Capítulo XV

2340 Words
Henrik Cartier. As minhas noites não são mais tão satisfatórias. As minhas responsabilidades sempre foram dobradas e minuciosamente cumpridas, em relações a todos os outros, mas agora eu estou na frente de tudo que concerne ao reino, diretamente. Responsável pelo reino, responsável pelos meus irmãos, e responsável por manter toda uma linhagem e reputação intacta. O que nunca foi um grande problema, mas com certeza não é a minha atividade favorita. Horas passaram-se e o que fiz, foi simplesmente gerir os assuntos do reino, conforme a orientação do antigo monarca, no caso, meu pai e simplesmente assumir todas as responsabilidades administrativas, políticas e sócio-económicas do reino. Elas não são poucas. A madrugada chegou e conseguiu deixar-me mais entediado e a única solução para espairecer a minha cabeça, antes que a Christine chegue e eu simplesmente isso se torne definitivamente impossível, eu saio do meu escritório e caminho até ao estábulo para pegar o meu cavalo. - Oh, hey grandalhão! - eu falo ao escutar o relinchar do meu cavalo assim que me vê, o oferecendo uma maçã, enquanto o equipo. - O que acha de um passeio? - eu o questiono e o mesmo relincha novamente em concordância e eu bato o seu dorso sorrindo, com o meu parceiro das madrugadas. A sua pelugem é n***a como a melhor parte do dia, ao menos a minha favorita, à noite, camuflagem perfeita para as nossas atividades clandestinas para a minha diversão e para a p******o de um possível escândalo. Saio com o cavalo do estábulo retraçando o meu caminho para fora daqui, cavalgando vagarosamente, para que ninguém denote os sons do galope, quando ao chegar próximo à saída, escuto o som do galope duplicar, o que me faz desacelerar ainda mais e sorrir sabendo quem me segue. - Eu sei que você é o primeiro filho, mas devia parar de agir como filho único e compartilhar das coisas boas com o seu irmão mais novo. - o Charles diz se aproximando com o seu cavalo e eu sorrio. - Eu podia, mas eu estou procurando ser um irmão mais velho responsável, não quero que o meu irmão mais novo e segundo na sucessão do reino, cause uma polémica distribuída pelos mensageiros, assim que amanhecer. - eu falo sarcasticamente e ele sorri, revirando os olhos. - Nós temos dois anos de diferença, Henrik. - ele diz, me fazendo sorrir. Realmente é engraçado como poucos anos de diferença conseguem transformar os nossos destinos tão facilmente. Uma corrida noturna com o Charles foi perfeita para espairecer, eu acho que os dois estávamos a precisar disso. - Você não me contou que esse é o seu novo ponto secreto. - o Charles comenta animado, após os guardas levarem os cavalos da entrada, quando chegamos a casa aonde as melhores concubinas estão. - Eu queria que se mantivesse secreto. - eu o respondo, subindo. - Possessivo até com as concubinas, Henrik? - ele questiona irónico enquanto entramos e eu não vou mentir... Talvez eu seja. - Vossa alteza real. - a Márcia, uma das minhas concubinas favoritas fala com um sorriso obsceno e animado no seu rosto, onde sem vergonha ela se aproxima de mim. - Que honra puder recebê-lo, príncipe Charles. - ela diz para o Charles que está sendo arrastado daqui pelas restantes das concubinas e ele dá uma piscadinha de olho, recebendo a taça de vinho de uma delas e desaparecendo por uma das portas, e é o mesmo que eu faço. Infelizmente a madrugada é sempre mais divertida, mas é curta. - Eu achei que me iria esquecer, com a sua coroação se aproximando. - ela diz, me despindo enquanto eu sinto o seu cheiro intoxicante e sedutor enquanto ela desce, e as demais agraciam-me com os seus toques. A questão é simplesmente: Por que o cheiro dela me faz pensar instantaneamente na estrangeira de personalidade irreverente dentro do meu palácio, quando nem sequer possuem o mesmo cheiro? - Não se livrará de mim tão já, Márcia. - principalmente se continuar desse jeito. Ela sorri para mim, levantando os seus olhos escuros e sedutores como a noite de joelhos diante dos meus pés. - Eu fico muito feliz por saber disso... - ela diz, me agraciando com a visão dos seus belos lábios fazerem o que eu mais gosto que façam e ela sorri novamente para mim enquanto eu a observo, me divertindo com o quão libertina ela é. - Meu príncipe. - ela conclui obscena. A madrugada podia ser mais longa, principalmente