Abro os olhos preguiçosamente sentindo uma dor aguda em meu antebraço e vejo se tratar de uma enfermeira injetando algo em minha veia.
Assim que a enfermeira vê que acordei, ela sai do quarto e entra depois de alguns minutos o médico.
– Como está a moça? – o médico passa a mão em minha cabeça – Como se sente?
– Bem – eu quase não escuto minha voz.
– Você vai ficar sem voz por um tempo por conta do sabão – explica ele – E por conta de ainda estar sobre efeito de remédios muito fortes, é normal se sentir zonza e indisposta, eu recomendo que diminua as doses dos seus remédios – ele explica – expliquei tudo isso aos seus pais – assinto minimamente para ele que caminha até a porta e dá passagem para que meu pai possa entrar, e nos deixa a sós.
Ele se senta na beira da cama e solta um longo suspiro.
– Estou preocupado Clhöe.
– Me desculpe ter causado tantos problemas – forço minha voz mas ela sai fraca e meu pai se aproxima mais de mim para escutar – Você estava muito ocupado na empresa? Me desculpe pai eu não queria...
– Tudo bem Clhöe – ele me interrompe e eu fico em silêncio – vamos passar por isso juntos.
– O que houve com a mamãe? Aonde ela está?
– Ela está arrasada, nós quase perdemos você – ele abaixa a cabeça – E mais uma vez eu não estava por perto.
– Pai...
– Ela me disse que se não fosse aquele rapaz, para pular a janela do seu quarto e te tirado de lá você não estaria mais aqui conosco e eu sinto muito por tudo. Não vou te perguntar o que aconteceu agora, mas quero que saiba que não vou mais deixar isso acontecer com vocês duas – assinto tentando segurar minhas lagrimas – ela me ligou desesperada e disse que você chegou em casa com um sobretudo de um estranho e que estava tendo um surto trancada em seu quarto. Quando eu cheguei ela estava passando m*l e o rapaz estava fazendo um chá para ela se acalmar.
Styles.
– Ele foi um verdadeiro anjo em nossas vidas – meu pai beija minha testa e eu arregalo os olhos enquanto ele elogia o ato de Styles – Espere um pouco aqui, vou chamar sua mãe e agradecer mais umas quinhentas vezes ao rapaz.
– Ele ainda está aqui?!
Meu pai não escuta e deixa o quarto. Minha mãe entra no quarto logo em seguida com um lenço na mão olhos vermelhos.
– Como você está? – ela segura firmemente em minha mão, se sentando na beirada da cama.
– Me desculpe por tudo – ela suspira e encara a parede.
–Não tem porque pedir desculpas.
– Mãe...
– Que ato insano foi aquele?! Aquela não era você, não era mesmo. Meu Deus, você estava fora de controle – e ai ela começa a chorar – Você queria se m***r?! Queria jogar fora a sua vida Clhöe? Olha, eu...Eu estou fazentudo do tudo, de tudo Clhöe ela diz aos prantos cobrindo o rosto – Eu sempre estive ao seu lado e ai você resolve se trancar em seu quarto e simplesmente se m***r?! – balanço a cabeça negativamente chorando – Isso foi a gota d'água – ela se levanta e começa a andar de um lado para o outro com as mãos na cintura.
– Mãe, me deixa explicar...
– Explicar o que meu Deus? Nós sempre conseguimos resolver as coisas e agora eu estou arrasada – ela geme, como se uma faca estivesse sendo enterrada em seu peito.
Ela para por um instante para me olhar e leva as duas mãos á cabeça.
– Olhe aonde você veio parar, por Deus! – fecho os olhos fortemente enquanto ela chora ao meu lado e ai meu pai a retira dali.
Afundo a cabeça no travesseiro, mordendo o lábio me impedindo de gritar e fecho os olhos fortemente enquanto as lágrimas se deslizam de forma rápida pelo meu rosto.
Eu nunca vi minha mãe tão aflita como hoje, e eu não a julgo por ter dito essas coisas, agora eu entendo que tudo o que ela tem feito esses últimos meses tem sido para meu bem, e se eu tivesse seguido todas as instruções dela, talvez eu não estivesse aqui.
Minha cabeça está a ponto de explodir e eu meu corpo está mole impedindo de que eu me sente sobre a cama, então permaneço ali, deitada com acessos de soro no braço e alguns em meu peito captando meus batimentos.
Meus olhos começam a pesar após minutos observando o teto branco do quarto eles se fecham, e eu durmo, só acordando depois com um toque em minha mão, e meus olhos se abrem lentamente até se acostumarem com a luz, e encontram os olhos verdes, bem ali, na minha frente, sentado na beirada da cama, segurando a minha mão.
E nós dois ficamos ali, em silêncio por alguns minutos.
Styles tem um curativo no rosto, e algumas marcas de hematomas no mesmo, ele trocou de roupa, veste um casaco azul marinho.
– Eu sei que talvez não devesse perguntar isso, depois do que aconteceu, mas como você está se sentindo? – ele quebra o silêncio me observando.
– Eu vou ficar bem – ele assente – e você, está melhor? – pergunto notando que ele não dirá mais nada.
– Sim, eu disse que ficaria bem – assinto para ele que parece hesitar em dizer algo, mas ele suspira, e molha os lábios com a língua antes de dizer,
– Eu jamais imaginei que você fosse ser capaz de fazer o que fez hoje. Você não quis se m***r só pelo que houve no beco – ele comenta porém não consigo identificar se foi uma pergunta ou uma afirmação. O que aconteceu antes da Onomatofobia? Antes de você vir para cá?
– E por que isso interessa a você?
– Porque... você não é virgem, e ainda sim quando eu te beijei, senti que nunca fez isso com ninguém. É intrigante Clhöe. É como se alguém tivesse arrancado isso de você e você não soubesse como fazer com outra pessoa, você tem tudo, uma família, tem amigos que se importam com você, é doce e...você é especial e de repente, decide acabar com tudo – cubro o rosto tentando conter minhas lágrimas mas ele segura meu braços.
– Por que está aqui Styles? Não foi você mesmo que disse para ficarmos longe um do outro e eu não cruzar seu caminho?
– Eu não sei se quero seguir essa regra sobre ficar longe – ele morde o maxilar assim que termina de falar e eu abro os lábios porém, sem saber o que dizer, eu o fecho implorando mentalmente para que ele me beije, mas ele se levanta.
– Espera, – eu o chamo antes que dê as costas –Você vai voltar?
– Eu não deveria, mas não quero ver você só quando fechar os olhos – ele diz e morde o maxilar saindo pela porta em seguida me deixando sem palavras.