PARTE 2 | Quando Fechar os Olhos.

1181 Words
Abro os olhos preguiçosamente sentindo uma dor aguda em meu antebraço e vejo se tratar de uma enfermeira injetando algo em minha veia. Assim que a enfermeira vê que acordei, ela sai do quarto e entra depois de alguns minutos o médico. – Como está a moça? – o médico passa a mão em minha cabeça – Como se sente? – Bem – eu quase não escuto minha voz. – Você vai ficar sem voz por um tempo por conta do sabão – explica ele – E por conta de ainda estar sobre efeito de remédios muito fortes, é normal se sentir zonza e indisposta, eu recomendo que diminua as doses dos seus remédios – ele explica – expliquei tudo isso aos seus pais – assinto minimamente para ele que caminha até a porta e dá passagem para que meu pai possa entrar, e nos deixa a sós. Ele se senta na beira da cama e solta um longo suspiro. – Estou preocupado Clhöe. – Me desculpe ter causado tantos problemas – forço minha voz mas ela sai fraca e meu pai se aproxima mais de mim para escutar – Você estava muito ocupado na empresa? Me desculpe pai eu não queria... – Tudo bem Clhöe – ele me interrompe e eu fico em silêncio – vamos passar por isso juntos. – O que houve com a mamãe? Aonde ela está? – Ela está arrasada, nós quase perdemos você – ele abaixa a cabeça – E mais uma vez eu não estava por perto. – Pai... – Ela me disse que se não fosse aquele rapaz, para pular a janela do seu quarto e te tirado de lá você não estaria mais aqui conosco e eu sinto muito por tudo. Não vou te perguntar o que aconteceu agora, mas quero que saiba que não vou mais deixar isso acontecer com vocês duas – assinto tentando segurar minhas lagrimas – ela me ligou desesperada e disse que você chegou em casa com um sobretudo de um estranho e que estava tendo um surto trancada em seu quarto. Quando eu cheguei ela estava passando m*l e o rapaz estava fazendo um chá para ela se acalmar. Styles. – Ele foi um verdadeiro anjo em nossas vidas – meu pai beija minha testa e eu arregalo os olhos enquanto ele elogia o ato de Styles – Espere um pouco aqui, vou chamar sua mãe e agradecer mais umas quinhentas vezes ao rapaz. – Ele ainda está aqui?! Meu pai não escuta e deixa o quarto. Minha mãe entra no quarto logo em seguida com um lenço na mão olhos vermelhos. – Como você está? – ela segura firmemente em minha mão, se sentando na beirada da cama. – Me desculpe por tudo – ela suspira e encara a parede. –Não tem porque pedir desculpas. – Mãe... – Que ato insano foi aquele?! Aquela não era você, não era mesmo. Meu Deus, você estava fora de controle – e ai ela começa a chorar – Você queria se m***r?! Queria jogar fora a sua vida Clhöe? Olha, eu...Eu estou fazentudo do tudo, de tudo Clhöe ela diz aos prantos cobrindo o rosto – Eu sempre estive ao seu lado e ai você resolve se trancar em seu quarto e simplesmente se m***r?! – balanço a cabeça negativamente chorando – Isso foi a gota d'água – ela se levanta e começa a andar de um lado para o outro com as mãos na cintura. – Mãe, me deixa explicar... – Explicar o que meu Deus? Nós sempre conseguimos resolver as coisas e agora eu estou arrasada – ela geme, como se uma faca estivesse sendo enterrada em seu peito. Ela para por um instante para me olhar e leva as duas mãos á cabeça. – Olhe aonde você veio parar, por Deus! – fecho os olhos fortemente enquanto ela chora ao meu lado e ai meu pai a retira dali. Afundo a cabeça no travesseiro, mordendo o lábio me impedindo de gritar e fecho os olhos fortemente enquanto as lágrimas se deslizam de forma rápida pelo meu rosto. Eu nunca vi minha mãe tão aflita como hoje, e eu não a julgo por ter dito essas coisas, agora eu entendo que tudo o que ela tem feito esses últimos meses tem sido para meu bem, e se eu tivesse seguido todas as instruções dela, talvez eu não estivesse aqui. Minha cabeça está a ponto de explodir e eu meu corpo está mole impedindo de que eu me sente sobre a cama, então permaneço ali, deitada com acessos de soro no braço e alguns em meu peito captando meus batimentos. Meus olhos começam a pesar após minutos observando o teto branco do quarto eles se fecham, e eu durmo, só acordando depois com um toque em minha mão, e meus olhos se abrem lentamente até se acostumarem com a luz, e encontram os olhos verdes, bem ali, na minha frente, sentado na beirada da cama, segurando a minha mão. E nós dois ficamos ali, em silêncio por alguns minutos. Styles tem um curativo no rosto, e algumas marcas de hematomas no mesmo, ele trocou de roupa, veste um casaco azul marinho. – Eu sei que talvez não devesse perguntar isso, depois do que aconteceu, mas como você está se sentindo? – ele quebra o silêncio me observando. – Eu vou ficar bem – ele assente – e você, está melhor? – pergunto notando que ele não dirá mais nada. – Sim, eu disse que ficaria bem – assinto para ele que parece hesitar em dizer algo, mas ele suspira, e molha os lábios com a língua antes de dizer, – Eu jamais imaginei que você fosse ser capaz de fazer o que fez hoje. Você não quis se m***r só pelo que houve no beco – ele comenta porém não consigo identificar se foi uma pergunta ou uma afirmação. O que aconteceu antes da Onomatofobia? Antes de você vir para cá? – E por que isso interessa a você? – Porque... você não é virgem, e ainda sim quando eu te beijei, senti que nunca fez isso com ninguém. É intrigante Clhöe. É como se alguém tivesse arrancado isso de você e você não soubesse como fazer com outra pessoa, você tem tudo, uma família, tem amigos que se importam com você, é doce e...você é especial e de repente, decide acabar com tudo – cubro o rosto tentando conter minhas lágrimas mas ele segura meu braços. – Por que está aqui Styles? Não foi você mesmo que disse para ficarmos longe um do outro e eu não cruzar seu caminho? – Eu não sei se quero seguir essa regra sobre ficar longe – ele morde o maxilar assim que termina de falar e eu abro os lábios porém, sem saber o que dizer, eu o fecho implorando mentalmente para que ele me beije, mas ele se levanta. – Espera, – eu o chamo antes que dê as costas –Você vai voltar? – Eu não deveria, mas não quero ver você só quando fechar os olhos – ele diz e morde o maxilar saindo pela porta em seguida me deixando sem palavras.   
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