Hipérbole

1030 Words
Assim que Hellen saiu pela porta, sua presença ainda vibrando no ar da sala, Cross virou-se para Hugo, que estava parado, ainda absorvendo o impacto da situação. A preocupação ainda estava clara nos olhos do segurança, mas ele sabia que não tinha a autoridade para impedi-la. "Estou sabendo que os Castilhos chegaram hoje", disse Cross, sua voz baixa e afiada, como uma lâmina. Hugo, que já desconfiava de algo, agora tinha confirmação. Ele engoliu em seco, seu corpo ficando tenso. "Pegue três homens e sigam-na", continuou Cross, os olhos fixos em Hugo como se estivesse dando uma ordem de vida ou morte. E, na verdade, era. Hugo sentiu a gravidade daquela ordem pesar sobre ele como uma rocha. Se havia algo que ele sabia sobre Hellen, era que quando ela se movia com aquela determinação, raramente havia espaço para falhas. E agora, saber que os Castilhos estavam envolvidos tornava tudo ainda mais perigoso. Hugo assentiu, já se preparando mentalmente para a missão. Porém, antes que ele pudesse sair para organizar os homens, a voz de Cross o deteve novamente. "Hugo", ele chamou, o tom sério, fazendo o segurança congelar no lugar. "Não deixe que ela perceba ou ela vai matar vocês." Hugo olhou para Cross, vendo que o ex Don da máfia Didion falava com um peso assustadoramente real. Ele não estava usando uma hipérbole, e Hugo sabia disso. Hellen era chamada de "Explosão" por um motivo. Ela não apenas tinha a habilidade de transformar qualquer situação em um campo de batalha, mas também possuía o treinamento e a frieza para eliminar quem quer que fosse necessário para atingir seus objetivos. Mesmo aqueles que ela considerava aliados, se cruzassem seu caminho ou ameaçassem seu plano, não estariam seguros. "Sim, senhor", Hugo respondeu, sua voz firme, mas o coração batendo mais rápido. Ele sabia que esta missão seria uma das mais delicadas que já tivera. Não era apenas seguir uma mulher altamente treinada, mas uma mulher que, se soubesse estar sendo seguida, poderia virar contra eles em um piscar de olhos. Hugo saiu rapidamente, já em movimento para reunir três dos homens de confiança de Cross. Ele precisava ser rápido e preciso. Minutos depois, ele já estava com os três escolhidos: homens experientes e acostumados a situações de alta tensão. Eles se encontraram na parte traseira da casa, longe dos olhos curiosos, e Hugo explicou a situação. "Nós vamos seguir Hellen, e vocês sabem o quão perigoso isso pode ser. Precisamos ser invisíveis, sem cometer erros. Se ela perceber... Bem, vocês sabem o que ela é capaz de fazer." Os homens assentiram, silenciosos. Todos ali tinham a reputação de Hellen em mente. Hugo sabia que, se Hellen notasse qualquer movimento suspeito, não haveria aviso. Apenas ação. Eles estariam caídos no chão antes de perceberem o que aconteceu. O grupo saiu, discretamente tomando o caminho paralelo ao que Hellen havia pegado em direção ao táxi aquático. Eles mantinham distância, mas sempre com os olhos atentos. Hugo sabia que Hellen estava em alerta constante, e qualquer deslize poderia ser fatal. Cada movimento precisava ser perfeito, e eles se revezavam na observação, mudando de posição para que nunca fossem detectados como um grupo. Assim que Hellen entrou no táxi aquático, o grupo de Hugo seguiu por outro barco, um pouco mais atrás, mantendo distância suficiente para que ela não notasse. A noite em Veneza estava agitada por conta do Festival del Redentore, o que facilitava a movimentação dos homens. No entanto, Hugo sabia que Hellen não se deixaria distrair pelo caos ao seu redor. Ela podia estar no meio de uma multidão, mas sua mente funcionava como uma máquina calculando tudo. As chances de detectarem alguma mudança em sua postura ou movimento eram pequenas, mas eles precisavam confiar em sua habilidade de desaparecer em meio à multidão, assim como em sua própria capacidade de observar sem serem notados. Enquanto a cidade se agitava com os fogos de artifício e as lanternas iluminavam os canais, o barco de Hugo continuava seguindo o curso de Hellen. Ela, por sua vez, estava quieta no táxi aquático, os olhos fixos no horizonte, mas Hugo sabia que ela estava completamente alerta. Ele podia sentir isso pela forma como ela movia a cabeça, observando as áreas ao redor. Mesmo naquele clima festivo, a tensão ao redor dela era palpável. Hugo e os homens desembarcaram algumas centenas de metros atrás de Hellen, em uma pequena praça perto do festival, e a seguiram de perto pelas vielas movimentadas. A multidão ajudava a camuflar os movimentos deles, mas eles não podiam abaixar a guarda. Mantinham uma distância precisa, o suficiente para que Hellen não os notasse, mas próximos o bastante para agir caso algo desse errado. Cada um dos homens estava em um ponto estratégico, se misturando entre os grupos que assistiam aos fogos ou que caminhavam de barraca em barraca. Eles revezavam a vigilância, um dos homens ficando mais próximo de Hellen por alguns minutos, enquanto os outros seguiam à distância. Assim, evitavam que ela percebesse qualquer presença constante. Hugo sabia que havia algo maior acontecendo. A determinação de Hellen ao sair sozinha não era apenas porque queria ver o festival. Era óbvio que a chegada dos Castilhos estava diretamente relacionada com isso. Ela tinha algo em mente, algo que envolvia Mateo, e ele estava lá para garantir que ela não fizesse nenhuma loucura — ou, pelo menos, para tentar impedir que fizesse. Mesmo com todo o cuidado que estavam tomando, Hugo não conseguia evitar sentir o estômago revirando de preocupação. Hellen estava sempre dois passos à frente de todos. Ela era imprevisível, e isso a tornava perigosa. Qualquer erro deles poderia significar o fim, não só da missão, mas também de suas vidas. Enquanto seguiam a movimentação de Hellen pelas ruas agitadas, Hugo manteve a atenção redobrada. Ela era como uma predadora, sempre alerta, sempre calculando o próximo movimento. Se ela os notasse, seria tarde demais para qualquer um deles reagir. Por fim, quando Hellen começou a se afastar da área mais lotada do festival, Hugo deu um sinal para os homens. Eles mudaram de rota, assumindo posições ao redor da área em que ela se dirigia, prontos para qualquer eventualidade.
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