– A consulta já terminou? – papai pergunta enquanto voltamos para casa – Era impressão minha ou você estava chorando? – ignoro suas perguntas e bato a porta do carro coloca do o cinto.
O silêncio predomina até chegarmos em casa. Nenhuma novidade isso.
Vou para o quarto. Como faço sempre, antes que minha mãe me encha de interrogações sobre a primeira consulta.
Troco de roupa e pego os livros do colégio novo e começo folhear, revendo os conteúdos.
– Clhöe – a voz da minha mãe ecoa e a porta se abre – Tem uma garota, lá em baixo.
Garota?
– Ah ok, eu já desço – guardo o livro, visto os chinelos e vou até a sala.
– Marcelly? – me espanto.
– Oi Clhoë , am... – obseva ao redor. Nos sentamos no sofá e mamãe nos deixa sozinhas.
– Vim aqui, porque esqueci de te avisar sobre uma festinha que vai ter lá na fraternidade.
– Como você sabe onde eu moro?
– A cidade é pequena, todos sabem onde os outros moram, e você como caloura e nova moradora de Brighton, vai ir a festa, se enturmar com os veteranos barra, moradores.
– Vou estar ocupada – minto e mordo os lábios, acabando com a animação dela.
– Ah não, Vamos Clhöe! – ela insiste porém n**o balançando a cabeça – Meu Deus! É aqui perto.
– Tudo é perto em Brighton Marcelly, a cidade é peque...
– Tá, eu sei, eu sei, mas vamos, você precisa se enturmar, isso vai ser bom!
– Marcelly, eu prefiro não me arriscar.
– E quem disse em se arriscar? Escute, a gente não fala palavrões 24 horas, é só uma festa que começa ás 21 hrs e eu posso trazer você á meia noite em ponto – insiste novamente – Sã e salva dos lobisomens – ela brinca juntando as duas mãos como se estivesse implorando.
– Certo, – acabo cedendo – mas, vou ver com meus pais – ela bufa – Todos lá já sabem sobre a Onomato...
– Esqueça a Onomatofobia. Esqueça que você tem isso Clhöe – ela me sacode segurando em meus ombros animada.
– Lá vai ter bebidas? – pergunto.
– Toda festa tem bebidas – resmunga – É só UMA FESTA, a gente só quer que você se sinta bem conosco – Me e dá um tapinha na cabeça – Sabia que os moradores de Brighton são conhecidos pela boa recepção e carisma? Olha, eu sei que não sou lá uma boa influência, mas eu prometo que não vou deixar nada de m*l te acontecer. 20:50 eu passo aqui, esteja pronta – me da um beijo na bochecha e vai embora.
***
Subo para meu quarto, e observo a rua pela janela, que agora está molhada com a garoa fina que caí junto com um vento calmo. Me sento na cama e meus pés ficam pendurados com a altura da mesma.
O silêncio começa a se tornar incomodo. Desço para a sala e ligo a Tv, onde passa a previsão do tempo para os próximos dias, abaixo o volume deixando no 2 e vou preparar um chocolate quente, da cozinha, da para se ouvir mamãe digitando incansavelmente, e o ponteiro do relógio tinha um som totalmente irritante.
Eu bem que poderia dar uma pequena volta por ai, saber pelo menos aonde fica a famosa livraria da Sra Dawil. Uma velha amiga de minha mãe.
–Mãe? – chamo.
–Ãh?
–Vou dar uma volta – fecho a porta atrás de mim e esfrego as mãos numa tentativa inútil de aquece-las.
***
A rua está sempre vazia, e deserta. Sempre achei que em uma cidade pequena, o dia inteiro tivessem pessoas nas ruas, brincando, se cumprimentando, mas acho que me enganei.
Ando por algumas ruas. E encontro a livraria. Que eu só sabia onde era porque vi ela quando voltava da consulta de carro com papai. Entro e dou uma olhada nos livros. Alguém me cutuca e eu me viro para a tal pessoa.
–Você é nova moradora? – uma senhora de cabelos completamente brancos me olha feliz – Filha de Grace, a escritora?
