Duquesa Christine.
Como eu estava com saudades desse ambiente.
Uma nova jovem debutante, será disputada por todos os mais belos, renomados e nobres homens da sociedade.
Eu tenho uma em mente, mas com a apresentação das debutantes, talvez eu mude de ideias.
Os requisitos são simples, serem belas moças, honrosas e capazes de sustentar o título que receberão com o casamento.
Principalmente, para o meu sobrinho, o príncipe de Eldravia.
- Acha que o príncipe irá gostar dela, vossa graça? - a Eleanor, a minha dama de companhia questiona enquanto caminhamos para à sala de desjejum.
Esses corredores fazem-me sentir tanta falta da minha irmã, do meu cunhado e do meu esposo...
Belos tempos, agora eles deixaram-me sozinha com a maior parte do trabalho.
Bom para eles que eu sou a única com garra o suficiente para manter os assuntos do reino, como devem ser.
- O Henrik adora mulheres. - eu comento, caminhando, vendo todos os criados se curvarem durante a minha passagem. - O problema é que ele as adora demais. - eu pontuo virando o meu olhar para ela, encontrando a sua pele corada. - Esse é o problema. - eu falo voltando o meu olhar para frente enquanto ela assente positivamente com a cabeça.
E eu suspiro.
- Achar uma jovem moça, que o agrade o suficiente para que ele possa honrar com o seu compromisso e com o título, que o atraia o suficiente para o manter fora dos bordéis, e seja suficientemente interessante para o manter entretido, é o mais complicado, Eleanor. - eu continuo a falar mais como uma nota refletiva.
Outro que deve se casar é o Virgil.
E o Charles... antes que tragam todos, bastardos para esse reino.
A Lyra com certeza nos dará o casamento da temporada, o príncipe de Austrias é perfeito para ela, e tem uma ótima fortuna e reputação.
Para além da minha Lyra e a minha Cora que será debutante apenas no ano que vem, a princesa de Lysandria, é uma ótima debutante e brilhará como um diamante nessa temporada.
- Tia! - a Cora grita assim que me vê passar pela porta, extremamente animada.
Que me faz ignorar completamente o seu grito e os seus saltinhos nada compostos.
Da última vez que a vi, ela obviamente não estava tão bem, e ela é a mocinha mais animada que eu conheço, vê-lá tão para baixo, me fere e vê-la novamente assim, dá-me ainda mais energia e animação para mais uma temporada.
O seu cheiro é idêntico ao da minha irmã, ele é reconfortante.
Vê-los a todos é reconfortante, fazem-me até esquecer do tanto de trabalho todos eles me dão.
- Como você está querida? - eu questiono observando a sua vestimenta.
Nada de terra na bainha do vestido, não está ofegante, o penteado está no lugar.
Humn...
Ela foi a única que eu não vi desde que cheguei, ela já não estava nos seus aposentos quando de lá passei.
- Eu estou bem, e a senhora também me parece ótima. - ela diz, me observando com um sorriso, e eu sorrio observando o seu lindo e angelical rosto.
- Por agora. - eu ouço a Lyra balbuciar, me fazendo levar o meu olhar até ela, que não está tão feliz quanto eu achei que estaria.
Os olhares do Henrik, do Charles, da Cora e do Virgil vão até ela.
Eu acabei de chegar.
- O que eu preciso saber? - eu questiono-os, procurando arquitetar uma solução que não desonre o nome da nossa família, independentemente do que seja.
O olhar da Lyra viaja do meu para a Cora e depois para o Henrik.
A Cora não gosta de acordar cedo.
- Onde estava mais cedo, Cora? - eu a questiono e a mesma ruboriza.
- Tia, não a interrogue não existe nenhum problema. - o Henrik diz com o seu tom de voz todo persuasivo e afasta a cadeira.
- Eu conheço vocês, o que há? - eu questiono mais uma vez.
- Nós temos apenas uma visitante no palácio, e ela está hospedada aqui. - apenas isso? - Não tem com o que se alarmar e nem porquê, agora sente-se. - ele diz e eu caminho desconfiada ainda com essa informação até a cadeira.
- Uma visitante? - eu questiono-me sentando a mesa, se está cá hospedada é porque veio de outro reino.
Mas eu não recebi nenhuma informação de que nenhuma realeza ou nobre estrangeira chegaria esses dias.
E ninguém fica hospedado no palácio, normalmente alguma viscondessa, baronesa, condessa tem a função de receber algumas das nobres jovens debutantes vindas do exterior, e que não possuam prosperidades e terras aqui.
