– Não temos uma relação muito boa com ele – John completa dando um gole em sua bebida.
– Ele mora aqui em Brighton também? – pergunta meu pai.
– Sim. Harry não mora conosco. – Diana parece ficar triste com o assunto, ela termina de falar e ficamos em silêncio.
– Por que resolveu trocar de profissão senhor Edwards? – pergunto e todos ali me olham surpresos.
– Bem... Clhöe – ele me olha – Ser médico não é para qualquer um. Gostava muito do que fazia, porém fazia cirurgias de emergência não era sempre, mas eu vi muitas pessoas morrerem em minhas mãos, então, assim que pude, saí do hospital – ele explica inclinado para mim e eu faço um gesto com a cabeça – Por favor, peço que me chame de John – ele sorri para mim e eu engulo o seco.
Ele realmente é o pai dele. Não tenho dúvidas.
– A comida está ótima – elogia Diana.
– Minha maninha cozinha bem – sorri tio Will.
– E você Will, o que gosta de fazer? – Dils pergunta curiosa.
– Descontrair as pessoas – ele dá os ombros.
– Ele é escritor também – minha mãe corta a brincadeira.
– Então quer dizer que estamos em uma casa de escritores?! – exclama John – Mas que honra Alex, não sabia que sua família é tão especial. E é por esse motivo que você vai virar meu braço direito na empresa! – ele diz e meu pai arregala os olhos.
– Alex! – minha mãe sorri feliz para ele, mas meu pai ainda está imóvel.
– Olha! – tio Will se levanta feliz – você vai virar um braço – nós rimos.
– Parabéns pai – digo mas ele não me escuta, a cozinha agora está uma baderna, todos falam ao mesmo tempo e eu aproveito para sair dali e subir para meu quarto.
O relógio na parede, marca 22:55 e o sono logo começa a pesar sobre mim. Meu quarto está um breu e antes que algo apareça em meu quarto, tranco a janela e deixo a luz acesa.
– Clhöe? – Dils aparece em meu quarto e eu sorrio – Será que teria um chinelo ou algo parecido? Meus pés estão me matando – comenta ela e eu assinto.
Entrego meus chinelos a ela e sem demora ela os calça.
– Com todo o respeito. Você é tão linda. – ela se senta em minha cama e eu coro com o comentário – Oh meu desculpe. Eu sou indiscreta – ela ri – Posso te fazer uma pergunta?
– Claro.
– Conheceu Harry?
– Am... Por que a pergunta? – desvio meu olhar para a estante de livros.
– Não vejo meu filho a algum tempo, mesmo que eu saiba aonde ele mora, gostaria muito de saber notícias dele. Desejo muito conhecer alguém que tenha contato com ele, pelo menos para tentar convencer ele a mudar e a voltar para casa – ela explica – Você é tão boa em relação a tudo, que seria nossa ponte para chegar até Harry novamente. John é um pouco mais duro com esse assunto, mas no fundo, tudo o que queremos, é ajudar Harry.
– Ajudar Harry? – minha curiosidade fala mais alto.
– Nosso Harry tem problemas e... Bem... Você conheceu ele?
Se eu disser que sim, Dils vai me pedir para ajuda–la, e eu não vou poder negar, mas a única coisa que quero é me afastar de Styles.
– Desculpe Diana – n**o evitando o contato visual – Não conheço muita gente aqui.
– Tudo bem Clhöe, acho que essa ponte, vai ter que ser construída por outra passoa – ela ri, e eu percebo que uma lagrima solitária escorre pelo rosto dela.
– Por que Harry foi embora? – pergunto.
– Ele... Bem, Harry sempre foi uma pessoa amável. Nossa relação de pais e filho, mudou quando Emilly morreu – ela explica enquanto eu me inclino para ela curiosa, mas não quero forçá-la a dizer nada. O silêncio prevalece por alguns minutos e presumo que ela não quer falar mais nada sobre o assunto.
– Desculpe. Eu não queria tocar no assunto – ele me interrompe.
– Tudo bem. Eu quero falar – ela funga e seca a lágrima do rosto.
