Linda e Perigosa

803 Words
As horas passavam lentamente, e Hellen sentia a tensão aumentar a cada minuto que se arrastava sem notícias de Mateo. Desde cedo, ela aguardava ansiosamente uma mensagem com o número do quarto dele, mas a tarde já estava terminando, e seu celular permanecia silencioso. As suspeitas de que algo estava errado só se intensificavam em sua mente. O comportamento de Mateo nas últimas semanas havia sido, no mínimo, estranho, e agora o silêncio dele só piorava a situação. Já eram seis horas da noite quando, finalmente, seu celular vibrou sobre a mesa. Hellen rapidamente pegou o aparelho, sentindo o coração acelerar, mas assim que leu a mensagem, uma sensação de desconforto cresceu dentro dela. "Estou na cobertura, quarto 115, mas se realmente for mandar algo, mande por volta das dez. Eu não estarei no quarto antes disso." Era a mensagem de Mateo, mas o que a incomodou foi a forma como ele terminou. Ele sempre finalizava suas mensagens com "Confie em mim, gata", uma frase que de certa forma a acalmava, uma espécie de promessa silenciosa de que ele estava no controle, de que tudo ficaria bem. Mas, desta vez, aquelas palavras estavam ausentes, como se a confiança entre eles tivesse se rompido em algum ponto. Ela suspirou profundamente, sentindo o peso da dúvida e da incerteza crescer ainda mais. "Não adianta ficar imaginando as coisas", pensou, forçando-se a manter a calma. Ela sabia que não poderia tomar nenhuma decisão precipitada. Precisava ver tudo com seus próprios olhos, precisava entender o que estava realmente acontecendo com Mateo. Mas o maior desafio agora seria sair sozinha, sem que seus seguranças ou, pior, seu pai, percebessem. Hellen sabia que qualquer passo em falso poderia arruinar seus planos. Mas naquela noite, o Festival del Redentore estava acontecendo, e isso lhe proporcionaria a desculpa perfeita. As ruas estariam lotadas, cheias de turistas e locais celebrando o evento, e isso poderia ser suficiente para que ela escapasse sem levantar suspeitas. Depois do jantar, quando a maioria dos homens da segurança e de seu pai estavam distraídos ou entretidos, Hellen subiu para seu quarto. Fechou a porta atrás de si e, por um momento, parou em frente à janela, observando o céu que começava a escurecer enquanto o brilho das luzes do festival refletia nas águas do canal. A noite prometia ser longa e cheia de perigos. Ela decidiu tomar outro banho, permitindo que a água quente ajudasse a clarear sua mente. Sabia que precisava se concentrar, planejar cada detalhe de sua saída, mas também sabia que precisava parecer natural, como se estivesse apenas saindo para aproveitar a festa. Após o banho, Hellen abriu seu armário e escolheu o vestido perfeito para a ocasião. Era um vestido preto, tomara que caia, que moldava seu corpo de forma impecável. O tecido fluía até o chão, mas deixava parte de sua barriga exposta em um corte ousado, enquanto uma f***a longa na lateral revelava a pele suave de sua perna. Era um vestido elegante e sedutor, mas com uma intenção clara: desviar os olhares de seu verdadeiro propósito naquela noite. Ela não seria apenas uma mulher bonita na multidão; Hellen seria perigosa. Prendeu seus cabelos no alto, mas deixou alguns cachos soltos, estrategicamente posicionados para emoldurar seu rosto. A maquiagem que aplicou era leve, porém realçava sua beleza de forma marcante, com um toque de mistério que complementava seu visual. Ao se olhar no espelho, ela sabia que estava deslumbrante, mas, mais importante, sabia que estava preparada. Sobre a colcha de sua cama, descansava um coldre com duas armas carregadas. Discretamente, ela colocou o coldre em seu corpo, ajustando-o para que ficasse imperceptível sob o vestido. Na pequena bolsa de mão que carregaria, além da maquiagem, ela guardava uma faca cuidadosamente escolhida. Pequena, porém letal, se atirada com destreza. Era uma arma com a qual Hellen estava mais do que familiarizada, tendo treinado inúmeras vezes até que o movimento se tornasse natural. Ela não estava apenas se preparando para encontrar Mateo. Estava se preparando para qualquer eventualidade. A sensação de perigo iminente fazia com que seus instintos se aguçassem, e ela sabia que não poderia subestimar o que a aguardava naquela cobertura. Depois de ajustar seu vestido e garantir que suas armas estavam perfeitamente escondidas, Hellen deu uma última olhada no espelho. Seus olhos azuis, intensos e decididos, brilhavam com uma frieza calculada. A imagem que ela via refletida era de uma mulher mortalmente bela, pronta para enfrentar o que viesse a seguir. Estava linda, sim, mas também estava perigosamente preparada. A noite estava apenas começando, e Hellen sabia que precisaria ser rápida e silenciosa em seus movimentos. Ela sairia com a desculpa de que queria ver o festival, mas seus olhos estavam voltados para algo muito maior do que as luzes e a música que tomavam as ruas de Veneza.
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