosse as armas. Ainda estariamos brigando de pedra e graveto."
Ela acenou como se entendesse o que ele tentou explicar, depois se mexeu dali.
Domink suspirou fundo. Ele não gostava da forma que ela parecia julgar o que ele fazia.
Não era bem assim.
Talvez nesse jantar ela pudesse entender um pouco mais sobre o que ele fazia.