17| Fim de Tarde.

1568 Words
Apanho meus materiais e caminho para a porta, me impedindo de olhar para trás. – Clhöe – ouço a voz de Styles me chamando, mas eu não dou atenção e continuo andando sentindo meu coração pulsar mais rápido. – Tenham um bom dia – a professora sorri para nós dois. – Igualmente – responde tio Will. Nós caminhamos pelo corredor vazio, enquanto ele dá alguns pulinhos na frente. – O que faz aqui? – pergunto surpresa. – Meu carro chegou mais cedo do que eu esperava, então eu achei que você iria gostar de sair mais cedo hoje. Falou com a sua amiga? – Não tive tempo. – Tudo bem. – Minha mãe sabe sobre isso? – Mais ou menos. Eu disse que ia resolver algumas coisas e quando você saísse da faculdade nós íamos dar uma volta – ele dá os ombros enquanto fala – o que é quase uma verdade, eu só adiantei a sua saída e você já é maior de idade. – Ah Claro – digo num tom zombeteiro. –Bem, acho que você prefere a mim do que Anatomia – ele se gaba. – Sim senhor – concordo rindo. Nos aproximamos do estacionamento e eu fico em dúvida para saber qual é o carro dele. Tio Will aponta para um carro preto e sai correndo em direção a ele. – Bem, essa é a Prisma do papai – ele abre a porta para mim. – Ela é linda, se me permite dizer – sorrio. – Eu concordo – ele diz enquanto dá partida no carro – Eu fiquei sabendo de um bom parque aqui perto. Que tal brincarmos um pouco? – Você quer brincar? – solto um riso. – Ah, vai me dizer que você não quer brincar com o titio? – ele gargalha entrando no estacionamento do parque, e assim que estaciona, tio Will me puxa para fora da prisma. Nós fazemos uma caminhada calma pela grama (calma seria se tio Will parasse de saltitar enquanto andávamos) o parque está vazio por conta do frio, as únicas pessoas que vemos são adultos fazendo exercícios físicos, caminhada ou outras atividades. Escondo as mãos nos bolsos da blusa enquanto meu tio caminha na frente pulando me fazendo gargalhar, e sem perceber, nos aproximamos de um balanço. – Vem Clhöe, vamos nos balançar um pouco – ele se senta em um dos balanços e move as pernas dando impulso. – Não, obrigada – n**o e ele faz uma careta. – Não me diga que você só veio para me ver se divertir sozinho. Ande logo e se balance, deixe de ser madura – reviro os olhos e me sento no balanço de madeira. Dou impulso com as pernas, e tento não rir, enquanto tio Will grita por causa do frio na barriga. Fazia tanto tempo que eu não ria, que eu não me divertia, sem ter que me preocupar com a Onomatofobia. Tio Will é uma pessoa tão maravilhosa, como consegue ser tão engraçado em todo tempo, é como se ele nunca tivesse sofrido na vida, ou que nunca tivesse nada para se preocupar. Ele me olha e eu me pego olhando para ele. Desvio meu olhar, e ele ri mas não diz nada. Sinto o vento gelado batendo em meu rosto e eu fecho os olhos. Ficamos nos balançando durante horas, em silêncio, tio Will cantarola Stand by me baixinho e eu permaneço de olhos fechados o escutando. – Quer ir comer alguma coisa? – ele me desperta e eu assinto – Quem chegar no carrinho de cachorro quente primeiro paga – ele sai correndo em disparada e eu corro atrás dele. O senhor do carrinho gargalha ao ver tio Will correndo como uma criança, e assim que nos aproximamos, sem demora ele prepara nosso cachorro quente. – Isso é maravilhoso – tio Will diz de boca cheia. – É. – Quer fazer o que agora? – A criança aqui é você – respondo num tom brincalhão. – Bem, eu queria ir conhecer uma livraria daqui – ele dá os ombros e com um gesto rápido, ele tira os tênis e em seguida o casaco – Estou pegando fogo – comenta ele me fazendo rir de sua ironia. O tempo parece ter esfriado mais, eu e tio Will caminhamos enquanto ele me conta sobre suas aventuras proibidas quando era adolescente. Ele me contou que quando estava no segundo ano do colégio, conheceu uma garota chamada Maria Cristina, os dois se conheceram em uma briga, ambos foram parar na direção e foram suspensos por um mês. Juntos prometeram se vingar do diretor, e assim fizeram, enquanto estavam suspensos, resolveram jogar algumas bombinhas no carro do diretor apenas para dar um simples susto. Ele ficou, com a tarefa de comprar as bombas, porém o vendedor vendeu bombas da pesada e quando eles atiraram a