"As lágrimas podem mostrar que você está vivo. " – Clhöe.
. . .
Styles trás consigo rosas brancas e o mesmo está ajoelhado junto a lápide. Eu o observo com os olhos arregalados impressionada com o que estou vendo, já que nunca imaginei ele neste estado.
– Sabe que eu te amava, que eu daria tudo por você, mas ai você resolveu ir. Você simplesmente se foi e me despedaçou por inteiro. Você acabou com tudo Emilly, todos os meus planos foram destruídos por você – ele funga e respira fundo soltando um gemido – Por que Emilly? Por que tinha que ser você? Você me forçava a ir á igreja aos sábados, passava duas horas adorando um Deus que não teve piedade de você, que não te ajudou na hora em que você mais precisou – uma lágrima escorre pelo meu rosto e eu levo a mão á boca para que ele não note a minha presença.
Ouço os soluços dele e o mesmo larga as flores no chão e cobre o rosto com as mãos. Penso em ir ampará–lo, mas creio que este seja um momento íntimo apenas dele.
–Sabe o que aconteceu depois desses três anos? Você quer que eu te conte sobre o monstro chamado Styles? Quer que eu te diga Quantas vezes bebi e te chamei enquanto destruía a minha casa? – Mordo o lábio inferior e fecho os olhos apoiando o joelho no chão – Você quer saber quantas pessoas se importam com o m***a do Harry Styles? Quer saber quantas pessoas sentem minha falta quando estou longe? Ninguém! Mas é claro que você não quer saber o que aconteceu comigo! Se você se importasse com o que houve com a m***a da minha vida você não teria me deixado! Não teria ido nunca! – Styles pega as rosas no chão e joga elas agressivamente em cima do túmulo – Você levou tudo de mim com você, a única coisa que sobrou, foi o pior. Que Diabos você fez comigo Emilly! Você me transformou num verme! Você me destruiu sua desgraçada! – ele pega as rosas novamente e começa a despedaçar elas batendo repetidas vezes em cima da lápide irado – Por que me deixou d***a!? Por que fez isso!? – Styles berra dando socos na imensa pedra de mármore bege.
Ele está irado, puxando os cabelos e gritando por ela.
– E nunca vou perdoar o que você fez. Nunca! – ele chuta a lápide e pisa em cima das pétalas que restaram no chão.
Nunca vi ele desse jeito. Está totalmente possuído pelo ódio, penso até que ele irá partir a lápide ao meio. Styles junta as pétalas que um dia foram rosas brancas e as coloca em cima da grande pedra, secando as lágrimas e em seguida rasga a barra da camiseta branca e enrola nas duas mãos que agora sangram.
– Feliz aniversário. – ele joga os cabelos para trás e dá as costas dali se infiltrando na escuridão.
Uma mistura de sentimentos me atingem em cheio e todos os músculos de meu corpo estão paralisados me impedindo de me mexer.
Ela era mesmo importante para ele. Ele a amava de verdade e ela se foi e levou tudo o que Styles era de bom, deixando apenas uma pobre alma sem fé e cheio de ódio.
Lembranças de Emilly Roberts.
Queria filha, melhor irmã.
20/05/1994 – 25/10/2013
Retiro as pétalas deslaceradas de cima do túmulo e observo a foto de garota no topo da lápide.
Os olhos dela são cheios de mistério, e a mesma carrega consigo um sorriso fechado no rosto, sua franja está presa para cima e os cabelos loiros ondulados caem sobre o ombro.
Limpo um lágrima solitária e tomo coragem para voltar para a festa.
Os som dos carros já estão mais baixo, e Marcelly, Violette e João estão sentados ali perto, rindo sem parar.
– Clhöe! Você perdeu a queda de Tabitta – Marcelly exclama e eu arqueio a sobrancelha.
– Queda?
– Sim. Ela caiu, despencou no chão e ninguém a ajudou – Violette cai na risada e eu solto um riso sem graça – Encontrou a água? – assinto – Você demorou.
– Será que podemos ir embora? – peço.
– Sim – Marcelly se levanta rapidamente – É uma ótima ideia, preciso de um sono de beleza antes de encontrar com Will–gostosão – ela diz e eu gargalho.
– Will–gostosão? – João e Violette perguntam em coro.
–É uma longa história – gargalho enquanto caminhamos pela rua.
***
Em casa, todos estão dormindo, mas creio que minha mãe ainda esteja acordada esperando por um sinal de que eu já tenha chegado. Acendo a luz do quarto e vou tomar um banho antes de dormir.
Visto minha camisola e sem demora desmaio em um sono profundo.
Acordo no meio da noite com um peso na barriga, me remexo tentando alcançar o abajur e assim que o acendo, meu coração se acelera.
– Tudo bem Clhöe, sou eu – Styles ergue a cabeça e eu engulo o seco – Acho que peguei o jeito para pular a sua janela.
Ele está com a cabeça apoiada em minha barriga e seus braços rodeiam minha cintura, seus cabelos estão grudados na testa e seus olhos estão vermelhos com fundas olheiras.
– Volta a dormir Clhöe, eu já estou de saída – ele se senta do meu lado jogando os cabelos para trás e o mesmo solta um longo suspiro encarando a cortina da janela que se move pelo vento.
– Styles – chamo ele, e o mesmo se vira para mim irado.
– Eu mandei você ir dormir – vocifera ele.
– Estava chorando? – encosto–me na cabeceira da cama sonolenta.
– Não – ele volta a olhar para a janela e os cabelos cobrem seu rosto – Eu não estou chorando. Não sou um bebe – ele funga e por algum motivo uma lágrima escorre pelo meu rosto.
Por que ele é tão duro consigo mesmo?
– Por que você está com essa cara? – ele pergunta e eu me vejo encarando seus olhos frios – Por que começou chorar?
– Eu só...
– Eu já estou indo, não precisa...
– Fique aqui – eu o interrompo – Fique comigo essa noite. Só hoje – fecho os olhos com força esperando uma resposta negativa da parte dele, porém sou puxada agressivamente para seus braços.
Ele me abraçou. Sim. Está me abraçando desesperado, seu corpo estremece quando eu agarro sua nuca, e um soluço sai de sua boca me assustando. Posso sentir a força que ele está fazendo para não chorar na minha frente. Styles me puxa para seu colo e eu percebo que ele ainda veste a mesma roupa que vestia no cemitério, a barra de sua camiseta está rasgada e suas mãos sujam minha camisola de sangue.
Acaricio seus cabelos colocando–os para trás e o mesmo enterra o rosto em meu peito.
– Você deve achar que sou um i****a, chorando igual a uma criança na sua frente – ele diz em meio a um soluço.
– Tudo bem – sussurro – As lágrimas podem mostrar que você está vivo.
– Eu não deveria estar aqui com você Clhöe – ele sussurra me deitando no travesseiro.
Passamos alguns minutos encarando o teto e talvez tenha sido uma das situações mais estranhas que já aconteceu comigo, ou talvez a mais inédita.
Não sei o que vai acontecer amanhã, o mês que vem ou no próximo ano. Mas vou continuar aqui, envolvida pelos braços dele agora.
Sim. Eu sei que deveria ficar longe dele, eu deveria querer ele longe de mim, mas, eu não consigo, eu não quero pensar na hipótese de não ter mais seu olhar frio queimando sobre mim. E eu sei que ele não quer minha ajuda, nem me quer no meio das coisas deles, mas eu sinto que sou a única que pode salva–lo, de algo que ele não quer ser salvo.
– Eu juro que não vou mais permitir que seu passado continue te destruindo – sussurro ao ver que ele pegou no sono – Boa noite Harry – afasto seus cabelos de sua testa e deixou um beijo molhado ali.