– Eu não quero arrumar confusão – ele gargalha com a minha fala.
– O que acontece se eu falar um palavrão? – ele sorri maligno me estremecendo posso sentir seus lábios tocando meu ouvido.
– Me solta, por favor – digo quase implorando, e agora decido usar a força de meus braços que trêmulos o empurra para trás, mas Styles não se intimida e ri com minha ação.
– Te soltar é uma coisa que eu não vou fazer... E o engraçado é que não estudamos ainda sobre essa fobia,é você quem vai dar aula sobre ela?
– Solta ela Harry Styles, – uma voz gasta masculina chama e ele se vira para trás.
É o senhor Newton, com os braços cruzados, lançando um olhar de repreensão para Styles que me solta aos poucos.
Respiro aliviada e ando em direção á praça de alimentação.
– Senhorita Beaulmont, acompanhe–me – o senhor Newton chama e eu dou meia volta.
Styles, fica no mesmo lugar, parado. Não ouso em olhar para trás. Apenas sigo o moreno de terno pra até uma sala, com um plaquinha "atendimento ao aluno" ele se senta em uma poltrona à frente de uma mesa repleta de papéis. Há uma outra plaquinha em cima da mesa "Sr. Newton "
– Styles disse alguma coisa inapropriada? – ele me observa preocupado.
– Não senhor – respondo.
Ele faz um gesto com o braço para que me sente na cadeira e eu assim faço.
–Se algo acontecer com você, por favor me avise – abre uma pequena gaveta e retira o estojo do óculos, colocado o mesmo em seguida.
– Tudo bem.
– Não fique perto de Styles, ele não é bem um aluno exemplar.
E quem disse que eu só tenho que falar com alunos exemplares?
Mas é claro que não vou ficar perto daquele garoto.
O Sr Newton me olha com a mão na barba, parece estar tentando lembrar de mais alguma coisa para falar, ou então, ele observa cada defeito em meu rosto. Eu sabia que estava parecendo um zumbi e deveria ter passado mais blush.
Envergonhada eu abaixo a cabeça, fazendo com que ele se mova com inquietação na poltrona.
– O meu armário não está abrindo – quebro o silêncio aproveitando para resolver o problema do armário – Styles está falando que aquele armário é dele – explico.
– Me deixe ver seu papel – ele pede e eu entrego o papel a ele que digita alguma coisa no computador e solta um leve riso – Parece que houve um erro – comenta coçando a barba – Seu armário é o do lado – assinto mordendo o maxilar.
Eu deveria me sentir melhor?
– Obrigada senhor – pego o papel de volta e observo os rabiscos que ele fez com as informações certas.
– Você já pode ir – ele fala desconfortável – E caso haja problema, venha falar comigo.
Abro a porta da sala e me deparo com um garota parada na frente da mesma. Ela se assusta assim abro a porta, e pela posição que estava (inclinada sobre a porta) prefiro não acreditar que Ela ouvia a minha conversa com o Sr Newton.
– Oi, eu sou Marcelly Montez, e eu curso Publicidade – me cumprimenta com um beijo no rosto – Seu nome é Clhöe né? você é a caloura? Terceiro semestre em psicologia? – ela diz enquanto andamos para o refeitório – É verdade que o Styles estava te ameaçando? – a loira dos olhos verdes nem espera eu responder e continua a falar.
– Bem, – respiro – Sou Clhöe, e eu sou sim caloura, e... O que mais você Perguntou? – ela tampa a boca e gargalhamos juntas.
Nos aproximamos de uma mesa que já tem duas pessoas sentadas, uma delas é João e a outra pessoa é uma menina ruiva de cabelos longos ondulados.
– Gente, essa aqui é Clhöe a aluna nova, e ela vai se sentar conosco daqui em diante – Marcelly se senta do meu lado, enquanto João e a garota ruiva sorriem amigavelmente para mim – Bom Clhöe, vou deixar claro que não somos populares aqui – assinto enquanto Marcelly diz eufórica – As garotas populares são aquelas – ela aponta para algumas meninas sentadas em uma mesa ali perto – Megan, Tabitta, e Amanda, cursam Design de Moda, Vadias que você não deve chegar perto – a garota ruiva apenas assente em concordância.