- Quem é? - eu questiono curiosa.
- Apelido desconhecido. - a Lyra informa, e o meu olhar vai para o Henrik que suspira frustrado.
- Ela se juntará a nós em breve. - ele afirma voltando o seu olhar esmeralda penetrante e persuasivo no meu, me fazendo suspirar.
Sem apelido conhecido não deve ser de família nobre.
- Com certeza irá gostar dela. - o Virgil comenta em tom de deboche, pegando um bolinho na mesa.
- Ela realmente é muito simpática. - a Cora diz sorrindo animada não entendendo o humor do Virgil.
Céus, ela é tão inocente.
Já ficou óbvio que não se trata de ninguém que irei gostar.
- Eu diria sem maneiras. - a Lyra diz e eu suspiro fundo levantando o meu olhar para o Henrik, que está mais tranquilo do que ele deveria estar para a minha satisfação.
Quem é essa mulher?
- A Lyra está apenas com ciúmes, minha tia querida. - o Charles diz provocando a irmã, e eu suspiro.
É tão cedo ainda.
- Eu, princesa do reino de Eldravia, com ciúmes de uma plebeia mentirosa? - a minha sobrinha questiona ofendida e eu sinto o meu coração acelerar.
Eles não trouxeram uma plebeia para junto das minhas sobrinhas.
Quer dizer, uma plebeia que pelos vistos tem outras intenções, afinal, o que estaria a fazer dentro do palácio, nas vésperas do baile?
Nessa altura do campeonato se esse rumor se espalha, caos se instalará no reino inteiro.
- Primeiro, quem é essa moça e por que está aqui e segundo, se ela é uma possível visitante sem nome, de onde vem? Não devia fazer ninguém esperá-la para o pequeno-almoço. - eu digo inconformada, desacreditada que eu estou aqui parada, simplesmente porque uma plebeia oportunista está aqui e está atrasada para o pequeno-almoço.
Estou sem acreditar que esses três colocaram uma possível concubina de caráter duvidoso dentro do mesmo recinto que as minhas sobrinhas.
- Eu a trouxe para cá, ela estava perdida no meio da floresta no meu regresso e eu trouxe-a para cá. - o Henrik diz autoritário, mas eu não posso permitir que ele faça uma coisa dessas, se isso chega nos ouvidos dos demais conselheiros e depois nos do povo isso será um escândalo, ele tem uma reputação por zelar.
- Eu não concordo com isso. - eu deixo claro.
- Eu trouxe-a e ela ficará aqui até que se recorde de onde veio, fim de discussão. - ele pontua e eu o encaro frustrada, mas sem muito que dizer, ele é o príncipe herdeiro, prestes a se tornar rei.
- Se recordar de onde veio? - eu questiono confusa.
Que história é essa?
Isso explica o porquê dos murmúrios mais cedo dos criados e guardas pelos corredores.
Quem é essa moça?
- Bem mamãe, a Celleney aparentemente perdeu a memória, e magicamente apareceu na floresta, não sabe como chegou, ou nem mesmo quem a levou até a floresta. - o Virgil diz e o meu senso apita.
- Emboscada. - eu digo, olhando para os três que se mostram completamente indiferentes quanto a isso.
- Se ela fosse um perigo, eu não a traria para cá, não se preocupe. - o Henrik fala e eu estou com dores de cabeça.
Isso será um escândalo.
Uma plebeia se hospedando e sendo trazida para o palácio pelo príncipe herdeiro de Eldravia.
E que tipo de plebeia ela é?
Como vai se sentar à mesma mesa que nós para o pequeno-almoço.
- Henrik... - eu falo já enfurecida e ele me interrompe.
- Ela é uma convidada e eu exijo respeito. - ele pontua claramente, e eu fecho os olhos buscando paciência. - Lyra. - ele diz olhando de maneira repreensível para a irmã, que cora.
- Certo... - ela o responde sem entusiasmo algum.
- Ela dirá toda a verdade hoje, não se preocupe. - o Virgil diz e nos fazendo o encarar.
É incrível como ele herdou muito da fisionomia do Antony, meu esposo.
- O que você falou para ela, Virgil? - o Charles questiona-o curioso, enquanto eu procuro entender toda essa história.
E penso em como me livrar dessa moça o quanto antes, antes que cause uma catástrofe real aconteça.
- O suficiente, e ela com certeza entendeu. - o Virgil diz confiante, e eu espero bem que sim.
Independentemente do que ele tenha feito ou dito.
O que uma moça faria sozinha no meio da floresta, justamente na passagem do Henrik de volta para o palácio?
