21| Túmulos.

1915 Words
"Eu não entendo Emilly, não entendo por que fez isso comigo" – Styles. . . . – Não quer que eu te leve? – Tio Will pergunta. – Não. Vou me encontrar alguns amigos aqui perto – explico. – Me deixa ir nessa festa também? – ele abre a porta e me dá um beijo na testa. – Tchau tio, até mais – gargalho. – Espero que pegue muitos garotos lá – ele me lança uma piscadela. – Willian! – minha mãe repreende – acho melhor ir logo Clhöe, antes que seu tio corrompa sua mente– gargalho – Não demore, e cuidado com essa mão. – Ainda acho que ela deveria ficar – resmunga meu pai. – Amo vocês – digo fechando a porta assim que avisto Marcelly, Violette e João virando a esquina. ... – Só vou avisar, que se vocês encontrarem uma lápide escrito Ella Moore, não mijem, nem vomitem, nem façam nenhum ato de desrespeito, porque é o túmulo da minha avó – Violette avisa e João e Marcelly caem na risada – Estou falando sério. – Nós entendemos – Marcelly gargalha. Andamos por algumas ruas vazias até chegar ao cemitério. João carrega as garotas nas costas, e as vezes eles até começam a bater um no outro, enquanto eu apenas observo o comportamento deles e gargalho, tentando esquecer os últimos acontecimentos que desencadearam uma série de perguntas e não–respostas sobre Emilly. Como ela era? Quando morreu? Será que era divertida ou quieta? Loira, ruiva ou morena? Aonde eles se conheceram? – Clhöe, quer que eu te carregue? – João pergunta e eu n**o. – Ah não, obrigada. –Vem logo. – Não, não. Minha mão está machucada. – Tudo bem então. Quer me carregar? – ele gargalha me fazendo gargalhar junto. – Nós nem bebemos nada e já parecemos um bando de bebados – Marcelly comenta. Finalmente chegamos ao cemitério e o cadeado do portão esta quebrado, o que quer dizer que estamos fazendo algo errado. Há alguns carros e um velho nos encara assim que entramos. – Louis e os garotos devem ter pagado alguma coisa para o coveiro – João comenta. Andamos pela escuridão e demos de cara com um carro conversível com os faróis ligados e o som nas alturas. Não sei dizer quantas pessoas estão aqui reunidas, mas são mais de cem. Todas com seus famosos copos vermelhos. – Então eles vieram... – Tyler abraça Marcelly pela cintura e ela bate nele. – Não tinha um lugar melhor para organizar uma festa? – Marcelly resmunga. – Você sabe o tamanho desse cemitério? – E daí que é grande? – ela dá os ombros. Me distancio dali, junto de João e aonde andamos, há pessoas por toda a parte, alguns carros iluminam o cemitério revelando, os grupinhos reunidos, alguns fumam, outros se beijam, outros dançam e alguns fazem brincadeiras com bebida envolvida. – Qual grupinho você escolhe? – ele pergunta ao ver que eu observo cada um. – Tem o grupinho continuar andando sem rumo com João? – sorrio. – Digamos que este é o melhor grupinho que tem – ele diz chegando mais perto de mim. – Clhöe? – me viro para Megan que me olha de cima a baixo – O que faz aqui? – ela pergunta – quer dizer, não sabia que vinha para essa festa. – Am... Oi Megan. – E então, aonde vocês estão indo? – ela pergunta caminhando conosco. – Só estamos andando. – Pra onde? – ela ri – Vocês vem a uma festa andar? – ela debocha. – Bem, e o que você faz andando conosco? – João retruca. – Hey! muita calma! Eu só vim chamar vocês para uma brincadeira. – Que brincadeira? – ele pergunta enquanto eu permaneço calada. – Batata–quente–bebada – ela responde e eu arqueio as sobrancelhas fazendo ela rir – eu explico Clhöe, a brincadeira é fácil, nós fazemos batata–quente, só que invés de ser com a bola é com uma garrafa de Wisky, se a garrafa parar na sua mão, você tem que beber – ela explica – Vamos lá João, você já brincou disso mil vezes – ela nos puxa pelo grama até uma turma reunida e entre elas estão Tabitta, Marcelly, Louis e Niall? – Clhöe? – Niall diz sem jeito assim que me vê. – Niall – me encosto em uma lápide, enquanto eles formam um círculo para começar a brincadeira. – Você não vem Clhöe? – Megan chama. – Ela é fraquinha demais para jogar – Louis debocha e algumas pessoas riem de mim. Dou um passo para trás pronta para ir embora. – Quem disse que ela não vai jogar? – Marcelly indaga ne fazendo engolir o seco. – Então por que ela não se sentou aqui ainda? – Tabitta retruca e Marcelly bate na grama para que eu me sente ao seu lado. Sem demora eu o faço. O círculo se fecha e uma garrafa de wisky é entregue nas mãos de Tyler. Somos em vinte pessoas, a maioria me olha em dúvida e alguns até perguntam meu nome. – Podemos começar? – Tyler pergunta e eu olho para os lados, procurando espaço para sair correndo. – Batata, quente, quente, quente, quente, quente, quente, quennte, quente, quen – a garrafa passa pela minha mão e eu rapidamente passo a garrafa para Marcelly – queimou! – Megan grita e Marcelly dá um longo gole na garrafa – Batata quente, quente, quente, quente, quente, quente, quente, quente, quente, quente, queentee, queeeennnnte Queimou! – uma ruiva de olhos pretos dá um longo gole na garrafa como se precisasse daquilo para viver – Batata quente, quente, quente, quente, quente, quente, quente, quente, – a garrafa está quase chegando até mim denovo e eu sinto meu coração acelerar – Quente, quente Queimou! – Tabitta berra e eu percebo que a garrafa