Capítulo 4

1900 Words
Eram quase duas horas da manhã. Estávamos em uma mesa próximo ao bar. O ambiente já se encontrava escuro e cheio de gente. Algumas poucas pessoas estavam em mesas, outras estavam em pé e uma boa quantidade se remexia na pista de dança, gritando e se divertindo sempre que o sistema de laser e fumaça ativava, envolvendo-os em uma fumaça cheirosa.  Já tínhamos comido algo e agora estávamos quase terminando a nossa primeira garrafa de Johnnie Walker. Bom, eu estava, pois as outras três pessoas ali preferiam beber cerveja. As vezes Jonas bebericava do meu copo e fazia uma careta ao engolir o Whisky puro e gelado.   — Aff! Não sei como pode tomar isso. - estremeceu pela quinta vez ao bebericar de meu copo gelado.   — Eu tomo, porque tenho classe, meu amor. - respondi com uma cara de deboche e cruzei as pernas, ma.tando o restinho de bebida que estava no copo e enchendo mais uma dose. Ele bufou em minha direção e Marcos riu se remexendo ao compasso da música. Tocava um forrózinho animado.   — Quer dançar? - Marcos me estendeu a mão e eu estava prestes a aceitar quando meus olhos vagaram em direção a entrada e saída do local e eu congelei. Eu seria capaz de reconhecer aquela pessoa em qualquer lugar.   O Cabo Anthony Carvalho adentrava ao local, acompanhado de mais dois homens e três mulheres.   — Não, vai com a Chelly. - murmurei me afundando na cadeira e observando Marcos ir de mãos dadas com Michelle para o centro da pista de dança.  — O que aconteceu? - a voz de Jonas estava preocupada. Olhei para ele e virei o conteúdo do meu copo de uma só vez. — Cara.lho, Rayane. - seus olhos azuis estavam arregalados em minha direção. — Vai com calma. Essa po.rra aí é forte. - sua mão cobriu a minha quando eu fiz menção de encher mais uma dose.   Ele soltou quando eu assenti.  — Ele está aqui, Jonas. - murmurei em sua direção, mas meus olhos ainda estavam no grupo que tinha acabado de chegar com o Cabo Anthony e se sentavam em uma mesa. — O policial. - ambos meus amigos sabiam o que tinha acontecido mês passado. E por mais que eu não quisesse admitir, eles sabiam que eu tinha stalkeado as redes sociais de Anthony. Simplesmente não tínhamos segredos entre nós.   — Ca.ra.lho. - a voz de Jonas ecoou pausadamente e eu soube que ele tinha vasculhado o local e achado Anthony. — Que Marcos não me escute. Mas nem guindaste me tiraria de cima desse macho. Nem guindaste, minha querida. - ele murmurou se abanando, tirando o copo da minha mão e tomando um gole generoso. Não pude evitar de rir com suas palavras. Eu concordava plenamente com ele. Enchi mais uma dose para mim e tratei de colocar mais gelo em meu copo. — Não olhe agora, mas acho que ele te viu. - minha cabeça se levantou automaticamente e meus olhos se viraram na direção do grupo. Anthony olhava em minha direção. Ele tinha me visto. E parecia me reconhecer. — Por.ra, falei para não olhar agora. - virei na direção de Jonas que murmurava entre dentes, mas logo depois voltei a olhar para o Policial. Anthony sorriu de lado e levantou uma longneck, como se tivesse me cumprimentando de longe. Me forcei a sorrir e levantei meu copo retribuindo o cumprimento. — Será que ele vai vim aqui?   — Eu acho que não. - murmurei evitando olhar para a mesa deles novamente. — Ele está acompanhado.   — Bom, parece que ele não liga muito para isso. - a voz de Jonas estava divertida e ele olhou para frente com um grande sorriso. — Oi, policial Anthony Carvalho, né?! É um prazer finalmente conhece-lo! Eu vou ir no banheiro rapidinho. - Jonas já estava se levantando e se afastando com um grande sorriso depois de apertar a mão de Anthony. Grande filho da pu.ta!   — Oi. - a voz de Anthony ecoou perto de mim e observei ele se sentar na cadeira do lado da minha. Me.rda, me.rda, me.rda. Minha mente automaticamente vagou para o dia em que descobri seu vídeo e eu me lembrei da tatuagem. Meus olhos foram para o lado direito de seu corpo e eu vi uma parte do desenho em seu braço musculoso. Desviei rapidamente ao notar o quão quente meu corpo ficou.   É a bebida, é culpa da bebida!  — Oi. - respondi bebericando o conteúdo do meu copo, somente para ter algo para me ocupar.   — Eu não tive a oportunidade de agradecer ao que fez por mim naquela noite. - seus olhos verdes brilhavam e estavam em cima de mim me fazendo ter pensamentos perigosos. “Pare! Não vá por aí. Policiais são furada!” Minha mente tentava me lembrar o porquê eu deveria me manter longe, mas estava difícil dar ouvidos.   — Não precisa agradecer...  — Preciso. - um sorriso bonito se formou em seus lábios e eu engoli em seco ao olhar para lá. Ele sorriu ainda mais e quando meus olhos se voltaram para os seus eu notei que ele tinha percebido que eu estava encarando sua boca. — Obrigada, mesmo. - assenti incapaz de achar minha voz naquele momento. — Seu namorado vai se importar se eu te convidar para dançar? - depois de processar a pergunta que ele fez eu quis rir.  Jonas com seu jeito nada sutil ao sair, tinha deixado bem claro para Anthony que não tínhamos nada. Sem contar com a bela olhada que ele deu no corpo de Anthony antes de se retirar.  