18| Eles são tão iguais.

1944 Words
Saio do banheiro e sobre a cama há um lindo vestido nude rendado e um par de sapatilhas douradas. Mamãe devia ter me avisado sobre o vestido novo, com certeza, eu escolheria uma cor mais escura. Olho-me no espelho e me alegro com os que vejo, o vestido é um pouco rodado, e na cama, vejo que também há um sinto dourado, mas está perfeito sem ele. Acho que mamãe não vai se importar se eu não usa-lo. Minha cintura já está bem marcada pela costura horizontal do vestido. Solto o coque, e meus cabelos ondulados caem sobre meu ombro nú, trato de passar um corretivo no rosto e arrisco a passar uma sombra bronze, passo o blush e em seguida, finalizo com o batom vermelho. – Você está linda – tio Will sorri da porta ele veste uma calça preta, uma camisa branca com as mangas dobradas até os cotovelos e o sapatênis azul marinho com detalhes marrom lhe deixa mais jovem do que já é – O que tem minha roupa? – ele se olha no espelho percebendo que eu estava reparando nela – estou parecendo muito velho com essa camisa? – eu gargalho. – Está perfeito. – Aliás, por que estamos tão arrumados se não vamos nem sair de casa? – Tio – repreendo. – Eu só estou dizendo que quando eu cheguei, ninguém se vestiu assim para me receber, e não tinha flores na sala – ele dá os ombro ajeitando o cabelos me fazendo rir. – É importante para o Alex – minha mãe entra no quarto usando um vestido azul justo social e seus cabelos estão perfeitamente alinhados em uma trança escama de peixe, com alguns fios soltos. Ela está muito bonita, por um momento, eu havia me esquecido de como seus cabelos são cumpridos. Ela sempre costuma usar coque enquanto escreve. Mas hoje, ela está radiante com os lábios vermelhos e uma sombra clara nos olhos. – Desse jeito vai acabar conquistando o senhor Edwards – comenta meu tio num tom malicioso e eu concordo rindo. – Clhöe, será que pode me ajudar a arrumar a mesa? – ela pergunta ignorando tio Will. Desço as escadas junto com ela e encontro meu pai aflito na sala. – É só um jantar querido – minha mãe beija a testa dele e ele sorri. A mesa já está arrumada, com os talheres de prata que minha mãe usa somente em ocasiões especiais, junto com a porcelana branca e as taças. Os guardanapos estão presos com anéis dourados e eu procuro algum defeito na mesa, porém está tudo perfeito. – O que achou? – pergunta minha mãe receosa. – Está lindo – ela suspira aliviada. – Ótimo. – Por que queria minha opinião? – solto um riso. – O que você acha que o senhor Edwards vai achar? – pergunta ela e eu sorrio. – Eu não sei ele, mas na minha opinião está legal. – Querida! – grita meu pai da sala – Eles chegaram! – anuncia ele e nós vamos todos para a sala. Uma BMW preta estaciona em frente de casa e um mulher muito bonita sai de dentro, ela veste um vestido vinho da cor do batom e seus saltos são tão altos quanto da minha mãe, seus cabelos loiros caem sobre os ombros em perfeitos caracóis e ela sorri para minha mãe enquanto sobe os pequenos degraus que levam á porta de entrada. – É um prazer conhece–la – cumprimenta minha mãe. – O prazer é todo meu senhora Beaumont – a senhora Edwards diz simpáticamente e seus olhos castanhos encontram–me no canto da sala – Essa moça é filha de vocês? – pergunta ela. – Essa é a nossa Clhöe – responde minha mãe cheia de orgulho me fazendo corar. – Ela é linda – comenta ela e eu sorrio sem jeito. – Obrigada senhora Edwards. – Oh! – exclama ela – quanta formalidade para um simples jantar! – ela sorri e meu tio concorda – podem me chamar de Diana. – Graças a Deus! – tio Will levanta as mãos para o alto – Achei que vocês me chamariam de Willian Beaumont Jonnes a noite inteira – nós gargalhamos – Mas espero que vocês me chamem de Will ou tio Will – houve uma explosão de gargalhadas da parte do tio Will e de Diana. Minha mãe fuzila meu tio, mas ele a ignora e continua a rir. Me aproximo da janela e observo meu pai sinalizando para o sr. Edwards estacionar o carro na nossa calçada. Finalmente a porta do motorista se abre e o sr. Edwards sai de dentro do carro. Minha boca se abre num perfeito 'O' ao ver seus olhos verdes observarem a casa, e o vento gelado da noite brinca com seus cabelos castanhos encaracolados, os mesmo não se bagunçam tanto por estarem penteados para trás e ele arqueia a sobrancelha ao me ver o olhando da janela espantada. Dou um passo para trás esbarrando no vaso de flores sobre um suporte, e o mesmo se espatifa no chão, fazendo todos ali presentes se calarem por conta do barulho que eu causei. Ótimo Clhöe, ótimo. Sinto meu rosto queimar, e a porta da entrada se abre novamente. – Me desculpe – me abaixo para pegar os vidros do chão envergonhada. – Deixe que eu pegue esses vidros – tio Will se abaixa junto de mim para pegar os vidros afastando minha mão dali, mas eu insisto em ajudar – Tudo bem com você Clhöe? – sussurra ele para mim e eu assinto com os olhos arregalados – pode deixar que eu limpe essa bagunça, você vai acabar se cortan... – ele se interrompe olhando para a minha mão, e eu percebo que algumas gotas de sangue escorrem na mesma – Vai precisar de pontos – Tio Will comenta e eu fecho a mão. – O que houve