Capitulo 4

3221 Words
*Sasuke Uchiha*     Eu esperava qualquer coisa vinda daquela garota marrenta, mas agora ela havia se superado. Nunca na minha vida imaginei que veria uma garota pilotando minha moto, preferia morrer antes de uma tragédia dessas.   — p**a merda, vai devagar.   Andava pela rua inquieto bagunçando meus cabelos a cada ronco mais alto do motor. A garota dirigia em círculos pela praça próxima a praia, e as vezes acelerava mais do que devia, rindo do meu desespero.   — E qual é a graça? — gargalhou acelerando até seus cabelos voarem com o vento.   Admito ser uma cena excitante de se ver, mas não era nada tranquilizador. Onde eu estava com a cabeça quando a deixei pilotar minha moto? Em cima do pescoço com certeza não era.   Ao menos ela não estava bêbada. Mas isso com certeza não sairá de graça.   — Mas o que? — abri a boca incrédulo a vendo empinar a moto antes de derrapar e estacionar a minha frente.   Senti o gosto da morte e voltei a vida em questões de segundos. Nem quando ela montou acelerando pela primeira vez fugindo das minhas instruções — me deixando com cara de taxo — me fez sentir tanto pavor.   — Isso foi um máximo. — ela urrou saltitando para longe do meu bebê.   — Você quer me matar? Onde aprendeu a fazer isso?   Eu não sabia se estava impressionado ou esbabaçado. Nunca vi uma garota fazer o que ela fez, na verdade não vejo muitas garotas pilotando motocicletas.   — Eu tenho um irmão mais velho e ele curte motos. — deu de ombros continuando a sorrir. — Ele costumava correr em rachas e me levava, eu acaba competindo as vezes também, era divertido.   A coisinha miuda nem parecia um “demônio” agora, com o olhar fingindo inocência, brincando com o anel de caveira em seus dedos finos e branquelos.   — Quando a gente pode casar?   Nunca estive de frente com uma garota tão ideal. A Preciosa era divertida, marrenta, inteligente e linda. Eu estava caidinho, mas ainda mantinha minha lucidez. Não dava pra deixar uma mulher dominar minha mente, era questão de honra me manter a salvo desse feitiço que elas jogam e quando você percebe está de quatro, sendo tratado feito um cachorrinho.   — Quando chover chocolate. — ela zombou.   — Posso dar um jeito nisso em um futuro próximo.   — Não imagino você sendo um pai de família.   — Imagina, eu vou ter três garotos, dois cachorros e um esquilo.   — Esquilo?   — Não como Alvin e os esquilos, eu prefiro um mais tranquilo.   — O quanto você bebeu? — ela zombou.   Dei um passo a frente querendo calar aquela boquinha ardilosa.   — O suficiente pra querer te beijar agora.   Ela sorriu revirando os olhos e me deu as costas começando a caminhar em direção a praia. A segui vendo os cabelos coloridos voarem com o vento e ela balançou os braços tirando os sapatos dos pés.   — Eu adorei esse lugar. — comentou soltando um suspiro enquanto fitava a lua cheia.   Fiquei ao seu lado observando como suas orbes verdes brilhavam, um brilho precioso e especial.   — O que tanto olha?   — Seus olhos são lindos. — deixei escapar esperando alguma piadinha.   — Curto mais os seus. — respondeu sincera, o que me surpreendeu.   — Fala sério.   — Seríssimo, são escuros, com um ar misterioso. Me lembram uma ônix, eu adoro ônix.   — Você acabou de me paquerar, é isso? — sorri gostando da ideia.   Isso estava sendo mais divertindo do que eu pensei.   — Estou só elogiando seus olhos, convencido.   — Relaxa Preciosa.   — Por que fica me chamando assim?   — Eu ainda não sei seu nome.   — Sakura. Meu nome é Sakura.   Passei o olhar dos seus olhos brilhantes aos lábios rosados bastantes convidativos. O nome fazia juz a sua beleza.   — Você realmente é uma flor preciosa. — desviei o olhar de sua boca, tentando não parecer um tarado.   O que era difícil pois eu estava louco para beija-la, desde o momento que esbarrou comigo no bar.   Sakura desviou o olhar, comprimindo os lábios ao esconder o sorriso.   — Pare de me encarar. — brigou tentando parecer irritada.   — Isso te incomoda?   Ela voltou a me olhar com o ar de sabichona, que tinha uma resposta para tudo.   — É você que está com cara de i****a.   Me recompus praguejando baixo, com medo de estar mesmo fazendo papel de i****a. Isso não acontece sempre.   — Droga, esse cara vai continuar me perseguindo? — ela rosnou e eu olhei de relance para trás vendo o segurança que estava a atormentando mais cedo.   O Homem estava parado a encarando fixamente, não fazendo questão de disfarçar.   — Quer que eu espante ele?   De forma alguma que esse mané vai estragar minha noite.   — Só se você quiser ser preso. — a Preciosa bufou cruzando os braços inquieta.   — Saca só. — avisei a deixando para trás, seguindo em direção ao seu guarda-costas.   Sakura ainda me chamou e eu lhe mandei uma piscadela.   — Ei cara, tudo de boa?   O homem não respondeu, ignorando-me totalmente continuando de olho na rosada.   — É o seguinte, a garota ali tá ficando incomodada com sua presença, ela não curte ser perseguida o tempo todo. Então agradeceria se você desse um pouco de privacidade a ela. — tentei parecer tranquilo conseguindo a atenção do homem.   Ele não era muito mais velho que eu, então seria mais fácil enrolar o cara.   — Não recebo ordens de você. Minha missão é vigia-la e vocês não podem fazer nada contra isso.   — E o que ela fez de tão grave pra ter que ser vigiada o tempo todo? Olha só aquele anjo, você acha que ela seria capaz de fazer alguma maldade? — apontei para Sakura que nos observava curiosa, ao menos ela não parecia irritada e realmente parecia um anjo quando estava de boca fechada.   — A mãe dela...   — Pais super protetores eu sei, não conseguem deixar os filhos criarem asas, a garota só quer curtir a liberdade dela e agora que conseguiu se livrar dos pais, tem um segurança no pé. Você entende né? A pobrezinha está tão deprimida.   — Não é problema meu. — retrucou perdendo um pouco a compostura.   — Ela está ao ponto de surtar, não consegue mais ficar tranquila sabendo que tem uma sombra atrás dela o tempo inteiro. Daqui a pouco começa a se cortar e a ir pro m*l caminho, você sabe o que vem depois né?   — O que?   — Suicídio.   — Ela está tão m*l assim? — agora ele parecia espantando.   — Igual um passarinho preso na gaiola, você não vai deixar esse passarinho morrer não é amigo? Por que se isso acontecer a culpa será sua. — coloquei uma mão em seu ombro o observando seriamente.   — Ela...   — Você vai se culpar pelo resto da sua vida.   — Eu acho que eu vou tomar um café. — murmurou meio contrariado.   — Faça isso.   Quando voltei de encontro a Sakura, ela cobria a boca segurando o riso, observando o homem ir embora.   — Sério que você disse isso? Suicídio cara? Você pegou pesado.   — Ele vai te dar mais espaço a partir de agora.   — Obrigada. — disse sincera parando de sorrir aos poucos. E eu não me cansava de admira-la. — O quê? Não me olha assim, eu não vou te beijar por causa disso.   — Por que sempre acha que eu estou com segundas intenções? — franzi o cenho me perguntando se era tão transparente assim.   — E não está?   — Não. Talvez. Mas qual o problema de ter alguma coisa comigo?   — Eu não estou disponível Uchiha. — Sakura bufou desviando o olhar.   — Se você disser mais uma vez que é lésbica eu posso sei lá, colocar uma peruca.   — Por que quer tanto ficar comigo? É algum tipo de aposta ou orgulho ferido? — perguntou arqueando uma sobrancelha conseguindo acabar com minha paciência.   Sakura achava mesmo que eu era algum moleque i****a que fica apostando as custas dos sentimentos das pessoas? Odiei o fato dela m*l me conhecer e me julgar da maneira errada.   — Acha que não é boa o bastante para alguém querer ficar com você sem precisar de uma aposta i****a? — comecei a me exaltar.   — Eu acho que caras como você não conseguem ouvir um não. — ela também fechou a cara.   — Caras como eu? p***a você não me conhece.   — Não mesmo, tem dois dias que cheguei nessa cidade e já vi você mais do que devia.   — Eu estou tentando ser legal caramba, mas você só sabe bancar a sabidona e me menosprezar sem motivo nenhum.   — Então porque ainda está aqui? — retrucou com uma calmaria que me deixou mais puto ainda.   — Quer saber? Desisto, achei que ao menos poderíamos ser amigos. — bufei esfregando as mãos na calça, tentando não ser um completo filho da p**a com ela.   — Eu não quero ser sua amiga. — Sakura era tão convicta que eu não conseguia nem pensar em fingimento.   Puta merda, essa garota é mau pra caramba. Pela primeira vez eu encontrei uma mulher que estava f**a-se pra mim, e isso não é nada legal quando se está afim dela.   — Certo, eu já entendi. — rosnei lhe dando as costas, já cheio de tanta humilhação.   — Achei que ia precisar desenhar. — gritou acabando com minha paciência.   — Que saber de uma coisa? Você não passa de uma c****a covarde. — voltei para trás a vendo dar de ombros.   — Já me chamaram de coisa pior, vai por mim, é melhor as coisas nem começarem entre a gente.   — Eu não estou te pedindo em namoro p***a, nem convidando para partir seu coração. — controlei minha voz pra não gritar tanto.   — Estou tentando ser uma pessoa melhor, não vai cair bem andar com um cara tatuado que fala palavrão. — respondeu mordiscando os lábios olhando para os pés.   Eu deveria me sentir ofendido, mas só consegui sorrir em escárnio.   — Mentirosa do c*****o.   — Você não me conhece. — retrucou me encarando feio.   — Nem você a mim.   — E nem quero conhecer.   — Ótimo.   — Ótimo.   Sakura sabia exatamente como estragar uma noite legal.   (...)   Abri a porta do apartamento jogando as chaves e o capacete no sofá com raiva. A luz da cozinha estava acesa, e ao entrar no cômodo dei de cara com Konan fazendo um café sobre o balcão.   — Chegou cedo.   — Onde está Itachi? — perguntei tentando melhorar meu humor.   — Foi vê se Obito estava bem, ele ligou meio bêbado, falando algo sobre tatuar o nome da Rin na b***a. — respondeu indo até a mesa, com uma expressão que mostrava cansaço.   Ela usava apenas uma camisa de Itachi, que lhe parecia um vestido, os cabelos curtos bagunçados me dava a visão da borboleta azul desenhada em seu pescoço. Eu já havia me acostumado em vê-la andando por ai assim. Konan passava quase todas as noites com meu irmão e estava quase morando no nosso apartamento.   — Mulheres só causam problema. — resmunguei me sentando a sua frente.   Aquela coisa rosa marrenta não saia da minha cabeça. Eu só podia ser louco por estar afim de uma mulher que só me despreza.   — E homens são os maiores babacas do universo. — ela bufou assoprando seu café antes de tomar um gole.   Deve está p**a da vida por Itachi tê-la deixando na mão para socorrer o i****a do Obito.   — Meu irmão não dá uma dentro em?   — Estou cansada de ser sua última escolha. Primeiro o trabalho, e todas as vezes que seus primos e até mesmo você estão em encrenca ele sempre escolhe vocês. Eu sei que a família vem em primeiro lugar sempre, mas por que apenas Itachi tem que ser o Superman? — desabafou girando a xícara nos dedos, observando um ponto qualquer na mesa.   — Cá entre nós o supermam é mais bonito.   — Você me entendeu. — ela me olhou chateada.   Soltei um suspiro assentindo. Ela tinha razão, Itachi era o único que resolvia nossas merdas.   — Nós fomos criados juntos, e por ser mais velho, Itachi sempre achou que tinha algum dever de nos proteger. Ele estava lá quando Obito levou o primeiro soco na boca por causa de um maldito álbum de figurinhas, e acabou apanhando junto. Foi Itachi que socorreu Shisui quando a peste quebrou o braço ao cair da árvore por estar roubando goiaba do vizinho, e ainda assumiu a culpa para o proteger da bronca do tio Madara. Itachi foi o único a descobrir o porque eu ficava sem fôlego todas as vezes que comia amendoim, e todas as vezes que chovia ia dormir comigo porque sabia que eu tinha medo de relâmpagos. Ele dá conselhos e sempre está lá quando a gente precisa. Você não pode culpa-lo por ser assim, porque esse é o jeito dele. É o melhor irmão que alguém poderia ter. E Itachi te ama, pode ter certeza disso.   — Eu sei. Ele é incrível mesmo. — Konan sorriu fraco bebendo o resto de seu café. — Eu devo ser ridícula por querer mais um pouco de atenção, pareço uma garotinha mimada.   — Itachi tem sorte de ter você, não pode deixar uma gata dessas sozinha por ai.   — Espero que não esteja dando em cima da minha namorada, irmãozinho t**o.   Foi só falar na praga que ele apareceu.   — Você sabe que se eu quisesse você não teria mais mulher. Konan me ama não é querida? — segurei suas mãos por cima da mesa.   — Com certeza. — ela me deu uma piscadinha marota.   — Me desculpa querida, Obito está um caco — Itachi suspirou se sentando ao lado da namorada, tomando as mãos dela para ele.   — Ele pediu por isso. — Konan comentou observando Itachi beijar seus dedos feito um viadinho.   — Ele estava querendo ir atrás dela, eu consegui acalma-lo um pouco, até que dormiu no sofá completamente bêbado.   Ouve um momento de silêncio, e eu logo percebi que ele estava remoendo algum problema.   — O que aconteceu?   — Hum?   — Você está distante. — Konan respondeu.   — Acabei discutindo com Shisui, ele não tem senso do quão ridículo é. — Itachi bufou e Konan se levantou indo até a máquina de café. — Como o cara pode querer t*****r com três mulheres ao mesmo tempo, sabendo que seu irmão tá m*l?   