46" Noite de Natal "

1329 Words
Pesadelo Meses se passaram desde aquela época, e o final de ano finalmente chegou. Havia uma energia no ar que anunciava a chegada das festividades. Para mim, a verdadeira alegria estava em poder compartilhar esses momentos com minha filha, minha família e, claro, com a mulher que amo. Eu estava radiante ao vê-la empolgada com o novo trabalho na loja da mãe, onde começou como modelo. Apesar das preocupações que tive no início, a verdade é que ver a Priscilla tão feliz e realizada era o que realmente importava. Nesse clima de celebração, a vida seguia. Minha irmã, estava com sete meses de gravidez. Sua barriga já se destacava bastante, mas o que chamava atenção mesmo era o humor dela, que tinha ficado ainda mais exigente. O Th, estava praticamente enlouquecendo com as mudanças de temperamento dela. Mas era o esperado — afinal, carregar uma vida dentro de si não era uma tarefa fácil. Hoje fui à casa da Priscilla para ver minha pequena Sophia. Ela estava brincando no chão com um ursinho que eu havia dado a ela. A cena era encantadora; aquele sorriso inocente enchia meu coração de felicidade. Pesadelo _ Deixa o papai tirar uma foto sua, filha. _ Eu pedi, tentando capturar o momento perfeito. _ Cadê a safada da sua mãe? _ brinquei, sorrindo para minha pequena, que riu em resposta. Aquela risada iluminou meu dia. De repente, ouvi passos na escada. Priscilla descia com uma expressão levemente irritada, e sua voz soou cheia de reprovação. Priscilla _ Diogo! Já falei para não falar essas coisas perto dela! _ Sua irritação tinha um tom familiar, mas eu sabia que ela estava apenas preocupada com a nossa filha. Pesadelo _ Foi m*l, amor. _ Respondi, tentando suavizar a situação. _ O que você estava fazendo? Ela passou por mim, e eu não consegui desviar o olhar dela. Mesmo depois de tanto tempo, a presença dela ainda tinha esse poder sobre mim. Priscilla _ Estava arrumando a bagunça que a Sophia fez lá em cima. Onde vamos passar o Natal, hein? _ perguntou enquanto se sentava no meu colo, o gesto tão natural como respirar. Pesadelo _ Lá em casa. Minha mãe já falou com a sua mãe. _ respondi, acariciando o rosto dela. Ela revirou os olhos, mas não pôde esconder o sorriso. Priscilla _ E você não me fala nada, seu i****a. Como a Fernanda está? Ontem ela me disse que estava com dor nas costas. Pesadelo _ Aquela chata está lá, morando com o Th. Que dia você vai me chamar para morar aqui com você, amor? _ perguntei, beijando o pescoço dela, o que fez Priscilla rir. Priscilla _ Ninguém te quer aqui, Pesadelo. _ brincou ela, rindo enquanto me dava selinhos. _ Você só vai morar comigo quando me pedir em namoro. Aí, talvez eu pense no assunto. Eu a encarei, surpreso. Pesadelo _ Pedido de namoro? Maluca, a gente já está junto há seis meses. Isso já é namoro, não é? Ela sorriu de forma provocadora. Priscilla _ Você me pediu em namoro? Não? Então, não estamos namorando. _ disse, desafiando-me com o olhar. Depois de passar um tempo com ela e nossa filha, fui para a boca, onde encontrei o C2 e o Th. O clima entre nós sempre era leve, cheio de provocações e risadas. Pesadelo _ Quem é vivo sempre aparece, né, seu fdp? _ falei, fazendo um toque com eles. C2 _ E aí, chefe. Depois da última missão, quero um aumento. Quase morri duas vezes. _ reclamou o C2, arrancando risadas de todos nós. Th _ Vaso r**m não quebra, meu querido. _ respondeu o Th, dando um tapa na cabeça do C2. Pesadelo _ Vocês estão animados para o Natal? _ perguntei, tentando mudar o rumo da conversa. Th revirou os olhos. Th _ Animado pra c*****o. Não vejo a hora de me livrar da sua irmã. A mina está chata pra c*****o. _ rimos, mas eu sabia que, no fundo, ele estava preocupado com Fernanda. Pesadelo _ A Priscilla também