Cheguei à conclusão que o Cabo estava sondando o perímetro, vendo se eu estava acompanhada. Que sa.fado! Eu não estava, mas ele pelo jeito sim. Uma olhada furtiva para a mesa onde ele estava e eu podia sentir o ó.dio emanando do olhar de uma loira que estava sentada.   — Eu não tenho namorado. - beberiquei mais um pouco da minha bebida e me inclinei levemente em sua direção. — Ao contrário de você. Sua companhia não irá se importar?   — É só uma amiga. E tenho certeza de que ela vai entender. Afinal, você salvou minha vida. - sorri de seu comentário e olhei novamente para a mesa. Agora as três mulheres olhavam abertamente para cá.   — Você está enganado se pensa que aquela mulher quer somente sua amizade. E ela irá se importar sim. - terminei minha bebida em um gole e notei pelo canto de olho que Marcos estava se aproximando com Chelly. — Foi um prazer revê-lo, Cabo Anthony Carvalho. - estendi minha mão em sua direção e ele a pegou e balançou.   O bonito sorriso ainda estava em seu rosto, denunciando que ele não tinha ligado muito para o fato de que acabei de dispensa-lo.   Meus olhos ainda miravam o policial que se afastava, quando Marcos se jogou ao meu lado ofegante. Eles tinham dançado duas músicas sem parar e eu tinha a certeza de que meu amigo queria me dar privacidade.   — Então? - sua pergunta e o tom ma.licioso só me confirmaram isso. Olhei de esguelha para Michelle, mas ela não me olhava. Estava concentrada em sua bebida e passava os olhos pelo salão. — Aquele era o policial?  — Me diz que marcou algo com aquele policial. - Jonas tinha retornado e com seu jeito nada discreto tinha confirmado a pergunta de Marcos. Bufei enchendo meu copo.  — Não se animem. Não marquei nada. Ele está acompanhado e eu não me envolvo com policiais. - tentei ao máximo passar que eu não me importava com aquilo. Que eu não o queria. Mas meus amigos me conheciam demais. Seus olhos me avaliavam debochadamente sobre seus copos. Gargalhei jogando-lhes uma tampinha. — Idi.otas! Chelly, quer dançar? - a ruiva aceitou na hora.   Entrelacei nossos dedos e a puxei para a pista de dança. Ainda tocava um forró, mas esse era mais lento.   — Chelly, eu odeio quando você faz essa carinha. - murmurei em seu ouvido quando colei nossos corpos. — Eu gosto de você, gosto mesmo, mas não desse jeito que você quer.   — Ane, eu sei. Não precisa se preocupar. Você sempre deixou claro que não queria nada. Eu que... - ela se calou e eu peguei em sua mão, girando seu corpo e depois voltando a colar o meu no dela. — Eu fui muito emocionada. Estava chateada por causa de um idi.ota e você estava ali, sempre foi tão boa para mim e para Mirella. Eu... eu... sou uma idi.ota emocionada. - ela riu em meu ouvido e depois respirou fundo. Senti seus lábios em seu pescoço e fechei os olhos. — Eu não amo você, Ane. Eu gosto de você, do nosso se.xo. Você é incrível e eu amo a nossa amizade. Mas graças a Deus eu não amo você. Posso estar meio apaixonadinha...  — Chelly...   — O que? - ela riu afastando seu rosto do meu pescoço e me encarando. — Você é gos.tosa, o se.xo é incrível. E o mais importante, trata bem minha filha. É impossível não se apaixonar um pouquinho. - levantou sua mão e aproximou seu polegar e o dedo indicador querendo me mostrar o tamanho de sua paixão. Ri baixinho quando ela gargalhou. Michele sempre foi mais fraca para bebida. — Mas eu não te amo. Amor, amor... eu só senti pelo idi.ota do Carlos, infelizmente. Mas para a gente, é bom. Não daria certo se você não sentisse o mesmo e eu não quero acabar com a nossa amizade. Eu amo ser sua amiga, Ane. E um dia quero ver você se apaixonar por alguém e ser feliz. Eu vou ficar feliz com isso. Mesmo que signifique que não tran.saremos mais. - ela gargalhou de novo com a última parte e eu acompanhei sua risada escandalosa. — Você me salvou de mim mesma quando apareceu com uma oportunidade de trabalho. Eu nunca vou esquecer disso. - estava prestes a leva-la para a nossa mesa, quando ela falou aquilo.   Seus olhos estavam marejados ao me olhar e sua mão acariciou meu rosto ternamente. Sorri em sua direção e seu rosto se aproximou de mim. Seus lábios estavam em cima dos meus, antes mesmo que eu pudesse raciocinar. Meus pensamentos me levaram automaticamente para Anthony. Será que ele estava vendo? Quase que imediatamente expulsei esse pensamento. Quem liga se ele estava vendo? Eu mesma não ligo! Sou adulta, p**o minhas contas e Chelly tinha sua boca gos.tosa colada com a minha.   Retribui o beijo um pouco atrasada, mas a ruiva não parecia se importar. Ela sorriu sobre meus lábios quando encerramos nosso beijo. Dei-lhe uma mordidinha no lábio inferior, antes de sorrir para ela e segurar em sua mão, nos levando até a mesa.   Não consegui evitar de olhar em direção a mesa de Anthony. Seus olhos se desviaram rapidamente de mim, assim que o peguei me espiando, mas logo depois voltaram em minha direção. Seus amigos olhavam para cá também, e só as mulheres ao redor pareciam alheia a nós. Estavam entretidas conversando uma com as outras. Sorri mali.ciosamente na direção dos homens e levantei meu copo em um cumprimento, antes de piscar um olho.   Eu não mais olharia para lá. Não me preocuparia com suas opiniões. Minha noite só estava começando e eu não queria os olhos verdes de Anthony Carvalho me perturbando.    
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