Onomatofobia

30| Morta.

No dia seguinte, acordo no pulo. Tremendamente atrasada para a faculdade. Eu corro.

Corro como se estivesse numa maratona. Eu preciso ver gente. Ver meus amigos e conversar com eles. Preciso rir com Marcelly, ser cortejada de brincadeira por João, e receber dicas de cabelo de Violette.

Minha cabeça ainda está a mil, passando e repassando o que escrevi ontem e eu recolho as bolinhas de papel espalhadas pelo chão, antes que alguém veja e jogo todas no lixo do banheiro aonde ninguém ousaria mexer.

Para meu azar, meu pai já saiu para o trabalho, tio Will dorme e minha mãe deve ter ido no supermercado.

Assim que bato a porta atrás de mim, lembro-me do dia em que saí sozinha e encontrei pelo caminho Eithan e seus capangas nojentos. Eu ignoro esses pensamentos e corro pelas ruas segurando fortemente a alça da minha mochila.

Por algum motivo, me sinto mais leve. E hoje, depois de muito tempo, não corri assim que acordei até a cômoda, sedenta pelos meus remédios para ansiedade, nem me preocupei com o blush ou com qualquer tipo de maquiagem.

Depois de muito tempo, eu não me vejo como um garota doente. Eu me vejo como uma garota que passou por uma tremenda prova, mas que apesar de tudo, o que eu tinha escrito naquelas folhas, aqui estou eu, correndo pelos corredores silenciosos da faculdade.

Estranho.

Sempre está tudo uma falação.

Mas hoje está tudo silencioso.

Só o barulho das minhas botas. E eu me permito andar de vagar, até chegar á minha sala de aula. Bato na porta e abro em seguida. Mas não há ninguém, só uma funcionária da limpeza.

– Estão todos no auditório – ela diz enquanto ajeita as carteiras e eu agradeço correndo até lá.

Assim que passo pela porta deparo– me com todos os alunos lá e eu vejo Marcelly e Violette acenarem para mim.

Eu me sento do lado delas recuperando o fôlego.

– O que tá havendo? Eu não sabia que ia ter palestra hoje– sussurro me virando para Marcelly que faz desenhos aleatórios na última folha de seu caderno.

– Você ainda não está sabendo? – a loira ergue a cabeça e eu arqueio a sobrancelha.

– Sabendo do que?

– A Megan, ela está morta Clhöe – Marcelly suspira e meus olhos se arregalam

– Foi assassinada?

– Sim – ela morde o lábio e automaticamente meus olhos percorrem o auditório em busca de Styles, mas ele não veio hoje.

– Hoje serão prestadas homenagens a ela aqui, estamos esperando o diretor– Marcelly continua, enquanto eu boquiaberta me viro para frente, mas me viro novamente para ela.

– Você sabe como foi? – ela morde o maxilar com a minha pergunta.

– O corpo dela foi encontrado num quarto de Hotel nessa madrugada. Foi esfaqueada. 15 facadas – suspiro.

A gente discutiu, por que ele não queria me falar sobre o passado dele. A janela foi bloqueada pelo cabide. Ele não podia entrar no meu quarto nessa madrugada.

– Por que ele não quer que eu ande com Megan? – Niall arregala os olhos, como se eu acabasse de pronunciar uma palavra chave.

– O que houve entre você e Megan?

– Styles disse que ela fazia m*l para mim – explico e ele passa a mão no cabelos preocupado.

– Faça isso – ele se levanta da cama e se direciona até a porta mas eu o seguro.

– O que está acontecendo?!

– Sinto muito Clhöe. Harry acabaria comigo se eu te contar sobre o passado dele.

*

– É melhor mesmo ver se ele não está aqui, já que ele não quer a gente perto uma da outra – ela comenta – você sabia que Styles me ameaçou por causa de você?

– Me desculpe por isso – cravo os dedos na grade e mordo o làbio.

– Tudo bem, ele não pode fazer nada contra mim. As minhas ameaças são mais fortes que as deles. Aliás, você também deveria ameaçar ele, Styles é só um merdinha.

– Megan – não sei se isso soou como uma reprovação, ou se estou chamando ela.

– Diga.

– O que houve entre vocês dois? – claro que eu sei o que houve, mas gostaria que ela me dissesse.

– A gente... Namorou – ela dá os ombros.

– O que houve no passado dele? – vejo que ela engole o seco e balança cabeça negativamente.

– Não posso Clhöe. Eu sei muito bem o que está acontecendo entre vocês dois e sinto muito por isso. Não posso te contar o que sei, mas posso te dar um conselho: Acabe com isso, antes que ele acabe com você.

– Por que, ele não quer que ninguém saiba sobre Emilly? – digo e os olhos dela se arregalam junto com sua boca em um perfeito 'O'

– Foi o Niall não foi?

– Não.

– O que você sabe sobre ela?

– Me diz por que ele não quer que saibam – ignoro a pergunta e vejo que ela está perplexa. O azul intenso de seus olhos, agora é só mais um azul comum sem brilho.

– Você é uma v***a de primeira – ela sorriu cheia de luxúria.

*

Talvez se você me contasse e...

– Te contar? Te contar o que Clhöe?! – agora ele está nervoso, e ofegante ne olhando com a sobrancelha arqueada e eu vejo sua expressão como um sinal que é hora de parar com esse assunto.

– Eu não sei Styles! – interrompo ele irritada – Todo mundo sabe que você esconde algo, a Megan sabe e para você é tão absurdo me dizer? Eu quero te ajudar, não vou te ameaçar como ela faz até hoj...

– O que você sabe sobre ajuda Clhöe?

*

– Clhöe? Clhöe?! Alguém pega uma água para ela! – Marcelly me sacode se levantando do lugar dela e eu volto para a realidade ofegante e trêmula – Clhöe, fala comigo.

– E– Eu... Deus! – me levanto me retiro da sala cobrindo o rosto.

Corro até o banheiro e assim que entro no mesmo lavo o rosto com água gelada encarando-me no espelho.

Eu não devia ter tocado no assunto. Não devia mesmo. O que ele fez?!

Jogo mais água no rosto e respiro fundo puxando tudo o ar que consigo para dentro de meus pulmões.

– Clhöe, o que tá havendo? – Marcelly entra no banheiro pousando a mão em minhas costas.

– Foi minha culpa Marcelly. Styles matou Megan, com medo que eu descobrisse sobre Emilly.