– Tem certeza? – ela assente e eu me calo.
– Emilly era a namorada dele. A primeira e a única. Os dois eram tão apaixonados, só tinham olhos um para o outro. Harry conversou comigo sobre fazer uma surpresa para ela para pedir a mão dela em casamento, mas uma semana antes, eles sofreram um acidente de carro. Emilly sofreu graves ferimentos. John na época era médico de um dos melhores hospitais, no dia, Emilly precisou fazer uma cirurgia ás pressas, mas John não pode salva-la, e ela se foi. Depois da morte dela, Harry culpa John desde sempre. Harry se trancou no casarão que alugávamos para os jovens que vinha de outra cidade estudar, se envolveu com pessoas erradas e se transformou em um verdadeiro monstro. Penso até que ficou louco por causa disso. É como se a insegurança tivesse possuído ele. Ele se tornou possessivo, agressivo, e doente. Como se tivesse medo de perder uma garota como perdeu Emilly. A última vez que vimos ele, foi em uma briga f**a. Harry disse que nunca mais deixaria nenhuma garota despertar o amor nele. Disse que faria ela ama-lo e depois destruiria tudo do jeito que Emilly fez com ele. Mas na verdade, foi um acidente. Ela se foi e o amava assim como ele amava ela, não foi culpa de ninguém Clhöe. Emilly morreu e levou todo o amor de Harry para o túmulo – ela soluça e eu estou de queixo caído.
Me recomponho e a abraço com os olhos arregalados.
Então foi isso que Megan descobriu?
Emilly.
Niall não quis me contar o passado de Harry, e agora, ele apareceu mais claro do que água cristalina.
Então é isso? Harry é assim por causa dela?
– Sinto muito. Eu não devia ter tocado no assunto.
– Preciso dele Clhöe. Harry é meu único filho. Se você conhecer alguém que tenha contato com ele, por favor, entre em contato comigo, é importante. Tenho medo de que ele machuque alguma garota, tenho medo que machuque a si mesmo.
– Vai ficar tudo bem.
Enquanto ele tiver a mim para descontar toda a dor que sente, nada de r**m vai acontecer a ele.
– Bem, acho melhor eu descer. John vai trabalhar cedo e eu já chorei demais no seu ombro.
Eu sorrio e acompanho ela até lá embaixo.
– Nós já vamos. – anuncia John – Clhöe, por que não vai algum dia lá em casa? Diana sempre fica sozinha, e agora que ela te conheceu, tenho certeza que ela vai ficar me pedindo para voltar aqui – ele diz e Dils bate no ombro dele.
– Seria muito bom se você pudesse ir lá passar um dia comigo – ela sorri – Bem, foi muito bom o jantar.
– Obrigada por vir – diz minha mãe.
– Foi um prazer bater um rango com vocês – tio Will diz nos fazendo gargalhar.
– Amanhã eu te espero na sua nova sala Alex – John aperta a mão de meu pai.
Me despeço deles e subo para meu quarto enquanto minha mãe e tio Will ajeitam a louça. E por fim a casa, fica em total silêncio. Todos já devem estar dormindo.
Minha mão está formigando e eu ainda não tirei meu vestido. Estou deitada na cama encarando o teto.
– Clhöe? – meu pai entra no quarto e acende a luz – não vai trocar de roupa? – me sento na cama e solto um logo suspiro – a mão está doendo?
– Não muito. Pai, eu sinto muito pelo estrago que eu fiz.
– Não tem nada, o importante é que você está bem – ele se senta do meu lado e acaricia minhas costas – o que houve com Diana? Ela subiu aqui e quando vocês desceram, ela estava com cara de choro.
– Bem, é que ela estava retocando o lápis de olho e sem querer, ela meio que cutucou o olho – minto.
Acho que meu pai não precisa saber disso, se Diana quisesse que todos soubessem sobre Emilly, ela teria dito na mesa de jantar, aonde todos estavam reunidos, mas preferiu contar apenas para mim. Então acho que ninguém precisa saber disso.
Na verdade, eu não deveria saber.