Capítulo XIV

1429 Words
Celleney Peny. Eu estou a tentar permanecer controlada. Mas eu não estou conseguindo. Você estaria controlada no meu lugar? Eu duvido que sim. - Celleney, não precisa... - agora a duquesa fala, mais subtil, mas eu quero falar agora, eu não quero que ela me cale até ela escutar o que eu tenho para dizer. - Precisa, claro que precisa. - eu digo a encarando. - O seu filho, m*l-educado, simplesmente sugeriu que eu planeei acordar no chão lamacento, de uma floresta com bichos, numa rua deserta, sozinha, com chance de aparecer algum malfeitor e ser estuprada, simplesmente para me atirar para qualquer um deles. - eu falo e vejo o mesmo arregalar os olhos, e a sua boca se abrir, mas ele não diz nada, aparentemente ele não estava à espera que eu falasse isso. O olhar do Henrik literalmente aniquila o Virgil e ele recebe o mesmo olhar do Charles e da Cora. A Lyra e a duquesa se mantêm caladas agora me observando, diria que em choque. - Eu tenho educação e dignidade o suficiente, para não me colocar em tamanho risco por homem algum. - eu deixo claro para eles e eu suspiro fundo, passando a minha mão no rosto rapidamente para limpar a lágrima que espreitou o meu olho os encarando. - E se for usar o seu cérebro um bocado Virgil, duque de Aldercrest, vossa alteza real. - eu pontuo o encarando sarcasticamente e ele me encara diretamente nos olhos. - Acha que a vossa segurança é fraca? - eu questiono-o e ele leva o olhar para o Henrik e depois para a sua mãe, diria eu que receoso. - Acha que o príncipe herdeiro do reino é e******o? - eu aumento mais lenha na fogueira. E sons de exclamação e surpresa saem dos lábios deles e ele gagueja sem balbuciar nem uma palavra. - Como eu saberia quem passaria por lá e de onde o... a vossa alteza real, viria? - eu o questiono curiosa para entender como ele esperava que eu soubesse. - Acha que eu me jogaria na floresta com um plano que podia falhar se o seu primo simplesmente mudasse a rota? - eu questiono-o sem parar de o encarar. Os meus primos são todos homens, os deixar calados em qualquer assunto sempre foi o meu hobbie favorito. - Plebeias desesperadas fazem tudo para mudar de vida, mesmo sendo impossível. - a Lyra fala, e eu levo o meu olhar para ela, já não aguentando me manter sentada de tão inconformada que eu estou. Isso é demais para mim, eu que me vire depois, mas esse tipo de problema é o que eu menos preciso. Mas antes eu vou dizer umas boas. O que mais eu tenho a perder? Eu já estou no final do mundo, onde judas bateu as botas, como se diz. Nem sequer sei como farei para voltar. - As roupas que você julgou ontem, compram terras aqui no seu reino. - eu falo a encarando na pupila. - O brilho da saia, são cristais. - eu falo e vejo a mesma ruborizar. Por isso eu falei que tem maneira de lavar a minha roupa... Eu juro que eu sou mais humilde que isso, mas me deixem ser um pouco desumilde com eles, porque estão-me abusando demais. Principalmente a bela princesa Lyra. Eu não tenho nenhum título de princesa, mas eu sou a princesa do meu avô, vulgo cientista dentro do armário louco, e dos meus pais. - Eu garanto para você que eu não sou desesperada por fortuna e nem por homem algum, Lyra. - eu deixo claro e vejo ela engolir em seco e volto o meu olhar para o duque. - Se eu quisesse fazer alguma coisa contra o príncipe herdeiro, pois, estão me tratando como se eu fosse não só uma oportunista, mas como uma assassina, eu garanto que eu teria tido essa oportunidade no caminho para cá. - eu lhe digo, e ele fica caladinho. Exatamente como eu queria. Eu suspiro e olho para a duquesa. - A sua sobrinha me destratou ontem, e eu realmente percebo o quão não é legal ter uma desconhecida sentada a sua mesa. - eu digo. - Legal? - a Cora questiona e eu a encaro. Eu estou literalmente falando com ossos de