Vou fingir que acredito

1037 Words
Os dias que antecederam a viagem passaram rápido demais para Hellen. A cada dia, sua ansiedade crescia, a ponto de m*l conseguir dormir na noite anterior ao embarque. Seus pensamentos eram dominados pela expectativa de rever Mateo, e a ideia de surpreendê-lo fazia seu coração bater mais forte. Mesmo alguém como ela, conhecida como "Explosão", estava sendo tomada por sentimentos que nada tinham a ver com violência ou adrenalina. Ela queria o romance, o toque de leveza que, depois de tantas batalhas e sacrifícios, parecia finalmente estar ao seu alcance. Naquela manhã, Hellen acordou com o corpo cansado, mas a mente acelerada. Tinha virado de um lado para o outro na cama a noite inteira, sem conseguir pregar os olhos por muito tempo. A ansiedade estava corroendo sua concentração. Ela se levantou, caminhou até a janela de seu apartamento e olhou para o prédio ao lado. Tiago, irmão de Mateo, agora era seu vizinho, morando no antigo apartamento que antes pertencera a Peter. Tiago sabia dos seus planos, afinal, ele sempre parecia estar por perto, observando-a de longe. Ela havia feito questão de pedir a ele que não avisasse Mateo. Queria que o reencontro fosse uma surpresa, algo especial. Era estranho como alguém apelidada de "Explosão" podia ser tomada por essa necessidade de momentos românticos, mas, com Mateo, tudo parecia diferente. Hellen respirou fundo. Queria dizer a Mateo, olhando nos olhos dele, o que sentia. Ela o amava, queria seu final feliz assim como suas amigas tiveram o delas. Bruna e Marcos finalmente pareciam ter encontrado paz, Hanna estava com Jackson, e Lis havia se casado com Ryan. Hellen queria isso também. Depois de tantas lutas, de tantas cicatrizes, ela ansiava por algo mais simples, mais verdadeiro. Na manhã da viagem, ela pegou sua mala e a roupa que usaria para o voo e decidiu passar algumas horas no galpão onde treinava. Precisava de algo que a ajudasse a liberar a tensão que se acumulava em seus músculos e em sua mente. Chegou ao galpão e, sem perder tempo, colocou as luvas e subiu no ringue. A intensidade dos golpes que aplicava aumentava conforme o tempo passava, como se cada soco fosse um desabafo de toda a ansiedade que sentia. Horas se passaram e Hellen m*l notou o tempo voar. Seus golpes estavam mais ferozes, seus pensamentos flutuando entre o desejo de ver Mateo e a necessidade de se manter focada. Foi Hugo, um dos homens designados para viajar com ela, quem a interrompeu, dizendo que eles perderiam o voo se ela não se apressasse. Hugo era um homem alto, com cerca de um metro e noventa, seus ombros largos e músculos bem definidos exibiam anos de treinamento intenso. Seu rosto exibia traços orientais marcantes, com olhos ligeiramente amendoados e puxados e uma pele de tom médio que revelava sua ascendência mestiça. Ele era bonito, com uma mandíbula forte e um olhar que, ao mesmo tempo, transmitia firmeza e mistério. O cabelo, cortado curto nas laterais e um pouco mais longo no topo, reforçava sua aparência impecável e disciplinada, adequada para alguém que, além de ser um soldado habilidoso, tinha uma presença inegável. Ele a chamou do lado de fora do ringue, com uma expressão séria, mas em seus olhos havia uma ponta de admiração. "Hellen, precisamos ir. Agora." Com o coração ainda acelerado pela luta, Hellen desceu do ringue. O suor escorria por sua pele, mas ela não estava cansada, apenas energizada. Ela seguiu para o banheiro do galpão, onde tomou um banho rápido, permitindo que a água fria aliviasse um pouco da tensão restante. Enxugou-se e começou a se arrumar para a viagem. Ela vestiu uma calça social que se moldava aos seus músculos, realçando sua forma poderosa. O top que usava sob o terninho era simples, mas deixava claro o quanto ela estava em forma. Quando se olhou no espelho, Hellen se permitiu um sorriso. Estava linda. Pronta para Veneza, pronta para Mateo. Uma hora depois, Hellen caminhava em direção ao embarque privativo no aeroporto. Ela havia decidido ir sozinha, dirigindo seu próprio carro até lá. Era a última a embarcar. Os homens já a esperavam, e quando ela se aproximou da escada que levava ao jatinho particular, Hugo prendeu a respiração por um segundo. Ele a observava com uma mistura de respeito e algo mais. Em sua mente, Hugo tentava processar o que sentia. Hellen não era apenas uma explosão de fúria e força, como todos na máfia a conheciam. Ela também era uma explosão de pura atração, de um desejo que ele não conseguia ignorar. Ele assistiu cada passo dela, o modo como seu corpo se movia com confiança e graça. "Estou começando a ficar com inveja de Mateo", ele pensou, sem desviar os olhos. O desejo de Hugo era uma chama que ele mantinha oculta, sabendo que Hellen era intocável. Ela pertencia a outro mundo, a outro homem. Mas isso não o impedia de sentir, de imaginar. Hugo, perdido em seus próprios pensamentos enquanto observava Hellen subir a escada para o jatinho, não notou que outro par de olhos o encarava com intensidade. Cross, um homem n***o tão alto quanto ele, com músculos igualmente esculpidos e um olhar penetrante que condizia com sua fama, estava ali, pensativo. Cross Didion, conhecido como "Peste n***a" no submundo da máfia, tinha uma presença imponente, reforçada por seu apelido que ecoava nas ruas com respeito e temor. Ele observava Hugo com uma expressão que dizia mais do que palavras poderiam. Sem desviar os olhos, Cross pigarreou, chamando a atenção de Hugo, que se sobressaltou levemente ao perceber a figura imponente do pai de Hellen o estudando. "Não embarque nessa, Hugo," disse Cross, com a voz grave e calma, mas cheia de um aviso implícito. "Eu preferiria você a Mateo Castilho, eu juro, mas ele já tem o coração de Hellen nas mãos." Hugo ficou visivelmente desconcertado. Ele abriu e fechou a boca algumas vezes antes de conseguir responder, tentando disfarçar o embaraço. "Eu nem pensei nisso, juro. Eu a respeito... só isso." Cross soltou uma gargalhada alta, o som reverberando pelo hangar. "Vou fingir que acredito," disse ele, balançando a cabeça com um sorriso divertido, mas os olhos ainda atentos, analisando cada reação de Hugo.
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