"Acabe com ele, antes que ele acabe com você" – Megan
. . .
"Cala a boca! Eu estou cansada! Cansada dos seus joguinhos!" Berro tentando me soltar de suas mãos.
"Cansada? Você está cansada do que? Isso está acontecendo por sua culpa! Porque você é assim" ele me segura fortemente.
"Me solta! Você está... " sou interrompida com a sua mão que se choca contra meu rosto fazendo com que eu cambaleia para trás.
O despertador me desperta, e eu acordo no pulo. Me sentando na cama ofegante. Minhas cobertas estão no chão e estou suada.
Eu achei que isso já tinha passado. Achei que estavam enterradas e que não voltaria a me assombrar. Mas é como se... Como se ele fosse entrar aqui dentro a qualquer momento, me pegar pelo braço e me levar de volta para minha antiga casa.
Eu preciso dos meus remédios.
Me levanto caminhando até a cômoda em busca dos comprimidos e tomo o remédio de sempre e vou tomar banho. Minha mão direita onde fiz o corte ontem está formigando e eu fico feliz por escrever com a mão esquerda e não com a direita.
Além de ser estranha por causa do meu jeito e da Onomatofobia, também tem o lance de escrever com a mão esquerda.
Meu pai não está em casa e presumo que ele deve ter ido mais cedo para o trabalho.
– Clhöe, tome esse remédio para dor, leve mais um caso a mão doa demais, qualquer coisa me ligue – diz minha mãe.
– Cadê tio Will? – pergunto tomando o remédio.
– Está dormindo. – abro a porta – Tenha um bom dia no colégio – ela deposita um beijo em minha testa e eu sorrio.
O dia não está tão frio, mas também não está tão calor para sair pior ai andando com uma blusa sem manga.
Puxo as mangas de meu swetter e um carro azul marinho passa por mim, o mesmo diminui a velocidade e o vidro é aberto.
– Clhöe?
Olho para o lado e sorrio para Niall.
– Niall – cumprimento.
– Quer uma carona?
– Seria muito gentil da sua parte – sorrio e ele destrava a porta para que eu entre.
– E então o que houve com a sua mão?
– Foi um acidente.
Não trocamos muitas palavras, Niall liga uma música para ocupar o lugar do silêncio e estaciona na primeira vaga do estacionamento assim que chegamos e nós descemos juntos.
– Obrigada pela carona – agradeço enquanto caminhamos rumo ao corredor dos armários.
– A gente se vê então.
– A gente se vê.
Empurro a porta da quadra e só agora percebo que cheguei atrasada na minha primeira aula extracurricular que para o meu azar é Esportes.
– Senhorita Beaumont! – grita o treinador com um apito entre os lábios.
– Me desculpe o atraso senhor – peço notando que ele deve ser bastante rígido com horários e participação já que ele ignora minhas desculpas e profere,
– Vá se vestir – dando as costas e eu dou os ombros caminhando até o vestuário.
Entro no vestiário e visto a calça preta elástica a camiseta branca com o logotipo da faculdade e prendo o cabelos num coque.
Saio do vestiário e dou de cara com Marcelly.
– Em primeiro lugar Oi, e em segundo, quem era aquele gostoso que veio te buscar ontem? – eu gargalho – Me diz logo quem é.
– Em primeiro lugar Oi, e em segundo, ele é meu tio e está passando um tempo conosco.
– Posso ir na sua casa depois da aula?
Eu gargalho junto com ela, e nós nos sentamos na arquibancada.
– Seu tio é gostoso demais você não acha?
–Não sei.
– Ele é solteiro? – assinto – Como se chama?
– Willian, mas nós o chamamos de Will.
– Will–Gostosão.
– Será que as senhoritas poderiam voltar para a aula? – o treinador apita e Marcelly revira os olhos.
Nós caminhamos para junto das meninas mas mais uma vez, o treinador volta a apitar e grita meu nome.
– Senhorita Beaumont! – me viro para ele – O que houve com sua mão?
– Eu cortei.
– Então quer dizer que vocês estão combinando de se machucar? – ele resmunga – vá fazer companhia para a srta Fox na grade – ele aponta para a grade da quadra descoberta onde os garotos jogam uma partida de futebol americano e eu avisto Megan concentrada no jogo com os dedos cravados na grade, seu braço esquerdo está ingessado, e os cabelos negros caem sobre seu ombro chegando até abaixo da cintura.
– Olá Clhöe – ela diz sem olhar para mim – Bem vinda ao time das garotas que se livraram da d***a da coreografia de Tabbita.
– Oi.
– E então, o que houve com você?
–Cortei a palma da mão e você?
