45" Corações em fogo "

1753 Words
Priscilla Um mês depois Hoje era o dia da minha mudança para o morro. A casa estava exatamente como eu sonhava, com cada canto meticulosamente planejado e decorado com meu toque pessoal. Era um refúgio, um pedacinho de paz em meio ao caos do mundo lá fora. Eu, Kauã e Sophia, estávamos exultantes. Durante o trajeto, eles não paravam de conversar, rindo e brincando no banco de trás. A energia deles era contagiante, fazendo com que minha própria ansiedade se dissipasse aos poucos. Chegamos em frente à casa, e lá estavam os amigos do Pesadelo, como ele havia prometido, prontos para nos ajudar com as malas. Eu observava tudo com um sorriso nos lábios, aliviada e grata por ele estar sempre presente nos momentos importantes, mesmo que de forma sutil. Sophia, com sua energia incansável, disparou em direção ao seu quarto assim que cruzamos a porta. Ela correu de um lado para o outro, examinando cada detalhe do espaço que eu havia decorado com tanto amor. O quarto era um verdadeiro conto de fadas: as paredes em tons suaves de rosa e branco, com prateleiras repletas de livros e brinquedos, uma cama com dossel de tule que ela havia pedido há meses. Ver o sorriso no rosto dela era a minha maior recompensa. Com a ajuda dos meninos, conseguimos organizar tudo mais rápido do que eu esperava. A casa ganhou vida à medida que cada móvel encontrava seu lugar, e eu sentia que finalmente estávamos prontos para recomeçar. Fui para a cozinha preparar o almoço. Decidi fazer um strogonoff, o prato favorito do Pesadelo, e sabia que ele viria almoçar conosco hoje. Não demorou muito para ele chegar. O barulho familiar de sua moto anunciou sua chegada, e Sophia, com sua empolgação característica, correu para recebê-lo. Sophia _ Papai! Vem vê meu quato! _ ela exclamou, pulando nos braços dele e o puxando para subir as escadas, ansiosa para mostrar cada detalhe do novo espaço. Eu os observava de longe, com um sorriso no rosto, enquanto colocava a mesa. Pesadelo sempre teve um jeito especial com Sophia, e vê-los juntos aquecia meu coração de uma maneira que eu m*l conseguia descrever. Pouco tempo depois, eles voltaram à cozinha. Pesadelo, como sempre, com um comentário na ponta da língua: Pesadelo _ c*****o! Que casa f**a, tá melhor que a minha! _ ele disse, rindo, enquanto olhava ao redor, admirando o ambiente. Kauã, sempre orgulhoso da mãe, não perdeu a chance de me elogiar também: Kauã _ Claro, né c*****o, minha irmã é f**a pra p***a! _ respondeu ele, com um sorriso satisfeito. Senti o calor subir até o rosto com tanto elogio, mas tentei disfarçar a timidez. Priscilla _ Não é pra tanto, né gente? _ falei, tentando manter a modéstia. _ Vem, coloquem comida pra vocês. Sophia, vem almoçar, minha filha! Enquanto servia os pratos, Sophia me surpreendeu com uma pergunta que há muito eu sabia que chegaria, mas que ainda assim me pegou desprevenida: Sophia _ O papai vai molar com a gente, mamãe? _ ela perguntou, olhando para mim com aqueles olhos grandes, cheios de esperança. Senti o olhar do Pesadelo sobre mim, e respirei fundo antes de responder com cuidado. Priscilla _ Por enquanto não, meu amor. Ele vai continuar visitando a gente, mas morar aqui ainda não está nos planos. _ Minha voz era suave, mas firme. Eu sabia que Sophia precisava de clareza, mas também não queria alimentar expectativas que talvez não se realizassem. Pesadelo, sempre o mestre em mudar de assunto, abriu um sorriso e perguntou: Pesadelo _ Vai ter baile amanhã, tú vai, né amor? Balancei a cabeça, sorrindo de leve. Priscilla _ Acho que não, Diogo, tem a Sophia, lembra? Ele não se deu por vencido. Pesadelo _ Deixa ela com minha mãe, c*****o! Sophia riu alto, divertindo-se com o palavrão que escapou do pai. Sophia _ Calaio! _ disse ela, imitando o jeito exagerado dele. Priscilla _ Sophia, não pode falar essas coisas! _ corrigi-a rapidamente, tentando segurar o riso. Sophia _ Mas o papai falou! Suspirei, tentando manter a seriedade. Priscilla _ É, mas isso é feio, filha. Quando você ouvir seu papai dizendo isso, você xinga ele, tá bom? _ falei, olhando para ela com uma expressão que eu esperava que fosse firme, mas que, no fundo, escondia a diversão. Ela assentiu, levando a bronca com a maturidade que só as crianças têm. Pesadelo riu, com um olhar envergonhado. Pesadelo _ Foi m*l aí, esqueci da pequena! _ disse ele, dando um sorriso que misturava arrependimento e ternura. Almoçamos juntos, e foi um momento de tranquilidade em meio à loucura da mudança. Depois que ele foi para a boca e Kauã saiu para a casa de um amigo, eu aproveitei o tempo com Sophia. Estava dando banho nela quando recebi uma mensagem urgente da Fernanda. Meu coração apertou de imediato, pois Fernanda nunca pedia ajuda sem um motivo sério. Assim que terminei de colocar Sophia para descansar, recebi Fernanda em casa. Ela chegou com o rosto inchado e os olhos vermelhos, evidências claras de que havia chorado muito. O coração acelerou ao vê-la naquele estado, e corri para abraçá-la, preocupada. Priscilla _ Meu Deus, menina, o que aconteceu? _ perguntei, tentando acalmar a ansiedade que começava a tomar conta de mim. Ela não disse nada, apenas tirou algo do bolso com as mãos trêmulas e me entregou. Três testes de gravidez. Todos positivos. Senti o mundo ao meu redor parar por um momento, enquanto o desespero se estampava nos olhos dela. Priscilla _ Mentira? Meu Deus, Fernanda, você contou pro Th? _ perguntei, ainda processando o que estava acontecendo. Ela balançou a cabeça, parecendo perdida. Fernanda _ Ainda não... Eu não sei como contar para ele. Nem sei se ele quer ter filhos. Estou fodida, amiga, e agora? Senti o coração apertar por ela, mas respirei fundo e tentei manter a calma para tranquilizá-la. Priscilla _ Calma, amiga, relaxa. Th adora criança! Você tem que ver ele com a Sophia, é um amor. Ele vai adorar ter um filho agora, ainda mais com você _ falei, tentando acalmá-la enquanto a abraçava com força. Ela suspirou, tentando absorver minhas palavras, mas eu podia ver o medo ainda presente em seus olhos. Decidimos fazer uma surpresa para Thiago, então fomos ao shopping comprar algumas coisas para tornar o momento especial. Voltei para casa, vesti uma roupa mais arrumada em mim e na Sophia, e nos encontramos novamente. Quando voltamos para a casa de Fernanda, o nervosismo dela parecia ter triplicado. Ela mandou uma mensagem para o Thiago, pedindo para ele vir, e ele respondeu que estava a caminho, junto com o Pesadelo. Enquanto Sophia dormia, ficamos esperando. Fernanda andava de um lado para o outro, mexendo nas mãos e mordendo o lábio, claramente agitada. Priscilla _ Amiga, calma. Vai dar tudo certo. Diogo e Thiago vão adorar saber disso! _ tentei tranquilizá-la, mas nem mesmo eu tinha certeza de como seria a reação deles. Pesadelo _ Vou adorar saber do que? — perguntou entrando na casa de uma vez, com aquele sorriso típico de quem espera uma surpresa. Thiago completou: Th _ É, pô, vamos adorar saber do que? Fernanda, com o coração na mão, pediu que eles se sentassem e entregou a caixa para os dois. Eles abriram lentamente, e ao ver os testes, seus olhos se arregalaram em choque. O silêncio que se seguiu foi sufocante, e eu sentia meu coração acelerar com cada segundo que passava. O olhar de Thiago ficou paralisado, fixo nos testes. Pesadelo, ao lado dele, alternava entre olhar para Fernanda e para os testes, sem entender direito. Priscilla _ Dá pra falar alguma coisa? Está deixando a Fernanda e eu preocupadas, c*****o! _ falei, tentando aliviar a tensão com um tom mais firme. Finalmente, Thiago se levantou, e um sorriso enorme se espalhou pelo rosto dele. Ele abraçou Fernanda com força, quase levantando-a do chão. Th _ c*****o, amor! Sou o cara mais feliz do mundo, p***a! Estou com a mulher que eu amo e ainda vamos ter um filho, c*****o! _ Ele a beijava repetidamente, enquanto Fernanda ria, aliviada e emocionada. Eu sorri, sentindo um peso sair dos meus ombros. Olhei para o Pesadelo, mas ele ainda estava sentado, segurando os testes, com uma expressão estranha no rosto. Priscilla _ O que foi, amor? Que cara é essa? _ perguntei, sentando ao lado dele, preocupada com o silêncio dele. Ele olhou para mim, e pude ver lágrimas se formando em seus olhos. Pesadelo _ Podemos conversar ali fora? _ falou triste enquanto me olhava fixamente. Concordei, segurando em sua mão e fui com ele até a área externa. Priscilla_ O que foi meu amor? _ fiquei de frente pra ele Pesadelo _ Eu achei que fosse você. _falou, me olhando. Priscilla _ O quê? Achou que fosse eu o que? _ o olhei, confusa Pesadelo _ Achei que você que estava grávida, por um momento eu senti essa esperança, de ter um filho. Priscilla _ Amor..... _ segurei seu rosto com as duas mãos_ Eu sinto muito, mas você já tem uma filha, a Sophia, ela ama você, lembra? Pesadelo _ Eu sei, só que, eu queria ter essa sensação, de saber que a mulher que eu amo está esperando um filho meu, queria ouvir o coraçaozinho dele bater, queria ver ele nas ultrassons_ limpei uma lágrima que escorreu de seus olhos _ Era para eu ter um filho, de dois anos. _ revelou Priscilla _ Como assim? _ o olhei confusa Pesadelo _ Eu tive um caso com uma mulher a uns anos, ela acabou engravidando, só que, ela não gostava de criança, e desde que descobriu a gravidez ela quis abortar, mas eu não deixei, eu queria aquele filho, mas.... _ fez uma pausa respirando fundo _ Ela, ela acabou não se cuidando direito, e perdeu o bebê, com seus meses de gestação, eu perdi a chance de ver meu filho nascer. _ Falou com a voz embargada. Priscilla_ Eu sinto muito, meu amor, de verdade. Sei que nenhuma palavra vai ser o suficiente para de confortar, mas espero que essa dor se transforme em saudade serena. Sei que é difícil perder alguém que amamos, não sei o que faria se perdesse a Sophia, mas pense que não foi um adeus e sim um até breve. _ falei fazendo carinho em seu rosto Pesadelo _ Você é a mulher da minha vida, eu te amo! _ disse olhando nos meus olhos com sinceridade.
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