O vizinho

1112 Words
A noite caía sobre Peter como uma cortina de escuridão, envolvendo-o em sombras densas e desconhecidas. Seu subconsciente mergulhou em um pesadelo surreal, onde a escuridão era tão profunda que ele m*l conseguia distinguir os contornos de seus próprios pensamentos. Caminhando por esse cenário sombrio, Peter sentiu o chão traiçoeiro sob seus pés. De repente, algo o agarrou com uma violência c***l, um cão afundando presas afiadas em sua perna. Um grito de dor escapou de seus lábios, ecoando na escuridão sem fim. Desesperadamente, ele usou seu pé livre para chutar a fera invisível, lutando para se libertar da agonia que o consumia. Uma risada sinistra ressoou, e a escuridão se contorceu com a presença do m*l. Uma figura sombria, o próprio d***o, observava a cena com olhos ardentes e malévolos. Ordenando que a fera se afastasse, o d***o sorria, deleitando-se com o sofrimento do jovem Peter. O garoto, apesar de sua tenra idade, preferia enfrentar a fera do que o d***o que o aguardava do lado de fora da escuridão. O terror que emanava daquela figura era mais assustador do que qualquer pesadelo que pudesse imaginar. De repente, Peter acordou, empurrado de volta à realidade. Seu corpo estava coberto de suor, e a bile subia em sua garganta, um eco físico do terror que havia experimentado em seu sonho. Com hesitação, ele se levantou, sentindo-se aos tropeços enquanto se dirigia ao banheiro. A sensação de déjà vu pairava em sua mente, uma vaga impressão de que algo o havia acordado desse tormento, interrompendo o ciclo incessante de seus sonhos. Enquanto lavava o rosto, Peter encarou seu reflexo no espelho, buscando respostas nos olhos que refletiam uma mistura de medo e determinação. O passado turbulento que o atormentava nas horas escuras da noite parecia ter uma força própria, uma persistência em manter-se vivo mesmo nos recantos mais profundos de sua mente. Peter ansiava por esquecer, por deixar para trás as memórias que o assombravam, mas, uma vez mais, ficava claro que seu passado não estava disposto a libertá-lo tão facilmente. Depois de um tempo, Peter enxaguou a boca, escovou os dentes e encarou seu reflexo no espelho. Seu rosto bonito não refletia os horrores que ele conhecia, as cicatrizes invisíveis que marcavam sua alma. Odiava a maneira como suas memórias sombrias teimavam em retornar, transformando-se em pesadelos terríveis durante a noite. Às vezes, seu subconsciente brincava com ele, misturando lembranças reais com fantasias aterrorizantes. Praguejando, Peter voltou para o quarto e verificou o relógio. Eram três da manhã, uma hora indesejada para confrontar os demônios do passado. Suspirando, dirigiu-se ao quarto que ele havia transformado em academia, tentando dissipar as sombras da noite com o esforço físico. Ao abrir a porta, fez uma careta ao lembrar que apenas seu quarto e o quarto preto tinham isolamento acústico. Agora, lamentava não ter estendido isso para toda a casa. Ao sair do seu refúgio, foi recebido pelos latidos incessantes do cachorro endiabrado da vizinha e pela voz estridente dela, entoando mais uma de suas músicas insuportáveis. Praguejando novamente, Peter pegou o telefone e ligou para o síndico. Não era apenas por sua paz que ele reclamava, mas por um senso de justiça. Se ele não podia encontrar a paz em sua própria casa, o pobre homem que era o síndico também não merecia um momento de tranquilidade. Era como se a vizinha perturbadora não fosse a única a espalhar sua tormenta naquelas horas inoportunas da noite. Minutos depois, Peter sorri ao ouvir a campainha soar no apartamento ao lado, sinal de que o síndico havia cumprido sua palavra e ido dar um jeito na maluca da vizinha e seu demônio de quatro patas. Satisfeito com a perspectiva de um momento de tranquilidade, ele pega seu fone de ouvido, coloca para tocar "Bring Me To Life" do Evanescence, e começa a correr na esteira, deixando que a música envolva seus pensamentos e afaste as lembranças assombradoras. Enquanto isso, no apartamento ao lado, Hellen, ao ouvir a campainha soar às três da manhã, pede paciência a todos os santos que conhece. Já imaginava que devia ser o síndico, vindo mais uma vez por causa do vizinho velho, careca, gordo, e agora, segundo suas últimas palavras, dentuço. Com um sorriso nos lábios, ela abre a porta, preparada para enfrentar seja lá o que fosse. Ao encontrar o síndico do prédio do lado de fora, Hellen oferece um sorriso amigável, mesmo que saiba que suas peculiaridades causam certos incômodos: "Boa noite, senhorita Didion. Lamento o incômodo novamente, mas parece que as reclamações persistem", diz o síndico com uma expressão resignada. Hellen, mantendo seu sorriso, responde: "Entendo, senhor. Agradeço por vir tão rapidamente. Vou dar uma palavra com meu 'demônio' e garantir que ele se comporte melhor." Ela acrescenta um piscar de olhos humorístico, sabendo que suas piadas sobre o cão inquieto eram parte do folclore do prédio. O síndico, sem perder o profissionalismo, balança a cabeça: "Agradeço pela compreensão, senhorita. Qualquer coisa, estou à disposição." Ele se afasta, e Hellen fecha a porta, mantendo o bom humor, sabendo que, por mais estranhas que fossem suas interações com o síndico, a culpa não era dele e sim do chato que morava ao lado. Ao fechar a porta, Hellen decide que na manhã seguinte finalmente resolveria as diferenças com o vizinho encrenqueiro. Determinada, ela acorda por volta das seis da manhã, decidindo que é o momento certo para abordar a situação. Hellen se aproxima do apartamento ao lado, apertando a campainha com determinação. Mentalmente, ela já se preparava para encontrar um homem horrível, gordo, careca, feio e dentuço, como ela o imaginava. O estigma que ela mesma criara sobre o vizinho parecia moldar sua expectativa. Contudo, seus ouvidos captam passos do outro lado da porta, e a tensão aumenta enquanto aguarda. Quando a porta se abre, Hellen prende a respiração por um momento, surpreendida. Em vez do homem que ela esperava, encontra-se diante de um indivíduo de beleza impactante. O homem que agora estava à sua frente era lindo de morrer, desafiando todas as suas expectativas. Seus traços eram marcados por uma combinação de virilidade e charme, e os olhos, intensos e expressivos, prendiam a atenção de Hellen. Por um instante, ela se esquece do propósito original de sua visita, enquanto seu olhar captura a surpresa e um toque de confusão que paira no rosto dele. Hellen, recobrando-se do choque inicial, tenta esboçar um sorriso: "Bom dia. Sou sua nova vizinha, Hellen Didion. Acho que tivemos alguns desentendimentos noturnos recentemente, e eu gostaria de resolver isso de uma vez por todas." Ela m*l podia acreditar que suas imagens preconcebidas sobre o vizinho tinham sido completamente desafiadas pela realidade diante dela.
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