– Eu caí de moto e quebrei o braço. Estava aprendendo. – ela diz indiferente – poxa Tyler! – ela grita protestando o jogo – Joga direito meu! Tá parecendo uma bixinha!
– Cala a boca! – ele grita da quadra.
– Cala você, e joga direito! – ela retruca e Tyler dá o dedo do meio para ela.
Fico em silêncio ao lado dela e observo as arquibancadas, procurando por Styles, mas ele não está lá, nem em lugar nenhum.
– Está procurando o garoto das drogas? – ela me olha pela primeira vez e sorri ao me ver confusa – Styles.
– N-Não – me viro para a grade e observo os garotos jogarem.
– É melhor mesmo ver se ele não está aqui, já que ele não quer a gente perto uma da outra – ela comenta – Você sabia que Styles me ameaçou por causa de você?
– Me desculpe por isso – cravo os dedos na grade e mordo o lábio.
– Tudo bem, ele não pode fazer nada contra mim. As minhas ameaças são mais fortes que as dele. Aliás, você também deveria ameaçar ele, Styles é só um merdinha.
– Megan – não sei se isso soou como uma reprovação, ou se estou chamando ela.
– Diga.
– O que houve entre vocês dois? – claro que eu sei o que houve, mas gostaria que ela me dissesse.
– A gente... Namorou – ela dá os ombros e eu assinto como se isso fosse uma informação nova para mim.
– O que houve no passado dele? – vejo que ela engole o seco e balança cabeça negativamente.
– Não posso Clhöe. Eu sei muito bem o que está acontecendo entre vocês dois e sinto muito por isso. Não posso te contar o que sei, mas posso te dar um conselho: Acabe com isso, antes que ele acabe com você e por favor, não volte aquele casarão.
– Por que, ele não quer que ninguém saiba sobre Emilly? – digo e os olhos dela se arregalam junto com sua boca em um perfeito 'O'
– Foi o Niall não foi?
– Não.
– O que você sabe sobre ela?
– Me diz por que ele não quer que saibam – ignoro a pergunta e vejo que ela está perplexa. O azul intenso de seus olhos, agora é só mais um azul comum sem brilho.
– Você é uma v***a de primeira – resmunga ela.
– Vestiário! – grita o treinador – A aula acabou!
– Até logo Pequena v***a – ela dá as costas mas eu a seguro.
– Diz logo.
– Ponto fraco – responde ela enquanto algumas garotas a chamam.
. . .
– O que você estava conversando com Megan? – Marcelly pergunta de boca cheia.
– Sobre como ela se machucou.
– Ahh espero mesmo. Se você me trocar por ela, eu te mato. – eu gargalho e ela me cutuca.
– E então, ficaram sabendo da festinha que vai ter? – João se senta na mesa junto conosco com seu lanche.
– Que festa? – Marcelly pergunta.
– No cemitério – Responde Violette – Tyler está organizando junto com os outros garotos.
– Isso é tão i****a e ao mesmo tempo tão interessante – comenta Marcelly.
– Vocês vão ou tem medinho demais pra isso? – João gargalha.
– Falou o destemido que c***u nas calças quando eu trolei ele cortando a energia da casa dele no dia que os pais dele foram viajar 'Marcelly? Posso passar a noite ai na sua casa? Eu to sem energia' – ela imita ele que por sua vez revira os olhos.
– i****a.
– Foi engraçado – as duas falam em uníssono.
– Eu não fiquei com medo, eu só não tinha uma lanterna ou velas.
– Ah claro, nessa época isso não existia – Marcelly levanta a mão para a alto.
– Isso é papo só pra não responder minha pergunta. Diz logo se vocês vão.
– Lógico que vamos. Ninguém aqui tem medo de gente morta. – Violette responde por nós, mas eu n**o.
– Por que não Clhöe?
– Não gosto.
– Tudo bem, se não quer ir, ninguém vai te forçar. – Marcelly se levanta da mesa e sai sem aviso.
– O que deu nela? – João diz.
– Marcelly é o tipo de pessoa que gosta do bem das pessoas, e quando não consegue isso, se chateia com ela mesma – Violette explica me olhando – Clhöe, ela só quer que você se sinta bem conosco.
– Não sei se minha mãe deixaria eu ir ao cemitério – explico.
– E quem disse que ela precisa saber de tudo? Diga só que vai ter uma festinha e que horas você vai voltar. É só um cemitério, a única coisa que pode acontecer é um morto te puxar para dentro do túmulo – ela me abre um sorriso maligno.
– Uuuuuuh – João estende a mão para mim num tom brincalhão.
– Tudo bem.
– Por Marcelly? – eles dizem em coro.
– Por Marcelly – assinto.