aqui? – uma voz rouca soa na sala silenciosa e sem dúvidas percebo que é o senhor Edwards falando assim que ele se abaixa junto a mim – você está bem? – pergunta, mas estou hipnotizada pelo verde de seus olhos e demoro séculos para responder o que me foi perguntado. – Clhöe? – chama minha mãe assustada – Está tudo bem? – ela me ajuda a se levantar eu fecho a mão tentando esconder o corte profundo. Mas as gotas de sangue que pingam em meu vestido e depois no chão. – Ela se machucou – diz Diana preocupada. – Tudo bem, foi só um... – Está saindo muito sangue – o senhor Edwards comenta se aproximando de mim, fazendo com que eu me afaste dele bruscamente e quase acabo derrubando o outro jarro de flores. Estou estragando tudo! O senhor Edwards tira o sobretudo preto e vem em minha direção. – Me deixe ver isso – ele estende a mão para mim preocupado – dói muito? – Está tudo bem senhor– me recuso a mostrar a mão para ele. – Escuta, eu já fui médico antes de ser empresário, esse corte foi grave e eu sei só de ver a quantidade de sangue – ele explica atenciosamente e eu lhe mostro a arte que eu fiz enquanto estava desesperada por causa da sua semelhança com Styles. – Dois pontos talvez – ele parece dizer para si mesmo e com um movimento rápido, ele rasga a barra de sua camisa branca, fazendo meu pai ficar mais horrorizado do que já está – Dils, pegue minha maleta no carro – ele pede concentrado na minha mão que parece uma fonte de sangue – Vai ficar tudo bem – ele sorri para mim revelando suas covinhas. Seus olhos são de um verde tão intenso. Eu só conhecia uma pessoa com os olhos assim, mas agora, sinto como se Styles estivesse bem na minha frente. O contorno dos lábios, o jeito como arqueia as sobrancelhas, a rouquidão da voz. Os cabelos são quase idênticos se o senhor Edwards os deixasse mais cumprido como os de Styles. Mas mesmo assim, são iguais, a única diferença entre os dois, é a idade. Meu vestido está manchado de sangue, a camisa do sr. Edwards também ganha uma cor avermelhada, me deixando cada vez mais desesperada. – Me desculpe senhor Edwards – digo enquanto ele por fim, enfaixa minha mão – sinto muito pela camisa. As coisas estavam indo tão bem (enquanto eles ainda não tinham chegado) mas agora eu estraguei tudo. Posso ver meu pai em estado de choque. Seu chefe que deveria agora estar sentado conosco na mesa para ter um jantar descontraído, agora está com a camisa social rasgada e machada com o sangue de sua filha desastrada. – Doeu? – ele pergunta. – Não – na verdade eu estava ocupada demais vendo suas semelhanças com Styles. – Obrigado mais uma vez – meu pai agradece. – Não me agradeçam. Qualquer um aqui faria o mesmo. – Na verdade, eu só não desmaiei aqui porque o chefe do meu cunhado está presente – meu tio tenta nos descontrair. – Você é uma peça – Diana gargalha. – É sim. Ele é uma peça – diz minha mãe, entre dentes fazendo o senhor Edwards gargalhar mais ainda. – Bem, o que você acha de trocar essa roupa? – pergunta meu pai. – Eu acho uma boa idéia – o senhor. Edwards se levanta e sorri – Mas a moça, ainda não se apresentou – ele me olha e eu coro. – Clhöe. Sou Clhöe – me apresento sem graça. – Pode me chamar de John. – ele sorri para todos na sala e depois sobe as escadas atrás de meu pai. Trato de subir também para meu quarto para trocar de roupa. Me olho no espelho e pareço uma assassina depois de ter cometido um crime. Tomo um banho rápido e visto um vestido simples justo. Desço as escadas e eles estão todos na sala conversando sobre negócios. – Agora que todos estão reunidos, podemos comer. – comenta minha mãe e todos vão para a cozinha, sento–me a lado de tio Will na frente de John. – Faz muito tempo que eu não sento em uma mesa com um jovem – ele comenta e me olha por um breve momento. – Eu também – Diana concorda limpando os lábios com um dos guardanapos. – O que você está cursando Clhöe? – John pergunta me olhando. – Psicologia – comento baixo. – Oh! o nosso...– antes que Diana termine de falar, John interrompe. – É uma profissão cheia de áreas para atuação – John comenta num pigarreio cortando o assunto, enquanto limpa a boca no guardanapo. Não comento mais nada, e me concentro em meu prato. – Gostando de Brighton? – Diana pergunta e eu ergo a cabeça para ver com ela está falando, mas a pergunta fica para todos. – É muito bom aqui – responde meu pai. – Calmo demais – comenta tio Will sério. – Amo a tranquilidade – retruca minha mãe. – E você Chöe? – pergunta John. – Legal. – Tipo? – sorri – Conheceu muitas pessoas? – Mais ou menos. Por que eles insistem em puxar assunto comigo? – Desculpem, Clhöe não é muito de falar – explica minha mãe e tio Will cutuca minha costela me fazendo segurar o riso. – Aposto que ela fala mais que nosso filho – Diana sorri sem jeito. Dessa vez seu sorriso não é tão sincero quanto antes, é apenas um sorriso vazio. – Vocês tem um filho? – minha mãe pergunta contente enquanto eu tento engolir a comida logo para sair daqui. – Sim. Ele se chama Harry – Diana responde e automaticamente eu me remexo na cadeira sentindo meus olhos se arregalarem a cada segundo que passa.
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