primeira bomba sobre o carro, o mesmo explodiu causando assim a primeira expulsão de tio Will e Maria Cristina. – Vocês tiveram que pagar outro carro? – pergunto impressionada. – Não, não – ele diz orgulhoso – acho que o diretor ficou com medo do dinheiro vir com bombas no meio. – Nem acredito – gargalho junto. Alguns pingos caem do céu e logo se tornam em uma tempestade, vejo que estamos um pouco longe da saída do parque, então corremos. Tio Will descalço, pula nas pequenas poças de lama e as mesmas espirram em mim, sem perceber nossa corrida acaba virando pega–pega e quando finalmente chegamos carro, estamos encharcados e minha calça e meu tênis estão completamente sujos de lama. – Nossa tarde foi épica, merecedora de um Capítulo narrado por um dos melhores escritores desse mundo – comenta ele dando partida no carro. – Se minha mãe me ver nesse estado... – comento. – E quem liga para ela? – gargalha ele aumentando o rádio do carro e em uma música que não conheço e acho que ele também. Seu celular toca, e ele abaixa o som para atender o celular enquanto dirige. –Oi maninha.... Sim já estamos voltando por que?...... Claro que eu não quero sequestra–la – ele gargalha me olhando – Quem?!.... Mas eu nem arrumei meu cabelo! – sinto um bocado de ironia na voz dele – Chegamos ai em cindo minutos... Tchau...beijo... Okay okay entendi... – ele desliga soltando um longo suspiro. – Era minha mãe? – Sim. O chefe do seu pai vai ir jantar conosco e ela disse 'preciso de Clhöe para ela me ajudar a cozinhar, Alex quer que tudo saia perfeito hoje' – ele diz gesticulando com a mão imitando a voz de minha mãe. – O chefe do meu pai?! – ele assente indiferente. O chefe de meu pai nunca foi na nossa casa. Até porque, morávamos muito longe, e pelo mesmo motivo, nos mudamos para Brighton, e ele vai jantar conosco hoje! Tenho certeza de que meu pai está em estado de choque, sempre falou tão bem do senhor. Edwards para nós, e agora, ele vai simplesmente vai se sentar em nossa mesa para jantar conosco. Tio Will desvia o olhar da rua e arregala os olhos para algumas coisa, eu olho na direção que ele está olhando mas não encontro nada demais. – Por que não me disse que aqui em Brighton tinha uma loja de vinil? – exclama ele surpreso. – Não sai muito desde que nos mudamos para cá – explico. – Podemos ir lá dar uma olhadinha? – Precisamos voltar para casa – ele revira os olhos para mim – O jantar é importante para meu pai – justifico. – Tudo bem dona chata, vamos embora, amanhã nós voltamos – ele resmunga e segue o caminho de casa. . . . – Willian! Aonde você levou Clhöe? – berra minha mãe – Olha o estado da roupa de vocês! Clhöe,vá tirar essa roupa e desça para me ajudar a arrumar o jantar, aliás, nós temos que arrumar a sala e as flores que seu pai quer que coloque bem ali – ela aponta para as flores no chão e eu assinto. Subo para meu quarto e troco de roupa, deixo o banho para depois, ja que tenho certeza que vou me sujar ajudando minha mãe a organizar a casa. – Aonde foram? – ela pergunta enquanto eu troco o tapete da sala por um tapete que usamos só quando vamos receber visitas. – Ao parque – respondo indiferente. – Será que poderiámos conversar depois do jantar? – Sobre? – Sobre eu estar te ignorando. Sei que estou sendo tão criança quanto seu tio. – Tudo bem mãe – coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha e sorrio. – Sinto muito por tudo. – Tudo o que? – tio Will entra no meio da conversa. – Nada Willian – rosna minha mãe e eu gargalho. Quando finalmente terminamos de arrumar a casa para a visita do Sr. Edwads, me jogo no sofá, mas minha mãe logo me arranca de lá, por conta da minha roupa estar suja de terra. Ao lado da janela há dois jarros de orquídeas sobre um lindo jarro de vidro, o tapete vinho peludo no chão está perfeitamente alinhado embaixo da mesinha do centro e nossa casa parece até com um cenário de filme. Meu pai está uma pilha de nervos, enquanto tio Will gargalha do nosso comportamento especial. Mamãe termina de organizar a mesa e eu subo para o quarto para me arrumar. Não sei por quê estou nervosa como meu pai, mas algo me diz que muita coisa vai acontecer nesse jantar. Tenho que me acalmar e tentar não estragar nada.
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