Capítulo 5

1734 Words
Anthony  Ali estava ela. A pequena mulher que vinha me tirando o juízo, agora dançava soltinha na pista de dança, me deixando maluco por não ser aquele que tocava seu corpo.   A um mês atrás eu tinha feito a pior burrada da minha vida!   Estava próximo a Av. Paulista, uma rua movimentada de São Paulo, porém naquela madrugada se encontrava quase deserta. A avenida poderia até estar com uma certa quantidade de gente, mas a área residencial, que era onde eu me encontrava, estava escura e sem uma única alma viva. Somente eu e a loira bêbada em meu carro.   Aline foi algo de momento, de te.são. Era para ser somente uma fo.da casual, mas a loira grudou no meu pé de um jeito que eu não sabia explicar. Quando ela estava sobrea era até gente boa, e eu me perguntava se esse era o motivo de eu ter deixado que aquilo chegasse aquele ponto. Eu não queria romance, queria se.xo, e mesmo ela dizendo que para ela também era só se.xo, a cena que ela fez ao me ver dançar com uma mulher me provou ao contrário.   — Anthony, po.rra ela estava dando em cima de você! Eu sei que a gente não tem nada sério, mas pu.ta que pa.riu! Você queria que eu fizesse o que?! - ela tentava justificar o barraco que ela tinha armado com a mulher.   Suspirei desligando o meu carro e me virando em sua direção, pronto para acabar o que quer que aquilo seja. Acontece que eu estava cansado. Nunca quis mulher no meu pé para me cobrar e por mais que eu gostasse de tran.sar com Aline, aquilo não era o suficiente para que eu aturasse suas cobranças.   — Esquece isso, Aline. Já foi. A gente também já deu o que tinha que dar e... - fui obrigado a parar de falar quando o corpo da loira de repente cobriu o meu. Sua boca procurou a minha em um beijo desesperado e eu tive que segurar em seus ombros para afasta-la, antes que ela aprofundasse o beijo. Eu estava decidido. — Não.   — Você nunca negou se.xo, Anthony!  — Eu só não quero mais, Aline! - murmurei colocando-a de volta no assento do passageiro. — Você é uma pessoa legal, mas eu não estou afim de...  — Um relacionamento. Eu sei. - me cortou bufando e revirando os olhos. — Você já disse isso um milhão de vezes. Eu entendi. Também não estou procurando relacio...  — Ok. Mas eu não quero mais. - não queria acabar soando grosso, mas percebi que falhei quando vi seus olhos azuis marejados. — Me desculpe. Não quis ser um es.croto. Vem, vou te acompanhar até sua casa. - não esperei uma resposta dela.   Sai de dentro do carro batendo a porta atrás de mim e fui para a entrada do prédio. Quando Aline apareceu ao meu lado, apertei o botão do controle do carro e o travei, deixando o sistema de alarme ligado.   Aline também tinha um controle de segurança em suas mãos, porém o dela era do portão do prédio residencial. Ao encostar em um leitor na porta, a mesma se abriu automaticamente, permitindo nossa passagem.   Andamos em silencio até o saguão de entrada do prédio e eu a acompanhei até o elevador, entrando com ela e esperando que o mesmo nos levasse ao andar de seu apartamento. Quando finalmente chegamos ao 6° andar, as portas do elevador se abriram e saímos, ainda em silencio. Acompanhei-a até a porta de sua casa e esperei que ela a abrisse e adentrasse.   — Está entregue. - murmurei pronto para sair e ir embora, quando seus dedos se fecharam em meu braço. Suas unhas longas estavam pintadas em um vermelho chamativo e agora apertavam levemente meu braço.   — Fica até eu dormir? - sua voz estava manho.sa ao me pedir aquilo e ambos sabíamos que se eu ficasse, a última coisa que ela faria seria dormir. E foi por causa disso que recusei seu pedido, deixando-a com um bico enorme e uma cara de ofendida.   Aline bateu à porta na minha cara e eu respirei fundo passando a mão direita em meus cabelos. Por mais chato que tenha sido a noite, eu estava aliviado. No final eu tinha colocado um fim no que estava rolando entre nós dois.   Estava dentro do carro já, prestes a liga-lo e com o pensamento em voltar para a forró, quando fui abordado por dois vaga.bundos ar.mados. Por sorte os vidros estavam levantados e eu tinha conseguido enfiar minha arma no cós da calça sem que eles notassem.   Abri a porta saindo com as mãos para cima e deixando a chave do carro na ignição. Me afastei do carro, deixando-o livre para que eles levassem, mas fui parado novamente. Eles queriam saber se eu tinha dinheiro ou algum celular comigo. Minha mente automaticamente foi para a arma que eu estava levando, se eles colocassem as mãos em mim, iriam ver que eu estava armado e me mata.riam sem pensar duas vezes. Eu precisava agir rapidamente.  Quando percebi que um deles se aproximava, saquei a arma efetuando o primeiro disparo. O outro estava distraído no carro, mas se recuperou assim que escutou o som do tiro. Eu sabia que não teria chance contra os dois, mas eu também sabia que se eu deixasse que eles me revistassem era morte na certa. No mínimo eu tentaria levar um dos vaga.bundos comigo.  