Duquesa Christine.
Após cuidar de alguns dos preparativos do baile, tive uma visita de algumas amigas, algumas damas de honra e de destaque, nobres influentes da sociedade.
- Aparentemente a princesa Helena Isabella Sophia de Lysandria, é a que está a chamar a atenção, tanto do povo, como da realeza, com certeza sairá com um ótimo cavalheiro. - a baronesa Vivian Abernathy, comenta e elas assentem e eu limito-me em sorrir, ela é perfeita para o meu sobrinho Henrik, cumprirá com os seus deveres e as suas responsabilidades de maneira excecional.
- Acha que a vossa alteza, a cortejaria? - a Rosalind Montague questiona-me curiosa enquanto eu degusto do meu chá, observando o jardim.
- Isso dependerá da sua desenvoltura para atrair os seus olhos. - eu falo, afinal de contas, é para isso que o baile serve.
Espero eu, que ela ganhe o coração do meu sobrinho galanteador, pois eu não vejo um par melhor.
Mas que não seja sabido por elas, que ela também é uma das minhas preferências.
- E quanto a moça que chegou na mesma carruagem que a vossa alteza? - a marquesa, Genevieve Chatterton, questiona tomando o seu chá, agindo como se não quisesse saber demais.
Bisbilhoteira.
É claro que até elas já sabem, esses tipos de notícias correram rápido por aqui, até nos jornais impressos essa vergonhosa notícia foi estampada.
Um escândalo real prestes ao baile de época, do príncipe herdeiro, causado por uma moça completamente desconhecida instalada nas acomodações do palácio, como se não fosse uma plebeia, jamais será um desejo.
- Ela não é uma moça qualquer. - essa é a minha função, manter essas notícias apaziguadas antes que um tumulto e reboliço sejam causados.
Um golpe certeiro, admito que ela deu, independentemente da sua história ser verdadeira ou não.
- Ela é uma sobrinha, por conveniência, filha de um primo distante. - eu falo e elas encaram-se assentindo vagamente.
Elas não têm muita opção a não ser acreditar.
- Ela será debutante no baile. - queria eu que ela estivesse fora daqui.
- Será ótimo. - a Rosalind Montague comenta e eu dou meio sorriso, degustando mais um pouco do meu chá. - Pela forma que a… retrataram, com certeza arrancará suspiros e olhares tal como esperamos que a princesa de Lysandria o faça. - não tenho tanta certeza disso, e é o que mais me preocupa.
Eu estou a enlaçar um grau de familiaridade com uma plebeia que pode simplesmente envergonhar a linhagem da nossa família.
- Pois será. - eu confirmo e as mesmas sorriem.
Após a realização de algumas das inúmeras tarefas eu fui até a sala de dança observar I desempenho das minhas sobrinhas.
A Cora, será debutante apenas no próximo ano, mas poderá encontrar algum príncipe que esperará até tal, levando em conta que ela é a princesa de Eldravia e precisa se mostrar digna do seu título, tal como a Lyra, que com certeza, deve e está na frente da princesa de Lysandria, mas ela já tem um cortejador, o que torna tudo menos difícil para ela.
Afinal, quem não iria querer se casar com a princesa de Eldravia e formar laços com este reino e ter um príncipe como o Henrik, de aliado?
Ao entrar na sala, encontrei-as ensaiando, e como é óbvio, ambas estão excelentes.
Perfeitas.
E para a minha surpresa, a plebeia estrangeira também.
A sua delicadeza nos seus passos, a sua postura, expressões faciais e movimentos, são elegantes, apreciáveis demais para quem seria apenas uma plebeia.
Esperta, mesmo sem modos para com a realeza, ela possui ótimos modos de etiqueta, como ao se sentar e ao se servir à mesa.
A postura dela é realmente um fator que continua a fazer-me questionar quem ela é?
Se fosse filha de algum nobre, mesmo que de continente distante, eu com certeza saberia.
Celleney Peny Mille.
Nenhuma informação sobre ela existe, e isso me está a perturbar.
- No que tanto pensa, duquesa de Aldercrest? - o Virgil questiona chamando a minha atenção.
- Alguma informação da plebeia? - eu questiono-o e ele sentasse ao meu lado, justamente na poltrona aonde eu me sentava com a minha irmã.
Eu espero estar a fazer justamente o que ela queria que eu fizesse.
- Nenhuma. - ele responde e sorri. - Aparentemente a minha prima de terceiro grau, não possui passado ou simplesmente não deixa rastros nos caminhos em que passa. - ele fala com o seu sarcasmo característico e herdado do seu pai.
Eu suspiro frustrada.
Saber dançar, não a torna uma nobre.
O que ela sabe fazer, além disso, que outras habilidades ela possui, para ser honrável o suficiente?
Absolutamente nada, para além da p******o teimosa e inconsequente do Henrik.
Se a verdade cai nos ouvidos de quem não deve, um escândalo será causado.
E haverá muita coisa em risco.
- Não devia se preocupar tanto. - o Virgil diz como se eu realmente devesse levar o seu conselho em consideração.
- O Henrik tende a ser apenas inconsequente quando se trata de outros assuntos, com certeza ele sabe o que está a fazer. - isso era verdade até ele decidir manter uma desconhecida dentro do palácio, agora eu não tenho certeza.
- Para chamarem o vosso príncipe de inconsequente, é porque com certeza já não temem tanto pela vossa vida. - diz o Henrik adentrando a sala, no seu tom brincalhão e eu sorrio ao o ver.
Ele tinha saído para cuidar das suas demais atividades.
- Meu querido, como foi a viagem? - eu questiono-o levantando-me.
- Boa. - ele responde. - Nada extraordinário. - ele diz e eu assinto o observando.
E por mais que os meus olhos vejam o meu belo sobrinho, o filho da minha irmã, que se tornou um homem e príncipe excepcional em todos os quesitos.
Eu vejo o que ele não quer que eu veja, o que ele não me responde.
Eu sou a tia dele, e eu sei que existe algo de muito errado acontecendo, e com certeza não tem a ver com o reino, caso contrário eu já teria conhecimento.
Ele não me deixa saber, ou simplesmente não me dá espaço para decifrar o enigma que vejo faz algum tempo no seu olhar.
Às vezes me questiono se é pela morte do Dominic e da Seraphina, mas o meu instinto não me faz acreditar nessa hipótese por mais factual que essa hipótese seja.
E o meu instinto jamais falha.