está na minha mão. Dou um gole na garrafa e sinto o líquido amargo descer pela minha garganta, tento conter uma careta e fecho os olhos com força. A brincadeira continua por mais algumas horas e Marcelly e Niall me salvaram algumas vezes do temido grito 'queimou' mas algumas vezes Louis sempre grita na minha vez e nessas vezes foram talvez, 15 ou 20 vezes. Não sei dizer que horas são. Só sei dizer que estou quase bêbada e acho melhor eu sair daqui, assim como João e Niall fizeram. – Clhöe, acho melhor irmos, já está tarde e se eu beber mais um gole, ficarei bêbada. – Marcelly se levanta do gramado cambaleando e eu me levanto também com uma imensa vontade de rir de alguma coisa que não sei bem o que é. Mas mantenho minha boca fechada e sigo ela até João. – Até que a festa não está tão m*l – Violette da os ombros – Tudo bem com você Clhöe? – assinto. Minha mente está a mil, minha cabeça está a ponto de explodir por conta do som, e eu m*l consigo me manter em cima de meus próprios pés. – Vamos dançar? – chama Marcelly. – Por mim tudo bem – João assente. – Podem ir. Eu vou procurar um copo d'água – sorrio – Não estou acostumada a beber, eu acho que vou.... – e vomito no mesmo instante. – Ótimo Clhöe, você acaba de vomitar em cima de 'Eliot Schmutiz querido pai, eterno em nossos corações' – Violette diz lendo as informações da lápide que acabei de vomitar em cima. – Eu preciso mesmo de água – murmuro. – Água? Aqui? A não ser que peça para o coveiro – João diz apontando para uma lanterna que se destaca na escuridão – Quer que eu te ajude a ir até ele? – Não tudo bem, eu posso ir sozinha. Podem ir dançar agora – Marcelly me lança uma piscadela e eu solto um riso. – Cuidado para não ser puxada para dentro de um túmulo – Violette engrossa a voz e eu arregalo os olhos entrando na brincadeira. – Vou me lembrar disso – gargalho. Vejo eles se aproximarem do carro de som, aonde algumas pessoas dançam ao som de Sia e solto um longo suspiro ao ver que a lanterna do coveiro vai ficando cada vez mais longe. Aperto o passo, andando pelos corredores de túmulos e me abraço, lembrando que minha blusa branca de manga cumprida não é o suficiente para me esquentar nessa madrugada fria de Brighton. Vejo que já me distanciei bastante do local aonde está acontecendo a festa e a lanterna do coveiro, simplesmente sumiu sem eu perceber. Ela simplesmente se apagou e agora estou no completo breu. E minha vista turva não colabora para que eu possa andar tranquilamente sem esbarrar em uma lapide ou tropeçar em meus próprios pés. – O que eu vim fazer nesse lugar? – converso comigo mesmo – O que as pessoas veem de tão bom em beber e ficarem... – arroto e mordo o lábio soltando um leve riso. Dou passos lentos e a sola de minhas botas é o único ruído que escuto (tirando os sons abafafos do carro que agora toca Bad/ David Guetta) – O que você está fazendo aqui? – sobressalto para trás com os olhos arregalados. A lanterna de luz amarelada se acende novamente e o velho me encara furioso. – Por que está me seguindo? A festa não é aqui. – Me desculpe, eu vim te pedir um copo de... Poderia me dar um copo de água? – Tudo bem, vem comigo – ele dá as costas e eu o sigo – Mas depois eu quero você longe daqui – ele diz abrindo um pequeno quartinho. – Obrigada – agradeço assim que ele me estende uma canequinha com água gelada. – Beba logo. Eu preciso dormir um pouco – vocifera ele e eu trato de dar um longo gole na água para ir embora. Tenho até vontade de pedir mais, mas prefiro ir embora antes que ele me mate apenas com esse olhar assustador. – Obrigada mais uma vez. – Agora já pode voltar para a festinha. – ele bate a porta na minha cara e eu me vejo novamente no meio do breu. Dessa vez os carros de som abaixaram o volume e eu não os escuto mais. Mas me lembro de ter andado para cá em linha reta, então estou mais tranquila mas sinto um arrepio dos pés a cabeça só de pensar que estou em um cemitério a essa hora da noite. – O que eu tenho na cabeça para andar com aqueles doidos? Dou passos lentos passando as pontas dos dedos sobre os túmulos, desvio meu caminho e entro em um outro corredor de túmulos sem a menor pressa em voltar para a festa. Lembro–me de tio Will cantando Stand by me enquanto se balançava no balanço, solto um riso ao perceber o que estou pensando logo neste momento. – When the night, has come (Quando a noite chegar) – cantarolo baixo. And the land is dark (E a terra ficar escura) And the moon (E o luar) Is the only light we'll see (for a única luz que você ver) No, I won't be afraid ( Não, não vou ter medo) Oh, I won't, be afraid (Oh eu não, vou ter medo) Just as long (Enquanto você) Stand by me (Ficar comigo) So, darlin', darlin' (Então querido, querido) Stand by me (Fique, comigo) Oh, stand by me (Oh fique comigo) – me interrompo, ao ver um vulto preto junto a um túmulo. Quem vem trazer flores a um ente querido essa hora da noite? – Eu não entendo Emilly, não entendo por que fez isso comigo. – dou um passo para trás ao ouvir a voz rouca de Styles e acabo cambaleando para trás. Maldição! Ele se vira para trás mas eu me escondo atrás de um túmulo, então ele volta a se virar e meu coração se aperta ao ouvir seus gemidos angustiantes.
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