Capítulo 03

2085 Words
Lorena narrando - escuta a proposta primeiro Lorena - ele fala sério se sentando de frente pra mim e eu respiro fundo encarando ele com uma ponta de esperança - fala logo, olha, eu consegui comprar as coisas pra minha irmã, muito obrigada - eu falo com ele que n**a sorrindo de lado e respira fundo me olhando sério novamente - naju tá com fome, n**a, me dá ela aqui- a Mari volta e vem dando a janta pra naju sem nem olhar para o bigode - fala logo bigode; qual a proposta ?- eu pergunto ansiosa olhando pra ele com esperança - visitar o terror na cadeia - ele fala e eu travo- entrar com comida e drogas pra ele, tu vai casar com ele no papel, e vai ter que ir lá, cada visita 15 mil pelo risco das drogas e garantia de advogado se acontecer qualquer parada nós te tira de lá - ele fala e a Mari me olha bolada na hora e eu encaro ela em dúvida - eu topo - falo e a Mari n**a me olhando com decepção - quando é a primeira visita ?- eu pergunto pra ele e a Mari sai com a naju da cozinha - sábado, amanhã mesmo já trago os papéis pra você assinar, e a lista do que ele vai querer de comida e tudo mais, vai ter um carro que vai te levar e te buscar, e vou mandar dinheiro pra tu comprar os bagulho pra ele também - ele fala e eu concordo com aperto no peito - lore, o terror não é uma pessoa simpática, e eu te conheço, não bate de frente com ele, só faz os bagulho certinho do jeito que eu te falar e vai dar certo - ele fala sério comigo me alertando sobre o terror - como eu vou entrar com as drogas ?- eu pergunto a ele com a garganta arranhando - na costura do cobertor, nas bordas, você vai desfazer, colocar as drogas ali e costurar de volta - ele fala e eu me assusto - vai também com fio de carregador na perna na panturrilha não pega no scanner, mas fica suave que eu vou te dar todos os detalhes, agora me dá um pouco dessa comida aí que o cheiro tá bom pra c*****o - ele pede na cara de p*u - naju tá dormindo, eu vou pra casa- a Mari fala e sai batendo a porta sem olhar pra nos dois - ela é cheia de neurose né - ele comenta enquanto eu sirvo o prato pra ele - ela se preocupa comigo, ela queria que eu fosse ficar com ela e com a mãe dela, mas a mãe dela já se mata de trabalhar pra sustentar as duas, ela faz curso, eu não posso me enfiar com a minha irmã na casa dela - falo e ele concorda já com o prato nas mãos e se servindo - pena que é marrentinha se não já era uma das minhas- ele fala e eu n**o rindo - para com isso, ela merece coisa melhor - eu falo e ele me manda dedo do meio e me dá um se liga Bigode é gente boa, ele é mais velho que eu mas estudamos na mesma escola, isso quando ele aparecia, não temos amizade, mas também não tenho nada contra ele, pelo contrário, mesmo ele sendo insuportável eu gosto dele como amigo, ele é muito engraçado e sempre me perturbava quando eu voltava tarde do estágio ou esbarrava comigo pela rua Ele come dois pratos de pedreiro e fica lá mexendo no celular como se estivesse na própria casa - ai amanhã cedo tu vai lá na boca assinar os papéis do seu casamento com o temido terror, e guarda essa língua na frente dele porque se ele não quiser mais tua visita fudeu - ele fala e eu concordo - to indo fé ai, e se precisar de qualquer parada me avisa - ele fala e vai embora Quando ele saiu eu fiquei pensando no caos que minha vida vai se transformar, eu nunca namorei, só dei uns beijos, sou virgem, e vou ter que ir fazer visita completa pra um dono de morro que não olha na cara de ninguém, e ignorante igual coice de mula, eu tô perdida, mas a grana é boa, e eu preciso pensar na minha irmã acima de tudo, essa grana segura a gente um bom tempo e eu não posso me dar ao luxo de perder porque é grana garantida, e é pela minha irmã Mesmo que eu corra risco entrando com droga e a minha chance mais rápida de levantar grana e manter nós duas, eu tô cheia de dívida que meus pais deixaram, pelo menos a casa é própria mas tem que pagar as contas daqui, então não posso dar mole Eu não consegui pregar o olho, naju acordou duas vezes a noite chamando pela mamãe e eu tive que acalmar ela até conseguirmos dormir No outro dia cedo eu acordei e fui fazer nosso café da manhã, dar um banho nela e levar ela pra creche pública aqui do morro, eu preciso fazer minhas coisas, e por sorte a vaga dela saiu mês passado, antes dos meus pais falecerem Depois de vestir ela pra creche, eu me arrumei com um short jeans escuro, uma camiseta rosa e chinelo básico mesmo, passei meu perfume e fiz um coque no cabelo que estou sem coragem de enfiar um pente nele, preciso lavar ele urgente pra desembolar ele todinho e sai de casa com ela pra deixar ela na creche De lá eu já fui direto pra boca, todos os vapores me encarando, alguns com uma malícia que me dava nojo, e eu passei direto fingindo que não estava ouvindo os assobios e as cantadas nojentas que alguns faziam - coe tá fazendo o que aqui ?- o bala me abraça quando eu paro na sua frente - avisa ao bigode que eu já cheguei por favor - eu peço a ele que me olha estranhando mas avisa pelo rádio - tá precisando de alguma coisa ? Tu sabe que esses cara é casca grossa, se eu puder fazer alguma coisa me fala - ele fala e eu n**o com um sorriso gentil - pode deixar, eu tô tentando dar conta de tudo, mas obrigada pelo apoio- eu abraço ele que beija o topo da minha cabeça - entra ai lore - o bigode me chama sério e eu me solto do bala e vou entrando na sala do bigode - ai os papéis já estão aqui, esse é o advogado do terror - ele fala e eu cumprimento o homem e assino todas as páginas onde ele mandou - ai falando no homem olha ele ligando - o bigode fala pegando no celular - fala patrão - ele fala e fica em silêncio - sua carteirinha já vai ser entregue ao bigode sexta feira e no sábado você já pode ir pra visita, todas as especificações de roupas estarão no formulário que ele vai te mandar ok- o advogado fala e eu concordo tentando não transparecer o nervosismo - ai patrão, agora tu tá casado, tua dona acabou de assinar os papéis- ouço o bigode falar e meu corpo se arrepia inteiro - Jae fala aqui com ela as paradas que tu vai querer - ele fala e me estica o celular e minhas mãos suavam - alo- eu falo nervosa atendendo o terror, eu nunca falei com ele - coe eu vou querer camarão, dobradinha, Carre, arroz, farofa, feijão, traz a comida direito, de sobremesa pode ser um mousse de maracujá mesmo, e duas coca cola, e traz miséria não, é pra trazer o bagulho regado - ele fala grosso que meu corpo todo ficou trêmulo na mesma hora - ok- eu falo e passo para o bigode de novo já que eu não conseguia falar mais uma palavra com ele - Jae, Jae, vou dar o dinheiro a ela aqui, fica suave - ele fala e desliga a chamada depois deles falarem mais algumas coisas - bom eu já vou, depois manda o dinheiro pra eu comprar tudo o que ele pediu - eu falo e eles dois me dão mais explicações de como eu tenho que mandar tudo lá pra dentro Eu não sei como vou carregar tanta coisa, ainda bem que vai alguém comigo, porque eu sozinha não vou conseguir, ele pediu tudo do mais difícil, parece que é pra me testar mesmo, porque não tem lógica Fui pra casa ainda perdida, e no caminho encontrei a Mari, e ela parou me olhando seria - você vai mesmo ?- ela pergunta preocupada e eu concordo - eu preciso ir Mari, você ouviu quanta grana esta em jogo, e eu não posso recusar agora - eu falo com ela que concorda - eu já assinei os papéis do casamento, não tem mais volta, depois de amanhã eu vou para o presídio - eu falo e ela me abraça e eu começo a chorar - eu não tenho escolhas, eu queria muito ter, mas a pensão é um salário, a naju vive doente com esses problemas respiratórios dela, eu não posso contar só com um salário, e se eu colocar ela com alguém pra eu trabalhar eu vou acabar trocando dinheiro - eu falo e ela concorda secando as minhas lágrimas - você sabe que eu me preocupo muito com vocês duas né, mas eu não vou largar vocês, e o que você precisar eu estou do seu lado - ela fala em abraçando e vamos pra minha casa Eu passei o dia todo com a mente atribulada pensando na quantidade de coisas que ele pediu, ainda bem que eu sou boa na cozinha, e o advogado falou que pode entrar com essas coisas, e mais difícil, mas pode entrar Eu tô ansiosa, com medo, e muito insegura com essa visita, eu nunca tinha falado com ele e o jeito que ele falou pelo telefone me deu tanto medo, eu fiquei toda arrepiada e perdida nas coisas que ele falava comigo O bigode trouxe o dinheiro, e eu fui às compras, a Mari buscou a naju, e acabamos dormindo as três juntas na minha casa Na sexta eu já acordei e fui me preparando psicologicamente pra fazer todas as coisas que ele pediu, e preparar as sacolas e potes como devem ser, vai dar umas três bolsas, fora cigarro que comprei, as drogas que tinha que costurar Minha sexta foi tomada só para preparar as coisas dele - eu não acredito que até droga você vai levar - Mari fala ao me ver costurando o cobertor e eu concordo sem olhar nos seus olhos - ai meu Deus cara, eu não consigo acreditar nisso - ela fala e começa a me ajudar a fazer as coisas e colocar nos pacotinhos Eu queria desistir, to com muito medo de ser presa, mas eu não tenho escolha, eu preciso fazer a minha parte, e eu não vou dar pra trás agora, eu vou até o final, só me resta coragem e me preparar mais Eu arrumei tudo nas bolsas com a ajuda da Mari, e ela ia ficar na minha casa com a minha irmã - tá pronta ?- ela me pergunta quando eu desço depois do banho - pronta não, mas tenho que ir - falo e ela me abraça com força - eu te amo, estou te esperando aqui, fica tranquila que eu cuido dela - ela fala e eu agradeço e beijo a minha irmã e saio de casa eram meia noite Ele quer que eu entre cedo, então eu preciso ser uma das primeiras na fila pra conseguir entrar rápido lá - eu não acreditei quando o bigode me mandou aqui - o bala vem pegando as bolsas e me olha desacreditado - não me julga por favor, você sabe que eu preciso disso, e a grana é boa pra sustentar eu e minha irmã- eu peço a ele que n**a e me abraça forte e eu caio no choro já - vamos entrar que o caminho é longo pequena - ele fala e eu entro no carro com ele e fui em silêncio o caminho todo com a mente a milhão pensando em como vou entrar com tanta droga desse jeito, e todas essas comidas, não pode voltar nada, ou ele mesmo me mata lá dentro mesmo
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