Aumento de segurança

962 Words
O dia finalmente amanheceu em Veneza, a luz suave do sol filtrando-se pelas cortinas pesadas do quarto onde Hellen estava hospedada. Ela acordou sentindo uma onda de excitação pulsando em suas veias, um sentimento que não conseguia conter. Aquela noite seria especial; ela veria Mateo, e algo no fundo de sua mente dizia que aquele encontro seria decisivo. Levantou-se com determinação, quase como se seus movimentos fossem conduzidos pela expectativa de tudo o que estava por vir. Ela tomou um banho longo e relaxante, permitindo que a água quente aliviasse a tensão que vinha carregando nos ombros. O vapor preenchia o banheiro, criando uma atmosfera de tranquilidade temporária, enquanto ela mentalmente organizava seus pensamentos. Assim que saiu da banheira, vestiu-se de forma prática, porém elegante, sempre atenta a como deveria se portar em qualquer situação que exigisse firmeza. Sabia que, naquele ambiente, qualquer detalhe importava. Quando desceu para o café da manhã, uma visão inesperada a aguardava. A mesa, que ela pensou que estaria ocupada pelos quatro homens que haviam viajado com ela e Cross, agora estava cheia de rostos novos. Homens duros, claramente mafiosos italianos, todos com a expressão tensa e focada. Hellen havia passado tempo suficiente nos galpões da máfia em Nova York para reconhecer quando algo estava errado. O ar na sala estava carregado de tensão, e ela pôde sentir isso assim que entrou. Ela manteve a postura firme, mas por dentro, seus instintos estavam em alerta. Seus olhos escanearam a mesa, observando cada detalhe com cuidado. A maneira como os homens estavam sentados, o modo como trocavam olhares furtivos e conversavam em tons baixos, tudo indicava que algo estava fora do normal. Sem hesitar, Hellen se virou para Hugo, que também parecia intrigado com a nova situação. "Onde está meu pai?" ela perguntou, em um tom firme, mas controlado. Hugo, um homem alto e musculoso com traços orientais, estava atento ao ambiente. Ele respondeu em um sussurro: "No escritório dele. Acho que ele nem dormiu." Hellen estreitou os olhos, sua mente começando a traçar possíveis cenários. Algo estava definitivamente acontecendo, e ela precisava descobrir o que era. "Bom, vamos ver o que está acontecendo," ela disse, sua voz decidida. Ela sabia que seu pai, Cross, não faria uma reunião daquele tipo sem um motivo sério. Ela e Hugo caminharam juntos até o escritório de Cross, os passos ecoando pelos corredores silenciosos da casa. Ao chegarem à porta, ouviram o som de Cross falando ao telefone, sua voz rápida e fluente em italiano. A conversa parecia urgente, e Hellen reconhecia a intensidade no tom de voz dele. Assim que Cross a viu entrar, acompanhada por Hugo, ele fez um sinal para que se sentassem. Hellen obedeceu, enquanto Hugo permanecia de pé, observando em silêncio. Cross continuou a conversa por mais alguns minutos, e, embora Hellen não pudesse entender tudo o que ele dizia, podia perceber que a situação era grave. Quando finalmente desligou o telefone, Cross foi direto ao ponto, sem rodeios. "A situação aqui na Itália parece estar mais volátil do que imaginávamos," ele começou, sua expressão séria. "Precisamos reforçar nossas forças, por isso chamei alguns homens antigos para aumentar nosso contingente." Hugo assentiu em compreensão, sabendo que, em situações como essa, reforçar a segurança era a primeira medida de precaução. Cross então fez um gesto discreto para que Hugo os deixasse a sós. Sem protestar, Hugo saiu do escritório, fechando a porta atrás de si. Agora sozinhos, Cross olhou diretamente para Hellen. Seus olhos brilhavam com a determinação de um homem que conhecia as sombras do poder. "Hellen," ele começou, sem qualquer suavidade, "parece que faz mais ou menos um mês que Mateo Castilho desistiu de tomar o comando da máfia do pai. Não sei exatamente o que isso significa, mas achei que você precisava saber." A expressão de Hellen não vacilou. Ela permanecia impassível, o rosto neutro, mas Cross conhecia sua filha bem demais para ser enganado. Ele podia ver que a mente dela estava trabalhando intensamente, processando a informação com cuidado. O treinamento rigoroso que ela havia passado a tornara fria e calculista em momentos de tensão. Ela não era mais impulsiva como antes, pelo menos não em situações de risco. Dentro da mente de Hellen, os pensamentos corriam a mil. Fazia exatamente um mês que Mateo começara a agir de forma estranha, mais reservado, como se algo estivesse pesando sobre ele. Agora, com as palavras de seu pai, os pontos começavam a se conectar. Um pressentimento sombrio se formava no peito dela, uma sensação de que algo grande estava para acontecer. Mas, em vez de deixar que suas emoções transparecessem, Hellen manteve sua fachada de calma. "Acho que vamos descobrir isso amanhã," ela disse, sua voz firme e controlada. Cross observou sua filha com atenção, mas não disse nada. Ele sabia que, apesar das palavras tranquilas de Hellen, algo mais estava acontecendo dentro dela. Seu instinto paternal o alertava de que Hellen estava planejando algo, algo que ela não compartilharia tão facilmente. Hellen, por outro lado, estava decidida. Embora tivesse dito a seu pai que esperariam até o dia seguinte, seus planos eram outros. Ela não iria esperar. Naquela noite, ela encontraria Mateo. Precisava confrontá-lo, entender o que estava acontecendo com ele e descobrir que tipo de ameaça estava se formando ao redor deles. Enquanto ela se levantava e saía do escritório, Cross continuava sentado em silêncio, observando a porta se fechar lentamente. Ele sabia que Hellen havia mudado. Ela estava mais fria, mais controlada. No entanto, algo dentro dele o incomodava profundamente. Ele sentia que, por mais que quisesse protegê-la, Hellen estava se envolvendo em algo que ele não poderia controlar. A noite caía lentamente sobre Veneza, e Hellen, com sua mente afiada, já estava traçando seu caminho para o encontro com Mateo.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD