A Vizinha maluca

1211 Words
Peter sentia-se à beira da insanidade. As noites tornaram-se um desafio constante, uma batalha perdida contra as insônias que o assombravam. Pesadelos se entrelaçavam com seus pensamentos, formando uma teia de ansiedade que o envolvia cada vez que fechava os olhos. m*l sabia ele que o pior estava por vir, e viria na forma de sua nova vizinha. O edifício de luxo, onde Peter havia investido tanto para garantir uma moradia tranquila, agora parecia uma piada c***l do destino. Seu andar, com apenas três apartamentos, era um oásis de privacidade que rapidamente se transformou em um pesadelo. O apartamento master, que ele chamava de lar, era um refúgio que agora se via invadido por uma presença indesejada. A nova vizinha, cuja chegada foi tão repentina quanto inconveniente, era uma mulher excêntrica que tinha um gosto duvidoso por música. Peter se perguntava se ela possuía algum tipo de radar para escolher as músicas mais irritantes possível, pois, todas as noites, o som estridente invadia seu espaço sagrado. Além da trilha sonora desagradável, havia também o cão demoníaco. Peter não conseguia entender como um animal podia latir tanto e por tanto tempo sem se cansar. Suspeitava que o cachorro estava possuído, pois a lógica simples não explicava o comportamento do animal. No auge de sua frustração, tornou-se hábito para Peter ligar para o síndico, exigindo uma intervenção para silenciar a maluca que se mudara para o apartamento ao lado. Peter cogitou voltar aos velhos hábitos e silenciar ele mesmo a vizinha, porém foi muito difícil colocar o monstro que habitava dentro dele para dormir, e matar aquela maluca podia ser sua perdição. O pior de tudo é que a mulher, além de seus gostos musicais questionáveis e do cão endemoniado, era uma fervorosa cantora desafinada das músicas de de Miley Cyrus. Peter m*l podia acreditar que, em um edifício de luxo, onde se esperava uma certa etiqueta e bom senso, agora tinha que lidar com alguém que parecia viver em um mundo à parte. O seu andar, antes calmo e sereno, tornou-se palco de uma saga diária de irritações. Peter nunca imaginou que a busca por conforto e sofisticação o levaria a conviver com uma vizinha tão perturbadora. Ele se questionava se era possível escapar dessa situação, se existia alguma solução para restaurar a paz que outrora dominava seu lar. Nos corredores silenciosos do edifício de luxo, onde o eco dos latidos do cachorro reverberava como um lamento noturno, Peter se perguntava como sua vida havia chegado a esse ponto. Certamente, era um capítulo que ele nunca imaginou incluir em sua história, mas que agora, de alguma forma, parecia inevitável. Enquanto a música soava por seu apartamento, Hellen Didion, uma mulher de beleza exuberante e olhos azuis penetrantes, encontrava-se mais uma vez à beira da explosão. De sua boca carnuda sai todos tipos de maldições contra o vizinho ao lado. Seus cabelos cacheados caíam livremente por suas costas, uma moldura perfeita para o rosto decidido e as feições marcantes. A pele n***a de Hellen era um contraste magnífico com seus olhos azuis, criando uma imagem de força e beleza que não passava despercebida. Com trinta e quatro anos, Hellen era uma mulher forte e decidida, resultado de horas dedicadas na academia da polícia. Desde jovem, ela tinha um único objetivo que guiava cada passo de sua vida: encontrar seu irmão caçula, e para isso ela tinha que estar ali, mas se via perto de ser expulsa tudo por conta de um vizinho velho e careca, pelo menos era o que Hellen imaginava. Essa missão tornou-se sua razão de ser, uma busca incansável que a levou a se tornar uma agente policial determinada. Ao longo dos anos, Hellen desenvolveu uma história de vida marcada por escolhas difíceis. Ela afirmava que sua entrada na polícia foi uma fuga do pai e do mundo da máfia, mas a verdade era mais complexa. Hellen escolheu essa profissão para rastrear seu irmão mais novo e confrontar a mulher insensível que era sua mãe biológica, de quem herdara não apenas os olhos, mas também a determinação inabalável. Sua jornada a levou ao FBI, onde, apesar de seus esforços incansáveis, ela não conseguiu obter sucesso na busca por seu irmão. Determinada a não desistir, Hellen redobrou seus esforços e ingressou no serviço secreto, mergulhando ainda mais fundo na sombra do mundo do crime. No entanto, Nova York tornou-se o novo palco de suas esperanças renovadas. Hellen acreditava que seu irmão mais novo estava na cidade, e não mediria esforços para encontrá-lo. Abandonando seu cargo no serviço secreto, ela trouxe consigo uma bagagem de experiências intensas e um fogo interno que a impulsionava na busca por respostas. Enquanto Hellen murmurava impropérios contra o vizinho perturbador, sua mente estava focada em sua missão pessoal. Ela não permitiria que nada, nem mesmo um vizinho excêntrico e seu cachorro endiabrado, a desviasse do caminho que a trouxera até ali. O barulho, as interrupções e as frustrações do cotidiano não eram nada comparados à determinação inabalável de Hellen Didion em encontrar seu irmão e desvendar os mistérios de seu passado. Hellen bufou de frustração enquanto encarava Tótó, seu Chihuahua, com uma expressão de desaprovação. Desde que se mudaram para o apartamento, o pequeno companheiro canino parecia ter passado por uma transformação inexplicável. O que antes era um cão dócil e afetuoso agora se tornara um desafio constante, desafiando-a com latidos intermináveis. O apartamento, que deveria ser um refúgio tranquilo para Hellen, tornou-se palco de uma batalha diária entre ela e seu próprio animal de estimação. Tótó latia incessantemente, como se estivesse em uma missão determinada a testar a paciência de sua dona. Hellen se perguntava se o espírito endiabrado do cão tinha sido influenciado de alguma forma pelo ambiente caótico do edifício, talvez ele também não gostasse do vizinho gordo, careca e velho que morava ao lado. Naquela manhã em especial, Hellen estava se preparando para uma entrevista crucial. Conseguir a oportunidade de integrar a equipe de segurança encarregada de proteger o novo brinquedo do magnata Marcos Deravux não tinha sido uma tarefa fácil. Ela tinha convicções pessoais de que o homem em questão poderia ter alguma ligação com seu passado misterioso, e esta era a chance de tirar a prova dos nove. Enquanto tentava focar em sua preparação para a entrevista, os latidos persistentes de Tótó reverberavam pelo apartamento. Hellen suspirou, percebendo que precisava acalmar o cachorro antes de deixar o apartamento. A paciência de ambos estava se esgotando. Além do desafio canino, Hellen também tinha que lidar com o síndico furioso. O pobre homem já não aguentava mais ser chamado devido às reclamações incessantes sobre o barulho. Hellen sentia a tensão no ar toda vez que esbarrava com o síndico nos corredores, e sabia que a situação estava fora de controle. Determinada a seguir em frente com sua investigação pessoal, Hellen não permitiria que um cachorro teimoso e um síndico irritado a impedissem. Ela pegou a guia de Tótó, decidida a dar uma volta e acalmar os ânimos do pequeno cão antes de enfrentar a entrevista que poderia mudar o curso de sua vida. Enquanto saía do apartamento, ela lançou um último olhar de desaprovação para a porta do apartamento vizinho, sabendo que o desafio diário entre eles ainda estava longe de terminar.
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