com mais cinco dela, porém, ela não é, então nós retornamos ao palácio antes que o sol nascesse, para que pudéssemos receber a Christine, que com certeza está pronta para tomar a dianteira de tudo que a convém e que também, não. Mas ter ela por perto, jamais será um estorvo muito pelo contrário. Eu fui para os meus aposentos, tomar um banho e preparar-me para o dia que segundo a minha agenda será deveras corrido, e o Charles foi fazer o mesmo. Estava prestes a sair dos meus aposentos para ir ao escritório antes que a Christine retornasse, quando três batidas soam pelo meu aposento me deixando intrigado, e em seguida as portas são abertas revelando a Cora para a minha surpresa. Eu esperava ver o Virgil ou o chanceler me importunando tão cedo, menos ela. - Cora. - eu falo a observando já arrumada. Então ela não está acordada a esse horário porque passou horas vagando pelos jardins. - Bom dia, meu irmão! - ela diz entrando vindo até mim, animada. Então ela está animada também, isso é bom. Seja lá a causa de tanta animação, eu também estou animado por vê-la desse jeito. É incrível o quanto ela se parece com a nossa mãe, o seu cheiro é idêntico ao dela. Após receber o seu abraço, eu volto a encará-la, intrigado agora. - O que faz acordada tão cedo? - eu questiono-a, terminando de fechar os botões no punho do terno e ela dá de ombros como se fosse óbvio. - Vou ajudar a senhorita Celleney a preparar-se para o pequeno-almoço. - ela diz, e humn... Com que então a estrangeira despertou novamente a animação da minha irmã mais nova. - Tudo bem. - eu digo. - Veio aqui apenas para me dizer isso? - eu a questiono e ela sorri, me encarando. - Vai conseguir realmente ajudá-la? - ela me questiona e eu a encaro. - Eu trouxe-a para isso. - eu falo saindo dos meus aposentos com ela. - Ela chorava imenso ontem. - ela comenta e eu observo-a contar. - Não deve ser fácil perder a memória de repente e acordar num lugar completamente desconhecido. - ela comenta pensativa e volta o seu olhar para mim. - Acha que ela bateu com a cabeça? - ela questiona-me e eu suspiro internamente. Eu não quero que ela se aproxime assim e se apegue tão rapidamente a uma moça desconhecida. - O médico afirmou que não. - eu lhe digo e ela assente voltando a olhar para frente e eu observo o seu olhar se tornar aéreo novamente. - Ela não foi espancada... - ela se coloca a pensar. - Ela realmente gosta daquele acessório no seu pulso. - ela também comenta inocentemente. Mas eu preciso que ela se preocupe com outras coisas agora. - A tia Christine chegará daqui a pouco, deve se apressar em ajudá-la, e ir praticar o seu piano antes que ela chegue. - eu digo buscando cortar o seu raciocínio e ela me encara. - Está sugerindo que eu toco m*l, irmãozinho? - ela questiona desconfiada e eu sorrio, e dou de ombros. - Talvez um pouquinho. - eu a provoco. Ela é uma pianista excecional. - Henrik! - ela exclama indignada, me fazendo rir. - Vá. - eu digo, e ela sorri levantando as suas sobrancelhas, espevitada. - Eu vou. - ela diz caminhando mais adiante. - Mas fique sabendo que eu estou um triz de tocar melhor que você. - ela fala e eu sorrio. - Depois eu confirmo se isso é verdade ou não. - eu a respondo e ela revira os olhos sorrindo, e se vai. Eu limito-me simplesmente em entrar no meu escritório, e foi só me sentar para que o chanceler viesse me dar mais uma das suas visitas diárias, com esse longo rolo de papel que me assombra noite e dia. - Vossa alteza real. - ele saúda novamente fazendo a reverência e prossegue falando, porém, nenhuma das informações balbuciadas por ele me interessam - Me fale sobre o que eu quero saber. - eu falo o cortando e o seu rosto ruboriza, e ele assente baixando subtilmente a cabeça. - Não existe qualquer informação sobre a estrangeira senhor, todos afirmam não ter visto movimento diferente algum, todas as trocas, partidas e chegadas no Porto foram minuciosamente alistadas, e nenhum dos responsáveis pela segurança e sequer os marinheiros viram algo estranho ou trouxeram mais tripulantes nos navios do que o registado. - ele afirma e eu assinto, pensando no quão a aparição dela não podia ser mais estranha. - Ela é como… - ele se aproxima da minha mesa subtilmente como se me fosse confidenciar algum segredo. - Um fantasma, vossa alteza real. - ele diz receoso e eu suspiro o