14| Parente.

2126 Words
Sou despertada com o barulho do despertador. Em cima da cômoda como sempre, estão os remédios, mas acho melhor não tomá-los, ao lado do copo de àgua tem um pequeno bilhete com a caligrafia de minha mãe. "Hoje você tem uma consulta no psicólogo, marquei às 15:30" Mas ainda são 09 da manhã. Por que ela não veio me avisar como sempre faz? Será que ela quer me dar um tempo? Desço as escadas e meus pais estão tomando café em silêncio. Eu me sento e meu pai sorri para mim, já minha mãe, dá um gole na xícara de café encarando o vaso de flores atrás de mim sobre o balcão. Pego um cacho de uva verde e me concentro na parede branca, em seguida como um pão com geleia de amendoim e meu pai me olha surpreso por eu estar comendo pão ao invés de alguma fruta. – Clhöe, seu tio Willian vai vir passar um tempo conosco – diz minha mãe com a voz distante e eu quase caio da cadeira. – O tio Will?! – abro um enorme sorriso. – Sim – ela diz indiferente. Meu pai percebe meu entusiasmo e sorri vitorioso. – Eu sabia que você se alegraria com essa notícia – ele aperta minha mão sob a mesa. – Ele não devia vir – minha mãe resmunga desconfortável com o assunto. – Mas ele é seu irmão querida – meu pai se vira pra ela. – Estou fazendo isso por Clhöe – ela se levanta e entra em seu escritório levando consigo a xícara de café. Eu meu pai terminamos de tomar nosso café em silêncio, porém, não consegui conter minha animação. A última vez que vi tio Will, foi quando eu ainda era criança, depois disso ele se mudou para os Estados Unidos, e desde então nunca mais o vi. – Por que ela não quer ele aqui? – pergunto enquanto ajudo meu pai a limpar a mesa. Ele solta um riso. – Ele faz muita bagunça – meu pai diz aos risos – Ele ainda nem chegou e já estamos rindo dele... – Gosto dele. – Só por favor não deixe ele tomar meu lugar – meu pai me dá um beijo na testa e eu o abraço – vai ser bom ter Willian de volta. – É ... As horas parecem não passar nunca. Seguro o livro com firmeza, e percebo que li alguns capítulos sem absorver o significado das palavras. Resolvo guardá-lo para ler em outra hora. Meus pensamentos voam e a hora no relógio indica que devo me arrumar para ir a mais uma consulta com a Doutora Nora. Me preparo para entrar no banheiro, e então escuto uma gargalhada diferente no andar de baixo. É ele! Vou até a porta da escada e vejo algumas malas no meio da sala. – Alex! Como você está... Grande! E você minha pequena escritora! Você continua tão pequena! Ouço ele matando a saudade de meus pais e solto um leve riso vendo a cara de minha mãe quando tio Will a chama de pequena escritora. –  Eu nem estava com taaaaanta saudade assim – ele anda de um lado para o outro e abre a porta do escritório de minha mãe – quero vê–la, cadê ela? Cadê a minha garota? – sinto meu rosto queimar de vergonha – ela está lá em cima? – ele olha para a escada e me vê – É...É ela? Essa é Clhöe? – assinto enquanto ele tampa a boca impressionado – Meu Deus pequena! Como você cresceu! – ele sobe as escadas correndo – Ah eu estava morreeeendo de saudade de você! – ele me abraça me erguendo no ar e percebe meu desconforto então me solta e sorri educadamente – A Senhorita está encantadora se me permite dizer – ele beija minha mão – Ou se preferir, continua deslumbrante doce Clhöe. – Bem! – ele grita me despertando – Pelo visto, eu esqueci de olhar no calendário, você está muito crescida o tempo passou rápido – ele passa a mão em meu rosto e eu sorrio – Está a cara da sua mãe. Ou melhor está a minha cara – sorrio tímida – Viu como você sorri como eu? – Chega de palhaçada Will – minha mãe