Shisui nunca aprende a se controlar. Mas ele só dava uma de pegador louco quando estava chateado com alguma coisa.   — Conhecendo Obito do jeito que conheço, é capaz dele querer participar da festinha. — Konan voltou com uma xícara de café e eu concordei.   — Sonho de qualquer homem. — sorri sendo alvo dos olhos castanhos raivosos de Konan.   — Espero que não tenha sonhos assim querido.   — Eu não sou vagabundo igual esses caras amor.   — Por isso que eu te escolhi — ela sorriu se curvando para beija-lo e começou o grude.   — Essa é minha deixa. — me levantei, mas acho que eles nem notaram.   Itachi estava ocupado demais trazendo Konan para seu colo.   Fui para meu quarto, tirando os coturnos e a camisa antes de me jogar na minha cama. Fitei o teto branco por um bom tempo e pela primeira vez eu me senti... Sozinho.   E isso não foi nada legal.   (...)   — Tio Madara? — chamei ao entrar na oficina não o encontrando em lugar nenhum.   — Aqui filho.   Segui sua voz, entrando em casa pela porta da cozinha pequena e bagunçada. Estava assim desde que ele despediu a última empregada.   Atravessei a sala o encontrando sentado em sua poltrona velha. Shisui estava no sofá a sua frente, com as mãos cruzadas em frente ao rosto. Pela sua expressão logo percebi que vinha merda pela frente.   — O que esse i****a fez? — perguntei jogando minha mochila ao seu lado.   — Não ouviu o que passei a vida inteira lhe avisando. — Madara resmungou balançando a cabeça.   Era visível a decepção em seu olhar.   — Eu não sei como isso aconteceu tá? Ela disse que tomava remédios, e foi só uma vez, no banheiro da lanchonete ainda. — ele retrucou esfregando as mãos no rosto com força.   — No importa a porcaria do lugar, sempre use a p***a de uma camisinha. — meu tio se alterou.   E foi ai que eu entendi a merda que estava acontecendo. Porcaria.   — Cara você é burro ou o que?   — Não preciso de lição de moral agora Sasuke, vá cuidar da sua vida.   — Pelo menos eu só tenho uma pra cuidar. — retruquei recebendo um olhar irritado.   — Eu não posso ter um filho agora.   — Pensasse isso antes de sair fodendo tudo que anda. — Madara acendeu um cigarro.   — E quem é a coitada que tá carregando uma miniatura sua? — me joguei no sofá ao seu lado tirando o celular do bolso.   — Izumi. — respondeu baixo.   Ergui o olhar, não acreditando que fiquei surpreso com sua canalhice.   — Você não foi vagabundo a esse nível.   — Não começa.   — p***a Shisui a garota só tem 18 anos, e gosta de você desde que era criança. Como teve coragem de usa-la dessa forma?   — Eu só reparei que ela havia crescido e estava comível. A gente fodeu, foi bom mas passou. E agora ela vem com essa de filho, olha pra minha cara e vê se eu tenho cara de pai do ano? — Shisui gritou revoltado.   — Você estragou a vida da garota seu bosta. — retruquei socando a cara daquele infeliz. — O que diachos você tem na cabeça?   — Vá se ferrar seu merdinha. — ele me empurrou contra o chão tentando me acertar socos. — Você não é ninguém pra me dar lição de moral.   — Ao menos eu não sou um i****a.   — É um viado isso sim.   — Não me compare a você, seu escroto.   Rolamos pelo chão trocando socos e chutes. Não seria a primeira vez que isso acontecia, por isso meu tio não falava nada. Ele sabia que era assim que a gente colocava nossa raiva pra fora, e depois que arrancássemos um pouco de sangue um do outro, estaríamos mais calmos.   — Chega. — Shisui me empurrou de cima dele se encostando no sofá, limpando o sangue do nariz com a camisa.   Ele estava mais calmo e acabado que antes.   — O que vai fazer agora? — me sentei ao seu lado tentando voltar meu maxilar pro lugar.   — Fugir do país? — zombou me fazendo rir.   — Assuma suas responsabilidades de homem, vá a casa da garota e converse com os pais dela, diga-os que irá cuidar da mãe do seu bebê e vocês serão uma linda família feliz. — Madara avisou se levantando.   — Pai.   — Fim de papo Shisui.   Meu primo encolheu os ombros cobrindo o rosto com as mãos.   — Minha vida acabou.   — Sinto muito cara. — coloquei uma mão em seu ombro ouvindo suas lamurias. — Estou aqui para o que precisar.   Ser pai aos 22 anos não era pra qualquer um. Ainda mais para alguém como Shisui, que não tinha limites sobre sua vida.   Talvez Sakura tivesse razão. Minha família era cheia de merdas.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD