Henrik Cartier.
A carruagem vinha acelerada do castelo vizinho aonde decorreu uma discussão sobre o futuro do reino.
Eu sou o príncipe regente de Eldravia, um reino extremamente rico e reconhecido por inúmeros feitos mundialmente, isso quer dizer que eu sou o responsável por cuidar dele, sendo eu o ocupante do posto de governante.
O que também, basicamente significa ser forçado a exercer tudo o que eu estava adiando.
Fugir, é algo impossível.
Ninguém foge do seu destino, mais cedo ou mais tarde o tempo faz questão de acabar com toda a diversão e não necessariamente essa foi alguma vez uma opção para mim.
Chovia torrencialmente pelo caminho, e era suposto nos apressarmos por conta do anoitecer para evitar um possível ataque, nessa época principalmente com todas essas mudanças, os inimigos resolvem atacar, a caminhada decorria perfeitamente, quando as carruagens pararam abruptamente.
O que está acontecendo?
Foi essa a questão que eu me fiz, pegando na espada no mesmo instante.
Uma voz feminina fez-se chegar até a mim, e a única questão que me veio à mente, foi:
O que uma moça estaria a fazer sozinha no meio dessa chuva e da floresta?
O meu primeiro instinto foi descer da carruagem, e deparei-me com uma moça jovem, dos seus possíveis vinte anos, encharcada pela chuva e com as suas pernas, pés e braços sujos de lama, como se tivesse sofrido uma queda.
O que não seria nenhuma surpresa.
Quem andaria com sapatos como esses no meio da chuva, numa estrada de terra?
Só alguém... estrangeiro.
Ela parece realmente estrangeira, a sua estatura é média, razoavelmente baixa, e é demasiado atraente, até para uma moça vestida indecentemente e suja de lama.
Os seus cabelos são longos, visivelmente cacheados embora estejam mais esticados e escorridos por conta da chuva.
Os seus traços faciais são extremamente efeminados e subtis, angelicais eu diria... mas com um acréscimo de sedução indevida e não proposital, descreveria eu.
Os seus lábios são rosados e os seus olhos de cor castanho-claro são extremamente chamativos, eu diria convidativos.
Eu deveria me controlar mais e prestar atenção no que realmente interessa.
Eu não sei que panos são esses que a cobrem, eu diria que pertencem a uma meretriz como o guerreiro a acusou de ser e ela mostrou-se indignada.
Mas simultaneamente o feitio das suas roupas e o tecido é completamente diferente.
A sua... eu nunca vi uma saia tão curta e não sei se devo considerar isso como uma, mas ela exibe as suas pernas e o pano que cobre os seus s***s, e que por conta da chuva, deixa visível o formato deles através do tecido molhado e não era suposto deixar-me como eu estou agora, ela exibe os seus braços, a sua barriga, as entradas que compõem a sua pequena cintura.
Gotas de água escorrem pela sua pele visivelmente suave e convidativa, o tom da sua pele n***a, é de cor amendoada claro.
Ela definitivamente não pertence a esse lugar, eu a conheceria, são muitos habitantes, mas as suas características físicas marcantes, teriam chamado a minha atenção, o suficiente para eu me recordar se já tivesse a visto antes.
Ela definitivamente é estrangeira, o seu palavreado é diferente, a sua maneira de estar e agir é diferente, ela nem sequer sabe quem eu sou...
Algo impossível per se.
A forma com que ela fala, as suas roupas, o objeto que ela está visivelmente preocupada e está fixa no seu pulso... a forma com que ela chegou até aqui, me intrigada, e eu nunca estive tão curioso sobre uma situação e mulher nenhuma como estou agora.
Sem intenção de deixá-la debaixo da chuva, vestida desse jeito e sozinha durante a noite, a trouxe para o palácio, ela muito provavelmente fugia de alguém e bateu com a cabeça.
Após ser examinada e descansar, poderá falar com mais consciência sobre como ela chegou até aqui e quem ela é.
Não demoramos muito após esse encontro inesperado na floresta, para chegar ao palácio e a moça, cujo afirmou se chamar Celleney, visivelmente entrou em estado de pânico.
Seja lá o que tiver acontecido no seu caminho para cá a deixou atormentada, pois, ela não parava de falar como se ela estivesse em algum tipo de jogo, como se estivesse confusa até com o ano em que estamos.
Ela saiu de dentro da carruagem m*l ela foi estacionada, apressada e quando eu decidi a trazer para cá, eu já sabia da reação que viria junto assim que vissem uma moça no estado em que está, mas eu não a podia deixar lá no meio do nada.
A Cora, a minha irmã mais nova tomou a dianteira e a saudou, porém, a mesma não a respondeu e os olhos da Cora vieram até mim confusos, porém o meu olhar observou os olhos da Celleney se arregalaram de medo, eu diria, observando tudo ao seu redor e logo em seguida o objeto no seu pulso como se tivesse descoberto algo proibido.
Quando simplesmente perdeu a consciência, e felizmente consegui a segurar antes que ela se machucasse.
O que será que aconteceu com ela?
- Meu irmão, quem é ela? - a Cora questiona tentando acompanhar o meu passo, enquanto eu a levo para um dos aposentos, aonde as damas de companhia a possam vestir decentemente antes do doutor a vir examinar.
- É claro que é uma meretriz. - a Lyra afirma, e eu estou realmente preocupado com o que pode ter se passado com ela, para a dar atenção agora. - Porque a trouxe aqui? - a Lyra questiona curiosa, enquanto eu entro no quarto e a depósito na cama.
- Oh, ela é bonita. - o Charles, meu irmão diz a encarando e eu me limito em o encarar chamando a sua atenção.
- A vistam com roupas mais apropriadas. - eu ordeno as damas de companhia que vieram logo atrás e assentem ruborizadas e volto o meu olhar para a porta, aonde o Virgil, meu primo e duque adentra, e o seu olhar vai para a Celleney desacordada na cama e o seu sorriso animado acende o seu rosto me fazendo revirar os olhos, e sair de dentro do aposento puxando todos eles dali, para que as damas de companhia a possam trocar.
- Quem é ela? - ele me questiona.
- Saberemos assim que ela acordar. - eu o respondo.
- Aonde a encontrou? Ela está ensopada. - a Cora questiona curiosa e eu encaro os seus olhos indagadores.
- Na floresta. - eu respondo-a. - Estava Aparentemente perdida ou fugindo de alguém. - eu os conto e eles encaram-se.
- Mas ela não é daqui. - a Lyra afirma. - A minha modista sempre vê as últimas tendências e tecidos, principalmente com o baile de época se aproximando, e nunca me mostrou feitios como aqueles. - ela comenta e é óbvio que esses tecidos, ao menos o feitio deles, não foram fabricados por nenhuma fábrica têxtil ou artesãos conhecidos.
- Onde está o doutor? - eu questiono para o Virgil.
- Ele está a vir. - ele me responde e eu assinto, eu preciso me mudar.
- Voltem para as suas funções. - eu digo querendo que eles se dissipem e caminho para os meus aposentos.
As duas saem dali murmurando, não dou cinco minutos para regressarem a porta daquele aposento, já o Virgil e o Charles caminham comigo pelo corredor.
- E como foi o encontro? - o Charles questiona.
- Normal. - eu o respondo aborrecido o suficiente para não querer repensar no que foi dito naquele encontro.
- A Christine está a vir. - ele diz mudando de assunto e eu assinto, ela está preparando com a Lyra o baile, são suas obrigações. - Ver uma meretriz como a que está nos aposentos, será um caos, ela já avistou as possíveis candidatas para apresentar a você no baile. - ele diz e eu levo o meu olhar para o seu rosto com a feição insultuosa.