encarando. Era só o que me faltava. Qual será o conceito de fantasma do meu chanceler? Estou curioso para saber, agora. - Eu quero que continue investigando. - eu falo e ele assente engolindo em seco e se afastando. - De algum lugar ela deve ter chegado. - e com certeza qualquer um se aperceberia da sua presença. - Certo. - ele diz fazendo a reverência. - Com a vossa licença, vossa alteza. - ele fala e eu faço um simples gesto permitindo a sua saída. Que moça misteriosa. Eu voltei às minhas obrigações tentando tirá-la da minha cabeça por enquanto e assim foi, até o Virgil e o Charles aparecerem à minha porta. - Com que então, foram se divertir sem mim ontem. - o Virgil fala e eu me encosto a poltrona suspirando, e os encarando. Eu nunca vi homem mais fofoqueiro que o Charles, e mais ciumento que o Virgil. - O que aconteceu? - eu os questiono, porque quero eu presumir que os dois não vieram para o meu escritório por isso. - A carruagem da duquesa de Aldercrest está próxima aos portões do palácio. - o Virgil diz e eu suspiro assentindo e levanto-me. Espero que a senhorita Celleney compactue, pois caso contrário, o seu caso vai se tornar mais um dos eventos que causará rumores no reino e com certeza não será comigo com quem ela terá de lidar agora, ou até mesmo com a Lyra, e sim com a Christine, que é um amor de pessoa, mas pode ser também o pior pesadelo de qualquer um. Espero eu, que ela tenha repensando a sua pequena desculpa de ontem e me conte toda a verdade, para que eu realmente a possa ajudar. - Ótimo. - eu falo, e saio com eles para puder recebe-lá. Ela pode estar com uma falha na memória, mas com certeza está escondendo alguma coisa. Em instantes estávamos na entrada do palácio aonde a sua carruagem estacionou, de onde ela desceu nos segundos seguintes, com a sua vigorosa postura. Não tenho certeza se mencionei, mas se tem uma duquesa que eu sou fascinado é ela, por mais que me tire a paciência em diversas ocasiões. O seu sorriso ao sair da carruagem, fez com que automaticamente sorrisos tomassem os nossos rostos também. Exceto no da Cora, pois a mocinha simplesmente não apareceu e essa foi uma das primeiras questões feitas por ela. - Onde está a Cora? - ela questiona para a Lyra. - Provavelmente dormindo. - ela responde. - Ela acordou faz tempo, provavelmente está na sala de música. - eu digo. - Ela se esqueceu que eu chegaria? Deixe-me ver onde está essa mocinha. - ela diz. - Eu vou consigo. - a Lyra diz, aparentemente ainda chateada com a nossa pequena conversa ontem. - Eu vos encontro na sala desjejum em alguns minutos. - a Christine afirma, e é para lá que vamos. - Ela já sabe da nossa pequena visitante? - o Virgil questiona assim que entramos na sala. - Você acha que se a Christine soubesse ela estaria atrás da Cora, agora? - o Charles questiona, e o mesmo suspira dando de ombros. - Querendo como não, com certeza hoje ela contará a verdade. - o Virgil diz com uma certeza que me faz duvidar se a abordagem com a Celleney foi dentro dos limites. Inúmeras assunções podem ser feitas por conta do seu aparecimento repentino, mas até que se saiba a verdade, é necessário que não a acusem de nada injustamente, eu espero que não tenha sido o que ele fez. Depois de algum tempo elas vieram para a sala, e o momento de alertar a Christine que temos uma pequena visita no palácio chegou. E eu não esperava que a sua aparição fosse me surpreender também. Os meus olhos acompanharam os movimentos dela, desde o momento em que ela apareceu na porta. Eu não sei o que eu esperava que ela vestisse hoje, mas com certeza, tudo assenta perfeitamente o seu corpo esbelto, o tom da roupa complementa o seu tom de pele. E o quão atraente ela é, chega a ser inegável até para a Christine que armou todo um interrogatório logo em seguida e até que tudo se tornasse um caos novamente, eu continuei observando cada expressão facial enquanto supostamente ela conta o que aconteceu. Definitivamente ela está escondendo alguma coisa, e o que não era suposto ser um problema está conseguindo me deixar mais intrigado do que devia. O acessório no seu pulso, continua me chamando atenção, e ela não parece querer se ver distante dele tão já. Eu me questiono se esse acessório pode ter alguma conexão com a forma que peculiar que a encontrei.
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