–Sim – respondo – Senhora Dawil ?
– Sim – elas sorri – Seja bem vinda a minha humilde livraria, sinta–se a vontade.
Estendo o livro que acabei de escolher e lhe entrego algumas notas, ela coloca em uma sacola e eu saio da loja. Desço os pequenos degraus que levam a caçada e dou passos largos para chegar logo em casa, pois a chuva aperta e eu não trouxe comigo o guarda chuva.
– É bem facil, se está atrapalhando a sua vida, é só tirar do seu caminho – escuto uma voz rouca, conhecida.
Resolvo apressar o passo assim que vejo se tratar de Styles e mais dois rapazes, um moreno um pouco mais baixo que ele e um loiro branquelo do nariz avermelhado por conta do frio, eles conversaram sobre coisas aleatórias que faço de tudo para não prestar atenção, porém ouço meu nome sair da boca de um deles.
– Essa não é a novata, a filha da escritora?
Sem saber o que fazer, continuo andando, ignorando a pergunta, porém uma mão pesada pousa em meu ombro me puxando para trás fazendo com que eu me vire e minha sacola caia no chão.
– Além de ser problemática e s***a garota? – o moreno dos olhos azuis diz duramente para mim – Responda a pergunta.
– S-Sim, sou eu – respondo me abaixando para pegar a sacola do chão mas ele chuta ela em uma poça de água e me puxa pelo braço me fazendo levantar.
– Essa era a garota, que estava tentando arrombar meu armário Styles? – o moreno ri pelo nariz e Styles que está ao lado assente.
– Olha, eu não quero arrumar confusão, aquilo foi um engano – tento me explicar.
– Acho melhor irmos embora, a chuva vai apertar – Ao contrário do moreno o loiro tem a voz doce e calma, me parece uma boa pessoa, porém por andar com os outros dois, sei que não devo confiar.
– Cala a boca Niall – o moreno repreende ele fala tentando me observar em silêncio.
– Niall tem razão Louis, vamos embora – Styles diz fala um tanto sério e Louis solta uma gargalhada perversa.
– Vocês dois parecem dias garotinhas com medo de se molhar – o moreno que atende pelo nome de Louis debocha me segurando firmemente pelo braço.
E a cada minuto que passa, sinto os músculos de meu corpo se contraír e minha respiração ficar pesada enquanto minhas roupas ficam enxarcadas com a chuva forte que começa a cair.
– Eu... Não quero arrumar confusão...
– Eu não te perguntei absolutamente nada Clhöe – Louis me interrompe me fazendo engolir o seco e Styles e o tal Niall observam em silêncio.
– Sabe, estou um tanto curioso para saber o que vai acontecer se eu dizer um palavrãozinho... – meus olhos se arregalam assim que Louis divaga e eu balanço a cabeça negativamente.
– Louis, – o loiro intervem , notando meu desespero e coloca a mão no ombro de Louis – Deixe a garota ir embora... Ela está assustada...
– Eu já mandei você calar a p***a da sua boca Niall! – as palavras de Louis acertam–me em cheio me fazendo eu fechar os olhos fortemente enquanto os três observam eu me abaixar junto ao muro escondendo minha cabeça junto dos joelhos, os soluços vão ficando cada vez mais altos, me envolvo com os próprios braços, tampando os ouvidos, mas agora, não há mais o que fazer, a voz de Louis ecoa dentro da minha cabeça e eu tenho de todas as formas fazer com que isso pare.
– Isso é estranho – Louis se diverte parado na minha frente com as mãos nos bolsos do sobretudo preto – Você não acha Styles?
– Gente, o que ela tem? – o tal Niall se abaixa junto a mim, mas Louis o puxa com agressivo.
– Vamos embora Niall, isso é só uma garota i****a com um fobia i****a – ele dá as costas dali, enfiando as mãos dentro do sobretudo preto e eu ouço sua risada ecoar pela rua, ainda posso sentir a presença de Styles ali parado a minha frente, mas ele logo segue os outros dois me deixando ali sem ter a menor noção do que fazer para voltar para casa, o lugar da onde eu nunca deveria ter saído.