- Ofender a dignidade de uma mulher cujo você desconhece a proveniência, não é uma atitude de cavalheiro, Charles. - eu falo retirando o meu olhar dele e ele sorri.
- E desde quando você se importa com isso, Henrik? - ele questiona sorrindo.
- Desde que você só tem a mim agora, para ensinar a você como um homem é suposto agir. - eu o respondo o óbvio.
Eu tenho que passar a agir como um irmão mais velho, sem opção de falhas propositais, agora.
- Eu sou mais cavalheiro que você, o que está dizendo? - ele questiona retoricamente rindo e a sua questão não é contestável.
Ele é um, já eu fui criado para ser um, eu sei quando agir como um e ele simplesmente se perde no meio do seu cavalheirismo genuíno e são nesses momentos que eu ingresso.
- Enfim, o que pensa em fazer com a moça? - o Virgil me questiona curioso e eu observo os guardas abrirem a porta dos meus aposentos.
- Eu saberei assim que compreender como ela chegou até aqui e quem ela é. - eu os respondo, e os encaro.
- Vocês têm responsabilidades por efetuar, não? - eu os questiono.
- O jantar será servido brevemente. - o Charles diz como desculpa.
- Continua a ser tempo suficiente para reduzir as vossas tarefas antes do jantar. - eu digo. - Vão. - eu lhes digo, com um sorriso pretensioso entrando nos meus aposentos e os dois sorriem, e saem.
Obviamente não farão mais nada, mas tudo bem, por hoje.
Eles ficaram encarregados de inúmeras tarefas durante a minha ausência.
Retirei a minha camisa que está molhada caminhando para o cómodo guarda-roupas, com milhares de questões enfadando a minha mente.
Quem é aquela mulher?
O que fazia sozinha, na calada do anoitecer, no meio da floresta inabitada, vestida de maneira peculiar?
De onde ela veio e por que razão veio?
Eu reconheço o formato do objeto no seu pulso, é um relógio, porém nunca tinha visto um daquele jeito.
Quer dizer, o meu pai tinha um que passou dos meus antecessores até ele, feito em mil oitocentos e dez pelo relojoeiro Abraham Louis-Breguet, mas não é exatamente um relógio, é como uma pulseira decorativa para mulheres.
Ele pertencia a minha mãe, e ele guardou essa peça.
Mas o que estava no seu pulso, se parece com um relógio de bolso, mas, simultaneamente diferente.
Essas questões só ela poderá responder.
Eu troco-me, e deixo o meu banho para depois do jantar para puder saber do médico qual é o estado da mulher.
Saio em direção ao aposento aonde eu a deixei, me aproximando da porta os guardas reais a abrem e eu entro, a encontrando ainda deitada inconsciente na cama, agora mais propriamente vestida, sendo examinada pelo médico.
- Vossa majestade. - ele diz assim que nota a minha presença e fazendo a reverência e eu assinto, tirando o meu olhar dele, para uma das moças mais atraentes que os meus olhos já viram, genuinamente preocupado.
- Ela tem algum problema? Fraturou a cabeça? Possui algum ferimento? - eu o questiono, e ele se levanta recolhendo o seu material.
- Não, vossa majestade, a moça está em perfeitas condições físicas, não possui nenhuma fratura ou hematoma. - ele diz e dá de ombros, voltando o seu olhar para ela. - Embora os seus pés estejam marcados e vermelhos. - ele menciona o que eu já tinha observado na estrada de terra.
- Provavelmente passou horas em pé, correndo, isso explicaria a exaustão física que é notável que ela tem. - ele diz e eu assinto.
- Porque ela continua desacordada? - eu o questiono a observando.
- Eu já ia acorda-lá, vossa majestade. - ele diz e eu observo-o voltar para perto dela, colocando amónia num pano, aproximando-o do seu nariz, e os meus olhos vão para o seu rosto, observando a mesma franzir o cenho, por conta do cheiro forte, e o médico retira o mesmo em seguida.
