Uma Explosão Chamada: Hellen

Se cuide

Quando Hellen desceu as escadas, o impacto foi imediato. Hugo, que estava distraído com seu celular, ergueu o olhar e prendeu a respiração ao vê-la. A visão de Hellen naquele vestido preto, com o corpo esculpido em pura elegância e uma f***a que revelava parte de sua perna, o fez perder o foco por alguns instantes. Ela parecia uma deusa de ébano, uma figura quase mítica de beleza e poder, cuja presença enchia o ambiente de uma tensão palpável. A maneira como ela carregava a si mesma, confiante e imponente, fazia com que tudo e todos ao redor parecessem insignificantes.

Ela caminhava com passos decididos em direção à porta, seus saltos quase silenciosos sobre o piso polido. Hugo, ainda atordoado pela visão, demorou alguns segundos para reagir. Quando finalmente conseguiu sair do transe, ele se interpôs no caminho dela, não por querer desafiá-la, mas porque algo em seu instinto o dizia que Hellen estava prestes a fazer algo arriscado.

"Aonde você pensa que vai, Explosão?", a voz de Hugo soou firme, mas carregada de preocupação.

Hellen parou, os olhos azuis frios se voltando para ele. Ela estreitou os olhos, o semblante imperturbável.

"Não lhe devo satisfações, Hugo", disse ela, com uma calma cortante. "Mas se quer saber, vou conhecer o tal festival."

Hugo franziu a testa, claramente desconfiado.

"Não sei se é prudente sair sozinha, senhorita", replicou ele, mantendo o tom firme e com um toque de sarcasmo, mas com uma sombra de preocupação sincera na voz.

Hellen respirou fundo, deixando o silêncio pesar no ar por alguns segundos antes de responder.

"Está duvidando das minhas habilidades?", perguntou ela, sua voz gélida, quase como um desafio. A ameaça implícita pairava entre eles, como se ela estivesse provocando Hugo a testá-la, a ver até onde iria.

Antes que Hugo pudesse responder, Cross apareceu no corredor, observando a cena. Ele caminhou até eles com calma, mas a presença do patriarca imediatamente fez Hugo recuar um passo. Cross olhou para a filha, os olhos estreitados, e disse com firmeza:

"Hugo tem razão. Não pode sair sozinha, Hellen."

A sala ficou em silêncio absoluto. Hellen lentamente se virou para o pai, cada movimento dela controlado e calculado.

"Eu não estou pedindo permissão", sua voz foi baixa, mas cada palavra carregava um peso de aço. "Seria capaz de matar vocês dois aqui e agora, se quisesse", completou, os olhos brilhando com uma intensidade feroz. "Portanto, acho que posso me cuidar em um festival de rua."

Cross a encarou em silêncio, sem qualquer traço de intimidação. Pelo contrário, o que ele sentia era um orgulho profundo. A ferocidade e determinação que ele via nos olhos da filha eram exatamente o que ele sempre quis que ela tivesse, a capacidade de enfrentar qualquer um sem medo, sem hesitação. Hugo, por outro lado, recuou completamente, ciente de que cruzar o caminho de Hellen naquele momento era uma má ideia.

Depois de alguns momentos em silêncio, Cross respirou fundo e, com uma leve inclinação de cabeça, disse:

"Certo. Se cuide."

Hellen o encarou por mais um segundo, depois se virou e caminhou em direção à porta, sem hesitar. Do lado de fora, o táxi aquático que ela havia chamado já a aguardava, balançando suavemente nas águas tranquilas do canal. Ela entrou no barco sem olhar para trás, sentindo a adrenalina pulsar em suas veias. O festival começava a se desenrolar pela cidade, e ela pretendia usá-lo como cobertura para sua verdadeira missão.

Ainda era cedo, pouco mais de nove horas da noite, e Hellen pediu ao motorista que a levasse ao local onde o Festival del Redentore estava acontecendo. Enquanto o barco deslizava pelos canais de Veneza, ela observava as luzes refletindo nas águas, criando um espetáculo quase hipnótico. O céu já estava escuro, mas a cidade estava mais viva do que nunca.

Chegando à área principal do festival, Hellen foi recebida por uma explosão de cores e sons. O Redentore era uma das celebrações mais grandiosas de Veneza, com suas raízes mergulhadas em um evento histórico e religioso. Lanternas flutuantes iluminavam as águas, enquanto barcos decorados com luzes coloridas cruzavam os canais, cada um mais enfeitado que o outro. As pessoas se aglomeravam nas ruas, vestidas de branco, vermelho e dourado, comemorando com alegria e entusiasmo. Músicas tradicionais ecoavam pelas vielas, e as risadas e conversas preenchiam o ar.

O aroma de comida fresca flutuava entre as barracas, onde chefs preparavam pratos típicos italianos, enquanto o vinho fluía abundantemente entre os participantes. Fogos de artifício começavam a iluminar o céu, lançando explosões de luzes que refletiam sobre as águas dos canais, como uma dança vibrante e caótica de cores. Hellen observava tudo com calma, seus olhos atentos a cada detalhe. O cenário era de celebração e alegria, mas para ela, era o cenário perfeito para se mover sem ser notada.

Ela caminhou entre as pessoas, observando a multidão e mantendo-se atenta a qualquer movimento suspeito. Era difícil não se deixar envolver pelo clima festivo, mas Hellen sabia que tinha uma missão. Cada passo que ela dava era calculado, e cada olhar que lançava era com o objetivo de estudar o ambiente. As risadas ao seu redor contrastavam com a tensão que ela carregava consigo, uma tensão que apenas ela parecia sentir naquele mar de euforia.

Ela estava completamente preparada, não apenas para o que poderia encontrar naquela noite, mas para qualquer eventualidade. Dentro da bolsa que carregava, suas armas estavam cuidadosamente escondidas, prontas para serem usadas se necessário. Hellen sabia que era uma noite de celebração para muitos, mas para ela, era uma noite de vigilância. Ela veria Mateo, e descobriria o que estava acontecendo. O que quer que estivesse se desenrolando, ela não seria pega desprevenida.

Com os fogos de artifício iluminando o céu sobre ela e o som da música enchendo o ar, Hellen continuou caminhando, seus olhos azuis brilhando com a determinação de uma mulher que estava pronta para qualquer coisa. Ela se misturava na multidão, mas nunca desaparecia completamente. Estava à espreita, observando, aguardando o momento certo para agir.