Capítulo VI

1003 Words
Henrik Cartier. Após deixar a Celleney nos seus aposentos, eu encontro-me completamente confuso e obviamente chateado com a maneira bruta de interceder da Lyra. O jantar prosseguiu, a Cora falou que ia servir algo a Celleney, logo depois, o que achei ótimo, afinal, o roncar da sua barriga deixou claro que ela estava faminta e a mesma não parece ter comido nada faz muito tempo. O Virgil e o Charles voltaram para as suas tarefas e eu às minhas, estou neste momento no meu escritório com a Lyra, que está sentada de frente para mim, me encarando ruborizada de vergonha, afinal ela sabe como deveria ter agido e não foi a forma que ela decidiu agir. - Eu só quero proteger você, meu irmão. - ela fala com o tom de voz amuado e eu a encaro, procurando maneirar o quão chateado eu estou com ela. - Você sabe como essas mulheres sem nome e nem dignidade agem, para conseguirem o que querem. - ela insinua novamente e eu limito-me em sorrir. - Eu penso que sou experiente o bastante para cuidar de mim mesmo, Lyra. - eu falo e ela suspira frustrada. É engraçado e frustrante ver que a minha irmã mais nova, precisou adotar a “posição” da nossa mãe, e procura seguir o quão à risca ela consegue as tradições e as regras. Eu entendo o porquê dela estar agindo assim, mas isso não significa que ela está correta. - Eu não quero que se intrometa mais em assuntos que não a convém, embora não saibamos de onde ela é e nem quem ela é, eu trouxe-a para cá como uma convidada. - eu deixo claro e ela assente a contragosto. - E eu quero que a trate como uma. - eu afirmo e ela se levanta embirrada, porém, conformada. - Assim será meu irmão. - ela diz forçadamente e eu assinto a observando. - Ótimo. - eu falo e ela assente e caminha em direção à porta. Aja paciência. - Henrik. - ela fala se virando e eu a observo à espera do que saíra da sua boca agora. - Eu irei mandar a minha estilista mandar procurar os estilistas de quem ela falou. - ela fala e eu sorrio, ela está com ciúmes. - Faça como quiser. - eu digo e ela assente. - E só para relembrar você, eu achei que já não se relacionasse com concubinas. - ela fala. - Lyra. - eu chamo a sua atenção. - Eu vou me retirar agora, tenha uma boa noite meu irmão. - ela deseja e sai, e eu suspiro clamando por paciência. A porta é fechada assim que ela sai, e eu me encosto a poltrona, observando à porta, e com nada exceto a estrangeira que está em um dos aposentos do meu palácio ocupando a minha mente. A forma com que a encontrei no meio da floresta, mediante aquela chuva torrencial, foi um tanto peculiar. A consumpção da Lyra seria uma opção para mim, se o que a mesma falou não fosse tão credível, ao menos a maneira com que ela falou foi credível. Mas nada disso faz sentido. O que será que a aconteceu? Ela é visivelmente estrangeira, eu saberia quem ela é e quem é a sua família se ela pertencesse a esse reino, são inúmeros habitantes, mas os meus olhos virão o bastante para ter certeza que eu a teria marcada na minha cabeça, se de cá ela fosse. Os seus maneirismos, a sua maneira de falar, as suas roupas, não são comuns. A sua explicação não ficou clara, e não me foi convincente, mas conseguiu me deixar duvidoso na veracidade do que ela contou. Durante o caminho, ela mencionou ser de dois mil e vinte e três, o médico deixou claro que ela não sofreu fratura nenhuma, que a levasse a ter uma confusão mental. E ela não me pareceu confusa quando se interpôs na frente das carruagens. Mas esse ano é extremamente longínquo do nosso, o que torna a sua afirmação impossível. A sua explicação de como chegara aqui também, não possui sentido algum, ela afirma ter se esquecido de boa parte do que aconteceu, mas afirmou que mora num país democrático, o que deixa claro que ela não mora em nenhum país próximo ao nosso. Nada explica, uma moça dos seus possíveis vinte anos de idade, sair exposta como estava para uma suposta festa, ninguém permitiria que ela saísse daquele jeito, voltasse para a sua casa e simplesmente perdesse a consciência. Atacada não foi, para que voltasse para casa e perdesse a consciência, ela não possui marca alguma no seu corpo. E quem a tiraria da sua própria casa, sem que ninguém visse, a levaria para um navio e atravessaria oceanos para simplesmente a despejar numa floresta inabitável, e com o tanto de reportes dos que ousaram lá entrar e sobreviveram, perigosa. Nada faz sentido algum, mesmo ela sendo convincente. E embora eu não me importe em tê-la aqui, eu tenho duas irmãs mais novas, e não quero que elas sejam duvidosamente influenciadas por alguém desconhecida. - Eu quero que procure e me traga o máximo de informações que possa encontrar a respeito da estrangeira. - eu digo para o chanceler, cortesão do reino, que assente positivamente. - Desde a sua família pelo apelido, até quem a viu, procure quais navios entraram e saíram daqui, discretamente. - eu falo o encarando. - Assim o farei, vossa majestade. - ele diz. - Com a vossa licença. - ele pede e eu autorizo a sua saída. Uma jovem moça extremamente atraente e misteriosa. Ela está obviamente escondendo algo, aparentemente tem medo de dizer o que realmente aconteceu, eu notei como ela estava pronta para contar o que realmente aconteceu, ela me fez prometer que não contaria nada do que ela fosse dizer a ninguém, e simplesmente não disse nada de relevante. Espero que amanhã, ela esteja mais calma, e decida finalmente dizer a verdade ou então a assumirei como uma possível infiltrada.
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