está com essas ideias de pedido de namoro. Veja se pode uma coisa dessas. Estamos juntos há seis meses, já é namoro. _ falei, exasperado. C2 deu um suspiro dramático. C2 _ Vocês são uns filhos da p**a mesmo, né? Não sabem ser românticos. Um reclama que a mina está chata, sendo que ela está grávida. E você, Pesadelo, reclamando de pedido de namoro. Já deviam estar casados, p***a. Ri, mas a verdade é que as palavras dele me atingiram. Antes que pudesse continuar a conversa, meu celular tocou. Era o Murilo, pai da Priscilla. Ele nunca ligava sem motivo. Ligação On Pesadelo _ Fala, Murilo. _ atendi. Murilo _ Pesadelo? Fiquei sabendo que o Emanuel vai tentar invadir o morro hoje à noite. Protege minha filha e minha neta! _ a preocupação na voz dele era palpável. Pesadelo _ Bem um dia antes do Natal, Murilo? Isso é pecado, né não? _ tentei aliviar a tensão com uma piada, mas ele não parecia estar no clima. Murilo _ Vai se f***r, Pesadelo. Tô falando sério. _ respondeu ele, antes de desligar. Ligação Off Voltei meu olhar para o Th e o C2. Pesadelo _ Avisem os caras para se prepararem. Vai rolar invasão hoje à noite. Vou até a casa da Priscilla para avisá-la. Fui o mais rápido que pude para a casa dela. Quando entrei, encontrei Priscilla deitada de costas enquanto a Sophia fazia uma massagem improvisada nas costas da mãe. Pesadelo _ Está fazendo minha filha de escrava? _ falei, rindo ao ver a cena. Priscilla sorriu, mas logo percebeu a seriedade no meu olhar. Priscilla _ O que foi, Diogo? _ perguntou, se sentando na cama com cuidado para a Sophia não cair. Pesadelo _ Pega uma roupa para você e para a Sophia. Vocês vão dormir lá em casa hoje. _ falei, com uma voz que não deixava espaço para discussão. Ela me olhou de maneira desafiadora. Priscilla _ Você está me pedindo ou mandando? Já falei que quero ser tratada com respeito. Suspirei. Pesadelo _ Vai ter invasão hoje à noite, amor. Preciso que você, a Sophia, minha mãe e a Fernanda fiquem seguras no cofre lá de casa. Quero vocês trancadas até tudo terminar. Ela assentiu, finalmente percebendo a gravidade da situação. Pegamos nossas coisas e levamos Sophia para minha casa. Depois de deixá-las em segurança, voltei para a boca. O tempo parecia passar mais devagar enquanto a tensão no ar aumentava. Meu coração estava disparado, uma mistura de medo e preocupação pela Priscilla, nossa filha, e todos que estavam ao meu redor. Enquanto tentava manter o foco, os tiros começaram. Eu sabia que a batalha havia começado. Na casa Priscilla e as outras estavam trancadas no cofre. Sophia, milagrosamente, havia adormecido apesar do som dos tiros que ecoavam lá fora. Priscilla tentava manter a calma, mas a situação era assustadora. — Fernanda, se acalma. Beba um pouco de água. Você precisa se manter tranquila pelo bebê. _ disse Priscilla, tentando ser o mais reconfortante possível. — Eu não posso perder o Th e o Pesadelo, Priscilla. Não posso. — disse Fernanda, com lágrimas nos olhos. Priscilla segurou a mão dela. — Vai dar tudo certo. Fique tranquila. Eles vão voltar. Duas horas se passaram, e o som dos tiros finalmente cessou. Estavam ainda no cofre quando ouviram passos se aproximando. O coração de Priscilla quase parou, mas logo a porta se abriu, revelando Th, coberto de suor, mas ileso. Fernanda praticamente pulou em cima dele, chorando de alívio. Priscilla, no entanto, olhava ao redor, procurando por alguém. — Cadê o Pesadelo, Thiago? — perguntou, a ansiedade crescendo no peito. Th hesitou por um momento, o que fez o coração de Priscilla gelar. — Cadê o meu filho, Thiago? — A voz de Júlia, mãe de Pesadelo, ecoou pelo quarto. O desespero na voz dela era palpável. — Por favor, não me diga que ele morreu!
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