– E nós somos, o grupo que acolhe os novatos para eles não ficarem sozinhos e se tornarem seres obscuros que se isolam – a ruiva diz com a voz fantasmagórica me encarando com seus belos olhos verdes e João gargalha.
– Bem profundo isso – João diz dando um gole em seu suco e nós rimos – Seja bem vinda ao nosso grupo nada interessante.
– Sou Violette, de publicidade – a ruiva sorri para mim – E esse é João o garoto do nome mais comum que você vai encontrar em Brighton! – a ruiva anuncia e ele revira os olhos.
– Só porque sou brasileiro – ele murmura.
– Já nos conhecemos – digo olhando para ele que beija minha mão com um ar zombeteiro, e eu dou um sorriso fechado entrando na brincadeira.
Observo o refeitório. Vejo que Styles está sentado em uma mesa sozinho, mexendo em seu celular entediado.
– Você se sentou no lugar dele? – Marcelly pergunta olhando na direção em que estou com os olhos focados.
– Ele é tão prepotente – comento.
– Escute bem o que vou te falar, ele pode até ser um tremendo gato, mas é bom fica longe – assinto para o comentário de Violette.
– Por que ele é assim? – Desvio meu olhar quando percebo que os olhos verdes dele, estão focados em mim.
– Ninguém sabe, ninguém conhece a história dele – João explica – Dizem que é bem sinistra. Ele é sinistro, e sei lá, talvez precise apenas sair do armário – João dá os ombros e Violette gargalha tão alto ao ponto de Styles ouvir e encarar nossa mesa como se soubesse que estamos falando dele.
– Ele já fez alguma coisa com vocês? – dou a primeira mordida na maça, até agora intacta na bandeja.
– Nunca ousamos em cruzar o caminho dele – João e Violette falam em coro.
– Por que todos o chamam assim? De Styles, por que não o primeiro nome – pergunto encarado João que se senta na minha frente.
– Na verdade, nós o chamamos assim desde sempre – Violette dá os ombros dando um gole em seu suco – Ninguém sabe a história dele, até porque, não existe história alguma, a única coisa que você precisa fazer, é seguir as regras e não cruzar o caminho dele, caso contrário ele vai te atropelar sem dó nem piedade, porque é isso que ele faz Clhöe, com todos – por um minuto olho para o mesmo e pigarreio ao ser flagrada pelo mesmo que me olha duramente.
– Ninguém me avisou sobre sentar no lugar dele – comento – Houve um erro no sistema e me deram o número do armário, ele achou que eu estava arrombando – Marcelly me olha surpresa boquiaberta.
– Te deram o número do armário dele?! – os três disseram em coro e eu assinto.
– E eu ainda protestei falando que o armário era meu, – Marcelly balança a cabeça boquiaberta.
– Styles não guarda nada dentro do armário. Com certeza só guardou hoje para você saber que ali era território dele – comenta João mordendo um pedaço do pão com geleia.
–Eu vou falar com ele e pedir desculpas. Não quero confusão – Violette e João balançam a cabeça negativamente me fazendo arquear a sobrancelha.
– Quando Styles não vai com a sua cara, não há desculpas que façam ele mudar de idéia – Violette explica de boca cheia – Digamos que você entrou na turma errada e se sentou no lugar errado de um garoto errado.
– Eu não consigo entender o porquê disso, eu não fiz nada para ele me odiar, era só um lugar e um armário.
– Claro que ele pode te odiar – João comenta – É você quem não pode fazer nada ou você segue as regras dele, ou você sofre as consequências –João diz enquanto viro a cabeça para trás, em direção a Styles que ainda me encara sem disfarçar – Só fica longe Clhöe, deixe ele te odiar. Contanto que ele fique longe. Tudo ficará bem – ele comenta como se tivesse contando uma história de terror e eu fosse a criança curiosa com os olhos arregalados.
– Harry Styles é lenda aqui em Brighton – Marcelly da os ombros dando um gole em seu suco e o sinal bate e todos ali se levantam.
Harry é o primeiro a deixar o refeitório e sim, meus olhos o acompanharam até ele sumir das minhas vistas.