dinossauros, legal... É claro que eles não sabem o que é legal. Nenhum deles é. - Bom. - eu falo para ela que assente corando e sorrindo sem graça. - A... vossa alteza. - eu levando o meu olhar rapidamente para ele e voltando para o dela. - Foi amável o suficiente para me tirar do meio daquela chuva, e ter me ajudado, quando eu m*l sabia para onde aquela estrada daria e nem de como fui parar ali. - eu digo para ela. - Mas eu não irei permitir que me destratem simplesmente porque eu estou aqui, eu saio daqui se esse for o problema. - eu falo definitivamente inconformada. - Mas para onde você vai? - a Cora questiona se levantando e me encarando indignada. - Eu não sei, eu vou tentar entender o que aconteceu e achar uma maneira de voltar para a minha casa. - eu digo, me afastando da mesa. Eu quero sumir daqui de uma vez por todas, toda essa situação está fritando os meus miolos. - Você não irá a lugar algum, Celleney. - a voz do Henrik soou, e instantaneamente o meu corpo paralisou. O meu coração ficou ainda mais acelerado, a minha barriga, ficou congelada, e o meu coração está agora tentando esmagar o meu peito. Por que essa reação? Eu não faço a mínima ideia, mas é estranho como o meu corpo literalmente obedece à ordem dele, que eu não tenho obrigação nenhuma de seguir. O seu tom de voz é autoritário sem ser rude, mas quase, é intimidante e, ao mesmo tempo, sedutor. - Você pode ser o príncipe, mas eu não sou cidadã do seu reino, não manda no que eu devo fazer ou não. - eu lhe digo, me virando e o que falei aparentemente não lhe afetou nada. - Mas eu a trouxe, está hospedada no meu palácio, no meu reino, e só saíra quando eu permitir. - ele fala, e eu me questiono: Onde está o oxigénio que não está a chegar nos meus pulmões. Os seus olhos verdes conseguem literalmente encarar a minha alma e a minha pele queima. Por que ele quer que eu fique? Ele descobriu alguma coisa? Valha-me Celleney, o que ele descobriria? Eu literalmente acabei com o pequeno-almoço da família real, e ele está me dizendo para ficar e que eu só irei quando ele ordenar, quais são as chances de alguma coisa boa surgir daqui? Nenhuma, certo? Talvez eu devesse ter me controlado só mais um bocadinho. Que raios, Celleney... você está no século aonde podem fazer você escrava num passo de mágica, podem fazer você de comida para os dragões e você fala o que dá na sua teia. Dragões... isso é um mito, não? Claro que é. Bastou eu voltar para a época dos dinossauros que eu começo a me questionar o que é real e o que não é. Eu vou enlouquecer com tudo isso. - E se eu não obedecer? - eu tenho que questionar, esse é que é o problema. Eu tenho essa necessidade aguda, sabe? - Eu garanto a você, que não vai querer me desobedecer. - arrepios tomam as camadas mais profundas de pele e as áreas mais sensíveis do meu corpo no momento em que ele fala. Porque ser literalmente ameaçada por ele, me é atraente? Ele não estava mauzinho comigo assim, ontem. Eu engulo em seco, o encarando se levantar, exibindo a sua altura de metros, ele é muito alto, e o seu corpo visivelmente esbelto, extremamente charmoso. Eu já vi homens charmosos, mas esse charme é atraente, tem esse toque de relíquia nobre, original. Céus, o que está se passando na minha cabeça? - Venha. - ele fala, me dando um olhar que fez a passagem do ar pelo meu nariz trancar e simplesmente caminha para fora da sala, me deixando com o olhar de todos eles sobre mim. Parece ter um exército de borboletas no meu estômago. Todos eles parecem estar inexpressivos com a situação ou simplesmente surpresos. Nenhum deles fala nada, e a única coisa que me restou fazer foi recobrar a minha consciência e o seguir para fora dali, com as toneladas atracadas no meu corpo, tentando ignorar o meu medo, e também o olhar deles.
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