- Eu não entendo tanta implicância com a senhorita Celleney, ela tem alguns maneirismos estranhos, mas ela é extremamente divertida. - Celleney é um nome incomum. - A senhora vai gostar dela assim que a vir tia. - a Cora diz se virando para mim sorrindo.
E a minha sobrinha está começando a ficar apegada a uma plebeia de caráter duvidoso.
Eu realmente espero que ela não represente nenhum perigo, Henrik.
Mal a Cora acabou de falar sons de saltos soaram batendo contra o chão de mármore branco do corredor.
E eu não irei mentir, eu nunca fiquei tão curiosa para conhecer nenhuma pessoa antes.
Com o som dos sapatos batendo contra o chão, a silhueta esbelta aparece no centro da porta, aonde todos olhamos curiosos com a causadora desses sons.
Os meus olhos vão diretamente para o seu rosto, sinceramente, não sei do que eu estava à espera, mas a beleza da moça que aparenta ter a idade da Lyra, é estonteante, longe do que eu imaginava.
Os seus traços são atraentes, chamativos, ela deve ser estrangeira, o seu tom de pele é n***o, num tom claro, como macadâmia amendoada, visivelmente sedosa.
Os seus cabelos presos num coque bem estruturado, o que me surpreende.
Os seus lábios são levemente rosados, marcantes, ela é agraciada com longos cílios e belas sobrancelhas, seus traços faciais são finos, delicados, mas, ao mesmo tempo, sedutores e cativantes.
Os seus olhos são de cor castanho-claros.
Interessante.
As suas roupas, são... dignas de uma nobre, os detalhes, a estrutura, a volumosa saia do seu vestido de cor amarelo-claro, define o seu corpo visivelmente esbelto.
O meu olhar a examina minuciosamente, ela não tem uma postura de plebeia, a peça esquisita no seu pulso chama-me atenção, tal como os seus brincos e o fio no seu pescoço.
Eu reconheço pedras de valor e metal precioso de longe, como ouro e diamantes sendo o que ela tem, nas suas orelhas, seu pescoço e pulso.
Uma plebeia não teria isso.
As suas mãos são extremamente delicadas, suas unhas, estão pintadas, o que uma plebeia com certeza não tem.
Então quem é ela?
Extremamente bonita ela é, no baile de gala, com certeza seria oponente de muitas.
Mas ela é visivelmente sem maneiras.
O que aguarda para fazer a reverência?
- Olá! - ela fala caminhando para dentro da sala com um pequeno sorriso nos seus lábios e desentendida o meu olhar vira para cada um deles.
Olá?
- Quero dizer, saudações! - ela se retifica nos observando.
- Como você está linda, Celleney. - a Cora diz a observando com fascínio, e a mesma sorri em agradecimento.
Belo sorriso.
- Também estou quase morrendo enforcada, mas obrigada. - ela agradece e ah...
Que falta de descrição.
O seu olhar vem para mim.
- Olá senhora... - ela diz, mas o Charles pigarrea.
- Vossa graça. - ele diz e a moça sorri, esticando a sua mão para mim, para que eu apertasse.
Que ousadia.
- Vossa graça. - ela diz repetindo o que o Charles diz, e pelo olhar do Henrik, eu aceito o seu aperto de mão. - Eu chamo-me Celleney. - ela se apresenta, enquanto eu a observo soltando a mão dela.
- Celleney, é o seu único nome? - eu a questiono, observando a sua expressão atentamente.
- Celleney Peny Mille, é o meu nome. - ela diz.
Mille?
- E de onde veio? - eu a questiono e vejo ela retirar o seu olhar do meu para o Henrik, o seu olhar é apreensivo, misterioso.
Ela morde o seu lábio inferior e suspira profundamente, voltando o seu olhar para o meu.
- Eu vim de casa. - ela responde e eu suspiro frustrada com a seu curto sarcasmo. - Apenas não sei como cheguei aqui. - ela me responde.
Com certeza essa é a última coisa que me faltava acontecer.
Eu olho para o Henrik.
- Ainda não sabe? Que novidade. - a Lyra diz se sentando frustrada.
- Senhorita Celleney, sente-se. Se junte a nós. - o Charles diz afastando a sua cadeira e ela se afasta de mim, indo se sentar.
Ela tem uma postura nada igual a de uma plebeia.
Porém, se ela fosse de família nobre não estaria aqui e tão teria um apelido desconhecido por nós.
E que acessório é esse no seu pulso?
Aparentemente o meu trabalho acabou de ser duplicado nessa temporada.