Capítulo XII

2264 Words
Duquesa Christine. Como eu estava com saudades desse ambiente. Uma nova jovem debutante, será disputada por todos os mais belos, renomados e nobres homens da sociedade. Eu tenho uma em mente, mas com a apresentação das debutantes, talvez eu mude de ideias. Os requisitos são simples, serem belas moças, honrosas e capazes de sustentar o título que receberão com o casamento. Principalmente, para o meu sobrinho, o príncipe de Eldravia. - Acha que o príncipe irá gostar dela, vossa graça? - a Eleanor, a minha dama de companhia questiona enquanto caminhamos para à sala de desjejum. Esses corredores fazem-me sentir tanta falta da minha irmã, do meu cunhado e do meu esposo... Belos tempos, agora eles deixaram-me sozinha com a maior parte do trabalho. Bom para eles que eu sou a única com garra o suficiente para manter os assuntos do reino, como devem ser. - O Henrik adora mulheres. - eu comento, caminhando, vendo todos os criados se curvarem durante a minha passagem. - O problema é que ele as adora demais. - eu pontuo virando o meu olhar para ela, encontrando a sua pele corada. - Esse é o problema. - eu falo voltando o meu olhar para frente enquanto ela assente positivamente com a cabeça. E eu suspiro. - Achar uma jovem moça, que o agrade o suficiente para que ele possa honrar com o seu compromisso e com o título, que o atraia o suficiente para o manter fora dos bordéis, e seja suficientemente interessante para o manter entretido, é o mais complicado, Eleanor. - eu continuo a falar mais como uma nota refletiva. Outro que deve se casar é o Virgil. E o Charles... antes que tragam todos, bastardos para esse reino. A Lyra com certeza nos dará o casamento da temporada, o príncipe de Austrias é perfeito para ela, e tem uma ótima fortuna e reputação. Para além da minha Lyra e a minha Cora que será debutante apenas no ano que vem, a princesa de Lysandria, é uma ótima debutante e brilhará como um diamante nessa temporada. - Tia! - a Cora grita assim que me vê passar pela porta, extremamente animada. Que me faz ignorar completamente o seu grito e os seus saltinhos nada compostos. Da última vez que a vi, ela obviamente não estava tão bem, e ela é a mocinha mais animada que eu conheço, vê-lá tão para baixo, me fere e vê-la novamente assim, dá-me ainda mais energia e animação para mais uma temporada. O seu cheiro é idêntico ao da minha irmã, ele é reconfortante. Vê-los a todos é reconfortante, fazem-me até esquecer do tanto de trabalho todos eles me dão. - Como você está querida? - eu questiono observando a sua vestimenta. Nada de terra na bainha do vestido, não está ofegante, o penteado está no lugar. Humn... Ela foi a única que eu não vi desde que cheguei, ela já não estava nos seus aposentos quando de lá passei. - Eu estou bem, e a senhora também me parece ótima. - ela diz, me observando com um sorriso, e eu sorrio observando o seu lindo e angelical rosto. - Por agora. - eu ouço a Lyra balbuciar, me fazendo levar o meu olhar até ela, que não está tão feliz quanto eu achei que estaria. Os olhares do Henrik, do Charles, da Cora e do Virgil vão até ela. Eu acabei de chegar. - O que eu preciso saber? - eu questiono-os, procurando arquitetar uma solução que não desonre o nome da nossa família, independentemente do que seja. O olhar da Lyra viaja do meu para a Cora e depois para o Henrik. A Cora não gosta de acordar cedo. - Onde estava mais cedo, Cora? - eu a questiono e a mesma ruboriza. - Tia, não a interrogue não existe nenhum problema. - o Henrik diz com o seu tom de voz todo persuasivo e afasta a cadeira. - Eu conheço vocês, o que há? - eu questiono mais uma vez. - Nós temos apenas uma visitante no palácio, e ela está hospedada aqui. - apenas isso? - Não tem com o que se alarmar e nem porquê, agora sente-se. - ele diz e eu caminho desconfiada ainda com essa informação até a cadeira. - Uma visitante? - eu questiono-me sentando a mesa, se está cá hospedada é porque veio de outro reino. Mas eu não recebi nenhuma informação de que nenhuma realeza ou nobre estrangeira chegaria esses dias. E ninguém fica hospedado no palácio, normalmente alguma viscondessa, baronesa, condessa tem a função de receber algumas das nobres jovens debutantes vindas do exterior, e que não possuam prosperidades e terras aqui. - Quem é? - eu questiono curiosa. - Apelido desconhecido. - a Lyra informa, e o meu olhar vai para o Henrik que suspira frustrado. - Ela se juntará a nós em breve. - ele afirma voltando o seu olhar esmeralda penetrante e persuasivo no meu, me fazendo suspirar. Sem apelido conhecido não deve ser de família nobre. - Com certeza irá gostar dela. - o Virgil comenta em tom de deboche, pegando um bolinho na mesa. - Ela realmente é muito simpática. - a Cora diz sorrindo animada não entendendo o humor do Virgil. Céus, ela é tão inocente. Já ficou óbvio que não se trata de ninguém que irei gostar. - Eu diria sem maneiras. - a Lyra diz e eu suspiro fundo levantando o meu olhar para o Henrik, que está mais tranquilo do que ele deveria estar para a minha satisfação. Quem é essa mulher? - A Lyra está apenas com ciúmes, minha tia querida. - o Charles diz provocando a irmã, e eu suspiro. É tão cedo ainda. - Eu, princesa do reino de Eldravia, com ciúmes de uma plebeia mentirosa? - a minha sobrinha questiona ofendida e eu sinto o meu coração acelerar. Eles não trouxeram uma plebeia para junto das minhas sobrinhas. Quer dizer, uma plebeia que pelos vistos tem outras intenções, afinal, o que estaria a fazer dentro do palácio, nas vésperas do baile? Nessa altura do campeonato se esse rumor se espalha, caos se instalará no reino inteiro. - Primeiro, quem é essa moça e por que está aqui e segundo, se ela é uma possível visitante sem nome, de onde vem? Não devia fazer ninguém esperá-la para o pequeno-almoço. - eu digo inconformada, desacreditada que eu estou aqui parada, simplesmente porque uma plebeia oportunista está aqui e está atrasada para o pequeno-almoço. Estou sem acreditar que esses três colocaram uma possível concubina de caráter duvidoso dentro do mesmo recinto que as minhas sobrinhas. - Eu a trouxe para cá, ela estava perdida no meio da floresta no meu regresso e eu trouxe-a para cá. - o Henrik diz autoritário, mas eu não posso permitir que ele faça uma coisa dessas, se isso chega nos ouvidos dos demais conselheiros e depois nos do povo isso será um escândalo, ele tem uma reputação por zelar. - Eu não concordo com isso. - eu deixo claro. - Eu trouxe-a e ela ficará aqui até que se recorde de onde veio, fim de discussão. - ele pontua e eu o encaro frustrada, mas sem muito que dizer, ele é o príncipe herdeiro, prestes a se tornar rei. - Se recordar de onde veio? - eu questiono confusa. Que história é essa? Isso explica o porquê dos murmúrios mais cedo dos criados e guardas pelos corredores. Quem é essa moça? - Bem mamãe, a Celleney aparentemente perdeu a memória, e magicamente apareceu na floresta, não sabe como chegou, ou nem mesmo quem a levou até a floresta. - o Virgil diz e o meu senso apita. - Emboscada. - eu digo, olhando para os três que se mostram completamente indiferentes quanto a isso. - Se ela fosse um perigo, eu não a traria para cá, não se preocupe. - o Henrik fala e eu estou com dores de cabeça. Isso será um escândalo. Uma plebeia se hospedando e sendo trazida para o palácio pelo príncipe herdeiro de Eldravia. E que tipo de plebeia ela é? Como vai se sentar à mesma mesa que nós para o pequeno-almoço. - Henrik... - eu falo já enfurecida e ele me interrompe. - Ela é uma convidada e eu exijo respeito. - ele pontua claramente, e eu fecho os olhos buscando paciência. - Lyra. - ele diz olhando de maneira repreensível para a irmã, que cora. - Certo... - ela o responde sem entusiasmo algum. - Ela dirá toda a verdade hoje, não se preocupe. - o Virgil diz e nos fazendo o encarar. É incrível como ele herdou muito da fisionomia do Antony, meu esposo. - O que você falou para ela, Virgil? - o Charles questiona-o curioso, enquanto eu procuro entender toda essa história. E penso em como me livrar dessa moça o quanto antes, antes que cause uma catástrofe real aconteça. - O suficiente, e ela com certeza entendeu. - o Virgil diz confiante, e eu espero bem que sim. Independentemente do que ele tenha feito ou dito. O que uma moça faria sozinha no meio da floresta, justamente na passagem do Henrik de volta para o palácio? - Eu não entendo tanta implicância com a senhorita Celleney, ela tem alguns maneirismos estranhos, mas ela é extremamente divertida. - Celleney é um nome incomum. - A senhora vai gostar dela assim que a vir tia. - a Cora diz se virando para mim sorrindo. E a minha sobrinha está começando a ficar apegada a uma plebeia de caráter duvidoso. Eu realmente espero que ela não represente nenhum perigo, Henrik. Mal a Cora acabou de falar sons de saltos soaram batendo contra o chão de mármore branco do corredor. E eu não irei mentir, eu nunca fiquei tão curiosa para conhecer nenhuma pessoa antes. Com o som dos sapatos batendo contra o chão, a silhueta esbelta aparece no centro da porta, aonde todos olhamos curiosos com a causadora desses sons. Os meus olhos vão diretamente para o seu rosto, sinceramente, não sei do que eu estava à espera, mas a beleza da moça que aparenta ter a idade da Lyra, é estonteante, longe do que eu imaginava. Os seus traços são atraentes, chamativos, ela deve ser estrangeira, o seu tom de pele é n***o, num tom claro, como macadâmia amendoada, visivelmente sedosa. Os seus cabelos presos num coque bem estruturado, o que me surpreende. Os seus lábios são levemente rosados, marcantes, ela é agraciada com longos cílios e belas sobrancelhas, seus traços faciais são finos, delicados, mas, ao mesmo tempo, sedutores e cativantes. Os seus olhos são de cor castanho-claros. Interessante. As suas roupas, são... dignas de uma nobre, os detalhes, a estrutura, a volumosa saia do seu vestido de cor amarelo-claro, define o seu corpo visivelmente esbelto. O meu olhar a examina minuciosamente, ela não tem uma postura de plebeia, a peça esquisita no seu pulso chama-me atenção, tal como os seus brincos e o fio no seu pescoço. Eu reconheço pedras de valor e metal precioso de longe, como ouro e diamantes sendo o que ela tem, nas suas orelhas, seu pescoço e pulso. Uma plebeia não teria isso. As suas mãos são extremamente delicadas, suas unhas, estão pintadas, o que uma plebeia com certeza não tem. Então quem é ela? Extremamente bonita ela é, no baile de gala, com certeza seria oponente de muitas. Mas ela é visivelmente sem maneiras. O que aguarda para fazer a reverência? - Olá! - ela fala caminhando para dentro da sala com um pequeno sorriso nos seus lábios e desentendida o meu olhar vira para cada um deles. Olá? - Quero dizer, saudações! - ela se retifica nos observando. - Como você está linda, Celleney. - a Cora diz a observando com fascínio, e a mesma sorri em agradecimento. Belo sorriso. - Também estou quase morrendo enforcada, mas obrigada. - ela agradece e ah... Que falta de descrição. O seu olhar vem para mim. - Olá senhora... - ela diz, mas o Charles pigarrea. - Vossa graça. - ele diz e a moça sorri, esticando a sua mão para mim, para que eu apertasse. Que ousadia. - Vossa graça. - ela diz repetindo o que o Charles diz, e pelo olhar do Henrik, eu aceito o seu aperto de mão. - Eu chamo-me Celleney. - ela se apresenta, enquanto eu a observo soltando a mão dela. - Celleney, é o seu único nome? - eu a questiono, observando a sua expressão atentamente. - Celleney Peny Mille, é o meu nome. - ela diz. Mille? - E de onde veio? - eu a questiono e vejo ela retirar o seu olhar do meu para o Henrik, o seu olhar é apreensivo, misterioso. Ela morde o seu lábio inferior e suspira profundamente, voltando o seu olhar para o meu. - Eu vim de casa. - ela responde e eu suspiro frustrada com a seu curto sarcasmo. - Apenas não sei como cheguei aqui. - ela me responde. Com certeza essa é a última coisa que me faltava acontecer. Eu olho para o Henrik. - Ainda não sabe? Que novidade. - a Lyra diz se sentando frustrada. - Senhorita Celleney, sente-se. Se junte a nós. - o Charles diz afastando a sua cadeira e ela se afasta de mim, indo se sentar. Ela tem uma postura nada igual a de uma plebeia. Porém, se ela fosse de família nobre não estaria aqui e tão teria um apelido desconhecido por nós. E que acessório é esse no seu pulso? Aparentemente o meu trabalho acabou de ser duplicado nessa temporada.
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