Senti a queimação na barriga e soube que estava ferido. Estava prestes a atirar de novo, quando um segundo tiro, vindo do que estava no carro, me acertou no peito e me fez cair. O som de pneus cantando ecoou me confirmando que eles tinham conseguido fugir. Tinha certeza de que tinha acertado um, então só me restava avisar para que outros policiais ficassem de olhos nos hospitais mais próximos.   Olhei para os lados procurando meu celular e o encontrei caído ao chão. Ele estava preso somente na minha cintura e com o impacto do meu corpo com o chão o celular tinha caído longe e se desmontado todo.   — Po.rra. - resmunguei deixando meu corpo relaxar no chão sujo. Eu já tinha perdido um monte de sangue e sabia que não iria durar muito tempo acordado. A minha única chance era que algum vizinho curioso aparecesse. Sempre tem um. Mas para o meu azar, ninguém apareceu.  Eu já estava sem esperanças. Já tinha pedido perdão por todos os meus pecados, quando a vi pela primeira vez. Seu palavrão baixinho me fez abrir os olhos e encara-la atentamente.   Eu podia ver em seus olhos o quanto ela estava assustada com a situação, mas mesmo assim a morena se aproximou de mim e tentou estancar meus ferimentos com suas mãos pequenas. Eu sabia que ela não conseguiria, tentei manda-la embora, mas a morena preferiu me ignorar.   Me mantive em silencio, enquanto observava ela montar meu celular e ligar para a ambulância.   Não percebi que estava de olhos fechados, até que um movimento da mulher me fez gemer de dor e abrir os olhos. Pelo jeito ela tinha percebido agora que eu tinha dois ferimentos de bala, pois deu um jeito de se sentar atrás de mim e puxar meu corpo para que ficasse parcialmente em seu colo. Suas pernas se cruzaram na altura da minha barriga, enquanto suas mãos pressionavam o ferimento em meu peito.   E tudo que eu conseguia processar naquele momento, era o quanto o cheiro que saia dela era gos.toso. Um cheiro delicioso adentrava meu nariz e eu consegui identificar o cheiro que se destacava. Era de baunilha, mas tinha algo mais. Tentei me concentrar em desvendar qual era o outro cheiro que se misturava com o de baunilha e assim tentar ficar acordado. Minha cabeça girava por conta da perca de sangue e eu sabia que não aguentaria por muito tempo.   Deixei que minha voz saísse ao responder suas perguntas ansiosas e histéricas e me concentrei mais ainda em seu cheiro gostoso, quando uma vertigem me abateu. Eu iria apagar logo e não sabia se seria capaz de acordar novamente.   Mais uma vez tentei fazer com que ela fosse embora, mas fui repreendido por ela. Um outro movimento me fez gemer de dor e de repente ela tinha colocado a arma em minhas mãos e pedia para que eu nos defendesse, caso desse alguma mer.da. Eu torcia para que não precisasse, pois eu não sabia se conseguiria.   Para meu total espanto o reforço chegou rápido. Sargento Freitas vinha acompanhado de mais alguns soldados da PM e me manteve acordado, enquanto as mãos e pernas da morena me mantinham vivo.   E como se meu corpo estivesse esperando somente pela a ajuda dos paramédicos, eu apaguei assim que eles chegaram.  Acordei no dia seguinte todo fe.rrado de dor, mas estava vivo. Naquele mesmo dia descobri o nome dela, pelo Freitas mesmo. Rayane da Silva Gomes. Seu cheiro gostoso e sua voz irritada me perseguiram pelos horríveis oito dias em que passei no hospital. E quando cheguei em casa a primeira coisa que fiz foi procurar suas redes sociais.   E pude perceber que além de cheirosa, a morena era bonita. Algumas fotos ela estava em uma praia, me fazendo salivar ao vê-la de biquíni e em outras, ela estava em algum lugar fora do Brasil onde tinha bastante neve, constatando o que eu já sabia. Que ela poderia estar com um minúsculo biquíni, na areia da praia e tendo o sol bronzeando cada canto da sua pele, ou em algum lugar frio coberta dos pés à cabeça, e mesmo assim ela continuaria linda.   Sorri igual um idio.ta ao ver uma foto em particular, onde ela estava vestida com roupas grossas e uma touca com desenhos e orelhas de rena. Seu nariz estava meio avermelhado e ela tinha uma cara enfezada, enquanto suas mãos cobertas por luvas vermelhas, segurava uma caneca com desenho natalino. Mesmo naquela foto simples, ela não poderia estar menos bonita. E naquele mesmo momento eu quis enviar uma solicitação de amizade, mas iria falar o que?  Com o tempo parei de ficar procurando seu perfil, até porque não tinha mais nada para ver, e desencanei. Pelo menos era isso que eu achava...  Porque agora eu estava aqui, sentado em uma mesa de bar igual um idi.ota, com Aline pendurada em meu pescoço, enquanto eu olhava embasbacado para a morena que vinha tirando meu juízo. 
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD