Chegando ao Hotel

946 Words
Quando o relógio marcou dez horas, o festival ainda fervilhava nas ruas de Veneza. As luzes dos fogos de artifício refletiam na água dos canais, e o murmúrio das multidões eclodia pela cidade. No entanto, a mente de Hellen estava distante daquele cenário encantador. Ela tinha uma missão, e nada iria impedi-la de cumpri-la. Hellen ajustou o vestido preto tomara que caia, que agora parecia mais uma armadura do que uma peça de roupa. Suas curvas eram envoltas no tecido, exibindo uma sensualidade letal. Ela sabia que estava linda, mas mais do que isso, ela sabia que estava preparada. O cabelo preso em um coque alto, com mechas soltas moldando seu rosto, dava-lhe um ar de elegância, porém a verdade era que ela era uma força a ser temida. Sua pequena bolsa continha não só maquiagem, mas uma faca mortal, e o coldre escondido em sua coxa carregava duas armas, caso as coisas saíssem do controle. O luxo do hotel para onde ela se dirigia não a impressionava. Já havia estado em lugares como aquele antes, e sabia exatamente como funcionava a segurança. Eles eram bons, mas não eram páreos para alguém como Hellen. Ela já havia se esgueirado por locais muito mais protegidos, e hoje não seria diferente. O vento da noite era suave contra sua pele enquanto ela caminhava pelas ruas que levavam ao hotel. As luzes do festival criavam sombras alongadas, e as vielas estreitas de Veneza ofereciam um tipo de disfarce que ela dominava. Cada passo de Hellen era calculado, preciso. Ela era meticulosa nos detalhes e não deixaria nada ao acaso. Quando chegou ao hotel, observou de longe a movimentação. Havia seguranças por toda parte, não apenas devido ao hotel ser de luxo, mas por conta do festival que atraía multidões. Hellen franziu o cenho, reconhecendo que talvez a presença extra de seguranças estivesse ligada aos Castilhos. Sabia que eles estavam em Veneza, e sua intuição dizia que havia algo mais acontecendo, algo que ainda não conseguia ver completamente. Hellen se aproximou, passando pelos turistas e locais que entravam e saíam do hotel, como se fosse apenas mais uma mulher a aproveitar a noite. Sua expressão era confiante, como se pertencesse ali, e ninguém a questionou. No lobby, olhou ao redor, discretamente analisando as câmeras e os pontos de segurança. Havia dois guardas na entrada do elevador, ambos claramente atentos. Ela precisaria ser cuidadosa. Ela passou por eles sem chamar atenção, fingindo estar interessada em uma obra de arte pendurada na parede próxima. Sua mente trabalhava rapidamente, observando as entradas e saídas de outros funcionários e hóspedes. Havia uma rota de serviço ao lado dos elevadores que levava ao andar inferior, e ela sabia que dali poderia acessar uma saída secundária para as escadas. Com passos calculados, Hellen se dirigiu até a porta de serviço. Era uma jogada arriscada, mas necessária. Não poderia ser parada antes de chegar ao quarto de Mateo. Ela entrou na rota de serviço e seguiu por um pequeno corredor até a escada de emergência. Ali, as luzes eram mais fracas, e o ambiente tinha aquele cheiro levemente metálico de prédios antigos. Perfeito para o que ela precisava. Com destreza, começou a subir os degraus, o som dos saltos abafado pelo tecido do tapete. A adrenalina corria em seu sangue, mas ela se mantinha calma. Estava no controle. Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios ao pensar em como Mateo ficaria surpreso ao vê-la ali. Ao chegar ao andar da cobertura, Hellen parou ao lado da porta que dava para o corredor principal, escutando os sons ao redor. Sabia que aquele andar seria mais vigiado, e sua mente traçava cada passo a seguir. Ela abriu a porta de forma cuidadosa, e seu corpo imediatamente se fundiu às sombras do corredor. O andar era silencioso, exceto pelos passos ocasionais dos seguranças que faziam rondas. Hellen sabia que não tinha muito tempo, e precisaria ser rápida. Ela avançou, sempre atenta, passando pelas portas fechadas dos quartos. No final do corredor, avistou os dois guardas postados ao lado do quarto de Mateo. Seus olhos brilharam com determinação. Precisava ser criativa. Aproximando-se um pouco mais, fingiu estar perdida, quase esbarrando em uma das paredes. Os dois seguranças a notaram, trocando olhares curiosos, mas ela agiu antes que eles pudessem fazer qualquer coisa. "Desculpem", disse ela com um sorriso charmoso, a voz leve como o vento. "Acho que peguei o andar errado." Os dois guardas se entreolharam novamente, confusos, mas sua presença relaxante parecia ter desarmado qualquer desconfiança inicial. Eles não estavam preparados para o que veio a seguir. Em um movimento rápido, Hellen sacou a faca de sua pequena bolsa e arremessou-a com precisão. O primeiro guarda caiu sem um som, a lâmina enterrada em sua garganta. O segundo tentou reagir, mas Hellen já estava sobre ele antes que pudesse sacar sua arma, derrubando-o com um golpe rápido no pescoço. Ela sabia que o tempo era curto. Arrastou os corpos para um canto mais discreto, limpando qualquer evidência visível e em seguida se levantou, ajustando novamente o vestido. Com um suspiro, Hellen seguiu em direção à porta da cobertura, seu coração batendo de forma controlada. Tudo estava saindo conforme o planejado. Parou em frente à porta do quarto 115, a cobertura onde Mateo estava. O número dourado brilhava na luz suave do corredor, e a tensão da noite se condensou naquele instante. Hellen respirou fundo. O silêncio ao redor parecia quase opressor, mas ela estava pronta. Apertou os dedos ao redor da maçaneta, sua mente girando com as possibilidades do que estava para acontecer. Ali, parada diante da porta, Hellen sabia que estava prestes a descobrir algo que poderia mudar tudo.
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