corta a brincadeira – Clhöe precisa sair. – Sair? Agora que eu cheguei? Você vai para onde? – Ele fala enquanto desço as escadas com ele. – Ela tem psicólogo – responde minha mãe. – Sua voz se parece com a da sua mãe – tio Will, diz ironicamente – por um minuto achei que ela tinha respondido por você – Minha mãe bufa e vai para a cozinha – Por que ir a um psicólogo se o tio Will está aqui? Vem pequena – ele me puxa para meu quarto e eu hesito, mas meu pai sussurra 'depois eu resolvo com a sua mãe, não precisa ir hoje' Subo as escadas atrás de meu tio e ele está em meu quarto ajustando seus óculos redondos no rosto. – E então pequena garota, está indo ao psicólogo por causa daquela fobia? – assinto – Seus problemas acabaram! – ele me surpreende com um abraço apertado – Eu estava com muita saudade de você Senhorita Clhöe. – Eu também tio. – Senti falta da sua voz. – E eu das suas gargalhadas. Ele faz uma careta. – Acho que sua mãe não sentiu minha falta – gargalhamos juntos – Mas eu não ligo pra ela. – ele se senta em minha cama e me observa em silêncio me fazendo pigarrear. – Sua mãe me contou sobre... O que aconteceu. Você quer me contar o que houve? Alex disse que sua mãe ficou bem abalada. – É, ela está... Estranha. Minha mãe não perdeu tempo espalhando minha desgraça para meu tio. Ele se senta do meu lado na cama e eu conto a maldita história desde o começo, quando eu e Marcelly marcamos de nos encontrar na frente do colégio, disse dos homens no beco e tio Will fingia ter um infarto na parte que eu disse sobre o sabão, tio Will estava jogado no chão se fingindo de morto. Eu forço um riso para não cair no choro novamente e tio Will se senta na cama de novo. – É complicado pequena. Mas creio ir você já tomou consciência do que fez – assunto para as palavras dele – Clhöe, sabe o que você precisa fazer para melhorar? – ele me pergunta e eu n**o – Você precisa disso – ele me derruba na cama me enchendo de cócegas. – Para, Para, Para, Para, Para!! – grito em meio aos risos. – Não estou te ouvindo – ele gargalha junto comigo. – Tio! – eu imploro e meu tio se interrompe ao ver que minha mãe nos observa da porta. – Você também quer cocégas? – ele pergunta e minha mãe revira os olhos. – Não, eu quero que você vá buscar as suas bagunças do meio da sala. – Desculpe. – Tudo bem tio – me levanto da cama e ajeito meus cabelos, enquanto minha mãe me olha sem piscar – eu te ajudo. Ele vai ficar no quarto dos empregados? – pergunto e tio Will gargalha. – Vocês tem empregados? – Não – minha mãe dá os ombros – você pode ficar por lá. Peça para Alex te ajudar a montar a cama – ela dá as costas e eu solto um suspiro. – Será que pode me ajudar? – assinto – Certo, mas não agora – ele sorri – Venha ver os presentes que eu te trouxe – ele desce as escadas tropeçando no último degrau me fazendo gargalhar e arrancando um riso de minha mãe, mas ela logo volta a ficar seria e entra dentro de seu escritório. Eu me sento no sofá e ele me entrega uma caixa extremamente pesada. Eu abro e um imenso sorriso sai de meus lábios. – Tio... Esse é seu nome na capa desses livros todos? – ele assente – Você se tornou um... Nossa! Eu amei! – ele me abraça e eu percebo que minha mãe nos espia da porta. – Você não vai ler pelo menos as introduções? – ele está apreensivo batendo o pé no chão. – Ah Claro que vou. Por quê não me disse antes que tinha se tornado um escritor? – Era uma surpresa – ele fica em silêncio e balança a cabeça negativamente – Quer dizer... Eu não... Ah esquece essa história. Vamos! Leia! Sua mãe, me disse que é você quem lê os livros dela antes que ela os publique. Bem, eu já publiquei esses, mas quero saber sua opinião. – Tudo bem – eu abro um dos livros e me concentro nas letras, mas o livro é arrancado da minha mão. – Quer saber? Por que você não lê depois? – eu gargalho e assinto. – Tudo bem. – Am... Por que você não vem dar uma volta comigo, para podermos conversar sem sermos espiados pelo sua mãe? – tio Will provoca ela e eu olho diretamente para a porta ela está lá com o rosto vermelho sem jeito. – Eu não estava... – ela tenta se explicar mas tio Will a interrompe. – Nós já entendemos que você está sem jeito. – seguro o riso enquanto tio Will se levanta e vai até a porta – Posso levar ela comigo? – minha mãe assente e eu vou com ele. – Só não demorem. Tio Will a imita por trás da porta e eu me controlo para não rir. –Só vamos beber um pouco – ele sussurra e eu espero que minha mãe não tenha escutado. Ela está mesmo chateada com tudo o que aconteceu, e parece que toda vez que ela me olhar, a mesma entra em uma espécie de transe, como se pudesse ver de novo aquela cena terrível. – Aonde você quer ir? – tio Will pergunta. – Você quem sabe – dou os ombros. A companhia de meu tio é tão boa, que não me importo aonde vamos. Estou tão feliz por ele ter voltado. Ele é tão extrovertido, sabe transformar as situações difíceis em uma piada engraçada e não se importa com o que vão falar sobre as adversidades, ele sempre vai continuar rindo, e isso me faz rir também. Não sabia o quanto ele me faz bem, fazia tanto tempo que eu não sorria e aqui estou gargalhando enquanto ele tenta se equilibrar na guia da rua. Estou ansiosa para ler um de seus livros, e como estou. É tão legal saber que ele virou um escritor. Não sei por quanto tempo consegui não pensar em Styles. Mas sei que foi muito. E estou feliz por tio Will ter conseguido fazer com que eu me esquecesse dos problemas, mesmo que tenha sido por algumas horas, mas estou feliz e não consigo parar de sorrir. – Será que a gente podia passar naquele bar? – arqueio as sobrancelhas – Prometo que serão só cinco minutinhos – ele insisti e eu assinto – Eu preciso tomar uma dose de wisky – ele comenta empurrando a porta do estabelecimento. O bar está um pouco vazio, nós nos aproximamos do balcão e tio Will pede sua bebida. Alguns homens o encara e ele sorri ridiculamente como se estivesse com um incomodo na boca. Eu me impeço de rir e me concentro nos nomes das bebidas nas prateleiras. – Clhöe, – meu tio me cutuca – desde que nós entramos aqui, um rapaz não para de te olhar. Não olha para trás ok – assinto indiferente – Quer beber alguma coisa? – n**o – Ah vamos lá, só uma cerveja por favor. – Só uma. – Não, acho melhor só um gole – ele se corrige e eu solto um riso. – Okay, só um gole. Ele pede para o homem se aproximar e manda ele encher meio copo de cerveja para mim. Dou um gole e faço um careta, enquanto tio Will paga as bebidas. – Vou perguntar a aquele cara por que ele tanto te come com os olhos – antes que eu peça para ele não ir, tio Will já está lá. – Am... – escuto ele dizer – ela é linda não? – posso ouvir a voz de ironia dele – Eu concordo, mas se você continuar secando ela desse jeito, ela vai chegar em casa desidratada. – E quem você pensa que é para falar essas coisas para mim? – essa voz é de... – Eu sou um m***a igual você – meu tio retruca e eu me viro para eles – E você é quem pra olhar para ela desse jeito? – Prazer, sou Harry Styles – ele se levanta mas meu tio não parece estar intimidado – E você pensa que é quem para trazer ela para esse tipo de lugar mesmo sabendo o que ela pode ouvir aqui?    
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD