Capítulo 3

2286 Words
— Ainda está aí? - sua voz me tirou de meus pensamentos.  — Sim, estou aqui. O que você quer? - resmunguei e ele deu risada. Ouvi a risada de Marcos ao fundo e soube que eu estava no viva voz. — Marquinhos, estava com saudades de você. - minha voz estava manho.sa ao falar aquilo.   Marcos e Jonas tinham... algo. Eles falavam que não era um relacionamento, mas na maioria das vezes acabavam um na cama do outro. Fora o ciúme que ambos tinham um do outro. Foi um espanto quando vieram com a proposta de um se.xo a três a um tempo atrás.   — Também estava com saudades Deusa. - diferente de Jonas, que tinha a voz mais fina, quase afeminada, Marcos tinha uma voz grossa e gos.tosa de se ouvir. Eram totalmente diferentes em aparência também. Jonas era alto e esguio, sua pele era branca como leite e seus cabelos claros eram cheios de cachos que emolduravam seu belo rosto. Seus lindos olhos azuis somente ajudavam a lhe dar uma aparência angelical. Sim, ele parecia aqueles anjinhos bonitinhos que vemos em desenhos. Porém, de anjinho ele não tinha nada!   Marcos já era oposto, começando por sua pele. Marcos tinha a cor do pecado. Sua pele escura lembrava o mais gos.toso dos chocolates. Seu corpo musculoso nas partes certas só o deixava ainda mais irresistível. Um n***o alto, lábios carnudos e careca. Uma per.dição.    — Por isso que estamos ligando. Você precisa sair um pouco dessa casa, minha Deusa. Precisa se divertir! Não te vimos mais online já tem um tempo, talvez podemos estender a festinha... - sorri com seu tom sugestivo.   Marcos a muito tempo sabia o que Jonas e eu fazíamos e sem querer acabou entrando nesse meio. Nos tornamos inseparáveis desde então.  — Não sei. - olhei para a televisão que ainda estava desligada. Ultimamente eu andava tão, tão... preguiçosa. Essa era a verdade. Eu não estava triste ou deprimida, só não tinha animo. Não queria nem trabalhar. Muitas vezes abria meu perfil no site, somente para fechar logo depois.   — Nada de não sei. Pode levantar essa bu.nda gos.tosa daí e se arrumar. Iremos para o bar do João hoje e já estamos saindo de casa para ir te pegar. - fiz uma careta com as palavras de Jonas.   — Chatos.   — Também te amamos. - responderam junto e ouvi suas risadas antes da ligação ficar muda, indicando que os bas.tardos tinham desligado na minha cara.   Como estava de banho tomado somente vasculhei em meu guarda roupa alguma coisa para vestir. Sabia que se eles escolheram o bar do João em especifico, eles queriam encher a cara. Então procurei pela roupa mais confortável possível, pois tinha a plena certeza de que eles não iriam permitir que eu ficasse sentada curtindo minha preguiça.  Acabei terminando vestida com um short jeans desfiado nas coxas, uma meia calça preta arrastão passava por debaixo do short. Coloquei uma blusa preta folgada, que terminava pouca coisa abaixo dos meus se.ios, deixando boa parte da minha barriga a mostra.   A meia calça arrastão passava do cós do short e acabava abaixo do meu umbigo. Terminei o look calçando uma botinha baixa preta e deixando meus cabelos escuros e longos soltos. Fiz alguns cachos com a chapinha mesmo e passei meus dedos entre os fios, soltando os cachos e finalizando com spray fixador.   Eu estava terminando de passar o batom nos lábios, quando escutei o som da campainha. Sorri ignorando de proposito, sabendo que logo eles ligariam. Dito e feito, uns minutinhos depois meu celular tocava exigindo minha atenção.  — Alo? - sorri me olhando no espelho e ouvi a pessoa do outro lado da linha bufar.  — Estamos aqui. - Jonas murmurou e eu podia jurar que ele estava rolando os olhos naquele momento.   — Eu não disse que iria. Vocês desligaram antes da minha respos...  — Olha aqui va.dia, é bom estar arrumada. - gargalhei saindo do quarto. — Ou eu vou entrar aí e bater nessa sua bu.nda e não vai ser do jeito bom.   — E tem um jeito r**m, Joaninha? - perguntei mali.cio.samente enquanto abria a porta e dava de cara com o HB20 branco de Jonas. Ele fez uma careta quando ouviu o apelido que eu coloquei nele. Outras risadas ecoaram dentro do carro e eu abri a porta de trás somente para encontrar Michelle sorrindo para mim. —Uau, essa festinha promete. - adentrei a parte de trás do carro e retribui o sorriso para a ruiva a minha frente. — Oi Chelly.  — Oi. - sua voz não passava de um murmúrio manhoso em minha direção. — Está cheirosa. - o carro estava escuro, mas eu podia jurar que ela estava corada naquele momento.    Sorri para aquilo e rocei meus lábios nos dela, em um selinho.  — Nada de começar a festinha antes da hora. - Marcos murmurou sem vergonha, se virando para trás e me lançando um beijo com a mão.   Ri baixinho me afastando de Michelle.   Michelle Silva foi um achado. Tanto para os negócios, quanto para nossa estranha amizade. Gostávamos de nos chamar de “O quarteto fantástico”. Eu zoava a cara de Jonas por conta do relacionamento estranho que ele dizia não ter com Marcos, mas Michelle e eu éramos quase a mesma coisa. Quase...  Eu tinha um apego especial por ela e o sa.fado sabia disso! Encontrei seus olhos azuis pelo retrovisor e o des.carado piscou para mim, enquanto lançava um sorrisinho mali.cioso.   O fato era que eu tinha me afeiçoado a ruiva que estava sentada ao meu lado, mas era só isso. Eu não a amava e eu não queria um relacionamento. Gostava dela sim, gostava de tran.sar com ela e com os meninos as vezes sim. Mas era só isso. Eu não queria romance ou cobranças. Na maioria das vezes eu me deixava levar ao se.xo pela carência.   Era mais seguro com eles e para falar a verdade, conhecer gente nova me irritava. Pessoas fúteis demais. Não sabiam ter uma conversa decente. Um “oi” nas redes sociais e já vinham com papo de pedir fotos... Aff! Isso me cansava profundamente.  Tran.sar com as três pessoas ali no carro era melhor. Eu não criava expectativa, eu sabia que podia confiar neles e eles sabiam que eu fazia isso somente por te.são ou quando queria um engajamento na minha conta. Mas Michelle estava começando a se apegar e isso era um problema. Eu não queria magoa-la e eu sabia que eu tinha parte na culpa por ela se iludir. Me aproximei dela demais. Me ressenti por sua vida sofrida e sempre procurei cuidar dela e de sua pequena Mirella.  Mirella ia fazer um aninho, quando encontrei Michelle e lhe ofereci uma possibilidade de ganhar dinheiro e mudar de vida.   Auge da pandemia, os cadastros de perfis estavam bombando. Várias mulheres sem empregos, vendo as contas chegarem. O auxílio do governo era uma piada e os preços das coisas não estavam abaixando em nada.   Michele foi só mais uma das tantas mulheres que se enganou com seu príncipe encantado. O homem era um fofo com ela no começo do relacionamento. Um amor. Um perfeito cavalheiro. Mas foi só ela lhe contar que estava gravida que ele de repente se transformou em outra pessoa. Sumiu no mundo depois de revelar que tinha mulher e filhos. Ainda humilhou a coitada ao dizer que aquele filho que ela esperava não era dele.   Michelle não conseguiu encontra-lo mais para exigir o exame de DNA e os direitos de sua filha.   Quando fiquei sabendo de sua história e das dificuldades que ela passava, choramos juntas. Ajudei em questão financeira e principalmente na questão do site. Nos aproximamos bastante. Eu só tinha os meninos de amigos aqui em São Paulo e as vezes sentia falta de uma companhia feminina, uma amiga, e eu confesso que gostava de sua bebê. Quantas vezes as duas não dormiram na minha casa e eu adorava aquilo? Brincávamos juntas com Mirella e a noite trabalhávamos, muitas vezes juntas. Mas para mim era só. Eu estava em busca de uma amiga quando a deixei se aproximar de mim, mas hoje em dia vejo que Michelle esperava algo mais.   E por mais doce que ela fosse, não seria eu a lhe dar isso. Recusava-me a prende-la em uma possível relação que não existia amor da minha parte.   Jonas estacionou o carro dentro de um estacionamento vinte e quatro horas que tinha ali perto e todos nós cruzamos nossos braços indo em direção ao bar de João.   O bar era enorme. Todo o tipo de gente ia ali. Gostava de funk? Ali era a parada. Queria ouvir um sertanejo? O bar do João era o lugar certo. Quer tomar uma cervejinha e escutar um pagode? Opa, bar do João!   Dia de sexta feira eles tinham um DJ e até rolava algumas músicas de rock.   O segurança masculino que estava na porta me lembrava o policial Freitas. Pisquei descara.damente para ele antes de me virar para a segurança feminina e deixar que ela me revistasse. Estava meio cedo ainda, não era nem meia noite, mas sabíamos que a fila logo iria se formar na porta do bar.   Chamávamos de bar do João, mas não era só um bar. A maioria do pessoal ia para dançar e encher a cara. João não tinha preconceitos com o pessoal que frequentava seu estabelecimento e nunca conheci melhores pessoas do que ele e sua mulher, Helena. Pessoas totalmente de bem e com uma vibe incrível.   A pista de dança era enorme. Tomava todo o salão. Algumas mesas já estavam nos cantos do grande espaço. Mais para o fundo, em frente a porta de entrada, tinha um palco. A entrada para o banheiro feminino ficava no lado direito e naquela mesma direção, só que do outro lado, tinha uma portinha para o que sabíamos que era um pequeno quartinho, onde ficavam as bandas quando tinha show ao vivo. Na metade do salão, no canto esquerdo, ficava um palanque onde o DJ ficava com seus equipamentos e seu microfone.   Ele não era exatamente um DJ, estava mais para um locutor, mas ele era animado e tocava as melhores músicas no seu pen drive.   Na metade do salão, entre a entrada e o banheiro feminino, ficava o banheiro masculino, com um segurança na porta, e ao lado, descendo uma escadinha com dois degraus, chegávamos à área do bar e do caixa.   Pagávamos no caixa e eles nos davam uma ficha contendo a quantidade e o nome da nossa bebida. Trocávamos diretamente no bar. Um balcão separava os clientes dos atendentes do bar. E sabíamos que mais para o fundo tinha uma pequena cozinha.   Era por isso que Jonas chegava cedo. Ele nunca, em hipótese alguma, enchia a cara sem comer algo antes. E ali servia as melhores batatas fritas do mundo!  Jonas já chegou ao bar causando. Sua voz estava estridente ao cumprimentar Joao e sua mulher. Eles ficavam responsáveis pelo bar. Logo, logo aquilo iria lotar e mais duas garotas iriam se juntar a eles.   — Oi João, oi Helena. - cumprimentei ao me aproximar e lhes dar dois beijinhos no rosto.  — Quanto tempo você não aparece aqui, hein pimentinha? - a voz de Helena era divertida ao me fazer aquela pergunta. Sorri em sua direção e apoiei meus braços no balcão.  — Fiquei triste quando você me deu um fora. Tem certeza que não quer largar esse feioso e casar comigo? - pisquei em sua direção e ouvi a gargalhada de seu marido.   — Olha, você para... um dia ela vai aceitar e eu vou ter que te expulsar daqui por roubar minha mulher. - gargalhei com a fala de Joao e pisquei em direção a Helena.   — Vamos ali no caixa pegar as fichas. Já vai preparando as porções de batatas. Você sabe que a gente não resiste. - eles assentiram em nossa direção e eu vi Jonas jogar a chave de seu carro no balcão.  — Já sabe né, João?! Hoje vamos encher a cara! Guarda essa chave e não me entregue por nada nesse mundo! - Jonas piscou em sua direção, antes de se virar e nos guiar até o caixa.   — Lorena, eles são de casa. Só anote em um caderno à parte tudo que eles consumirem e lhes deem as fichas para entregar no balcão. No final eles acertam tudo. - Joao tinha chego ao caixa ao mesmo tempo que nós e instruía a moça. Sorri na direção dela quando a mesma nos olhou, logo depois que Joao saiu.  — O que vão querer? - sua voz era fininha e baixa. Segurei o sorriso ao notar o quanto ela era tímida. Eu nunca a tinha visto ali, então deduzi que ela era nova no emprego.   — Vamos querer duas porções grandes de batatas fritas e um refrigerante Coca-Cola de 2,5, docinho. - foi Marcos quem respondeu e no final piscou em sua direção, fazendo a menina abaixar o rosto envergonhada.   Lhe dei uma cotovelada na costela quando ela não estava olhando e ele riu baixinho.   — Algo mais, senhores e senhoras? - não consegui deixar de sorrir com seu jeitinho de atender. Era bem fofo.   — É só isso por enquanto, gatinha. - tomei a frente lhe respondendo e estendi a mão para pegar as fichas.   Pisquei para ela assim que peguei as fichas de sua mão e rocei meus dedos no dela. Seus olhos se arregalaram por um momento e suas bochechas adquiriram um tom rosado. Adorável.   — Você não presta. - Jonas murmurou e eu ri quando estávamos longe o suficiente. Eu até que estava me divertindo... E a noite só estava começando. 
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