5| Só uma Humana.

991 Words
"E eu me despedaço e eu me quebro Suas palavras na minha cabeça, são facas no meu coração Você me constrói e então desmorono Porque eu sou só humana." ( Human | Christina Perri ) __________ Abro a porta de minha casa, torcendo para que não tenha ninguém na sala para me ver nesse estado. Ainda trêmula subo as escadas rapidamente me trancando no quarto. Retiro as roupas encharcadas que estão a grudar em meu corpo e vou para de baixo de ducha quente. Meus ombros estão pesando sobre mim, sinto uma imensa vontade de chorar, mas quando vou fazer o mesmo, já estou chorando. Meus soluços se misturam com o som da água que cai, e parada sem saber como me mexer, sinto a água quente se chocar contra meu corpo gélido, fazendo meus músculos se contraírem. Pego o pequeno sabonete e deslizo sobre o corpo mas minhas mãos trêmulas o deixa cair e eu observo a pequena pedra de sabão se dissolver enquanto a água cai em cima do mesmo. Talvez fosse assim que Styles e os outros dois me viam. Eu estava ali, caída, desmoronando com a facada que Louis, o moreno dos olhos azuis, acabara de me dar e eles estavam ali, me olhando, me vendo ir pelo ralo, vendo o efeito que poderiam ter sobre mim. "Eu já falei pra você calar a p***a da sua boca! " As palavras martelam em minha cabeça, gravadas em minha mente, como um lembrete de geladeira. Não podiam me deixar esquecer que ele era o causador da minha angústia, ele era o causador do meu choro. "Isso é estranho." Como pode ser tão c***l, ao ponto de se deliciar vendo meu estado? "Isso é só uma garota i****a com uma fobia idiota.." – Clhöe? – a voz de minha mãe se destaca atrás da porta – você está chorando? – desligo o chuveiro e me enrolo na toalha. – Não mãe – fecho os olhos fortemente notando que minha voz embargada acabou de me entregar. – Clhöe o que houve!? Abre essa porta – ela bate na porta me fazendo revirar os olhos. – Vou ficar bem – encosto a testa na porta, torcendo para ela ir embora, mas ela força a maçaneta. – Eu disse pra não sair sozinha Clhöe! – berra ela do outro lado da porta, então resolvo abrir, e ela me abraça – Cadê seus remédios? – Mãe, eu estou bem. – Não! Mas é claro que você NÃO ESTÁ BEM! OLHE PARA VOCÊ! Bufo me aproximando do guarda roupa, usando todas as minhas forças para não chorar na frente dela. – Já tomou os remédios Clhöe?! – ela me puxa pelo braço me fazendo encarar ela. – MÃE! EU TO BEM! – berro fazendo ela se calar e por fungo ao vê–la arregalar os olhos, me olhando como se eu fosse um bebê abandonado, sozinho e indefeso. – Quem falou Clhöe? Quem fez isso com você? – ela toma a blusa da minha mão antes que eu vista a mesma. – Eu vou ficar be... – sou interrompida por ela me abraçando forte, e um soluço escapa de meus lábios sem meus comandos. – Vai passar querida – agora ela chora juntamente comigo – Agora eu estou aqui, ninguém vai dizer mais nada querida – ela acaricia meus cabelos – Não vão dizer mais nada – sussurra, e minha pulsação volta ao normal, minhas mãos estão no pescoço de minha mãe, e ela me abraça forte. Ela me puxa para se sentar na cama e eu acabo por deitar em seu colo. Por mais que eu tentasse ser forte, ela era a única que me deixava segura. Era a única que podia afastá-las de mim. Ela era a única que tinha essa capacidade contra a Onomatofobia. Não eu, não os remédios, não a Doutora, não era ninguém. E sim minha mãe. Que com apenas um abraço e palavras de conforto trazia a Clhöe ao seu estado normal. Eu nunca iria me acostumar novamente com essas palavras. Nunca. Fecho os olhos e o vento que entra pelo vão da janela, seca minhas lágrimas enquanto minha mãe continua ali, a acariciar meus cabelos.  – Clhöe, quando eu digo que precisa ficar em casa, é para seu bem. – Eu não posso me esconder do mundo para sempre – retruco – Eu não quero me esconder mãe, eu... Eu não quero ter medo do que as pessoas vão falar – um soluço sai da minha boca e eu cubro o rosto com as mãos chorando. – Mas enquanto eu estiver aqui, eu vou te esconder, e você vai sempre estar segura. Clhöe, você é só uma humana, pare de tentar se fazer de h*****a, para de achar que sair por ai achando que ninguém vai te fazer m*l, porque você sabe que toda a vez que você sai sozinha, acontece alguma coisa, e não discuta mais. Você agora é diferente dos outros. Assinto e ela beija minha testa. – Grace, eu comprei tinta para a máquina de escrev... O que aconteceu com vocês? – meu pai entra no quarto e minha mãe faz se levanta – Clhöe teve mais uma crise? – Pai, por favor, eu to bem, e vocês já podem ir – caminho até a porta e faço um gesto para que eles saiam. – Tudo bem então – ele levanta as mãos para o alto como sinal de rendição e minha mãe gargalha descendo as escadas junto com ele. Caminho até o espelho e suspiro percebendo meu estado. Palidez e rosto vermelho. Bufo abrindo a gaveta e tomo um remédio. Percebo que não trouxe comigo o livro que havia comprado. Certamente a esta hora ele deve estar se desfazendo na poça de água, no asfalto da rua. Acendo a luz para iluminar o quarto que antes era iluminado pela claridade que entrava pela janela. Mas agora as horas já se avançam e Marcelly ficará zangada se eu não estiver pronta na hora certa. Abro o guarda-roupa sem ter a menor idéia de que roupa devo usar.
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