Ela abre os seus olhos com certa dificuldade, os cerrando minimamente como se não estivesse a ver nada nitidamente, piscando uma e outra vez, claramente confusa.
Os seus olhos castanhos são atraentes, sedutores eu diria, com um formato amendoado que adiciona um toque de mistério ao seu rosto angelical, e feminino, trazendo um certo atrevimento para o seu rosto delicado.
Sob cílios longos e escuros, os seus olhos castanhos claros brilham mesmo no meio da confusão da sua mente.
Ela ficou desse jeito por alguns instantes, quando então arregalou os olhos, os mesmos foram para o que penso ser um relógio no seu pulso, e se levantou para nós e o desespero nos seus olhos é notável.
Por que está tão assustada?
- O que aconteceu? - ela questiona se levantando, colocando os seus pés no chão, com os tornozelos avermelhados por conta dos sapatos que usava, como se não tivesse estado desmaiada. - Por que vocês continuam aqui? E assim? - ela fala descendo o seu olhar sob os nossos trajes e as damas de companhia que aqui estão ruborizam.
Que problema ela tem com os trajes? Eu estou realmente curioso, agora.
- Onde estão às câmaras? - ela questiona como se fosse querido por ela estar numa, como se fosse algo óbvio e esperado, o que sinceramente eu não entendo.
- As câmaras de tortura são apenas para criminosos e prisioneiros, senhorita. - eu respondo a observando e os seus olhos vêm na minha direção indignada. - A senhorita fez alguma coisa, para querer estar numa? - normalmente ninguém pede, mas eu estou curioso e a mesma revira os olhos.
Para mim, mais uma vez.
E não realmente me importo com a sua intrepidez agora.
- Não fiz, mas se vocês continuarem com isso eu juro que farei. - ela fala e eu suspiro já sem muita paciência e querendo entender o que está acontecendo.
O doutor acabou de afirmar que ela não fraturou nada, logo ela está em condições de explicar coerentemente o que está acontecendo.
- Eu vou pedir para que se sente e se acalme para podermos conversar. - eu falo e ela fecha os olhos suspirando fundo como se pedisse por paciência e calma.
Eu acho que devia ser eu fazendo isso, mas tudo bem.
Ela senta-se, e eu ordeno a saída deles, que assim o fazem, deixando-nos os dois aqui e eu encaro-a, os seus olhos expressaram timidez e logo em seguida desceram sobre si, fazendo o seu rosto ganhar um certo rubor.
- Quem tirou as minhas roupas? - ela questiona, me obrigando a descer o meu olhar sobre ela, algo que eu estava procurando não fazer. - De quem são essas roupas? De alguma avó? - ela questiona indignada e eu sorrio.
Realmente não valoriza muito o que vi mais cedo, mas não é tão mau para ser considerada uma roupa de avó.
- As suas roupas foram trocadas pelas damas de companhia. - eu a respondo e os seus olhos oscilam pelos meus, como se estivesse se questionando, se eu estivesse falando sério. - E não, esse é apenas um vestido que lhe foi colocado para que pudesse ser atendida pelo doutor de maneira mais decente. - eu lhe digo e ela me encara como se eu tivesse a ofendido, o que espero não ter feito.
- É a segunda vez que você diz que eu estava vestida indecentemente, Henrik. - ela diz se sentando indignada e confusa.
E a única coisa que eu consigo pensar é no quão atraente é ver os seus lábios e a sua voz pronunciarem o meu nome.
E eu não estou com pretensão alguma de corrigi-lá.
- Não foi a minha intenção ofendê-la, senhorita. - ela me encara.
- Celleney, por favor pare de me chamar senhorita. - ela diz visivelmente frustrada passando às suas pequenas e delicadas mãos pelo seu rosto.
Eu não entendo o que aconteceu, mas definitivamente alguma coisa de errado se passa.