13| Eu Tentei.

1122 Words
"Eu não sei se quero que você cumpra minha ordem sobre ficar longe de mim " – Styles. . . . – Você deveria entrar, para eu poder fazer um curativo... A sua sobrancelha está cortada – respiro fundo e fecho os olhos tentando controlar o pânico que ainda sinto por conta de minutos atrás e choro, cobrindo o rosto – olha, eu só,... só queria tentar fazer algo para agradecer, mas eu não vou poder e eu sinto muito – Styles não diz nada, apenas me olha preocupado e desce do carro dando a volta para abrir a porta para mim. Mas não sei se quero sair. Só de pensar no escândalo que minha mãe vai fazer quando me ver nesse estado. Eu estava indo tão bem todos esses dias. Tinha até me esquecido da Onomatofobia, mas talvez minha mãe estivesse certa esse tempo todo. Talvez eu devesse parar. E ficar em casa, e esquecer essa história toda de tentar ser independente e ter amigos. Porque eu não sou como eles, eu nunca vou ser e enquanto eu não aceitar isso, coisas desse tipo sempre vão acontecer. Abro a porta de casa e para o meu azar, dou de cara com minha mãe preparando cupcakes com o avental de bolinhas coloridas do qual ela só usa quando está feliz. Assim que a mesma vê meu estado, ela larga a forma que tinha acabado de tirar do forno e leva a mão á boca. Styles fecha a porta atrás de si e pigarreia. – Quem é você? Por que minha filha está... – antes que ela comece com todo o falatório e questionamentos, subo correndo as escadas e entro em meu quarto trancando a porta atrás de mim. Ela vem atrás de mim histérica, preocupada e entre os soluços ela grita por mim batendo na porta, mas não quero ouvir nada do que ela tenha para falar. Não quero ouvir que ele tem razão sobre tudo novamente. Não quero ver o olhar dele de pena para mim, por que é isso que as pessoas sentem quando me vêem assim, pena. Sentem pena da garota miúda que nunca vai poder fazer nada sozinha sem ter medo do que os outros podem falar. Pena da garota que nunca vai poder ser uma universitária como os outras, que vai á festas e que se diverte na flor da idade. Pena, da garota que vai passar o resto da vida tomando remédios para ansiedade, calmantes e que vai á sessões de terapia, mesmo sabendo que elas não vão levar a nenhum resultado, estudando para ter uma profissão que ela sabe que não vai pode ajudar a si mesma. Pena, da garota que veio morar em uma pacata cidadezinha esquecida no mapa, para esquecer o que aconteceu com ela antes. Para fugir de si mesma, para fugir de algo que ela nunca iria esquecer e que assombraria a vida dela para sempre. – Clhöe! Abra agora essa porta! – Cala a boca! EU NÃO QUERO OUVIR VOCÊ DIZER ESSAS COISA DE NOVO! – berro do outro lado da porta. – Clhöe, eu só quero ver como você está, abra a porta agora, É UMA ORDEM! – EU ESTOU CANSADA DAS SUAS ORDENS! – bato contra a porta. – Você está surtando, você precisa dos seus remédios, eles estão aqui comi... – CALA A BOCA p***a! – grito – CALA A BOCA! CALA A BOCA! – jogo o vidro de perfume contra a mesma e em seguida o abajur. – Por Deus! – ouço ela gritar forçando a maçaneta. Caminho até o banheiro e me encaro–me no espelho do banheiro enquanto minha mãe dá murros na porta gritando por mim desesperada. Estou em um estado deplorável. Meus olhos estão fundos e com olheras escuras, minha pele está mais pálida do que o normal e veias grossas saltam do meu pescoço enquanto eu tento respirar e expirar controlando meus batimentos cardíacos. Abro a torneira e molho meu rosto com a água gelada enquanto pego alguns comprimidos, não sei dizer ao certo quantos são, eu só sei preciso acabar com isso de uma vez, preciso dar um ponto final nessa história, não era essa vida que eu queria para mim, nem para minha família. Eu não posso mais suportar a hipótese de permanecer assim para sempre, fraca. Não vou deixar que isso se repita comigo novamente, não vou permitir que nenhuma dessas palavras me deixem nesse estado novamente. Encaro os comprimidos em minha mão tentando contato meus soluços me inclinando sobre o lavatório, sentindo minhas pernas fraquejarem como nunca fraquejarem antes. Dou uma última olhada no espelho antes de colocar todos os comprimidos na boca, e assim eu faço, fechando os olhos fortemente. Eu juro que eu estava tentando. Juro que tentei até onde consegui. Alguns minutos se passam e eu já posso sentir minha vista escurecendo aos poucos enquanto minhas pernas tremem quase não aguentando mais o peso de meu corpo. Seguro firme na pia do banheiro fechando os olhos com força e tomo o restante dos comprimidos que restaram na cartela, enquanto escuto minha mãe chamar por mim. Não acredito que fui capaz de dizer essas palavras tão... No mesmo instante que relembro das palavras, meu estômago revira e eu coloco todos os comprimidos que ingeri a poucos minutos para fora. É isso que acontece quando as pessoas falam um palavrão? Elas vomitam? sentem nojo da própria boca? Na saboneteira, pego o sabão e o esfrego na boca sem pensar. Preciso limpar minha boca, preciso tira-las da minha boca. Qualquer gosto é melhor do que elas. Estou desesperada, estou pirando. Eu nunca devia ter dito aquilo, agora aqui estou tentando limpa-las. Deus, agora eu tenho que lavar a boca com sabão. Eu sinto o gosto descendo pela minha garganta, cada letra, cada risco descendo pela minha garganta Agora tenho que lavar a boca com sabão. Meus pés pisam no molhado e eu percebo que a banheira está transbordado. Desligo a torneira e entro dentro colocando todas as toalhas para longe. Os músculos de meu corpo me torturam e eu afundo na banheira com a pedra de sabão na mão. É isso que vou fazer. Vou ficar aqui até meus pulmões transbordarem pela água, até meus pensamentos se afogarem. Sinto alguém me puxar para cima e meus olhos encontram um par de esmeraldas a me olhar. – O que pensa que está fazendo Clhöe?! – ele envolve meu rosto molhado em suas mãos. Eu tento tossir, tento puxar ar para meus pulmões, mas não consigo, e me debato na água, só agora tomando ciência do que acabei de fazer. Minha vista escurece e a última coisa que me lembro é de Styles me erguendo, me levando para a cama e enquanto minha mãe chama uma ambulância dizendo aos prantos minha filha tentou se m***r.
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